Para a Doutrina Espírita, o casamento representa uma evolução da sociedade. Com
ele, consegue-se sair de ligações afetivas precárias para uniões mais
profundas.
Aprende-se a diminuir o ego e a construir a noção de coletividade.
Não são mais eu e as minhas coisas, agora se fala de nós e das nossas coisas.
Certamente, a diminuição do egoísmo não se dá apenas pela via do casório. Este,
porém, apresenta-se como importante ferramenta na construção do amor universal.
O
Espiritismo, no entanto, assim como faz em tudo, coloca como o fundamental para
o matrimônio a Lei de Amor.
As festas, os rituais e os papéis são vistos como
fenômenos secundários, ligados muito mais às necessidades psicológicas da
infância humana do que à essência do casar.
Esta, na verdade, se vincula à
observância do amor em suas variadas expressões. Sem o verdadeiro amor, tudo
mais se torna efêmero.
Neste
sentido, gostaria de relacionar quatro facetas do amor - já que este sentimento
é algo tão etéreo e abrangente - que, na nossa limitada visão, são necessárias
a um bom encaminhamento de um casamento.
Respeito.
O primeiro passo para se
aprender a amar é respeitar.
Tudo sem respeito pode ser qualquer coisa, menos
amor.
O amor pressupõe respeito. São, na verdade, indissociáveis. Por isto,
Jesus falou que a maior de todas as leis era o amor no seu tríplice aspecto – a
Deus, ao próximo e a si mesmo -, e, em outra feita, colocou o princípio da
justiça e do respeito – fazer a outrem aquilo que se gosta de receber - como o
resumo das leis e dos profetas.
Doação. Obviamente, todos necessitamos
amar e ser amado, como bem explica O Livro dos Espíritos.
Contudo,
a necessidade de ser amado não deve ser entendida como uma validação da
cobrança afetiva. Se só houver cobradores, quem sobrará para doar?
Importa,
portanto, relembrar sempre da mensagem de Francisco de Assis – dar mais do que
receber.
Fazendo este movimento franciscano, sente-se plenamente amado, não só
porque o ato deixa suas marcas naquele que executa, mas igualmente porque,
fruto da doação geral, o ar se enche deste sentimento divino.
Receber amor,
assim, passa a ser uma consequência natural do amar.
Adaptação.
Cada indivíduo ao se juntar em
matrimônio traz consigo para o novo lar um pouco da sua história – educações,
hábitos, momentos.
Para haver, desse modo, um encaixe harmônico é
imprescindível que os cônjuges não queiram fazer da nova casa uma cópia
perfeita do que tiveram no passado, ou uma concretização exclusiva de seus
desejos.
Neste sentido, analisando a questão, o professor Rodolfo Calligaris,
em seu Vida em família, fala da importância desta adaptação para a
construção de um casamento saudável.
União.
Como consequência do exposto,
chega-se na união. Esta, porém, deve ser feita primordialmente na esfera dos
ideais.
Não se trata de uma fusão de um nova criatura com um pensar único.
Antes, de uma aliança de pensamentos entre duas pessoas em prol de uma
coletividade chamada família – e, no futuro, destas em nome do coletivo
universal.
Não se deve querer, ingênua e morbidamente, formar uma novo eu,
mas um novo nós.
Dessa
maneira, com respeito, doação, adaptação e união, o amor será construído em
bases sólidas.
Importa, entretanto, como recomendou Emmanuel, que este edifício
seja construído todos os dias pelos consortes para que o matrimônio saia da
esfera burocrática e adentre na comunhão
espiritual.