quarta-feira, 29 de janeiro de 2014



                                    NOVO HORIZONTE

O Universo é criação de Deus.
Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais.

Desde que começou a olhar o céu e a contemplar as estrelas, o Homem sonha devassar os mistérios do Universo.

Quando e como tudo começou?
Durante séculos, particularmente na Idade Média, em tempos de obscurantismo, prevaleceram teorias religiosas inspiradas na mitologia.
A razão cedera lugar à fantasia.

Os conceitos bíblicos, base do pensamento religioso ocidental, sugeriam que Deus criou o Universo em seis dias, incluindo o primeiro casal: Adão, a partir do barro, e Eva, de uma costela que lhe foi subtraída.

Essa situação prevaleceu praticamente até o século XVII, quando a Ciência começou a livrar-se das amarras impostas pela teologia atrelada ao poder temporal, acelerando paulatinamente seu desenvolvimento, até atingir as culminâncias atuais.

Modernas pesquisas científicas demonstram que o Universo é muito mais velho do que sugere a cronologia bíblica, que situa o início de tudo há aproximadamente quatro mil anos.

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Uma das dificuldades da Astronomia, base dos estudos sobre as estruturas do Universo, é a distorção imposta pela atmosfera, um manto etéreo que envolve a Terra, algo semelhante a observar uma árvore do fundo de uma piscina.

Essa limitação foi superada pelo telescópio Hubble, prodígio da moderna tecnologia, colocado em órbita terrestre, acima da atmosfera. Controlado por poderosos computadores, fotografa astros que estão a bilhões de anos-luz da Terra, o que significa que o Universo tem no mínimo essa idade.

O leitor não familiarizado com o assunto certamente questionará o que tem a luz das estrelas a ver com a idade do Universo.

Simples:
A visão é um fenômeno luminoso.
A luz reflete-se no ambiente, conduzindo imagens luminosas que são captadas pelos olhos e decodificadas pelo cérebro.
É por isso que sem luz não há visão.

Assim, quando olhamos as estrelas, estamos contemplando o passado. Se fotografarmos uma situada a cinco mil anos-luz a foto registrará a imagem luminosa que viajou 50 séculos, à espantosa velocidade da luz (trezentos mil quilômetros por segundo) para nos dar notícia de sua existência, onde estava e como era há cinco milênios.

Talvez nem mais exista, já que as estrelas, como os seres humanos, também morrem. Fachos celestes, apagam-se lentamente, à medida que se esgota a energia que consomem.

É o que ocorrerá com o nosso Sol.
Não se preocupe, leitor amigo.
Levará alguns bilhões de anos.
Até lá descobriremos outro lugar para morar, em planos etéreos, superado o ciclo das reencarnações terrestres.
Fácil concluir, levando-se em consideração como funciona a visão, que qualquer estrela observada indica que o Universo tem pelo menos a idade correspondente ao tempo que a luz emitida leva para nos trazer sua imagem.

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Desde as primeiras décadas deste século inúmeras teorias foram desenvolvidas, tentando-se explicar a origem de tudo.

A mais consistente, com evidências científicas, é a do big-bang.
Há perto de quinze bilhões de anos, teria ocorrido uma grande concentração de energia em determinada região do Cosmos. Atingido um ponto de saturação, houve a grande explosão, mais exatamente uma imensa expansão de energia que, condensando-se, deu origem à matéria, produzindo as nebulosas, nuvens de gases, berço das galáxias, que são imensos aglomerados estelares.

Aparelhos de grande precisão demonstram que as galáxias estão se expandindo, como que obedecendo ao impulso de uma grande explosão.
Daí o big-bang.

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Com relação aos seres vivos, sabe-se hoje que tudo começou a partir de organismos extremamente simples, unicelulares, após o esfriamento da crosta terrestre.
Submetidos a sofisticados mecanismos evolutivos, lentamente desenvolveram-se, multiplicaram-se, diversificaram-se, em incontáveis espécies, num período de bilhões de anos, até atingir a complexidade necessária ao aparecimento do Homem.
O ser pensante é o ápice da evolução biológica.

Quando essa teoria foi lançada por Charles Darwin, biólogo inglês, em 1859, na Inglaterra, causou furor.
Houve reações violentas das religiões de um modo geral, contra aquele inglês alucinado e atrevido, que pretendia destruir a Bíblia, situando o ser humano como mero parente dos macacos.

Mas, assim como aconteceu em relação aos avanços da cosmologia, a ciência inexorável acabou confirmando que Darwin estava certo.
Hoje, em qualquer curso secundário a Teoria da Evolução é apresentada como lei natural demonstrada e comprovada.

E mais – há provas científicas hoje de que o Homem surgiu na Terra há pelo menos um milhão de anos, bem antes do que sugere a Bíblia.

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O grande temor do pensamento religioso conservador é de que os avanços científicos acabem por eliminar a idéia de Deus, impondo uma concepção materialista.
O Espiritismo nos ensina que não devemos temer a Ciência. Não obstante seus desvios, ela é de inspiração divina.

Embora separadas no estágio atual, Ciência e Religião caminham em linhas paralelas que fatalmente se encontrarão, quando os religiosos forem mais racionais e os cientistas menos pretensiosos.

E há perguntas que a Ciência jamais conseguirá responder, enquanto não aceitar a existência de um Criador.
Admita-se que o Universo começou a partir de uma grande concentração de energia que deu origem ao big-bang.
E daí? Quem produziu essa energia? Quem instituiu as leis que regem a matéria?
A matéria, normalmente entrópica – tende à desordem –, organiza-se, favorecendo o aparecimento da vida, que se multiplica e se desenvolve, até produzir um ser capaz de exercitar a razão.

Quem a programou para isso?

Na criação da matéria, na sustentação das leis naturais e na perfectibilidade dos seres vivos, forçosamente há um idealizador, um planejador e executor.
O cientista, irracionalmente, fantasiará – acaso.
O religioso, inteligentemente, equacionará – Deus.

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Pessoas há que, olhando as misérias humanas, as injustiças sociais, a confusão do Mundo, questionam:
– Se Deus existisse, justo e sábio como o exaltam, nada disso deveria acontecer.
É que na Terra enxergamos precariamente.
Observamos detalhes do programa divino, sem uma visão abrangente e objetiva.
Se abrirmos um ovo choco ficaremos nauseados com aquela massa disforme, sanguinolenta, e o odor fétido.

Mas, se esperarmos alguns dias e deixarmos a Natureza seguir seu curso, veremos um dos fenômenos mais belos da Vida:
A casca do ovo será rompida de dentro para fora e surgirá adorável pintainho.
O mesmo acontece com os homens, nesta incubadora divina que é a Terra.
Habitantes de Mundos mais evoluídos que nos visitem, ficarão horrorizados com os resquícios de animalidade que prevalecem em nosso comportamento, sustentando a confusão das coletividades e o sofrimento das pessoas.
Todavia, trata-se de mera contingência.

Criados para a angelitude, estamos “em gestação”, às voltas com os complexos mecanismos de nossa evolução.
Um dia, daqui a milhares de anos, quando a Humanidade houver completado sua formação espiritual, superando a animalidade, “nasceremos” finalmente, cumprindo gloriosa destinação, rumo à angelitude.

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Se você, leitor amigo, situa-se entre as pessoas infelizes, doentes, deprimidas, desorientadas, que procuram alívio no Espiritismo, talvez possam parecer-lhe ociosas, distantes de seu interesse e de suas necessidades, essas informações relacionadas com o Universo e a Vida.

Gostaria, talvez, que tudo fosse mais simples e direto. Que pudesse conquistar a paz na Terra e as bem-aventuranças no Céu, efetuando contribuições para os serviços religiosos ou submetendo-se a ritos e rezas.

A Doutrina Espírita ensina diferente.

Males variados que nos afligem são decorrentes de nossas imperfeições e mazelas.
Por isso, para superá-los é preciso alargar os horizontes de nosso entendimento, definindo por que estamos usando um escafandro de carne, mergulhados na matéria densa.
Consideremos, nesse aprendizado, algo fundamental:
O nascer da Humanidade para as glórias da Criação poderá levar milênios, com a promoção de nosso planeta na sociedade dos Mundos.

Não obstante, individualmente, podemos nascer desde a presente encarnação, a partir de três iniciativas fundamentais:

O estudo, buscando uma visão objetiva do Universo e da Vida.
A reflexão, o empenho de fazer repercutir o conhecimento em nosso comportamento, procurando padrões mais nobres, mais espiritualizados.

A prática do Bem, em todos os momentos de nosso dia, na vivência do sagrado princípio evangélico, enunciado por Jesus, registrado por Mateus (capítulo V), que resume a Lei e os Profetas, segundo o Mestre, isto é, resume todo o conhecimento passível de nos realizar como filhos de Deus:

Tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim também a eles.


Livro Espiritismo, uma Nova Era