terça-feira, 30 de setembro de 2014

                               Orar não é como apertar um botão

Ouvi uma pessoa se queixar de ter feito orações e o dia não ter transcorrido bem.

 Provavelmente, não tendo o hábito de orar e desconhecendo os mecanismos da prece, criou expectativas em torno daquele ato esporádico, sem convicção, achando que a solução dos eventuais problemas do dia estava garantida. 

Pelo fato das coisas não terem corrido a seu gosto, concluiu, um tanto revoltada, que orar ou não, dá no mesmo.

Orar bem implica movimentar energias interiores, irradiar o pensamento com o impulso da vontade e da fé sinceras; pede também concentração, apoiada no silêncio e no desligamento mental do exterior.

 Dessa forma, em alguns rápidos minutos, pode-se conversar com Deus, com simplicidade e eficiência. 

A oração virá do coração, mesmo que pobre de palavras, mas rica de ideias e sentimento.

No entanto, a prece ansiosa, maquinalmente decorada, não refletida, carente de emoção, não atingirá seus objetivos; digamos, não chegará a quem se destina.

A prece não muda os principais lances da vida do homem, não altera as provas por que tenha de passar, no entanto, pode abrandá-las; pode redobrar as forças interiores de resistência do indivíduo, fazendo-o encarar situações graves ou contrárias de forma mais equilibrada e racional. 

Além disso, o feliz hábito de orar metaboliza as energias da calma, da paciência e também da esperança.

Embora ninguém fique sem auxílio, sem o amparo das leis divinas, a prece eventual não imuniza a pessoa das dificuldades do dia, como se apertasse um botão. 

Segundo o que ensina o Espiritismo, a justiça de Deus leva em extrema conta a intenção e o mérito de quem pede, em oração. 

Os Espíritos encarregados do cumprimento das Suas ordens, se chegarem a receber a solicitação, podem não atender ao que a pessoa esteja pedindo no momento, mas não negam a análise instantânea da sua situação e possíveis medidas posteriores. 

Em muitas circunstâncias, determinadas experiências são necessárias para o seu aprendizado e os Espíritos não julgam útil favorecê-la, a fim de não interferir no curso normal das provas que poderão beneficiá-la.

Assim, a prece deve ser compreendida como uma busca, não de solução imediata para problemas e situações, mas de forças de renovação; um contato com energias superiores na procura de inspiração para a vida interior e de relação com o mundo.

Quando se faz um pedido a Deus, o seu atendimento estará automaticamente ligado ao mérito e à necessidade de cada um. 

Deus sabe de que precisamos e atenderá sempre, com justiça, ao que for devido e imprescindível à criatura.


Cláudio Bueno da Silva