Plantando vento e colhendo tempestade
Virtude pode ser considerada como sendo um conjunto de qualidades sublimadas que somente Deus possui na sua totalidade absoluta.
Na realidade é a
sublime essência do bem que se emprega na prática incondicional do amor.
Essa afirmativa é tão
evidente e ganhou uma conotação transcendental.
Paulo de Tarso (São
Paulo), considerado o maior e mais importante divulgador do Cristianismo
nascente, em uma das primeiras cartas (epístolas) escritas para a igreja de
Corinto, chegou a proclamar que os homens (seres humanos) falam com Deus, e Ele
lhes responde na mesma intensidade, através das virtudes teologais que estão
distribuídas na fé inabalável, aquela que encara a razão face a face em todas
as épocas de Humanidade;
na caridade, que se traduz em benevolência para com
todos, indulgência para com a culpa do irmão, perdão das ofensas;
e na
esperança, que é a morada dos nossos sonhos.
Quem não sonha vegeta.
Diante da magnitude
expressiva desse sentimento, tem-se que ter o cuidado para não tingi-lo com as
sombras da ignorância, transformando atos indecorosos e horripilantes em
virtude radicalizada.
Existem,
lamentavelmente, pais que adoram repreender os filhos.
Muitos desses, no afã de
incutir neles o rigor na masculinidade, dizem:
«Se você apanhar na rua, quando
chegar a casa vai apanhar novamente».
Como se fosse virtude usar da violência,
ou vingança, para demonstrar superioridade.
Esse tipo de
aconselhamento, que ainda jornadeia pelos vales tenebrosos da ignorância
humana, facilita e incentiva essas barbaridades que estão imperando na
sociedade, tangidas pela truculência.
Eles estão, com certeza, plantando vento
e a sociedade vai colhendo tempestade.
*
Nada é mais emocionante
para um pai ou uma mãe de família do que a consideração dispensada pelos seus
filhos.
No mundo em que vivemos
atualmente, a família vem sofrendo investidas imorais e avassaladoras das mais
variadas maneiras.
Os esteios da família –
papai e mamãe – têm nobilíssimas obrigações e, em última instância, os deveres
de educar seus filhos com exemplos dignificantes.
Tem sido publicamente
observado que essas condicionantes estão sendo substituídas pela função de
provedores de bens materiais, e expectadores no desenvolvimento moral
insatisfatório de suas proles.
Essa inversão de
valores paternais, como consequências filiais, está aplicada abertamente sob
alegação de que ser moderno é ser liberal.
Na convivência familiar onde não há
limites na infância e na juventude, a liberdade excessiva poderá transformar-se
em libertinagem.
A exceção torna-se regra.
É estranho, mas é
verdade. Hoje, ser honesto e cumpridor dos seus deveres causa admirações, e, em
muitos casos, perplexidades.
Fica uma pergunta: Para
onde vai a humanidade?
Ninguém sabe. Somente uma certeza.
Para minimizar os
defeitos educacionais reinantes que causam variadas anomalias sociais, somente
será possível com:
- o retorno dos pais
para a casa de morada, transformando-a em lar, para a convivência salutar e
fraterna com seus rebentos;
- a utilização da
creche como estada temporária;
- as escolas, como
estabelecimento de ensino para instrução moral e cívica;
- e a Psicologia como
meio auxiliar para orientação do comportamento das crianças.
Fora dessas exigências
imperativas, a humanidade vai continuar desregrada, a sociedade refém dos
marginais, a família atormentada, as pessoas desesperadas, as cadeias
superlotadas e os cemitérios abarrotados.
PEDRO DE ALMEIDA