quinta-feira, 22 de agosto de 2013

                                               AMOR E EDUCAÇÃO


“Encarnando, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante a infância, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.” (O Livro dos Espíritos, questão 383.)

Kauan hoje tem 6 anos. Desde a mais tenra idade, ao começar a caminhar, tinha uma grande agitação. A mãe não dava conta dele, uma ansiedade!
 Quando começou a ir para a escolinha aos três anos, muitas dificuldades tinha essa mãe com ele, devido à inquietude. 

Observávamos nele, no pouco contato, duas belas virtudes: uma inteligência muito grande, falava um português corretíssimo, difícil de ver numa criança da idade dele e até mais velhas, da faixa social dele.

O mais comum, infelizmente, verificamos, são crianças de até dez anos frequentando escolas públicas, na faixa social do Kauan, já na sétima série do ensino fundamental, falando “nós vai”, “nós foi”, etc., com uma dificuldade enorme de se expressar, e os pais têm que falar por elas. 

O Kauan não; ele falava por si, num português que nos encantava.

Outra virtude do Kauan era o afeto. Muito carinhoso onde nos visse, vinha correndo com os braços abertos nos abraçar. Víamos seu carinho com a mãe. 

No meio da agitação ele sempre vinha correndo e a abraçava ternamente, acariciando-lhe o rosto.

Começou o “pré", nem cinco anos tinha, e veio a mãe aflita porque os professores queriam que o menino fosse para a neuropediatria, para tomar medicação, a famosa ritalina que, infelizmente, está sendo dada como água para as crianças dessa geração, mais da metade, provavelmente, sem necessidade.

A mãe disse que a professora não aguentava, porque ele terminava a tarefa muito rápido e aí ficava “perturbando” a aula.Isso mostrava a inteligência da criança. 

Tolhê-la? 

Que despreparo! 

Pedimos à mãe que conversasse com a professora – em vez de remédio, que ela aumentasse a quantidade de atividades dele, já que ele acabava primeiro do que os outros. 

A professora assim o fez.

Pedimos à mãe que conversasse com o Kauan durante o sono, orientando-o, dizendo-lhe que ele conseguia ficar tranquilo, sereno, sempre. 

A mãe tinha até medo de ter outro filho, mas essa mãe foi sendo vitoriosa, amando esse menino e insistindo na educação, na disciplina.Hoje tem 6 anos o Kauan, tão grande e inteligente que esquecemos que tem 6 anos, parece ter dez.

Nós dizemos a ele: 
“Kauan, você é muito inteligente!” 
e ele responde imediatamente: 
“Sou, sim.”
Agora, finalmente, ele tem um irmãozinho, com cerca de quatro meses. 

Cuida tanto do irmão, parece o pai do menino! É bom a mãe trazê-los juntos, o carinho dele com o irmão...

 Hoje, tranquilíssimo, sem agitação nenhuma.A mãe esteve com eles esses dias conosco e ela comentou quanto o Kauan ficou tranquilo após o nascimento do irmão.

Aproveitamos o ensejo em que a reencarnação está sendo muito comentada este ano na mídia, no cinema, nas novelas etc., devido ao centenário de Chico Xavier, e dissemos à mãe: 

“Vai ver que o Mateus (o bebê), antes de reencarnar, ficava junto com o Kauan, espiritualmente, brincando e o deixando agitado. 

Agora reencarnou, e o Kauan sossegou!”“Sabe que a senhora tem razão!”, disse a mãe.

 “Ele, agora que o Mateus nasceu, esse amiguinho sumiu, nunca mais ele falou do amiguinho imaginário, mas quando o Mateus acorda ele já procura o Kauan com os olhos e fica muito calmo quando ouve a voz do irmão.”Ao vermos o carinho e o cuidado de Kauan com o Mateus, nós lhe dissemos: “Você cuida muito bem do seu irmãozinho, muito bem!” 

E ele, com 6 anos, responde: “Cuido com a minha vida – dou minha vida por ele, se precisar!”

Que beleza, como diria o nosso amigo, o “gigante deitado”, Jerônimo Mendonça: “Que beleza!”Sem desmerecer ninguém, a “escolhinha” queria “tranquilizar”essa criança com ritalina!...

Estamos vendo isso todo dia. Mães chegando com os filhos dizendo que são agitados, que precisam de “calmante”, que a escola pede, que eles não aguentam, que as crianças não obedecem e vemos o contrário do que dizem, as crianças sentadas tranquilas, fazendo tudo o que nós pedimos, colaborando em tudo conosco, atendendo-nos em tudo... 

Há que pensar! 

Temos um atendimento excelente na área da psicologia infantil em nossa cidade pelo sistema do CAPS (Centro de Atendimento de Psicologia da Infância). 

Eles começam a atender as crianças a partir dos quatro anos. Mas agitação, “hiperatividade”, só a partir de sete anos, pois a criança é naturalmente agitada, tem muita energia até os sete.

 Temos visto pais chegando querendo tratar as crianças de dois, três, quatro, cinco anos com “calmantes”, sem necessidade. 

É questão de paciência, educação, amor, limites...

O Kauan era mesmo uma criança agitada, mas a mãe nos ouviu e ele hoje está muito bem, sem nunca ter tomado medicação.

Temos conversado com as psicólogas que avaliam as crianças. A maioria dos casos é falta de limites, falta de disciplina, falta de amor. Problemas com a família e a escola e não com a criança.

Para ilustrar um pouco mais, esta semana também atendemos outra criança para a qual a avó queria um neuropediatra para dar remédio porque não parava (Coitados dos neuropediatras!). Um menino de quatro anos!

O menino “quietinho”, “bonzinho”, nos atendendo em tudo! E a avó dizendo que estava irritado,     agressivo, nervoso, desobediente...Mas o que aconteceu, “por trás desse sofrimento”?

O pai abandonou, a mãe é ausente, está por conta da avó – a mãe mora junto, mas trabalha fora o tempo todo e, quando tem tempo livre, sai com as amigas e não dá afeto ao menino – e a mãe, sem maturidade espiritual, já tem 29 anos de idade física! 

O menino ainda viu o tio ser preso pela polícia...Há motivos para estar agitado, nervoso. Há que amar, há que educar, amor tudo resolve. 

O menino estava uma paz, nada de hiperatividade e querem remédio, que é mais cômodo do que agir educando.

Como diz Santo Agostinho, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, 

“... Ó espíritas! 

Compreendei hoje o grande papel da humanidade; compreendei que quando produzis um corpo a alma que nele se encarna vem do espaço para progredir; sabei vossos deveres e colocai todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus; é a missão que vos está confiada e da qual recebereis a recompensa se a cumprirdes fielmente. 

Vossos cuidados, a educação que lhe derdes, ajudarão seu aperfeiçoamento e seu bem-estar futuro. Pensai que a cada pai e a cada mãe Deus perguntará: 

‘Que fizeste do filho confiado à vossa guarda?’... 

Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior; é a estudá-los que é preciso se aplicar, todos os males tem seu princípio no egoísmo e no orgulho; espreitai, pois, os menores sinais que revelem os germens desses vícios, e empenhai-vos em combatê-los sem esperar que lancem raízes profundas; fazei como o bom jardineiro, que arranca os maus brotos à medida que os vê despontar sobre a árvore...”

Vamos amar muito as nossas crianças, vamos educá-las desde o berço como nos é pedido e muitos males serão evitados.

 Remédio, só quando realmente necessário!

Eduquemos para termos uma geração futura melhor, com afetividade, honra, caráter nobre, o homem de bem do evangelho.

Não confundir instrução com educação! Instrução sem amor, inteligência sem amor, pode gerar destruição.

O amor está sempre à frente. 

Educação é possível em quem não tem instrução, vem da família, a família precisa conscientizar-se do que disse Santo Agostinho e cuidar de suas crianças, os Espíritos que reencarnam na terra, muito inteligentes atualmente, muito necessitados de aprender a amar e vencer o orgulho devolvendo a humildade.

Amor e Educação - um remédio necessário para todos

Jane Martins Vilela