Homem -
que pessoa é essa?
A violência na atualidade supera requintes de sofisticação.
Pessoas são mortas
diariamente e encontradas em situações mais indignas, como se o elemento humano
fosse mero acidente de percurso nas vidas daqueles que não sabem o que é a
ética e a moral.
Comumente se atribui o fato ao conjunto de ações psicopáticas
predominantes no tempo e nas camadas sociais, sejam elas quais forem.
Afinal, o
que é o ser humano? Como defini-lo na atualidade?
Bendita lei da evolução que
nos permite olhar com mais dignidade para a vida e seus processos.
São eles que
fazem crescer a mônada divina colocada nalgum tempo, nalgum ponto do universo.
Sim, somos todos mônadas divinas. E o
que vem a ser uma mônada?
Em algumas tradições significa “ser supremo”
equivalente ao “Deus verdadeiro”.
Noutras, é chamada de “presença do eu sou”;
noutras, ainda “é uma energia vertida por Deus para habitar o universo criado
por Ele”.
O que vale ressaltar é que todas as conceituações acima nos
colocam lado a lado com a Criação Divina.
Isto nos abrange a todos
independentes de quaisquer processos circunstanciais de separatividade, sejam
raciais, étnicas, religiosas, culturais etc.
O mundo é uma grande casa divida
por territórios.
Cada território abriga uma nação que por sua vez abriga seres
que comungam basicamente os mesmos princípios, dentro de uma determinada
correlação social.
Somos, pois, diferentes existenciais, temporariamente
vivenciando uma faceta da vida para inundar-nos de Deus.
A história confirma
quando nos relata como as comunidades surgiram e se transformaram.
Cada tempo -
cada espaço, com oportunidades novas e diferentes.
E lá estávamos
protagonizando dramas, tragédias ou acordos definitivos com o bem.
Agora estamos no início de um milênio
que promete ser de profundas modificações morais para os habitantes deste
planeta.
Resta saber quem está apto ou interessado em tais mudanças.
Jesus nos
colocou como base que devemos “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a nós mesmos”.
Esta máxima tem sido lida e desprezada pela imensa maioria
dos homens ao longo desses vinte séculos.
Dificilmente alguém ama a Deus sobre
todas as suas propostas individuais, familiares ou coletivas.
O homem tende a
admitir que Deus “mesmo ausente” age como um empecilho à realização dos seus
desejos humanos, profanados pelos seus desconhecimentos sobre o divino e pelos
seus interesses imediatistas, sempre prontos a perpetuá-lo como ápice da
Criação.
A ideia permanente de Deus em si o interpelaria sobre a Sabedoria
Máxima e o Amor Absoluto.
Mas isto é profundo por excelência.
Distante demais
daquelas mentes que insistem na proposta da infantilidade espiritual.
Enquanto não conseguirmos encontrar
caminhos retos e definitivos que nos conduzam a uma interatividade com a
Essência Primeira de todas as coisas, iremos sempre nos guiar por propostas
pessoais que, em muitos casos, norteiam propostas daqueles que nos rodeiam.
E o
próximo? “Ele será ótimo enquanto estiver de acordo com os nossos interesses
e nos servir em tal e sempre de conformidade com nossas infâmias ou
necessidades”.
Assim pensa e caminha esmagadora massa humana, infelizmente.
Viajando pelo tempo, desde o mineral,
chegamos um dia à condição de seres humanos.
“Heróis da Inteligência”, no dizer
de Emmanuel. Agora podemos pensar e discernir.
Somos sim, neste pequeno
planeta, o ápice da evolução. Nenhum ser nos supera.
Então passamos a disputar
o poder com os outros irmãos, pois somente eles podem ombrear conosco as
insígnias do “Ser Supremo”.
Daí as questões relacionadas à violência de todo
tipo que se pratica.
Toda a violência tem por base o desejo de se impor, quer
seja em casa, na rua, no bairro, cidade, estado, nação ou nos comandos mundiais
de alguma instituição internacional.
É neste ponto que vale a reflexão do
que seja ser homem.
Antropólogos vêm questionando este assunto desde há muito.
Desejam conhecê-lo para defini-lo e assim colocá-lo com acerto na sinfonia da
vida que se vê e se vive por aqui.
Na faixa estreita da vida física, apenas uma
entre as muitas faixas de vidas que existem no sistema Terra, a visão é muito
tacanha e o homem se perde em si mesmo, cometendo erros por não conhecer o
projeto no qual está inserido.
O plano físico é excelente e
necessário para nossas aprendizagens e adaptações à grande casa universal.
Mas
é temporário, pois na verdade habitamos o universo.
Somos partes integrantes
dele onde quer que estejamos.
Quais crianças, ainda não entendemos bem o que
vem a ser isto e a quais implicações estamos sujeitos para um comportamento
digno para tal.
Por isso a vinda pessoal da Autoridade Máxima da Terra ao plano
físico, num momento em que o homem já podia suportar Sua presença iluminada e
Seus ensinos graduados trazidos dos planos superiores da Vida.
Emmanuel nos diz
no livro “A Caminho da Luz” que quando a Terra estava pronta para receber a
vida, Jesus foi a departamentos específicos do Universo trazendo de lá o
protoplasma, embrião das vidas que se desenvolveriam por aqui.
Da mesma forma,
quando os homens já estavam aptos para serem inoculados pela mensagem divina e
decisiva, Jesus, de novo, nos trouxe o embrião da vida universal.
Por que tamanho cuidado para conosco?
Por que tamanho amor para com a identidade humana?
A Doutrina Espírita
programada e projetada para surgir entre nós, em meados do século XIX, o das
grandes descobertas, nos dá a resposta eficiente.
Somos centelhas divinas no
caminho de volta para a eternidade com Deus.
Assim, o homem é a transição entre
a razão e a santidade.
Estamos nos pródromos de um novo tempo. A santidade
significa inundar de sagrado o lado profano que insiste por fazer-se
representar em cada um de nós.
Ser profano é o mesmo que estar do lado de fora
das sagradas realizações da vida. Muitos pensam que sacrilizar-se é
tornar-se adepto e praticante cego desta ou daquela religião.
Enganam-se, sacrilizar-se
é estabelecer em si o definitivo templo de Deus que nos criou para vivermos com
ele na sabedoria e no amor por toda a eternidade.
O homem é, pois, uma rápida passagem
entre o profano, do lado de fora, e do sagrado, do lado de dentro de Deus.
Daqui a pouco estaremos livres dos processos experimentais que nos conduzem a
dores pelos erros repetidos em nossas aprendizagens e percursos.
É tempo de
pensarmos assim, de agirmos assim.
O Evangelho de Jesus é o único roteiro que
nos pode direcionar neste momento da nossa evolução, enquanto homens.
Que esta
passagem seja rápida e pródiga, que todos possamos galgar um passo além para
vivermos totalmente identificados com o novo tempo que se aproxima.
Guaraci Lima Silveira - O consolador