A PROPÓSITO DA BUSCA DA FELICIDADE
E assim, esperando com
paciência, alcançou a promessa.” – Paulo (Hebreus, 6:15.)A carta de Paulo ao povo hebreu tem por finalidade mostrar que as
promessas de Deus aos homens são imutáveis, e que através de Jesus elas se
realizam, quando o Mestre nos ensina como proceder para que elas se cumpram.
Procura destacar a superioridade de Jesus a todos os outros que O antecederam,
deixando claro que Ele trazia os ensinamentos necessários ao nosso crescimento,
através das leis amorosas de Deus.
Com a autoridade de quem fala em nome Dele,
o Divino Amigo nos conclama à conscientização dessas leis, pela prática da
caridade.
O próprio Cristo representa
essa caridade, porque tudo que ensinou tem por base o amor. Assim, quando nos
disse que alcançaríamos o Reino dos Céus e que a paz divina faria morada em
nossos corações, depositou em nosso ser, para sempre, a semente da esperança. E
é a esperança de atingir essa paz, essa felicidade que jamais se alterará, que
nos faz continuar lutando, apesar de todas as dificuldades.
Com base na esperança de
alcançarmos a promessa que Deus nos fez é que Emmanuel nos proporciona
ensinamentos preciosos sobre esses temas. Diz para aguardarmos.
Mas como
aguardaremos essa promessa?Desde os tempos remotos, até hoje, os homens esperam
ter seus lares abençoados, a possibilidade do dever cumprido, a consciência
edificada; ensejam que seus ideais mais elevados sejam atendidos, que possam
ter seu trabalho vitorioso e uma colheita farta.
Em toda parte, em qualquer
época, para todos os homens, os anseios são sempre os mesmos. Mas fica claro
que não basta desejar e esperar que as coisas se realizem. Esperar não
significa inércia.
Ao contrário, significa persistir sem cansaço, porque
alcançar representa o triunfo definitivo.
Nesse
processo de conquista, deve existir um objetivo, mas, além do objetivo, há que
se ter uma meta que represente a exteriorização desse propósito.
E esse
caminho, entre o objetivo e a meta, precisa ser traçado com esforço constante e
inadiável da nossa parte na busca desses anseios que, muitas vezes, tomam conta
de nós, e que não sabemos definir nem o que sejam, nem de onde vêm. Para nós se
apresenta, às vezes, como uma insatisfação, como algo que está nos faltando sem
que, contudo, consigamos detectar o que seja.
Quando falamos em objetivos e
metas, vêm-nos à mente bens materiais de todas as espécies. Entretanto, nosso
objetivo volta-se, neste momento, para o Cristo. Estamos nos ligando, a partir
de agora, com as promessas de felicidade que Ele nos fez, em nome do Pai.Mas de
que maneira podemos materializar esses objetivos com o Cristo?
Emmanuel diz que
a fórmula para isso está na paciência, pois ela é a única porta aberta para a
vitória que almejamos.
Diz ele que em qualquer circunstância é necessária a
paciência.
Se há sofrimento em nossos sonhos, se há incompreensão de muitos ao
redor de nossos desejos e se a dor e a ingratidão nos visitam a alma,
aguardemos.
Chorar significa perda de minutos preciosos e maldição das
dificuldades.
O choro não nos facilitará o entendimento da solução que já está
a caminho.
Adverte para o fato de que, se alguém nos ofendeu, é conveniente que
aguardemos, pois é perda de tempo nos desgastarmos com quem já traz a
infelicidade dentro de si.
Se alguém nos prejudicou, melhor esperarmos, pois
não precisamos nos vingar em alguém que já está assinalado pela justiça divina.
E se sofremos, aguardemos com paciência, pois a dor é sempre aviso santificante
quando tiramos dela lições benditas de elevação.
Muitas vezes, os embaraços que
hoje experimentamos podem ser os benefícios de amanhã.A natureza mostra-nos
constantes sinais dessa espera que se transforma em dádivas divinas: “a fonte,
ajudando onde passa, espera pelo rio e atinge o oceano vasto”; a noite,
trazendo consigo a sombra, espera o dia que trará nova luz, “a árvore,
prestando incessante auxílio, espera pela flor e ganha a bênção do fruto; mas a
enxada, que espera imóvel, adquire a ferrugem que a desgasta; o poço que
espera, guardando águas paradas, converte a si próprio em vaso de podridão”.
Em
toda a Natureza, o tempo traz surpresas. Assim também acontece conosco, quando,
sem precipitação, entendemos que cada um está em diferente fase de crescimento,
em diferente processo de compreensão dos ensinamentos de Jesus.
Mas que, como
nós, também espera pelas promessas que o Cristo nos fez, em nome de Deus.
Provavelmente,
estamos retendo em nossos corações, há bastante tempo, esperanças que não se
concretizam. Acreditamos que o mundo deveria responder imediatamente aos nossos
anseios; que merecemos ser felizes agora, pois estamos cansados de carregar o
peso das aflições e das incertezas.
Mas que paz e que felicidade usufruiríamos
se ainda não resgatamos os débitos que desencadearam o problema que nos aflige
e a dificuldade que experimentamos?
Como podemos repousar se temos um
credor a bater em nossa porta?
Sabemos que fomos criados para a felicidade, mas
não podemos ignorar que, na arena de lutas em que nos encontramos, estamos
presos a obrigações às quais devemos cumprimento. Se pararmos para pensar na
nossa vida diária, podemos encontrar nela inúmeros exemplos de obrigações a
serem executadas: nosso lar convertido em oficina de angústias; o local de
trabalho onde a calúnia e a crueldade, muitas vezes, nos rondam a tarefa; o
parente ao qual devemos carinho e respeito e que nos devolve ingratidão e
desprezo; os obstáculos que cercam nosso caminhar, continuamente; a perseguição
gratuita, a enfermidade do corpo, a imposição do ambiente no qual vivemos...
Se
todas essas provas nos “encarceram nas grades constringentes do dever a
cumprir”, é necessário que tenhamos paciência e que realizemos as obrigações
com as quais nos enredamos, em pretéritos não tão distantes.
“É imprescindível
que não renunciemos ao trabalho renovador que essas dificuldades nos
proporcionam.
Não devemos perder de vista que a vontade de Deus se expressa
através das circunstâncias que nos cercam. Movimentando providências inúmeras,
as leis da vida situam todos nós, a cada instante, no lugar certo para a
construção dessa felicidade eterna.
É assim que estamos colocados com exatidão:
no dia certo, no caminho certo, no lugar certo, na profissão certa, na
experiência certa, na circunstância certa e com os recursos certos.”
Nada que
nos cerca é sem significação, e ninguém é inútil. Cada momento que vivenciamos
representa recurso bendito para que possamos realizar o melhor, para que aprendamos
a amar, a perdoar e a prosseguir com paciência na limpeza do nosso caminho até
o Pai
. Cada um de nós recebeu Dele um talento para que possa servir e receber o
que for de seu merecimento, como o trabalhador que recebe o salário justo no
fim da sua jornada. Pretender receber o salário sem haver trabalhado não faz
parte da promessa que Jesus nos fez.
E Emmanuel recorda que “velho ou moço, com
saúde do corpo ou sem ela, é necessário movimentar o dom que recebeste do
Senhor, para avançares na direção da Grande Luz”. Ninguém é tão pobre que nada
possa dar de si.
O que dizer do exemplo valoroso daqueles que, retidos na
deficiência física, não se deixam abater, lecionando coragem, paz, resignação
no soerguimento de muitos que lhes assimilam a lição?É nosso dever realizar
aquilo que nos compete, com naturalidade, sem a pretensão de querer fazer
melhor que o outro, gerando desarmonia e perturbação; usar de paciência,
compreendendo que cada um realiza a seu tempo e à sua hora o que lhe é próprio.
Só nos cabe aguardar e auxiliar com nosso respeito. Onde estivermos, procuremos
atender com disciplina e zelo as tarefas que nos competem.
Todo dia é dia de
semear e de colher o que tenhamos semeado. Auxiliar é bênção na lei divina, por
isso conclui Emmanuel que não devemos nos deter em nossas dificuldades,
procurando fazer em favor dos outros o melhor que pudermos, a fim de que nossa
esperança se erga sublime, em luminosa realização.
Leda Maria Flaborea - o consolador