quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O Bullying é a antítese do 
que Jesus nos ensina 
em seu Evangelho


Apesar de recebermos uma avalanche de más notícias todos os dias através dos meios de comunicação, temos visto que ultimamente boa parte das pessoas vem tentando resgatar valores morais até então esquecidos, em busca da qualidade nos relacionamentos e de uma melhor convivência em todos os âmbitos, seja na família, no trabalho, em sociedade e, principalmente, esta revisão de conceitos vem ocorrendo na escola.


A letargia moral que vinha envolvendo a sociedade, que destaca mais o verbo “ter” no lugar do “ser”, parece finalmente ceder por ter chegado a um ponto insuportável, infelizmente, causando efeitos colaterais em nossas crianças e adolescentes. 

De forma mais impactante neste ano, a imprensa trouxe à tona a questão do Bullying, que é definido como atos agressivos feitos de forma verbal ou física, repetidamente contra crianças e adolescentes, por parte de uma ou mais pessoas.

As vítimas são quase sempre obesas, tímidas, não afeitas à prática de esportes, podendo portar deficiências visuais ou físicas, e na grande maioria dos casos não há motivo que justifique as agressões.

 O Bullying é a coação, a intimidação, a manipulação e domínio do mais forte sobre o mais fraco fisicamente ou aquele que não apresente resistência. 

Os agressores são crianças e adolescentes que não receberam limites, que desde muito cedo apresentam um perfil dominador e agressivo, que em muitos casos apenas espelham a convivência conturbada dentro de suas famílias, pois o aprendizado do ser humano é dado também pelos exemplos que eles recebem.

Os especialistas apontam o Bullying com suas bases fincadas na intolerância e no desrespeito às diferenças, e por isto podemos dizer que ele é a antítese do que Jesus nos ensina no Evangelho, e que está na contramão do “amai-vos uns aos outros”.

 Numa das muitas reportagens que tenho visto, ouvi uma jornalista fazer o comentário interessante de que “este problema tem mostrado que a criança não é tão inocente e imaculada como pensávamos”.

 O Espiritismo trata a questão elucidando-nos que a criança é um Espírito que viveu muitas experiências em outras vidas, e que, apesar de estar vestindo hoje um corpo infantil, essas experiências podem influenciar os atos do presente, ainda mais quando não recebe uma educação adequada.

Allan Kardec, com todo o seu cabedal de conhecimentos e, especialmente, pelo fato de ter sido um adepto dos métodos de educação de Pestalozzi, nos deu orientações importantíssimas quanto ao tratamento que devemos dar a elas.

 Em O Livro dos Espíritos, questão 383, ele pergunta qual a utilidade de se passar pela infância, e a resposta dos Espíritos é clara:

 “encarnamos para nos aperfeiçoar, pois neste período estamos mais acessíveis, no qual devem contribuir aqueles que são os encarregados da educação das crianças”. 

A importância da educação aplicada de forma mais ampla visa não somente esta vida, mas a evolução espiritual dos seres.

Pais, avós e professores formam este grupo de encarregados.

 Principalmente os pais, que não podem deixar estes Espíritos que vêm em forma de filhos entregues simplesmente às mãos de funcionários, ou sob a estranha tutela da televisão e de jogos eletrônicos.

 Com a vida moderna muitas vezes o tempo é material escasso, mas temos de dar qualidade ao tempo que se passa junto. 

Em tantos casos a família vive sob o mesmo teto, divide a mesma mesa e o sobrenome, mas os seus membros não se conhecem, porque falta o fundamental que é o diálogo, e somente ele pode aproximar as pessoas e fazê-las compartilhar sentimentos e ideias.

Os encarregados da educação desses Espíritos devem estar atentos às tendências que eles apresentam desde cedo. 

Incentivando os pontos positivos e fazendo-os refletir sobre os pontos negativos de sua personalidade, a fim de estarem convencidos da necessidade de melhoramento.

 E o momento adequado para essa reflexão é o Evangelho no Lar, em que a família se reúne para estudar as palavras do Cristo – que é o médico das almas. 

A criança precisa participar do Evangelho e habituar-se à evangelização na Casa Espírita, pois assim terá acesso a valores morais e espirituais que serão semeados em seus corações para sempre.

Eurípedes Barsanulfo nos deu a receita de educarmos nossas crianças dando a elas a visão de que são Espíritos eternos, e que devem viver focando em primeiro lugar as coisas espirituais.

 Espíritos que se utilizam de um corpo material temporariamente, mas que não se resumem a esse corpo. Se aprenderem isso, elas saberão lidar com as diferenças e não receberão o triste rótulo de autores de Bullying. 

Se apresentarmos a elas Jesus como o nosso melhor exemplo, não terão heróis da violência a seguir. Se apresentarmos Jesus de maneira viva e atual, elas irão entender a lei da semeadura e compreenderão a responsabilidade que têm diante de seus atos, descobrindo seus direitos e também seus deveres, fazendo aos outros o que gostariam que fizessem a eles.

Esta é uma visão que leva a criança a conhecer e exercitar os pontos positivos de sua personalidade, e, da mesma forma, joga luz sobre as suas más tendências, não as sufocando simplesmente, porém, trabalhando-as na chamada reforma íntima, que quanto antes iniciar será melhor para o Espírito e para todos que convivem com ele.

 Se ficarmos protelando e não tratarmos essas más tendências, na adolescência, que é uma fase de eclosão dos sentidos, nossas crianças serão como carros desgovernados em plena ladeira. 

Quando os pais ignoram as más tendências dos filhos, eles poderão manter uma falsa aparência em casa, mas quando estiverem longe poderão dar vazão a elas com atitudes reprováveis como o Bullying.

Espíritos que se encontram na fase da infância estão totalmente receptivos, abertos ao aprendizado, e é nesse período que o Evangelho deve ser apresentado de forma lúdica, por meio de brincadeiras e exemplos do dia-a-dia. 

As crianças precisam ser estimuladas a sentir empatia, ou seja, a saírem do seu mundo particular e vislumbrarem as experiências das outras pessoas, porque, quando se identificarem com os seus semelhantes, aprenderão mais facilmente lições de respeito, fraternidade e amor.

O problema do Bullying ganhou contornos altamente nocivos e tem incomodado a pessoas no mundo todo.

 O Bullying de forma alguma é brincadeira de criança. Os seus resultados podem ser em curto prazo a somatização dos medos através de mal-estar físico como dor de cabeça, de estômago e diarreia. A médio e longo prazo as vítimas podem apresentar desinteresse pela escola, depressão, pânico e fobia social. 

Em casos mais graves podem ocorrer suicídios e homicídios.

Parte das vítimas cresce e supera o Bullying com o chamado “efeito elástico”, que é a capacidade de ser testado ao limite e não ter a sua constituição emocional alterada, mas grande parte delas levará traumas e inseguranças para o resto de suas vidas.

 Assim como pensamos nas vítimas, devemos pensar nos agressores que chegarão à fase adulta dotados dessa carga de violência e desrespeito, desprovidos de limites e valores morais que são essenciais à evolução como cidadãos e Espíritos que também o são.

Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama chegou a fazer um pronunciamento em favor da campanha contra o Bullying, que vem suscitando a criação de leis nos mais diversos países.

No Brasil, o Estado de Santa Catarina é atualmente o único com lei específica para isso, fazendo com que quem pratica essa forma de violência seja punido.

O Conselho Nacional de Justiça lançou no final de outubro uma Cartilha de Combate ao Bullying, que já vem sendo distribuída em todas as escolas da rede pública e particular, além dos órgãos de proteção ao menor.        
Apesar de todos os esclarecimentos, ainda há muita gente que considera um exagero o posicionamento da justiça e até mesmo as campanhas, insistindo que o Bullying é inofensivo, mas antes de qualquer coisa é preciso perguntar como se sentem as crianças e adolescentes que são alvo disso. 

Devemos lembrar que, por causa do rigor, algumas leis, como a de combate ao racismo, a de proteção à mulher, e, especialmente, a que regulamenta o pagamento de pensão alimentícia no Brasil, ainda recebem críticas por apresentarem uma determinada rigidez, o que é devido à negligência cometida durante anos por muitas pessoas.

Todas estas características são inerentes a um planeta de provas e expiações, e o cenário dos relacionamentos somente mudará na proporção em que o homem mudar o seu cenário interno, no dia em que descobrir e trabalhar os seus sentimentos, passando a ter como objetivo principal a prática do bem.

Juliane Demarchi - O Consolador