Orar não é como apertar um botão
Ouvi uma pessoa se queixar de ter feito orações e o dia não ter transcorrido bem.
Provavelmente, não tendo o hábito de orar e desconhecendo os mecanismos da
prece, criou expectativas em torno daquele ato esporádico, sem convicção,
achando que a solução dos eventuais problemas do dia estava garantida.
Pelo
fato das coisas não terem corrido a seu gosto, concluiu, um tanto revoltada,
que orar ou não, dá no mesmo.
Orar bem implica movimentar
energias interiores, irradiar o pensamento com o impulso da vontade e da fé
sinceras; pede também concentração, apoiada no silêncio e no desligamento
mental do exterior.
Dessa forma, em alguns rápidos minutos, pode-se conversar
com Deus, com simplicidade e eficiência.
A oração virá do coração, mesmo que
pobre de palavras, mas rica de ideias e sentimento.
No entanto, a prece
ansiosa, maquinalmente decorada, não refletida, carente de emoção, não atingirá
seus objetivos; digamos, não chegará a quem se destina.
A prece não muda os
principais lances da vida do homem, não altera as provas por que tenha de
passar, no entanto, pode abrandá-las; pode redobrar as forças interiores de
resistência do indivíduo, fazendo-o encarar situações graves ou contrárias de
forma mais equilibrada e racional.
Além disso, o feliz hábito de orar
metaboliza as energias da calma, da paciência e também da esperança.
Embora ninguém fique
sem auxílio, sem o amparo das leis divinas, a prece eventual não imuniza a
pessoa das dificuldades do dia, como se apertasse um botão.
Segundo o que
ensina o Espiritismo, a justiça de Deus leva em extrema conta a intenção e o
mérito de quem pede, em oração.
Os Espíritos encarregados do cumprimento das
Suas ordens, se chegarem a receber a solicitação, podem não atender ao que a
pessoa esteja pedindo no momento, mas não negam a análise instantânea da sua
situação e possíveis medidas posteriores.
Em muitas circunstâncias,
determinadas experiências são necessárias para o seu aprendizado e os Espíritos
não julgam útil favorecê-la, a fim de não interferir no curso normal das provas
que poderão beneficiá-la.
Assim, a prece deve ser
compreendida como uma busca, não de solução imediata para problemas e
situações, mas de forças de renovação; um contato com energias superiores na
procura de inspiração para a vida interior e de relação com o mundo.
Quando se faz um pedido
a Deus, o seu atendimento estará automaticamente ligado ao mérito e à
necessidade de cada um.
Deus sabe de que precisamos e atenderá sempre, com
justiça, ao que for devido e imprescindível à criatura.
Cláudio Bueno da Silva