segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

                                                  PONHAM A MÃO

Conta-se que Jesus esteve, recentemente, na Terra.
Em suas andanças, entrou num hospital público brasileiro.
Passou por um paraplégico que aguardava a consulta, sentado em cadeira de rodas, e disse-lhe:

– Levanta-te e anda!

O homem ergueu-se e deixou o consultório, empurrando a cadeira de rodas.

Alguém lhe perguntou:

– Esse barbudo que falou com você é o novo médico?
– Sim.

– O que achou dele?

– Igual aos outros. Não pôs a mão em mim.

Podemos situar essa hilária história por exemplo de como as pessoas envolvem-se com a rotina e o imediatismo terrestre, sem se darem conta das dádivas que recebem.

Não fazemos a mínima idéia de como benfeitores espirituais nos socorrem e atendem, em múltiplas oportunidades.

Amenizam dores, curam males, ajudam-nos a solucionar problemas…
***
Há o outro lado:
Os médicos que, literalmente, “não põem a mão no paciente”.

Uma senhora procurou um desses profissionais apressados, rápidos no gatilho, que sacam o bloco para o receituário, mal o cliente põe os pés em seu gabinete.

Ao terminar a consulta, disse-lhe:

– O senhor devia ser engenheiro.
– Por quê? Acha que tenho jeito?
– Bem, engenheiro lida com barro, cimento, cal, tijolos…
 É mais fácil. Está mais de acordo com sua índole. 
O senhor é frio, distante!

– Ora, minha senhora. Há muita gente! Não posso dar atenção a todos.
– Pois deveria.
 Por mais gente atenda, considere que não está lidando com material de construção. As pessoas, meu caro doutor, precisam de atenção, principalmente quando fragilizadas pela doença.
Certamente, o médico não mudou de profissão, mas seria bom, para ele e seus clientes, se mudasse a maneira de ser.

***
Meu pai, que foi enfermeiro, falava de um médico humilde, de pouca cultura e precários conhecimentos, que atendia no posto de saúde onde trabalhava.

Não obstante suas limitações, era o mais solicitado e eficiente.
Calmo e gentil, tratava com carinho a clientela, consulta sem pressa, paciência de ouvir…

Tinha sempre uma palavra de encorajamento, exprimia-se de forma otimista quanto ao diagnóstico e ao prognóstico.
Os pacientes saíam animados.

Mais que simples receita, levavam um novo alento, a confiança de que seriam curados, algo decisivo em favor de sua recuperação.
***
Aprendemos com a Doutrina Espírita que várias profissões envolvem preparo do Espírito, antes de reencarnar, a fim de que possa ter um desempenho razoável, desenvolvendo experiências produtivas.

Freqüenta escolas no Além, recebe instruções, planeja a própria estrutura orgânica, adequando-a ao exercício da atividade escolhida.

Sem dúvida, a Medicina é das mais importantes. Deus quer que sejamos saudáveis, física e psiquicamente, para melhor aproveitamento das experiências humanas.

A doença pode ser um acidente de percurso, relacionado à falta de cuidado com o corpo, no presente ou no pretérito.
Daí a importância do médico, instrumento de Deus, em favor da saúde humana.

Certamente, dentre todas as orientações recebidas ao reencarnar, o médico aprende a lidar com os enfermos, sob orientação do Evangelho, o mais perfeito manual de relações humanas.

É preparado para “pôr a mão no paciente”, expressão que resume os cuidados básicos:

• Cultivar a gentileza.
• Examinar sem pressa.
• Ouvir com atenção.
• Exercitar o diálogo.
• Estimular o otimismo.
• Tranqüilizar o paciente.
• Receitar com cautela.
Esses, os valores fundamentais que estabelecerão a empatia entre ambos, com os mais salutares resultados, na erradicação da enfermidade.

***
Sou apaixonado pela Medicina.

Tenho certeza de que fui médico em existência anterior, provavelmente do tipo que fica melhor cuidando do material de construção. Por isso, talvez, carrego a frustração de não ser, desta feita, discípulo de Hipócrates.

Evocando minha condição do passado, peço licença aos colegas do presente, para dizer-lhes:

Cuidado, senhores doutores!

Não malbaratem as abençoadas oportunidades que receberam!
Não frustrem os instrutores que os prepararam!
Não negligenciem a orientação fundamental:
Por Deus! Ponham a mão nos pacientes!

Livro Para Rir e Refletir