Em defesa do bem
No capítulo III de O Evangelho segundo o Espiritismo (Há muitas moradas na casa de meu Pai),
item 3: Diversas categorias de mundos
habitados, Allan Kardec classifica os diversos mundos do Universo em cinco
categorias:
Mundos primitivos, onde se verificam as primeiras encarnações da
alma humana;
mundo de expiação e provas, em que o mal predomina;
mundos de
regeneração, onde as almas que ainda têm o que expiar adquirem novas
forças, repousando das fadigas da luta;
mundos felizes, onde o bem supera o
mal;
mundos celestes ou divinos, moradas dos Espíritos purificados, onde o bem
reina sem mistura.
A Terra, que já foi um
mundo primitivo, hoje é um mundo de expiação e provas e será, futuramente mundo
de regeneração.
Pelas características referidas no parágrafo anterior quanto à
condição atual da Terra, é que assistimos a tanta violência, tanto
desamor.
Na questão 742 de O
Livro dos Espíritos, Allan Kardec faz uma pergunta com relação à
guerra, que pode ser estendida à violência em geral:
– Qual a causa que leva
o homem à guerra? “Predominância da natureza animal sobre a espiritual e
satisfação das paixões.” (...)
Pergunta 743:– A guerra desaparecerá
um dia da face da Terra? “Sim, quando os homens compreenderem a justiça e
praticar a lei de Deus.
Então, todos os povos serão irmãos.”
Logo, a violência
desaparecerá da face da Terra, proporcionalmente à moralização do homem.
No Sermão do Monte
(Mateus, 5:5), Jesus afirma: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a
Terra”.
Devemos entender que a Terra, que está se encaminhando para a categoria
de mundo de regeneração, será a morada dos Espíritos bons que nela estão
encarnados, pois os maus não poderão retornar mais aqui, indo assim para um
planeta inferior, que esteja de acordo com o seu grau evolutivo.
Na Terra,
defrontamo-nos com duas situações: os que espalham o mal e os que semeiam o
bem.
Surge, então, a pergunta: como devem os bons se posicionar diante deste
quadro?
Jesus nos aconselhou a
pagar o mal com o bem: “... mas se alguém vos ferir na face direita,
oferecei-lhe também a outra”, isto é, o Mestre de Nazaré não proibiu a defesa,
mas condenou a vingança.
Não devemos retribuir o mal com o mal, devemos aceitar
com humildade tudo o que tende a reduzir-nos o orgulho.
“É mais glorioso ser
ferido do que ferir; suportar pacientemente uma injustiça que cometê-la; mais
vale ser enganado que enganar; ser arruinado que arruinar os outros.”
(O
Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XII: Amai os vossos
inimigos, itens 7 e 8.)
Amemo-nos, pois,
indistintamente, por ser esta a verdadeira caridade, a caridade moral, que
materialmente nada custa, que consiste em suportarmo-nos uns aos outros, apesar
das diferenças que existem entre as criaturas, por serem Espíritos em evoluções
diferentes.
Outra recomendação de
Jesus é que se o nosso olho é motivo de escândalo, que o arranquemos, isto é,
se o nosso procedimento nos leva (ou leva os semelhantes) à perdição, que
extirpemos de nós essa excrescência, uma das atitudes que devemos tomar para
promover a nossa reforma íntima, ou seja, a substituição dos vícios e defeitos
por qualidades e virtudes.
Por mínimas que sejam
as nossas boas ações, elas contribuição enormemente para a melhoria do planeta
Terra.
Como aquela ave, que molhava as suas asas num lago e as espalhava no
grande incêndio da floresta, com a consciência de que estava fazendo a sua
parte, é importante que cada um faça a sua parte, que, somada à demais,
contribuirá para um planeta cada vez melhor e para uma Humanidade mais feliz.
Altamirando Carneiro