quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

                  Por que desapareceram - ou desaparecem
                                       os jovens espíritas?  

Santa Catarina, Brasil, década de 80. 

Confraternizações Regionais e Estaduais de Jovens Espíritas movimentavam a “moçada” catarinense. Dias juvenis, tardes e noites fraternas, encontros artísticos, gincanas, dias esportivos, semanas do jovem e outros eventos integravam as mocidades das diferentes instituições, como a fomentar a chama da continuidade, cativando cada vez mais participantes, sobretudo os mais novos que, conforme iam trocando de idade, se empolgavam ante a diversidade de realizações.

Tempo de plantios e colheitas... Árvores vicejando, frutos abundantes...

Mas, espere! 

Onde estão os frutos, ou melhor, onde estão eles, os jovens espíritas? 

Onde foram parar os jovens “de ontem” e, em conseqüência, onde estão (e o que, de bom e produtivo, fazem) os “de hoje”? Teremos jovens espíritas, amanhã?

Aquele era o tempo em que os líderes do movimento jovem, bem como os dirigentes dos grupos sediados nas inúmeras instituições eram filhos de pais espíritas, de famílias que se conheciam há tempos, muitos dos quais, também, a partir dos encontros, passavam a conviver mais proximamente, namoravam, noivavam e casavam, a maior parte, entre os próprios espíritas

E sua prole, em conseqüência, estava propensa a continuar o trabalho dos pais, sendo assim e, portanto, os jovens espíritas de hoje... Certo?

 Errado! 

Nem os pais nem os filhos, salvo raríssimas exceções, perseveraram...

 Se os primeiros, líderes da juventude daquela época, hoje em dia (em sua esmagadora maioria) não se acham engajados no movimento, nem se aglutinam nas diretorias das entidades espíritas, que se pode dizer em relação aos seus filhos, sem o exemplo da continuidade?

Embora não seja possível generalizar o diagnóstico para todos os cenários e casos, em minha observação, procuro aqueles que, como eu, se destacaram na direção e coordenação dos eventos descritos nas primeiras linhas deste artigo, os que ombrearam comigo a composição de setores e departamentos na federativa local e seus órgãos regionais e... não os encontro!

 Onde estão eles?
 O que aconteceu? 
Alguns se arriscam a dizer que eles mesmos, com a maturidade – e os compromissos inerentes à vida adulta – “tiveram” que se afastar. 

O emprego, a faculdade, o casamento, o sustento da família, a educação dos filhos, fatores que, juntos ou separadamente, de acordo com a ênfase, a importância ou a necessidade, “impuseram-lhes” as escolhas, a seleção de prioridades e... o afastamento!

 No quesito “exemplo”, não conseguiram repetir a história e a trajetória de seus próprios pais, que, com iguais ou similares desafios, “davam conta de tudo”, e não se afastaram. 

Onde foi parar aquela “garra”, aquele “espírito de luta”, aqueles ideais que enfrentavam, inclusive, muita “cara feia” dos mais velhos, que preconceituosamente olhavam para os jovens como “aquele grupo de baderneiros”, o “pessoal do violão”, “os rebeldes”, ou coisa que o valha? 

Quais os motivos que os levaram a abandonar o movimento, ou a preferir um “lugarzinho” lá atrás, nas cadeiras ou bancos das últimas fileiras, ao invés de capitanearem grupos e instituições? 

Teço estas linhas sem o intuito de crítica pessoal aos que “debandaram”, mas, do contrário, com o mote da autocrítica, no sentido do próprio movimento espírita (re) avaliar o que ocorreu – e ainda ocorre – para tentar “mudar” o futuro... 

Sem me apresentar como o “dono da verdade” ou o “mago da transformação”, assumo até o risco de ser mal-interpretado, porque prefiro, por convicção de livre-pensador, o desafio da polêmica à esquiva da omissão e da indiferença.

 Por isso, a título de sugestão, vejamos qual o destaque ou tratamento que é dado pelas instituições espíritas em geral ao jovem. Observe, você mesmo, a instituição que freqüenta, ou aquela de que participa mais ativamente. Há juventude ou mocidade? Ela se reúne periódica e constantemente?

 Que tarefas ou atividades desempenha? Ela está “ambientada” com o Centro, isto é, ela interage positivamente com os demais grupos ou setores da instituição?

 Há um projeto político-pedagógico (o que é isso, mesmo?), ou, pelo menos, um plano e, com ele, a avaliação periódica de resultados? Há conexão entre o trabalho jovem e os que lhe antecedem e sucedem, em termos de faixas etárias, ou seja, existe “sintonia” entre a(s) proposta(s) da juventude e aquelas desenvolvidas pelas crianças (educação infantil) e adultos (estudos sistematizados, grupos de médiuns e congêneres)? 

Se você conseguiu responder afirmativamente à maioria destes questionamentos, com certeza não será o foco do presente artigo. 

Afinal, ainda que inicialmente, nos parece que “as coisas andam bem” e/ou existe “gente compromissada”, atenta ou especializada na temática, nesta instituição. 

O importante, então, é a preservação deste status quo, a garantia de que esse estado permaneça e se aperfeiçoe.

Mas, caso alguma das respostas tenha sido negativa (ou duvidosa), o problema já está instalado e, assim entendo, o momento atual (de desânimo, marasmo, mesmice ou pouca valorização e presença do jovem) é mera conseqüência. 

“Acabaram” com o trabalho juvenil, ou reduziram-no aos padrões que interessavam ao “controle” da atividade (criatividade e liberdade) humana. 

Permitam-me, para ser mais claro, apresentar um comparativo. Os meios acadêmico e político geralmente se ressentem da falta de “novos líderes”, pessoas que tenham uma trajetória ascendente, produtiva, e, sobretudo, confiável. 

Quem são os líderes e as pessoas de destaque, que ocupam lugares estratégicos nas instituições? Usualmente, pessoas mais velhas, algumas até na casa dos 50/60 anos. Tal é o reflexo dos longos anos de ditadura, que castraram os movimentos populares, espontâneos, naturais...

 Os expoentes que temos, em sua maioria, de idade madura, foram perseguidos, presos, deportados ou asilados e, depois, anistiados.

 Falta às gerações subseqüentes a confiança e o estímulo para começar de novo, do “nada”, tal qual enunciava umjingle político-partidário conhecido: “sem medo de ser feliz”. 

No caso do Espiritismo, sem querer criticar acentuadamente o “sistema”, penso que passamos por realidade semelhante: evangelização, e não, como deveria ser, Educação. 

O primeiro termo, embora idealmente possa simbolizar a ascensão espiritual ou a moralização de condutas, tem sido usado, na esteira da história, com propósitos distintos e com resultados diferentes. 

Por evangelização, levando-se em conta o projeto nascido no seio da Federação Espírita Brasileira (FEB), em 1979, com o lançamento de sua “campanha permanente”, as conseqüências foram a preferência pelo aspecto moral (cunhado como religião espírita), a doutrinação dos adeptos, a imposição de métodos padronizados, o privilégio à disciplina e à hierarquia e o silenciamento dos participantes (jovens).

 Do outro lado, como inclusive se vem resgatando – da década passada para cá – se a política adotada na instituição foi a da Educação Espírita, o sentido é bem diverso, com investimento na formação integral do ser, considerada a totalidade da proposta espiritista (filosofia, ciência e moral), evitando, como no projeto febeano, o privilegiamento das “idéias morais”, a evangelização do ser.

 Neste sentido, figura a minha crítica ao modelo e, hodiernamente, a necessidade premente de sua revisão, para readequação da política a moldes mais democráticos, plurais, alteritários e inclusivos. 

O jovem, meus amigos, em todos os segmentos e ambientes sociais sempre é visto com desconfiança, receio e, até, temor. Um funcionário neófito, com novas idéias e posturas, com mais “vontade”, pode tomar o “seu” lugar.

 Um aluno novo dissemina idéias diferentes e pode mudar o rumo do trabalho e, até, por vir de outro lugar, traz outros hábitos, ameaça a “tranqüila” rotina, a qual já estamos (todos) acostumados. 

Um filho, mais jovem que os demais, fará seus pais (e os irmãos também) reverem conceitos, passarem por experiências renovadas, ou, então, ficarão à margem do processo. Assim é a vida... Em geral, jovens substituem os mais velhos e isto nem sempre é pacífico, natural e fraterno. 

Cansei de ouvir, em diálogos com certos dirigentes “antigos”, relatos de preocupação e uma certa expectativa em relação às mudanças “eleitorais” nas instituições espíritas, como a temer que, a qualquer momento, um jovem poderia colocá-lo “de escanteio”, substituindo-o, alijando-o dos trabalhos, porque a “turma” estava ficando “encantada” com algumas idéias, projetos, a fala ou as ações “daquele” moço... 

Tudo na vida enseja a naturalidade dos percursos, na marcha evolutiva. 

Idéias são substituídas por outras, assim como palavras, atitudes, comportamentos, rotinas, realizações... 

Penso que, no tema em tela, as causas do fenecimento do movimento jovem envolvam diversos fatores. 

Uns, pessoais, conforme descrito nas primeiras linhas deste artigo, relacionadas às “escolhas” de cada um, das quais, efetivamente, decorrem conseqüências (individuais e coletivas); pouco podemos fazer neste sentido, em face do livre-arbítrio de cada um. 

Outros fatores, no entanto, nos interessam em especial, para aqueles que se preocupam tanto com o jovem em si, quanto com o trabalho (atual e futuro) das entidades espíritas: a continuidade e a progressividade. 

Assim sendo, entendo que somos responsáveis pelo resultado (realidade) que aí está posto: o desaparecimento das juventudes e mocidades, a dispersão dos jovens, o desinteresse pelas atividades (em geral) das instituições, a inexistência ou pouca expressão das realizações juvenis em parâmetros regionais ou estaduais etc., pelos seguintes motivos: 

1− Não tratamos o jovem adequadamente. Continuamos a vê-lo como ameaça à rotina da instituição, à sua solidez estrutural e à comunidade espírita como um todo. Agimos, em relação a ele, com desconfiança; 

2 − Não o integramos devidamente à instituição. É a decorrência da situação anterior, calcada no pouco (ou nenhum) espaço institucional dado a ele (a não ser o horário da própria juventude espírita), quando não no impedimento de que ele faça “coisas diferentes”, ou assuma outras atividades na seara; 

3 − Não promovemos ou acompanhamos, nem apoiamos ou financiamos o trabalho juvenil. Se há um evento jovem, o máximo que se vê é o dirigente aparecendo para a “prece de abertura”; se não há como “vetar” uma realização juvenil, não se faz nada (não se move uma palha) para divulgar ou enaltecer a atividade; se são necessários recursos financeiros ou materiais-instrumentais, o jovem “que se vire”, faça cotas ou tire do próprio bolso. “Dinheiro da casa, ele não terá” – dizem alguns – “para essas coisas de juventude!” 

As instituições espíritas, assim, vão ficando mais “vazias” sem o entusiasmo e o vigor juvenis. Vão, digamos, esmorecendo, minguando a olhos vistos. Não me atrevo a dizer que “fecharão as portas”, porque sempre haverá idealistas, adultos dali mesmo ou vindos de outros lugares, para a continuidade das tarefas. 



E quanto aos jovens? 

Que se dirá a respeito deles?

Muitos, realmente, desistiram (e continuam desistindo). Cansaram (ou cansam) dos olhares desconfiados, das “caras feias”, dos narizes torcidos, da má-criação dos “velhos” dirigentes, do ter que se justificar sempre, de tentar convencer (sem muito êxito), de “provar” que tinham (ou têm) valor... 

Foram-se (e continuam indo), preferindo o não-desgaste, o não-embate, a tranqüilidade (ou o comodismo, quem sabe)... Ah, aqueles amigos da juventude, os que ombrearam projetos e realizações, realmente não estão mais por aqui.

 Nem os filhos deles, igualmente... 

Quem sabe, os netos possam estar, desde, é claro, que hoje se faça algo, diferente, neste sentido. Eu estou tentando e fazendo, modesta e limitadamente. 

E você?

MARCELO HENRIQUE PEREIRA

  

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

                                             CONTRATO ASSINADO


Sabe os atropelos próprios de cada dia? Lembra-se das doenças e eventos externos que supomos nos agridem?

 Recorda os apuros financeiros, familiares, sociais que todos enfrentamos?

Pois eles normalmente trazem consigo algumas aflições, perturbações e mesmo dores físicas e morais, não é mesmo? Muitas vezes nós mesmos somos causa deles, por motivo de nossas precipitações, medos, exageros, imprudências e outros descuidos. 

Mas eles também surgem por iniciativa alheia, que nos agridem verbal ou fisicamente, e até mesmo sem qualquer relacionamento verbal ou pessoal...

Pois todas essas situações adversas, de menor ou maior intensidade, integram algumas cláusulas contratuais de importante contrato assinado, que ora se cumpre com sabedoria.

Ocorre que as adversidades, os eventos externos que nós consideramos nos agridem, os atropelos, enfermidades, conflitos de relacionamento, entre outros apuros e situações difíceis ou desagradáveis, longas e muitas vezes doloridas, integram o gigantesco processo de aprendizado em que estamos inseridos. 

 Seja como uma prova de crescimento ou superação, seja como consequência de atitudes precipitadas ou inconsequentes, ou ainda por necessidades que apresentamos.

 É fácil raciocinar sobre isso: nossa própria condição evolutiva, de precariedade moral, nos sujeita a isso, todavia, raciocine comigo.

Imagine que ao cursar uma universidade estamos nos expondo a todos os desdobramentos que o curso impõe: provas, trabalhos, pesquisas, estudos muitas vezes cansativos, ansiedades, expectativas nem sempre agradáveis, conclusão de curso e seus aspectos próprios, além da colação e finalmente o jantar e baile de formatura. 

Assim que aderimos ao curso estamos como que assinando um contrato, cujas cláusulas determinam os pré-requisitos de conclusão do citado curso.

 É como iniciar um processo para aquisição da carteira de habilitação. Igualmente nos sujeitamos, voluntariamente, aos desdobramentos próprios, que são provas que nos habilitarão.

Por outro lado, nossas opções equivocadas ou precipitadas, nossas escolhas nem sempre acertadas são geradoras de consequências, nem sempre fáceis ou agradáveis.

Pois é isso. Estamos todos no enfrentamento de provas ou consequências. E também, por sabedoria da própria vida, enfrentando riscos e situações de aprendizado que atendam nossas carências e limitações.

A dor, pois, de qualquer origem, seja física ou moral, é resultado de contrato assinado, aceito, sugerido, enviado ou imposto, por força de nossas carências, limitações, necessidades de aprendizado, como prova ou consequência de nossas opções e decisões. São cláusulas contratuais que nos colocam nas situações que mais necessitamos para amadurecer.

Assim é que vivemos em lugares, situações e com pessoas que nos ensinam a viver, embora as consideremos ofensoras, malcriadas, agressivas. 

Na verdade, são nossos autênticos professores, os que nos colocam nos trilhos da educação e da disciplina.

Por que reclamamos agora? ................Trata-se de aprendizado que nos amadurece.

Quando foi assinado?........................

 Ah! Trouxemos na bagagem...

Orson Peter Carraro - O consolador


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

                JAMAIS ABANDONADOS                         
“... o Senhor pôs o seu selo em todos os que creem nele. Cristo vos disse que a fé transporta montanhas.

Eu vos digo que aquele que sofre e que tiver a fé como apoio será colocado sob a sua proteção e não sofrerá mais...

Felizes os que sofrem e choram! Que suas almas se alegrem, porque serão atendidas por Deus.
” (“O mal e o remédio”, Santo Agostinho, O Evangelho segundo o Espiritismo.

Quando adquirimos uma compreensão da dor através da razão e das leis de Causa e Efeito, realmente a vemos não como um mal, mas como um remédio eficaz para o aprimoramento do Espírito que o recebe com resignação, galgando degraus de luz com a maturidade espiritual que adquire, maturidade do senso moral, que acompanhará esse Espírito em suas vidas sucessivas, independente da idade corporal.

Um dia, talvez não tão distante, a humanidade há de compreender que o Espírito que anima um corpo jovem não é uma criancinha pequenina, mas tem uma bagagem milenar que se revela desde o berço. 
Um dia se compreenderá que não é a idade do corpo físico que faz um entendimento, mas sim a maturidade do Espírito.

Há jovenzinhos que parecem mais velhos que os pais ou os avós, nesse sentido, por isso, tantos se surpreendem hoje com a infância, que parece ensinar a muitos. 

A vida é uma oportunidade de luz e as provações são necessárias para o Espírito ascender na sabedoria, mas jamais uma dor será maior que o amor.

Convém lembrar que o amor cobre uma multidão de pecados, como disse o apóstolo Pedro, e sempre o amor estará à frente, pronto a diminuir os sofrimentos, quando as provações chegarem ao seu limite e puderem ser minimizadas ou até retiradas. 
Dentro disso que tratamos, temos uma história assim, de amor, provação, fé e amadurecimento. 

Uma senhora ainda jovem levou-nos dois meninos para atender, quase da mesma idade, muito amigos.

Um, filho dela, de cerca de 8 anos, a quem poderíamos chamar de Jonathan, e outro, filho do atual marido dela, de 8 anos também, que chamaríamos de Mateus. 

Jonathan estava com uma intoxicação alimentar – comeu algo que não lhe fez bem, estava com vômito, diarreia, mas quadro passageiro.
Uma criança feliz que sempre teve o amor dessa mãe. 

O outro, Mateus, parecia um adulto, uma linguagem racional e uma maturidade incomuns. Estava com lesões na cabeça, uma micose, “tinea capitis”. 

Conversando, a madrasta foi contando a história e o menino confirmando e dando os seus apontamentos.

Quem conhece os mecanismos das leis de Causa e Efeito, do amor de Deus socorrendo sempre, entenderia bem esse momento. 

Disse-nos ela que o marido e a mãe do Mateus há cerca de 4 anos tinham se separado e a ex-esposa desapareceu com as crianças, mudando para outro Estado e não dando o endereço a ele.

 Eles tinham 3 filhos – uma menina que hoje tem 10 anos, o Mateus, e um mais novo, hoje com 5 anos. 
Esse pai ficou desesperado procurando esses filhos, até que se resignou, confiando em Deus e em que um dia ele encontraria os meninos de novo. 

Há cerca de uns dois meses, um amigo dele, viajando a trabalho, reconheceu o Mateus, depois de quatro anos, numa cidade do interior de São Paulo, e o avisou.

Poucos dias após, o “ex-cunhado” dele telefonou-lhe dizendo que fizesse de tudo para buscar os filhos, porque estavam abandonados pelas ruas da cidade, completamente descuidados pela mãe, sofrendo, e que ele, o “ex-cunhado”, lhe daria todo o apoio que precisasse para reaver as crianças. 

A madrasta, contando, era de emocionar. 

Ela e o marido foram imediatamente, e os filhos, quando o viram chegando, correram para abraçá-lo de tal modo que ele parecia-lhes a última tábua de salvação, o último recurso. 

Ele conseguiu trazer os dois mais velhos, convenceu a “ex-esposa” a deixá-los ficar pelo menos um tempo, na esperança de que ficassem em definitivo. 

O Mateus, nesse momento, interferiu e disse que não volta mais para a casa da mãe, de jeito nenhum.

 Agora ele é cuidado com amor e carinho pela madrasta, fez amizade com o Jonathan, toma banho todos os dias, tem comida todos os dias, dorme numa cama limpinha e não sofre agressões.

Relatou-nos ele que o padrasto bebe e batia todos os dias nele e na irmã. 

A madrasta disse que a irmã dele não se afasta dela, tal o amor por se sentir bem tratada.

A preocupação do Mateus agora é com o irmãozinho de 5 anos que ficou lá com a mãe: saudades do irmão e preocupação, pois acha que ele deve estar apanhando do padrasto e sofrendo.

Não volta mais, disse ele, e o pai e a madrasta vão tentar tudo para que amigavelmente a mãe se convença a deixá-los em definitivo aqui e que permita que o mais novo também venha. 

Víamos o Mateus assim, relatando os fatos com desassombro e sem revolta, um menino bom, a despeito dos sofrimentos passados, muito amadurecido, bem mais que o Jonathan, da mesma idade. 
Parece coisa de novela, mas é do dia-a-dia de milhões de pessoas por aí afora. 
Nesse caso, parece que chegou o fim do sofrimento.

O amor divino interveio para que aqueles que não necessitassem de tamanha provação pudessem ser socorridos.

Merecimento deles e do pai que deve ter sofrido demais nesses quatro anos de buscas.
Era hora de parar de sofrer. Assim é a vida. Há momentos de sofrer, de crescer, de parar de sofrer, de ser feliz.

A cada um segundo as suas obras. Jamais desamparados pelo amor, jamais abandonados.
 Em nenhuma circunstância deve um Espírito imaginar-se abandonado, sem esperanças.
O amor sempre socorre e ampara, se não diretamente aqui na Terra, nas ações humanas, indiretamente na ação da espiritualidade, socorrendo nas horas dolorosas do caminho. 

Como diz o Espírito Emmanuel, no livro Justiça Divina, “...



Por amor, os bem-aventurados, que já conquistaram a Luz Divina, descerão até nós, quais flamas solares que não apenas se retratam nos minaretes da Terra, mas penetram igualmente nas reentrâncias do abismo, aquecendo os vermes anônimos...”. 

Jane Martins Vilela - O Consolador

sábado, 22 de fevereiro de 2014

                                             O repórter e o médico

O repórter pergunta ao médico nutrólogo: – “Como deve ser preparado um bom churrasco, preservando as qualidades nutricionais e organolépticas?”. Omédico responde:

 – “Autoridades em nutrição do mundo todo recomendam a ingestão moderada de produtos de origem animal, carne, leite, ovos.

Deve-se remover a gordura visível do produto animal. Deve-se evitar a queima excessiva da carne, isto é, ela não deve ser muito queimada. Isto porque quando a carne fica ‘estorricada’ formam-se substâncias cancerígenas”.

O repórter faz nova pergunta: –

 “O que há de mito e de verdade com relação ao consumo de carne bovina? Carne aumenta o mau colesterol?”.

O médicoexplicita:

– “O excesso de proteína e de gordura animal contribui para o aumento dos níveis de colesterol. Isto é válido para todo produto animal”.

O entrevistador se mostra objetivo:

– “Carne causa câncer no estômago?”.

O nutrólogo não recua ante o dever de informar, diz:

 – “Há uma recomendação para que se modere a ingestão de produtos animais, como se disse acima. Há dados indicando que o excesso de produto animal pode promover a produção de amônia e nitrosaminas (substâncias cancerígenas) pela microbiota intestinal”.
Pois bem: 

o repórter estava fazendo matéria para a Revista dos Criadores de Zebu, da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu.

Deveria ter sido uma entrevista bem tendenciosa, onde toda a brasa fosse puxada para a sardinha, digo carninha, da Associação. Mas não foi o que aconteceu. O médico nutrólogo que concedeu a entrevista é o Dr. Ênio Cardillo Vieira, da Academia Mineira de Medicina, PhD em Bioquímica, professor emérito e titular de Química Fisiológica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Antes de o bife virar bife

Vamos ler um interessante depoimento, também voltado para a questão do consumo de carne:

“Fisiologicamente, conhecemos o que é termos um pedaço de carne no estômago para digerir: 
o processo é lento, nos sentimos lerdos, o intestino se torna preguiçoso. 

Acredito muito na energia dos alimentos e a influência que podemos sofrer com ela. Antes do bife virar bife, infelizmente temos um processo muito cruel, doloroso, triste.

Os animais, já no pasto, têm uma vida difícil.

Não é um tratamento suave. Ao serem transportados, em caminhões, sofrem (tomam choque para não se sentarem, pois a carne pode escurecer); antes de serem mortos, ainda na fila, percebem o que ‘está se passando’! No momento de serem abatidos, escorrem lágrimas e de longe se escutam os mugidos...

Nessa hora o animal libera hormônios de dor e medo. E isso vai para o prato”.

O realista depoimento, que lembra bastante o que escreveu André Luiz sobre o assunto, pelo Chico Xavier, é de Caroline Bergerot, escritora, nutricionista, especializada em Nutrição Clínica.

Demonstrando moderação e bom senso, ela conclui: “... cada um de nós faz suas escolhas, segue seus processos.

Evidentemente não critico a opção de ninguém, pois cada um de nós tem necessidades e condutas de pensamento pessoais, mas é importante termos consciência do que estamos ingerindo e dos benefícios ou malefícios que determinados alimentos podem nos trazer”.

O pensamento espírita não é diferente.
Escala das prioridades
Muitas pessoas não se dispõem a assumir o sacrifício das mudanças, ainda mais quando se trata de mexer com hábitos arraigados.

No caso da ingestão de carne, alegam que há outras prioridades em que pensar.

 É certo, mas, dependendo do ângulo que se observe, a questão pode ser refletida com muito proveito e estimular uma modificação em nossa vida.

O que se sabe, com certeza, é que todo exagero traz consequências.

Há muita coisa envolvida nesse hábito humano que só agora, com as graves polêmicas ambientais, as pandemias globais periódicas, e, por outro lado, o avanço das pesquisas na área da alimentação, está sendo discutido de forma transparente por médicos, pesquisadores e ambientalistas sérios, compromissados com a melhora das condições gerais da saúde e com o desenvolvimento dos níveis de conduta humana minimamente aceitáveis para o equilíbrio da vida planetária.

                                   Escolha segundo a consciência

É grande o número de filósofos, pensadores, escritores, cientistas, médicos, artistas, santos, em todos os tempos e lugares, que se preocuparam com a questão dos animais e da carne como alimento humano.

Fosse um problema irrelevante, e não teriam deixado tantas reflexões e depoimentos. Todos eles se sentiram motivados, em algum momento de suas vidas, a pensar no assunto e tomar atitude coerente com suas reflexões.

A filosofia espírita, nesse como em todo assunto, nada proíbe, por entender que o indivíduo é livre para escolher segundo sua consciência.

O Espírito Lamennais, filósofo e escritor político francês (1782-1854), assinou um texto sobre a alimentação do homem, incluído por Allan Kardec na Revista Espírita de 1863, onde adverte que o corpo deve ser nutrido com a matéria, “mas a natureza da matéria influi sobre a espessura do corpo e, em consequência, sobre as manifestações do Espírito”.

 Admite que “o esquecimento da carne leva mais facilmente à meditação e à prece”, mas que “pode-se ser bom cristão e bom Espírita e comer a seu gosto, desde que seja razoável”.  

A matéria é ainda controvertida, como tantos outros temas. Mas o tempo e o progresso do pensamento irão solucionando as questões.
 Por ora, não custa nada pensarmos no assunto.
 

 CLÁUDIO BUENO DA SILVA 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014


                                   


                           AS CONVENÇÕES HUMANAS

Marcos, 2:23-28
Lucas, 6:1-5
A patroa tentava acertar o descanso semanal da serviçal.
– Quero no sábado.
– Terá folga no domingo, conforme o costume.
– Não vai dar.
– Por quê?
– Sou sabatista.
– Não entendi…
– Está na Bíblia. O dia consagrado ao Senhor é o sábado.

A serviçal mostrou-se irredutível. Sem acordo, desistiu do emprego.
Inúmeras donas de casa vêem-se às voltas com esse problema.

Algumas das múltiplas facções em que se dividiu a reforma protestante promovida por Lutero encasquetaram que devem observar a orientação bíblica, guardando o descanso no sábado.

Geram sérios embaraços para seus profitentes,  porquanto desde a Idade Média a cultura ocidental consagrou o domingo, celebrando a ressurreição de Jesus.

O sabatista pretende reviver uma orientação arcaica, superada, que não condiz com a atualidade. Sua intransigência é um atestado eloqüente dos problemas que o fanatismo ocasiona ao observar literalmente textos religiosos que dizem respeito a outros tempos, outros costumes, sem sabor de perenidade.
***
Foi registrado por Moisés, na Tábua da Lei, terceiro mandamento:
Lembra-te do dia de sábado, para o santificar.

Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra.

Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou.

Segundo a alegoria bíblica Deus, como diligente construtor, trabalhou duro e edificou o Universo, incluindo a Terra e os seres vivos, em seis dias.

A Ciência nos diz que gastou um “pouquinho” mais: perto de cinco trilhões e quinhentos bilhões…

E não há como contestar fatos científicos e cálculos astronômicos, envolvendo a formação do Universo há aproximadamente quinze bilhões de anos; a Terra há quatro bilhões e meio; o aparecimento do homem há cerca de um milhão de anos.

Mas, voltemos à Bíblia.

Concluído o árduo labor, o Senhor, como se fora um ser humano, sentiu necessidade de repouso.

Descansou no sétimo dia.

Não se sabe o que fez a partir do oitavo.
Dizem as más línguas que continua descansando, porquanto não se entendem os homens e a confusão reina na Terra.

***
Quando Moisés impôs a orientação para o sábado, praticamente instituiu a primeira legislação trabalhista, atendendo a justa necessidade de descanso para o servo, o animal, o escravo…
Ocorre que, como fazia habitualmente, proclamou tratar-se de ordem divina. Jeová o determinava.
As penalidades eram absurdamente severas.
Como está em Números, um dos livros sagrados do judaísmo, no capítulo 15, um homem foi surpreendido a amontoar lenha no sábado.
Imediatamente foi levado à presença de Moisés.

Registram os versículos 35 e 36:
Então disse o Senhor a Moisés:

– Tal homem será morto. Toda a congregação o apedrejará fora do acampamento.

Portanto, toda a congregação o levou para fora do acampamento, e o apedrejaram até que morreu, como o Senhor ordenara a Moisés.
Pobre Jeová! Tinha costas largas…

***
Ao tempo de Jesus, que viveu perto de mil, duzentos e cinqüenta anos depois, vemos essa orientação levada a extremos.

No dia consagrado ao Senhor era proibido desatar um nó, acender o fogo, levar um objeto para fora de casa, fazer mudança, viajar…

Sair de casa, somente para ir à sinagoga.

A vida ficava complicada.
Era preciso cuidado para não se fazer nada que pudesse ser caracterizado como uma violação.
Alguns judeus radicais evitavam até a satisfação de necessidades fisiológicas para não macular o sábado com seus excrementos. Herético desarranjo intestinal seria um desastre…
Para Jesus estas disciplinas não passavam de tolices sustentadas pelo fanatismo.
Em pleno sábado visitava, curava, ajudava, orientava, viajava…
***
Não tardaram os problemas com o judaísmo dominante.
Logo após a controvérsia por causa do jejum, Jesus passava pelas searas com os discípulos. Estes, famintos, colhiam espigas que debulhavam e comiam. Provavelmente era trigo.
Os fariseus se escandalizaram, não porque estivessem invadindo propriedade alheia. Segundo a orientação mosaica, os viajantes podiam fazê-lo, desde que apenas para saciar a fome, sem levar nada (Deuteronômio, capítulo 23).

Sua indignação dizia respeito ao dia.

Era sábado!

Aqueles galileus atrevidos estavam exercitando uma atividade proibida no dia consagrado ao Senhor!

Pacientemente, reafirmando seu invejável conhecimento das escrituras, Jesus explicou:

Nunca lestes o que fez David quando teve fome, ele e os que com ele estavam? 

Como entrou na casa de Deus, tomou e comeu os pães da proposição, que somente aos sacerdotes era lícito comer, e os deu também aos que estavam com ele?

Na liturgia judaica, pães da proposição eram consagrados ao Senhor, de uso reservado aos sacerdotes. Numa circunstância especial, David e seus companheiros alimentaram-se deles.

Se David, apenas um candidato a rei, empenhado em estabelecer um novo reino em Israel, colocara-se acima daquela prescrição, por que Jesus, que vinha instituir algo muito mais importante, um reino divino, não poderia sobrepor-se ao sábado?

E acentuou, escandalizando seus opositores:
– O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.
Argumento incontestável.

O sábado viera para melhorar a vida, não para complicá-la.

Excelente existir uma legislação trabalhista que fixa o descanso semanal ou um princípio religioso que consagra determinado dia para o culto.

Mas, se nesse dia estamos absolutamente proibidos de tomar iniciativas; se nos é vedado decidir se queremos ou não arrumar a cama, limpar a casa, preparar uma refeição, cortar as unhas, efetuar um passeio ou ir ao cinema, então é melhor dispensar esse suposto benefício que nos oprime, cerceando nossa liberdade.

Espantoso que após dois mil anos de Cristianismo tenhamos seitas cristãs pretendendo observar princípios mosaicos revogados por Jesus, complicando a vida de seus profitentes.

Praza aos Céus não decidam levar às últimas conseqüências semelhante orientação. Seremos todos apedrejados!

***
Como todos os fanáticos, os fariseus mostravam-se impermeáveis às ponderações de Jesus nas controvérsias que levantavam. O dia consagrado ao Senhor seria motivo de novas investidas, em outras oportunidades.

No sábado seguinte Jesus foi à sinagoga.

Ali estava um homem com a mão direita ressequida.

A expressão, consagrada em quase todas as traduções da Bíblia, não exprime com fidelidade sua condição. Só se justificaria se houvesse a obstrução das artérias e cessasse a circulação sangüínea. Seria impossível conviver com esse problema. A mão logo gangrenaria, colocando sua vida em risco.

Provavelmente sofria uma atrofia muscular.

Segundo textos apócrifos, trava-se de um pedreiro que teria implorado a Jesus o curasse, a fim de que pudesse retomar o exercício de sua profissão.

Os fariseus, vendo que Jesus dispunha-se a ajudá-lo, intentaram, como se tornara hábito, compromete-lo.
– É lícito curar no sábado?
Ao que respondeu Jesus:
– Qual dentre vós será o homem que tendo uma ovelha e, num sábado esta cair numa cova, deixará de esforçar-se por tirá-la dali? Ora, um homem vale muito mais do que uma ovelha. Logo, é lícito fazer o Bem no sábado.
O raciocínio de Jesus, como sempre, foi irretocável.
Não havia o que contestar.
Calaram-se os fariseus e ele disse ao doente:
– Estende a mão.
O homem obedeceu e no mesmo instante sua mão ficou sã.
Jesus partiu, sempre acompanhado de seus discípulos e pela multidão.
Comenta o evangelista Marcos:
Tendo saído, os fariseus tomaram logo conselho com os herodianos contra ele, procurando ver como o matariam.
Vê-se que já nesses primeiros contatos com Jesus, os fariseus reagiam aos seus ensinamentos, não se conformando com aquele pretensioso galileu que ousava contestar as tradições do judaísmo. E articulavam com os membros de um partido político que apoiava Herodes Ântipas o movimento que culminaria com sua morte.
***
A controvérsia do sábado lembra as convenções humanas.
São úteis mas, se levadas a extremos de intransigência, deixam de servir o homem e passam a escravizá-lo.
Todo estabelecimento comercial tem horário, obedecendo a uma regulamentação do Estado. Os bancos, por exemplo, encerram suas atividades para o público geralmente às dezesseis horas. Em expediente interno completam o processamento dos papéis.

Um cliente chega com dois minutos de atraso para pagar determinado imposto. No dia seguinte haverá multa.
Entretanto, não o deixam entrar, sob alegação de que é preciso obedecer ao horário.

Seria mais fácil e simpático abrir uma exceção, sem prender-se à rigidez do regulamento. É o que se chama de flexibilidade ou, popularmente, jogo de cintura.

Um rapaz budista concordou em casar-se em igreja católica, atendendo às convicções religiosas da noiva.

O sacerdote exigiu que os noivos participassem de um curso preparatório e se submetessem a determinados sacramentos.

Trata-se de uma convenção aceitável e útil para os profitentes católicos. Mas para o adepto de outra religião deveria estar contida nos limites da opção, em saudável exercício de fraternidade. Se levada ao pé da letra, com intransigência nada fraterna, gera um impasse.

O noivo procurou inúmeros sacerdotes, até encontrar um mais esclarecido que o dispensou daquelas preliminares.
***
Durante décadas, em nosso século, a civilização ocidental adotou para os homens a convenção dos cabelos curtos, barba raspada.
Quando os jovens resolveram deixar crescer os cabelos e a barba, levantaram-se vozes intransigentes, chamando-os de marginais e desordeiros.

Os pais ficavam possessos quando os filhos adotavam a nova moda.

Por que?

Não há nenhuma lei que obrigue as pessoas a aparar os cabelos e raspar a barba.

Alguém prefere o contrário? – problema dele.

Ficamos incomodados? – problema nosso.

Algo curioso aconteceu:

Para muitos jovens o cabelo comprido e a barba também se transformaram em convenções. E se alguns preferiam o contrário, eram taxados de tolos “filhinhos do papai”.

Em defesa da liberdade de não se submeterem à convenção dos cabelos aparados sem barba, tornavam-se escravos dos cabelos compridos com barba.
As convenções são úteis, mas devemos encará-las com espírito aberto, sem condicionamentos.

Caso contrário, em determinadas circunstâncias, perderemos a iniciativa e seremos dominados por elas, esquecendo que foram feitas para servir o Homem e não para oprimi-lo.
Livro "Levanta-te!"