Quem quer ser feliz?
A felicidade é um anseio básico da humanidade.
A questão, portanto,
não é perguntar quem quer ser feliz, mas o que é a
felicidade?
Se, porém, a resposta para
a primeira indagação é quase automática, as palavras para responder a
segunda tendem a vir mais vagarosamente.
Isto porque, como dizia Sêneca,
não é fácil descobrir o que torna a vida feliz, pois quanto mais se
procura a felicidade, mais dela se afasta.
Sendo que - completa o pensador em seu
pequeno opúsculo sobre a temática -, quanto maior a pressa, maior o
erro e maior a distância a percorrer.
Para otimizar esta busca, pois, é interessante
lançar mão de algumas reflexões.
Sócrates, por exemplo,
através do que conhecemos pelas palavras de Platão, ensinava que a maior de
todas as felicidades é o conhecimento das essências e das verdades puras.
Em consonância com a visão
socrática, e tendo em vista que o Evangelho de Jesus é um manancial de
consolações e de promessas de uma alegria mais duradoura e profunda, a qual não
seria deste mundo ainda, o Espiritismo ensina que a felicidade absoluta é
patrimônio dos Espíritos puros que conseguiram adentrar no conhecimento das
essências proclamado pelo filósofo.
Apesar disto, o ser dispõe
da possibilidade de ser feliz relativamente, de acordo com o seu grau
evolutivo.
Devendo, inclusive, buscar
ativamente este estado. Entretanto, esta busca não se deve dar por meio de
processos externos.
Ao contrário, ela está
baseada:
1) na posse do necessário à
subsistência do corpo;
2) na consciência moral tranqüila;
3) e, em a fé no futuro.
Sem o básico para a
manutenção do corpo, o indivíduo padece de condições para pensar em outras
coisas além da própria sobrevivência.
Mas, por outro lado, os
excessos de variadas ordens, inclusive financeiros, não são capazes de comprar
a alegria, já que não logram preencher o interior do ser.
Garantido, desse modo, o mínimo para manter a
saúde física e mental, ser feliz não é uma questão de ter ou de não ter, mas
passa pela capacidade de se empregar utilmente o que se possui e de não se
desesperar por aquilo que, apesar de não ser possuído, igualmente não é
imprescindível.
Com a consciência em paz,
pode-se obter a tranquilidade almejada. A angústia pelos acontecimentos
passados se dirime.
O medo das incompreensões se esvai. E o orgulho pelas
bajulações não se gera.
De igual modo, a fé tem
papel crucial na conquista do ser feliz.
Utilizando-se de comparações, pode-se dizer
que ela é o “pulo do gato” na receita da vida; é a tábua final
que liga a ponte construída pela razão entre a ignorância e a plenitude; é o
detalhe último na alegoria da existência. Com ela, a ansiedade pelo futuro
incerto se apequena.
Para a Doutrina Espírita,
portanto, a felicidade é uma finalidade, mas de igual maneira é um
meio pelo qual se deve buscar viver; sem lançar mão da necessidade das posses;
sem se deixar ficar na angústia pelo passado; sem se deixar avolumar na ansiedade
com relação ao futuro..., mas, ao contrário, procurando fazer esta construção
no maravilhoso momento do hoje e do possível.
Leonnardo Machado - o consolador