Ter fé é diferente de crer
“Hoje, não
mais cogito de crer, pois sei.” (Humberto de Campos, no livro “Boa Nova”,
psicografia de Francisco Cândido Xavier.)
A fé é a absoluta confiança que depositamos em uma determinada ideia e não admite dúvidas.
É ter a certeza de que tudo o que Deus faz está certo. Já a
crença é a ideia que formamos ou conhecimento que temos sobre determinada
situação que pode sofrer alteração.
Um dia a humanidade acreditou que a Terra
era o centro do Universo, que só existia o sistema solar, mas as novas
descobertas da Astronomia determinaram a mudança dessa crença.
No contexto dos relatos evangélicos podemos
exemplificar o que realmente é ter fé e o que é simplesmente crer.
No Evangelho de Lucas (XXII, 54-62), nos
deparamos com a afirmativa de Jesus a Pedro, dizendo que o discípulo o negaria
três vezes antes que o galo cantasse. E, realmente, o fato se confirmou, pois
assim que Jesus foi preso, em três oportunidades, naquela noite tenebrosa,
criaturas apontaram Pedro como seguidor do Cristo e nas três vezes o discípulo
afirmou que não o conhecia.
Pedro seguia Jesus, mas ainda não havia
adquirido a fé para sacrificar-se pelo Cristo. Mas tarde, sim, em outros
acontecimentos deu plenas provas da sua fé em Jesus.
Já em Atos (9:1-6), encontramos a narrativa
do episódio onde Saulo, o doutor da lei, estando a caminho de Damasco, em
perseguição aos Cristãos, com ordem governamental, deparou-se com Jesus, quando
um clarão imenso tirou-lhe a visão e o fez cair da sua montaria sobre a areia
do deserto, momento em que ouve a voz do mestre a lhe perguntar:
“Saulo, Saulo,
por que me persegues?”.
Desse momento em diante não mais vacilou ou
teve qualquer dúvida.
Orientado pelo Mestre adentrou a cidade de Damasco em
busca de socorro, e, posteriormente, passou bom tempo no deserto meditando
sobre o acontecimento e lendo os pergaminhos que guardavam as lições de Jesus.
Determinado e convicto, deixou sua vida de
conforto e abundância e, mesmo ante a incompreensão até mesmo dos seus amigos e
familiares mais íntimos, passou a seguir Jesus, divulgando os ensinamentos dele
até o fim de seus dias na Terra, quando foi condenado à morte em Roma.
Pedro acreditava em Jesus, mas não tinha a
verdadeira fé para promover a total reformulação da sua vida, com base no que o
Cristo trazia consigo, já Paulo foi bem diferente, não acreditava em Jesus, mas
teve fé o suficiente para tomar direção totalmente oposta àquela que seguia, assim
que se encontrou com o Cristo.
No livro “O Consolador”, Emmanuel, através
da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, informa que “crer diz respeito a
crença, enquanto a fé é inspiração divina.
Diferentemente da simples crença, a
fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem e, como
tal, é a base da regeneração”.
Ainda entre as narrativas dos apóstolos
sobre a vida de Jesus, encontramos em Mateus (8:5-13), o relato sobre um
Centurião de Roma, que procura pelo Mestre, buscando a cura de um dos seus
soltados que permanecia no quartel.
Quando Jesus se propôs a visitar o doente,
o Centurião afirmou que não precisava, pois que Jesus dali mesmo poderia
curá-lo, então Jesus o fez, dizendo: “nem mesmo em Israel encontrei tamanha
fé”.
Outro momento que se caracterizou, nos
Evangelhos, como demonstração plena de fé foi quando Jesus, cercado pela
multidão, foi tocado por uma mulher que sofria de uma hemorragia há mais de
doze anos, ficando, a partir daquele instante, totalmente curada (Marcos 5: 25
a 34). Obviamente que aquela senhora possuía muito mais que crença em Jesus;
possuía fé.
Cabe, então, refletir se já conseguimos
conquistar a fé ou se ainda permanecemos apenas na crença.
Pensemos nisso.
WaldenirAparecido Cuin - O consolador