sábado, 31 de agosto de 2013

Dinheiro e (in) felicidade numa breve ponderação espírita


Sigmund freud defendia a tese de que todo homem é instigado pela busca da felicidade, contudo essa procura soa como ilusória no mundo real, porquanto a pessoa tem experiências de fracassos e desencantos e o máximo que pode alcançar é uma “felicidade” ilusória. Contrastando porém com a tese freudiana, um grupo de consultores da spectrem group entrevistou 1.200 pessoas, interrogando-as sobre o nível de felicidade em relação a trabalho, casamento, hobbies, dinheiro entre outros temas. Constatou-se que quanto mais dinheiro possua uma pessoa maiores são os seus níveis de felicidade. (1) todavia, será que o dinheiro compra a felicidade?

Na antiguidade examinava-se a felicidade sob o ponto de vista filosófico. Aristóteles afirmava que a felicidade está relacionada ao equilíbrio e harmonia advindos da prática do altruísmo. Por outro lado, epicuro afiançava que felicidade seria reflexo da satisfação dos desejos carnais. O sábio lao tsé dizia que a felicidade poderia ser alcançada tendo como fonte a natureza. Porém, confúcio acreditava na felicidade como resultado da harmonia entre as pessoas. Para sócrates era impraticável alguém ser feliz se agisse contra suas próprias convicções.

“conhece-te a ti mesmo”, pronunciava sócrates, certificando que quem controla os instintos e extingue as coisas supérfluas, basta a si mesmo, dependendo exclusivamente de sua razão para que alcance a felicidade. Dessa percepção de consciência íntima, o mestre de platão e xenofonte aprofundava a sua concepção de felicidade, que não poderia vir de bens exteriores (dinheiro, por exemplo) e do corpo carnal, mas somente da alma, porque esta é a essência do homem.

É absolutamente lógico que necessitamos do dinheiro para viver. A nossa vida material está sujeita ao dinheiro, portanto necessitamos de recursos financeiros para dignificar nossa vida. Em verdade, o dinheiro é neutro - nem é bom, nem é mau em si. Utilizado para caridade, dinheiro é instrumento sublime. Porém, cobiçado, ou se dele fizermos mau uso, é instrumento de infelicidade. Sem o altruísmo do desprendimento, “a fé se resume à adoração sem proveito; a esperança não passa de flor incapaz de frutescência, e a própria caridade se circunscreve a um jogo de palavras brilhantes, em torno do qual os nus e os famintos, os necessitados e os enfermos costumam parecer, pronunciando maldições.” (2)

na parábola dos talentos, jesus expõe que lucro, longe de ser mau, é o alvo de trabalho e investimentos. Ao mesmo tempo, nos ensina que o que se ganha deve ser usado para os propósitos do bem. Na metáfora, a condenação cai sobre o homem que não aproveita sua oportunidade - dinheiro é para usar, não para esconder ou guardar. É como o sangue que precisa circular no organismo social. Se ficar estagnado, provoca a "trombose" na sociedade.

O espírito emmanuel explica que o dinheiro “se faz dínamo do trabalho e da beneficência. Na base do dinheiro é que se fazem os aviões e os arranha-céus; no entanto, é igualmente com ele que se consegue o lençol para o doente desamparado ou a xícara de leite para a criança desvalida.” (3) ora, trocando o dinheiro pelo alimento destinado a acudir as vítimas da escassez ou “permutando-o pelo frasco de remédio para aliviar o doente estendido nos catres de ninguém, reconheceremos que o dinheiro também é de deus.” (4)

embora não seja fundamentalmente a matriz da alegria ou da felicidade, reconhecemos que o dinheiro pode ser o medicamento ao enfermo, a comida aos desamparados, o teto aos desabrigados relegados ao frio da noite, o socorro silencioso ao peregrino sem lar. “não nos esqueçamos de que jesus abençoou o vintém da viúva, no tesouro público do templo e, empregando o dinheiro para o bem, convertamo-lo em colaborador do céu em todas as situações e dificuldades da terra.” (5)

jamais pronunciemos que o dinheiro é instrumento do mal; muito pelo contrário, pois o dinheiro é suor convertido em cifrão. É urgente que lhe apliquemos empregos nobres, lembrando que a moeda no bem faz prodígios de amor. Porém, vale refletir o preceito de paulo: "tendo sustento e com o que nos cobrirmos, estejamos, com isso, contentes". (6) essa lição deve ser sempre ponderada quando nos faltam recursos financeiros. A circulação do dinheiro é uma condição importante para que a prosperidade apareça. Porém, raros são os indivíduos que mantêm uma relação equilibrada com o dinheiro, sem traumas, sem culpas, sem excessos de qualquer natureza.

Dinheiro e avareza não se deveriam misturar, pois os avarentos não gostam de "meter a mão no bolso" e, quase sempre, deixam de colaborar, financeiramente, com as obras sociais. Há muitos confrades espíritas, ativos participantes nos trabalhos das inúmeras instituições doutrinárias espalhadas pelo brasil que mudam de assunto tão logo o apelo que lhes são dirigidos implique na emissão de um cheque ou na entrega de algumas cédulas para socorrer os mais necessitados.

Tais confrades escravizam-se na vocação da sovinice impenitente, recolhem o ouro do mundo para erigir com ele o túmulo suntuoso em que se lhes sepultam a esperança e recebem a benção do amor para transformá-la na algema que os encarceram, por vezes, no purgatório do sofrimento.

O dinheiro “nas garras da mesquinhez é metal enferrujado, suscitando a penúria, mas um vintém no serviço de jesus pode converter-se em promissora sementeira de paz e felicidade.” (7) entretanto, infelizmente há cristãos apresentando claros sinais de uma vida confortável, portando-se como se não tivessem a mínima condição de ajudar o próximo através da doação do supérfluo de moedas que abarrotam suas contas bancárias. Nesse caso, o dinheiro estabelece vínculos profundos com a própria infelicidade.

Referências bibliográficas:

(1)           http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idnoticia=201302281308_trr_82043663

(2)           xavier, francisco cândido. Dinheiro, ditado pelo espírito emanuel, sp: ide, 1990

(3)           idem

(4)           idem

(5)           idem

(6)           itimóteo 6:8

(7)           xavier, francisco cândido. Dinheiro, ditado pelo espírito emanuel, sp: ide, 1990

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

                          QUEM FOFOCA COM VOCÊ
                         IRÁ FOFOCAR SOBRE VOCÊ

 Será que o veneno da língua [maledicência (1)] aproxima as pessoas fuxiqueiras?

 Pesquisadores das universidades de Oklahoma e do Texas (EUA) afiançam que “amizades” mais duráveis partilham julgamentos negativos (intrigas) sobre coisas e pessoas em comum, por isso depreciam os outros ao redor. 

Há grupos de “amigos” que tendem acolher as mesmas coisas e as mesmas pessoas fofoqueiras e rejeitar as pessoas miradas pelo grupo. Se alguém conhece um conluiado que faz restrições idênticas (afinidade moral) sobre o comportamento de outrem, as chances de se “gostarem” são grandes.

Quando se fala mal de algo ou de alguém para um cúmplice e este concorda com o que é dito, ambos sentem-se “melhores” e “avigorados”, pois ambos legitimam aquele sentimento ruim, e faz com que “percebam” mais força, e ganhem uma imensa “autoconfiança” para o mal. 

O filósofo Platão admoestou: “Calarei os maldizentes continuando a viver bem; eis o melhor uso que podemos fazer da maledicência” (2).


O “diz-que-diz” é um componente incrustado e inflexível nas aglomerações sociais e nos ambientes profissionais. Quando um boato é maliciosamente produzido, apresenta em si cargas de perversidade, ausência de alteridade, falta de indulgência, vingança, “olho gordo”, “dor-de-cotovelo”.

 Uma vez impregnado, mais cedo ou mais tarde, atingirá aos ouvidos dos figurantes abrangidos, provocando irreparáveis consequências que podem tanger a tolas rupturas de velhas afeições e até a demissão por justa causa, destruição de casamentos e de lares, aparecimento de rancores ferrenhos, por vezes chegando a culminar em assassinato ou suicídio de pessoas emocionalmente frágeis.


Funesta e destrutiva é a palavra na boca de quem alista falhas do próximo; tóxico perigoso é a demonstração condenatória a escoar nos beiços de quem fuxica; barro podre, exalando enxofre, é a oscilação desafinada das cordas vocais de quem recrimina; braseiro tenebroso, escondendo a verdade, é a intriga destrutiva. "Ai do mundo por causa dos escândalos, porque é necessário que venham os escândalos, mas, ai daquele homem porque venham os escândalos.”. (3)


A maledicência é plantio improfícuo em solo apodrentado. Não há amparo se, por ensejo de ajuda, se ostentam as feridas de outrem à indiferença de quem ouve. 


Paulo de Tarso advertiu: “a sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios” (4). 


Lutemos contra a maldição da fofoca supostamente inofensiva, mas que arrasa todos os confins por onde se propaga. 


As "palavras mal-intencionadas", maledicentes têm, quase sempre, adicionadas à sua substância, uma dose peculiar de condimento, de estilo estritamente particular, cujo "cozinheiro-mor" é o próprio responsável pelo seu repasse adiante.


Quem se afirme espírita não pode esquecer que os críticos do comportamento alheio acabam, quase sempre, praticando as mesmas ações recriminadas. Deploramos o clima de comprovada invigilância admitida pelas aventuras do entusiasmo desapiedado dos caluniadores, com suas mentes doentias, sempre às voltas com a emissão ardente do fuxico generalizado. 


Confrades que ficam “felizes” ante as dificuldades e eventuais deslizes do próximo. Assestam a volúpia da fofoca, com acusações infames sobre fatos que ignoram, sempre em direção às aflições e lutas íntimas de pessoas que tentam se erguer de algum desacerto na caminhada.Não é ficção!


 Há seres infaustos que se locupletam no mexerico exultante de verem alguém sofrendo uma prova mais difícil. Outros se valem do cansativo clichê "vamos orar por eles!", para aguçar as substâncias de suas falsidades. 


Esquece-se de que o falatório induz à fascinação, secundando o desequilíbrio.Aos fuxiqueiros contumazes e rabugentos críticos dos erros de conduta do próximo recomendamos uma reflexão de que na viagem de mil quilômetros, como dizia Chico Xavier, não nos podemos considerar vitoriosos senão depois de chegarmos à meta almejada, porque nos dez últimos metros, a ponte que nos liga ao ponto de segurança pode estar caída e não atingiremos o local para onde nos dirigimos.

Enfim, a palavra constrói ou destrói facilmente e, em segundos, estabelece, por vezes, resultados gravíssimos para séculos. Por essa razão, “o algodão do silêncio é um dos melhores recursos para asfixiar a maledicência e fazer calar acusações indébitas”. (5)Referências Bibliográficas:(1) 
O termo maledicência significa fuxico, mexerico, mordacidade; é o ato ou aptidão para falar mal dos outros, cuja intenção é denegrir, difamar.



quarta-feira, 28 de agosto de 2013


                                         

     É PRECISO QUE CADA UM ATRAVESSE SEU DESERTO


                                              Para muitos de nós passa despercebido essa frase de Paulo de Tarso escrita para os Filipenses da cidade de Felipos, mas é de uma profundidade que merece um comentário singelo da minha parte.

A palavra hebreu vem da raiz ‘a-vár’, que significa “passar, transitar, atravessar, cruzar”. 

Esse nome denota de viajantes, aqueles que ‘passam adiante’, isto porque os israelitas por um tempo realmente levaram uma vida nômade, por isso tiveram uma história de migração, lutas, fugas e cativeiros, mas procuravam e conseguiram preservar sua culturaPaulo de Tarso na carta, afirmava que nós precisamos atravessar o deserto dentro de nós rumo a Deus, sendo Jesus o único e infalível modelo como nosso guia para fazer esta travessia, rumo a única e verdadeira terra prometida, a Casa do Pai.

Por isso Jesus afirmou que na casa do Pai há várias moradas, deixando para nós a lição que cada situaçãoevolutiva e moral do espírito temos uma Lar que nos atende em tudodesde os bens materiais, intelectuais e morais.
Não é fácil fazer essa travessia, é lenta, é dolorosa, penosa e não raro, muitas das vezes sofrida porque não aceitamos a Verdade e não raro só aceitamos a nossa realidade baseado na visão que o mundo nos fez Ser, deixando assim de entender e obedecer as Leis de Deus e criando as nossas próprias leis e como consequência a dificuldade de aceitar o outro e a própria realidade.


Fazer essa travessia é buscar os nossos verdadeiros sentimentos e restabelecer o elo com Deus, deixar de ser o mundo e apenas viver no mundo como um lar transitório. 

Para isto deves agir como um criança, conselho de Jesus e deixar de ser infantil, como achar que ninguém te ama, de quem busca um amor eterno, de que ninguém quer ser meu amigo, que ninguém presta, que as coisas tem que ser como você quer, de que tem Deus no coração sem realmente sentí-lo, de ficar falando que tem Jesus no coração só para se mostrar para os outros e de viver na superficialidade das coisas.

 Gerando assim consequências dolorosas no seu Eu como mágoa, ódio, rancor, ressentimentos, obsessões, desvaler de si, doenças mentais e físicas. Ser criança é diferente de ser infantil, a criança sabe que é pequena diante do mundo e ama aprender as cosias e ser infantil é ser rebelde.

Podemos fazer a travessia junto com alguém ou com várias pessoas mas sempre será um ato de solidão pessoal pois ela está no íntimo de cada um, por isso será sempre intransferível assim com a felicidade vos é dado a conquistar, e ser feliz é estar na casa do pai comungando do seu amor e em paz consigo mesmo, fora disto será apenas alegria.


Só pode ser guia e luz aquele que já fez a travessia, você pode ficar encantado com os discursos de Buda, Lao Tse, Confúcio, Sócrates e outros grandes sábios da antiguidade, mas jamais eles exemplificaram na prática como Jesus o fez em perfeição quando esteve na Terra, por isso ele disse em João (14.5,6): “Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? 

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” Então cada um de nós é um hebreu caminhando pelo seu próprio deserto  tendo como guia Jesus rumo ao retorno à Casa do Pai. Avante diante do seu próprio deserto sempre com bom animo.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

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A PROPÓSITO DA BUSCA DA FELICIDADE

E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.” – Paulo (Hebreus, 6:15.)A carta de Paulo ao povo hebreu tem por finalidade mostrar que as promessas de Deus aos homens são imutáveis, e que através de Jesus elas se realizam, quando o Mestre nos ensina como proceder para que elas se cumpram.

 Procura destacar a superioridade de Jesus a todos os outros que O antecederam, deixando claro que Ele trazia os ensinamentos necessários ao nosso crescimento, através das leis amorosas de Deus. 

Com a autoridade de quem fala em nome Dele, o Divino Amigo nos conclama à conscientização dessas leis, pela prática da caridade.

O próprio Cristo representa essa caridade, porque tudo que ensinou tem por base o amor. Assim, quando nos disse que alcançaríamos o Reino dos Céus e que a paz divina faria morada em nossos corações, depositou em nosso ser, para sempre, a semente da esperança. E é a esperança de atingir essa paz, essa felicidade que jamais se alterará, que nos faz continuar lutando, apesar de todas as dificuldades. 

Com base na esperança de alcançarmos a promessa que Deus nos fez é que Emmanuel nos proporciona ensinamentos preciosos sobre esses temas. Diz para aguardarmos. 

Mas como aguardaremos essa promessa?Desde os tempos remotos, até hoje, os homens esperam ter seus lares abençoados, a possibilidade do dever cumprido, a consciência edificada; ensejam que seus ideais mais elevados sejam atendidos, que possam ter seu trabalho vitorioso e uma colheita farta. 

Em toda parte, em qualquer época, para todos os homens, os anseios são sempre os mesmos. Mas fica claro que não basta desejar e esperar que as coisas se realizem. Esperar não significa inércia. 

Ao contrário, significa persistir sem cansaço, porque alcançar representa o triunfo definitivo.        

Nesse processo de conquista, deve existir um objetivo, mas, além do objetivo, há que se ter uma meta que represente a exteriorização desse propósito. 

E esse caminho, entre o objetivo e a meta, precisa ser traçado com esforço constante e inadiável da nossa parte na busca desses anseios que, muitas vezes, tomam conta de nós, e que não sabemos definir nem o que sejam, nem de onde vêm. Para nós se apresenta, às vezes, como uma insatisfação, como algo que está nos faltando sem que, contudo, consigamos detectar o que seja.

 Quando falamos em objetivos e metas, vêm-nos à mente bens materiais de todas as espécies. Entretanto, nosso objetivo volta-se, neste momento, para o Cristo. Estamos nos ligando, a partir de agora, com as promessas de felicidade que Ele nos fez, em nome do Pai.Mas de que maneira podemos materializar esses objetivos com o Cristo? 

Emmanuel diz que a fórmula para isso está na paciência, pois ela é a única porta aberta para a vitória que almejamos.

 Diz ele que em qualquer circunstância é necessária a paciência. 

Se há sofrimento em nossos sonhos, se há incompreensão de muitos ao redor de nossos desejos e se a dor e a ingratidão nos visitam a alma, aguardemos. 

Chorar significa perda de minutos preciosos e maldição das dificuldades.

 O choro não nos facilitará o entendimento da solução que já está a caminho. 

Adverte para o fato de que, se alguém nos ofendeu, é conveniente que aguardemos, pois é perda de tempo nos desgastarmos com quem já traz a infelicidade dentro de si.

 Se alguém nos prejudicou, melhor esperarmos, pois não precisamos nos vingar em alguém que já está assinalado pela justiça divina. 
E se sofremos, aguardemos com paciência, pois a dor é sempre aviso santificante quando tiramos dela lições benditas de elevação. 

Muitas vezes, os embaraços que hoje experimentamos podem ser os benefícios de amanhã.A natureza mostra-nos constantes sinais dessa espera que se transforma em dádivas divinas: “a fonte, ajudando onde passa, espera pelo rio e atinge o oceano vasto”; a noite, trazendo consigo a sombra, espera o dia que trará nova luz, “a árvore, prestando incessante auxílio, espera pela flor e ganha a bênção do fruto; mas a enxada, que espera imóvel, adquire a ferrugem que a desgasta; o poço que espera, guardando águas paradas, converte a si próprio em vaso de podridão”.

 Em toda a Natureza, o tempo traz surpresas. Assim também acontece conosco, quando, sem precipitação, entendemos que cada um está em diferente fase de crescimento, em diferente processo de compreensão dos ensinamentos de Jesus.

 Mas que, como nós, também espera pelas promessas que o Cristo nos fez, em nome de Deus.

Provavelmente, estamos retendo em nossos corações, há bastante tempo, esperanças que não se concretizam. Acreditamos que o mundo deveria responder imediatamente aos nossos anseios; que merecemos ser felizes agora, pois estamos cansados de carregar o peso das aflições e das incertezas.

Mas que paz e que felicidade usufruiríamos se ainda não resgatamos os débitos que desencadearam o problema que nos aflige e a dificuldade que experimentamos? 

 Como podemos repousar se temos um credor a bater em nossa porta? 

Sabemos que fomos criados para a felicidade, mas não podemos ignorar que, na arena de lutas em que nos encontramos, estamos presos a obrigações às quais devemos cumprimento. Se pararmos para pensar na nossa vida diária, podemos encontrar nela inúmeros exemplos de obrigações a serem executadas: nosso lar convertido em oficina de angústias; o local de trabalho onde a calúnia e a crueldade, muitas vezes, nos rondam a tarefa; o parente ao qual devemos carinho e respeito e que nos devolve ingratidão e desprezo; os obstáculos que cercam nosso caminhar, continuamente; a perseguição gratuita, a enfermidade do corpo, a imposição do ambiente no qual vivemos...

Se todas essas provas nos “encarceram nas grades constringentes do dever a cumprir”, é necessário que tenhamos paciência e que realizemos as obrigações com as quais nos enredamos, em pretéritos não tão distantes.

 “É imprescindível que não renunciemos ao trabalho renovador que essas dificuldades nos proporcionam.

 Não devemos perder de vista que a vontade de Deus se expressa através das circunstâncias que nos cercam. Movimentando providências inúmeras, as leis da vida situam todos nós, a cada instante, no lugar certo para a construção dessa felicidade eterna.

 É assim que estamos colocados com exatidão: no dia certo, no caminho certo, no lugar certo, na profissão certa, na experiência certa, na circunstância certa e com os recursos certos.” 

Nada que nos cerca é sem significação, e ninguém é inútil. Cada momento que vivenciamos representa recurso bendito para que possamos realizar o melhor, para que aprendamos a amar, a perdoar e a prosseguir com paciência na limpeza do nosso caminho até o Pai

. Cada um de nós recebeu Dele um talento para que possa servir e receber o que for de seu merecimento, como o trabalhador que recebe o salário justo no fim da sua jornada. Pretender receber o salário sem haver trabalhado não faz parte da promessa que Jesus nos fez. 

E Emmanuel recorda que “velho ou moço, com saúde do corpo ou sem ela, é necessário movimentar o dom que recebeste do Senhor, para avançares na direção da Grande Luz”. Ninguém é tão pobre que nada possa dar de si. 

O que dizer do exemplo valoroso daqueles que, retidos na deficiência física, não se deixam abater, lecionando coragem, paz, resignação no soerguimento de muitos que lhes assimilam a lição?É nosso dever realizar aquilo que nos compete, com naturalidade, sem a pretensão de querer fazer melhor que o outro, gerando desarmonia e perturbação; usar de paciência, compreendendo que cada um realiza a seu tempo e à sua hora o que lhe é próprio.

 Só nos cabe aguardar e auxiliar com nosso respeito. Onde estivermos, procuremos atender com disciplina e zelo as tarefas que nos competem.

 Todo dia é dia de semear e de colher o que tenhamos semeado. Auxiliar é bênção na lei divina, por isso conclui Emmanuel que não devemos nos deter em nossas dificuldades, procurando fazer em favor dos outros o melhor que pudermos, a fim de que nossa esperança se erga sublime, em luminosa realização. 



Leda Maria Flaborea - o consolador

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

                                               AMOR E EDUCAÇÃO


“Encarnando, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante a infância, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.” (O Livro dos Espíritos, questão 383.)

Kauan hoje tem 6 anos. Desde a mais tenra idade, ao começar a caminhar, tinha uma grande agitação. A mãe não dava conta dele, uma ansiedade!
 Quando começou a ir para a escolinha aos três anos, muitas dificuldades tinha essa mãe com ele, devido à inquietude. 

Observávamos nele, no pouco contato, duas belas virtudes: uma inteligência muito grande, falava um português corretíssimo, difícil de ver numa criança da idade dele e até mais velhas, da faixa social dele.

O mais comum, infelizmente, verificamos, são crianças de até dez anos frequentando escolas públicas, na faixa social do Kauan, já na sétima série do ensino fundamental, falando “nós vai”, “nós foi”, etc., com uma dificuldade enorme de se expressar, e os pais têm que falar por elas. 

O Kauan não; ele falava por si, num português que nos encantava.

Outra virtude do Kauan era o afeto. Muito carinhoso onde nos visse, vinha correndo com os braços abertos nos abraçar. Víamos seu carinho com a mãe. 

No meio da agitação ele sempre vinha correndo e a abraçava ternamente, acariciando-lhe o rosto.

Começou o “pré", nem cinco anos tinha, e veio a mãe aflita porque os professores queriam que o menino fosse para a neuropediatria, para tomar medicação, a famosa ritalina que, infelizmente, está sendo dada como água para as crianças dessa geração, mais da metade, provavelmente, sem necessidade.

A mãe disse que a professora não aguentava, porque ele terminava a tarefa muito rápido e aí ficava “perturbando” a aula.Isso mostrava a inteligência da criança. 

Tolhê-la? 

Que despreparo! 

Pedimos à mãe que conversasse com a professora – em vez de remédio, que ela aumentasse a quantidade de atividades dele, já que ele acabava primeiro do que os outros. 

A professora assim o fez.

Pedimos à mãe que conversasse com o Kauan durante o sono, orientando-o, dizendo-lhe que ele conseguia ficar tranquilo, sereno, sempre. 

A mãe tinha até medo de ter outro filho, mas essa mãe foi sendo vitoriosa, amando esse menino e insistindo na educação, na disciplina.Hoje tem 6 anos o Kauan, tão grande e inteligente que esquecemos que tem 6 anos, parece ter dez.

Nós dizemos a ele: 
“Kauan, você é muito inteligente!” 
e ele responde imediatamente: 
“Sou, sim.”
Agora, finalmente, ele tem um irmãozinho, com cerca de quatro meses. 

Cuida tanto do irmão, parece o pai do menino! É bom a mãe trazê-los juntos, o carinho dele com o irmão...

 Hoje, tranquilíssimo, sem agitação nenhuma.A mãe esteve com eles esses dias conosco e ela comentou quanto o Kauan ficou tranquilo após o nascimento do irmão.

Aproveitamos o ensejo em que a reencarnação está sendo muito comentada este ano na mídia, no cinema, nas novelas etc., devido ao centenário de Chico Xavier, e dissemos à mãe: 

“Vai ver que o Mateus (o bebê), antes de reencarnar, ficava junto com o Kauan, espiritualmente, brincando e o deixando agitado. 

Agora reencarnou, e o Kauan sossegou!”“Sabe que a senhora tem razão!”, disse a mãe.

 “Ele, agora que o Mateus nasceu, esse amiguinho sumiu, nunca mais ele falou do amiguinho imaginário, mas quando o Mateus acorda ele já procura o Kauan com os olhos e fica muito calmo quando ouve a voz do irmão.”Ao vermos o carinho e o cuidado de Kauan com o Mateus, nós lhe dissemos: “Você cuida muito bem do seu irmãozinho, muito bem!” 

E ele, com 6 anos, responde: “Cuido com a minha vida – dou minha vida por ele, se precisar!”

Que beleza, como diria o nosso amigo, o “gigante deitado”, Jerônimo Mendonça: “Que beleza!”Sem desmerecer ninguém, a “escolhinha” queria “tranquilizar”essa criança com ritalina!...

Estamos vendo isso todo dia. Mães chegando com os filhos dizendo que são agitados, que precisam de “calmante”, que a escola pede, que eles não aguentam, que as crianças não obedecem e vemos o contrário do que dizem, as crianças sentadas tranquilas, fazendo tudo o que nós pedimos, colaborando em tudo conosco, atendendo-nos em tudo... 

Há que pensar! 

Temos um atendimento excelente na área da psicologia infantil em nossa cidade pelo sistema do CAPS (Centro de Atendimento de Psicologia da Infância). 

Eles começam a atender as crianças a partir dos quatro anos. Mas agitação, “hiperatividade”, só a partir de sete anos, pois a criança é naturalmente agitada, tem muita energia até os sete.

 Temos visto pais chegando querendo tratar as crianças de dois, três, quatro, cinco anos com “calmantes”, sem necessidade. 

É questão de paciência, educação, amor, limites...

O Kauan era mesmo uma criança agitada, mas a mãe nos ouviu e ele hoje está muito bem, sem nunca ter tomado medicação.

Temos conversado com as psicólogas que avaliam as crianças. A maioria dos casos é falta de limites, falta de disciplina, falta de amor. Problemas com a família e a escola e não com a criança.

Para ilustrar um pouco mais, esta semana também atendemos outra criança para a qual a avó queria um neuropediatra para dar remédio porque não parava (Coitados dos neuropediatras!). Um menino de quatro anos!

O menino “quietinho”, “bonzinho”, nos atendendo em tudo! E a avó dizendo que estava irritado,     agressivo, nervoso, desobediente...Mas o que aconteceu, “por trás desse sofrimento”?

O pai abandonou, a mãe é ausente, está por conta da avó – a mãe mora junto, mas trabalha fora o tempo todo e, quando tem tempo livre, sai com as amigas e não dá afeto ao menino – e a mãe, sem maturidade espiritual, já tem 29 anos de idade física! 

O menino ainda viu o tio ser preso pela polícia...Há motivos para estar agitado, nervoso. Há que amar, há que educar, amor tudo resolve. 

O menino estava uma paz, nada de hiperatividade e querem remédio, que é mais cômodo do que agir educando.

Como diz Santo Agostinho, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, 

“... Ó espíritas! 

Compreendei hoje o grande papel da humanidade; compreendei que quando produzis um corpo a alma que nele se encarna vem do espaço para progredir; sabei vossos deveres e colocai todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus; é a missão que vos está confiada e da qual recebereis a recompensa se a cumprirdes fielmente. 

Vossos cuidados, a educação que lhe derdes, ajudarão seu aperfeiçoamento e seu bem-estar futuro. Pensai que a cada pai e a cada mãe Deus perguntará: 

‘Que fizeste do filho confiado à vossa guarda?’... 

Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior; é a estudá-los que é preciso se aplicar, todos os males tem seu princípio no egoísmo e no orgulho; espreitai, pois, os menores sinais que revelem os germens desses vícios, e empenhai-vos em combatê-los sem esperar que lancem raízes profundas; fazei como o bom jardineiro, que arranca os maus brotos à medida que os vê despontar sobre a árvore...”

Vamos amar muito as nossas crianças, vamos educá-las desde o berço como nos é pedido e muitos males serão evitados.

 Remédio, só quando realmente necessário!

Eduquemos para termos uma geração futura melhor, com afetividade, honra, caráter nobre, o homem de bem do evangelho.

Não confundir instrução com educação! Instrução sem amor, inteligência sem amor, pode gerar destruição.

O amor está sempre à frente. 

Educação é possível em quem não tem instrução, vem da família, a família precisa conscientizar-se do que disse Santo Agostinho e cuidar de suas crianças, os Espíritos que reencarnam na terra, muito inteligentes atualmente, muito necessitados de aprender a amar e vencer o orgulho devolvendo a humildade.

Amor e Educação - um remédio necessário para todos

Jane Martins Vilela

segunda-feira, 19 de agosto de 2013



                             Gestações conscienciais

O despertar da consciência é algo realmente mágico e instigante! 
Aquele que ainda não despertou pode achar completamente sem coerência o sentimento de espiritualidade, mas basta romper um “pequeno lacre” dentro de seu eu e tudo se transforma, como um passe de mágica.[1] (grifo nosso,

Quem sou

É a frequente pergunta que fazemos a nós mesmos ou que nos fazem, ainda que no silêncio dos olhares reflexivos, Espíritos, encarnados ou desencarnados, que acompanham a nossa caminhada.A resposta pode ter vários sentidos. 

O que sou pode ser confundido com o que faço, que, por sua vez, pode refletir os papéis sociais desempenhados no cotidiano e no contexto vivencial.

 Entretanto, somos convidados a refletir o que somos sem a roupagem atribuída por títulos e rótulos, a encobrir as possibilidades de descoberta do nosso potencial divino, cujo florescimento depende do interesse e da força de vontade de nos movimentarmos.

Somos seres misteriosos. 

Em nós paira sempre um movimento desconhecido. A energia pulsante, sutil e leve, gerada em nosso íntimo diante das vivências, ganha proporções grandiosas ou não, a depender da disposição e da abertura à compreensão de tal fenômeno interior.Gerar tamanha energia não é uma tarefa fácil. 

Os sintomas (angústia, medo, insegurança) caminham junto com uma vontade enorme de entender os acontecimentos.Conhecer tais mecanismos presentes no fenômeno da reciclagem íntima é uma das tarefas necessárias para se conhecer a matéria que compõe a organização psíquica e os comportamentos que utilizamos em nosso cotidiano – análise a partir da qual podemos colher, em partes, como peças de um quebra-cabeça, as respostas para o questionamento sobre quem somos.  

  A cada passo evolutivo alcançado, um sentimento de libertação acresce à nossa caminhada.

Mais fortalecidos, contemplamos a matéria-prima em nós (nossa essência divina) se desenvolver.

As experiências, somadas à vontade de aprender e de se melhorar, possibilitam a percepção das primeiras manifestações e respostas à nossa tarefa de gestação consciencial, ao mudarmos a maneira não apenas como lidamos com nossos mistérios d’alma, mas também como enxergamos o universo íntimo dos demais, nossos irmãos e irmãs de jornada evolutiva.

 É o eterno trabalho do despertamento a que alude Joanna de Ângelis: Despertar significa identificar novos recursos ao alcance, descobrir valores expressivos que estão desperdiçados, propor significados novos para a vida e antes não percebidos. O despertamento retira o véu da ilusão e faculta a percepção da realidade não fugidia, aquela que precede à forma e permanece depois da sua disjunção.

 Estar desperto é encontrar-se partícipe da vida, tudo realizando com integral lucidez.[2] (grifo nosso.)

Em termos práticos, a observação de si mesmo e dos demais, das nossas escolhas cotidianas e da percepção dos nossos pensamentos, sentimentos e emoções oferece contribuição significativa para compreendermos a realidade íntima e exterior (conscientização) e semearmos novos olhares sobre as paisagens do mundo que reside em nós e nos circunda (despertamento).pesar da correria da vida humana, aprendamos, pois, a reservar um tempo para a análise do nosso dia. 

Comecemos observando as nossas respostas às demandas dos que nos acompanham (amigos, familiares, companheiros de ideal, colegas de trabalho) os comportamentos diante dos desafios (problemas e dores do caminho) e a temperatura das energias (grau de amor, raiva, mágoa, alegria) sinalizadores de nosso estado de espírito.

E nós existe sempre um aparelhinho (coração) que apresenta, de forma autêntica, o quanto estamos sintonizados com o Criador, as leis que regem o universo e o nosso projeto reencarnatório.  Toda tarefa exige de nós um mínimo de esforço e coragem. Conhecer o que somos é a necessária aquisição para a nossa evolução

Mãos à obra!   

[1] PARANHOS, Roger Bottini. Universalismo crístico: o futuro das religiões: obra orientada pelo Espírito Hermes. Limeira: Editora do Conhecimento, 2007, p. 132.[2] FRANCO, Divaldo Pereira. O ser consciente: ditado pelo Espírito de Joanna de Ângelis. 14. ed.Salvador: LEAL, 2002, p. 


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Filosofia, religião e ética

A Filosofia tem como objeto de estudo a moral e a ética, ou seja, estabelecer ideal de conduta do ser humano dentro de princípios de correção. O grave problema enfrentado é definir critérios para avaliar corretamente o que é certo e o que é errado. 

Percebe-se que essa é uma preocupação da humanidade desde os primórdios da civilização, pois jamais houve na história do homem sociedades sem critério algum, sem códigos de ética, mesmo que rudimentares

.No passado, os códigos se baseavam nas concepções religiosas vigentes, normalmente baseadas em lideranças ou personalidades especiais, dotadas de certas habilidades como os profetas, as pitonisas, os gurus, seres alegadamente portadores de dons especiais, sobrenaturais, que pretendiam ter contato com as divindades.Na Idade Média, o comportamento dos indivíduos ficou tenazmente atrelado aos códigos religiosos.

 Nesse período começou o declínio do poder da religião, porque a conduta daqueles que deveriam ser os responsáveis pelo cumprimento das normas éticas – as lideranças político-religiosas – eram os que mais se comprometiam em fraudá-la (perseguições, torturas, corrupções, assassinatos e guerras patrocinadas pelas Igrejas...). 

A moral das religiões instituídas foi intimamente interligada a uma série de costumes externos como as liturgias, os rituais, os sacramentos, as hierarquias despropositadas, baseadas no mote “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Surge, então, o Renascimento através do movimento das artes, das ciências e das filosofias, procurando desconectar a cultura e a ética do obscuro caminho escolhido pelas religiões.

Uma série de livres-pensadores procura imprimir “novos ares” ao pensamento humano. Sem as bases religiosas, removidas pelos intelectuais, criaram-se dificuldades para se restabelecer novos princípios éticos de conduta objetiva. 

Jogou-se fora toda a liturgia dogmática das Igrejas e, junto a ela, a moral irretocável do cristianismo, perdendo-se valiosa oportunidade de restabelecer a pureza dos ensinamentos do Cristo. 

Reaparecem inúmeras formas filosóficas de estudo do comportamento humano, algumas com graves comprometimentos em seus aspectos morais, muitas trazendo reflexos negativos até hoje na sociedade.

Aparece o relativismo ético, segundo o qual o que é certo e errado depende do indivíduo, da época, do grupo a que pertence e da situação. 

Essa forma de conduta moral traz desastrosas consequências, provocando verdadeiras distorções no comportamento humano. Nessa teoria não há a formação de uma base racional, pois tudo é justificável e qualquer atitude pode ser considerada certa ou errada de acordo com a situação. Ora, o que é errado hoje, já era errado há centenas ou milhares de anos atrás. 

Não é a situação que diferencia o que é ético, do não-ético, mas a compreensão desta virtude que aumenta à medida que o ser humano evolui moral e intelectualmente. 

Outras filosofias surgiram com propostas opositoras ao relativismo moral, como a racionalista de I. Kant e o utilitarismo de J. Locke.

 Especialmente a segunda serviu de esteio para o estabelecimento de sistemas sociais mais justos e éticos, dando origem aos diversos códigos vigentes até hoje, como o dos direitos humanos, cartas magnas de diversos países, com ideais de justiça e liberdade. 

Mesmo nobres, esses sistemas filosóficos, a longo prazo, perderam importância por não terem uma base sólida de experimentação e também por dependerem do pensamento especulativo de seus criadores.

Em meados do século XIX, surge a Doutrina Espírita, trazendo uma valiosa contribuição para o panorama da ética humana. 

Construída através de uma pesquisa metodológica científica e não somente da mera especulação racional, comprovou através da mediunidade, a existência e a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico, trazendo elucidações, até então inéditas, das consequências das atitudes do ser humano para o futuro, não só no plano físico, mas também no extrafísico. Elucida que o indivíduo é responsável pela sua própria conduta, sofrendo as consequências agradáveis ou desagradáveis, de acordo com as suas ações.

 É a afirmativa de Jesus “a cada um segundo as suas obras”, explicada pela Doutrina Espírita como Lei de Causa e Efeito.O Espiritismo fornece ao homem conhecimento seguro das regras do bem proceder e os porquês de assim se conduzir, indicando o caminho que o levará à harmonização interior, ao equilíbrio, tornando-o um potente colaborador na formação de uma sociedade mais justa e fraterna, fundamentada na observância da lei de Deus, que é a prática do bem em todas as suas formas, segundo um preceito infalível de Jesus (O Livro dos Espíritos, questão 632): 

“Vede o que gostaríeis que vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos enganareis”.

Fonte de consulta: artigo de Silvio S. Chibeni, Religião Espírita, na Revista Reformador de setembro de 1999, ou no site www.geocites.com./athens/academy/8482.



Luis Roberto Scholl - O Consolador