segunda-feira, 27 de janeiro de 2014


Nós nos movemos no tempo, mas é ele que se move
em Deus 

 

A Teoria da Relatividade de Einstein nos ensina que, embora nós sintamos o tempo como algo móvel, sua mobilidade, na realidade, é ilusória. 

De fato, as aparências nos enganam. Que o digam os especialistas em ilusão ótica.

Seria, então, o tempo um atributo divino, já que Deus, por ser imutável, é também imóvel?

A favor dessa hipótese ainda se diz muito: “o tempo não tem fronteiras”, seria o tempo, pois, também infinito, sem fim? 

O substantivo concreto tem limite visível, o abstrato nem invisível o tem. E o tempo é um substantivo abstrato mais importante do que um concreto.

Einstein afirma que um indivíduo em movimento chega ao futuro mais rápido do que quem está parado. 

Assim, um astronauta viajando muito tempo numa nave espacial, o tempo corre-lhe mais rápido. 

Para Einstein, nós é que passamos no tempo para o futuro. E com a nossa caminhada até determinado lugar, cria-se uma alteração de tempo em nós tal qual acontece com o espaço.

 O tempo não vem ao nosso encontro, nós é que vamos ao encontro dele, modificando-o.

Vimos que é como se o tempo se movimentasse, mas que isso é uma ilusão. Já com o espaço, a coisa é clara. Nós nos movemos nele, e essa é a nossa sensação.

 E o nosso deslocamento no espaço depende também do ritmo de velocidade do nosso movimento nele.

Espaço e tempo são correlativos e estão impregnados um do outro. 

Com o espaço podemos medir o tempo, e com o tempo podemos medir o espaço. Não é à-toa que se usa muito a expressão “no tempo e no espaço”. 

Até se diz que não há tempo sem espaço, nem espaço sem tempo. E tudo no Universo é relativo, menos Deus, que é absoluto.

Se Deus é a Causa não causada, a Causa Primeira de todas as coisas, segundo a Doutrina Espírita, e o único Ser incontingente de São Tomás de Aquino, Deus não depende do tempo e do espaço.

Nós sim, e tudo o mais que existe é que dependemos de Deus, do espaço e do tempo. Mas o tempo não vai, não vem, e nem fica. É como se ele nem existisse.

 Nós é que passamos pelo tempo. A nossa condição diante do tempo é oposta à de Deus, que é sempre a mesma coisa, já que Deus e os seus atributos são imutáveis.

Vimos que não existe movimento do tempo. Nós é que passamos pelo tempo. 

E nós passamos também pelo espaço, nos transformando constantemente. E nós nos transformamos também em nossa evolução espiritual, que é uma constância. 

Mas não sofreria o tempo, pelo menos em nós, uma espécie de ação relativa de ser movido, não por ele, mas por nós que nele nos movemos? 

Isso equivaleria a dizermos que o tempo não faz a ação de passar, mas sofre a ação de passar.

Observando-se essas elucubrações sobre o tempo sob o ponto de vista filosófico-teológico a respeito de Deus, essa questão se torna mais complexa ainda.

 Como diz o dito popular, toda regra tem exceção. E aqui temos um exemplo da verdade desse conhecido rifão. É que Deus, como vimos, é imutável, como o afirmam com mais frequência os orientais. 

E essa imutabilidade de Deus não permite que Ele passe pelo tempo e nem pelo espaço, mas o tempo, o espaço, nós e tudo o mais que existe é que passamos por Deus. 

E pela própria Teoria da Relatividade, sabemos que tudo no Universo é relativo, e nada é absoluto, exceto Deus, ou seja, a Causa Primeira de todas as coisas e o único Ser incontingente.

Dessas conjeturas todas, podemos inferir que o tempo é móvel, pelo menos para Deus, confirmando aquela máxima de que toda regra tem exceção. Aliás, Deus transcende toda regra e toda exceção! 


JOSÉ REIS CHAVES