segunda-feira, 26 de agosto de 2013




A PROPÓSITO DA BUSCA DA FELICIDADE

E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.” – Paulo (Hebreus, 6:15.)A carta de Paulo ao povo hebreu tem por finalidade mostrar que as promessas de Deus aos homens são imutáveis, e que através de Jesus elas se realizam, quando o Mestre nos ensina como proceder para que elas se cumpram.

 Procura destacar a superioridade de Jesus a todos os outros que O antecederam, deixando claro que Ele trazia os ensinamentos necessários ao nosso crescimento, através das leis amorosas de Deus. 

Com a autoridade de quem fala em nome Dele, o Divino Amigo nos conclama à conscientização dessas leis, pela prática da caridade.

O próprio Cristo representa essa caridade, porque tudo que ensinou tem por base o amor. Assim, quando nos disse que alcançaríamos o Reino dos Céus e que a paz divina faria morada em nossos corações, depositou em nosso ser, para sempre, a semente da esperança. E é a esperança de atingir essa paz, essa felicidade que jamais se alterará, que nos faz continuar lutando, apesar de todas as dificuldades. 

Com base na esperança de alcançarmos a promessa que Deus nos fez é que Emmanuel nos proporciona ensinamentos preciosos sobre esses temas. Diz para aguardarmos. 

Mas como aguardaremos essa promessa?Desde os tempos remotos, até hoje, os homens esperam ter seus lares abençoados, a possibilidade do dever cumprido, a consciência edificada; ensejam que seus ideais mais elevados sejam atendidos, que possam ter seu trabalho vitorioso e uma colheita farta. 

Em toda parte, em qualquer época, para todos os homens, os anseios são sempre os mesmos. Mas fica claro que não basta desejar e esperar que as coisas se realizem. Esperar não significa inércia. 

Ao contrário, significa persistir sem cansaço, porque alcançar representa o triunfo definitivo.        

Nesse processo de conquista, deve existir um objetivo, mas, além do objetivo, há que se ter uma meta que represente a exteriorização desse propósito. 

E esse caminho, entre o objetivo e a meta, precisa ser traçado com esforço constante e inadiável da nossa parte na busca desses anseios que, muitas vezes, tomam conta de nós, e que não sabemos definir nem o que sejam, nem de onde vêm. Para nós se apresenta, às vezes, como uma insatisfação, como algo que está nos faltando sem que, contudo, consigamos detectar o que seja.

 Quando falamos em objetivos e metas, vêm-nos à mente bens materiais de todas as espécies. Entretanto, nosso objetivo volta-se, neste momento, para o Cristo. Estamos nos ligando, a partir de agora, com as promessas de felicidade que Ele nos fez, em nome do Pai.Mas de que maneira podemos materializar esses objetivos com o Cristo? 

Emmanuel diz que a fórmula para isso está na paciência, pois ela é a única porta aberta para a vitória que almejamos.

 Diz ele que em qualquer circunstância é necessária a paciência. 

Se há sofrimento em nossos sonhos, se há incompreensão de muitos ao redor de nossos desejos e se a dor e a ingratidão nos visitam a alma, aguardemos. 

Chorar significa perda de minutos preciosos e maldição das dificuldades.

 O choro não nos facilitará o entendimento da solução que já está a caminho. 

Adverte para o fato de que, se alguém nos ofendeu, é conveniente que aguardemos, pois é perda de tempo nos desgastarmos com quem já traz a infelicidade dentro de si.

 Se alguém nos prejudicou, melhor esperarmos, pois não precisamos nos vingar em alguém que já está assinalado pela justiça divina. 
E se sofremos, aguardemos com paciência, pois a dor é sempre aviso santificante quando tiramos dela lições benditas de elevação. 

Muitas vezes, os embaraços que hoje experimentamos podem ser os benefícios de amanhã.A natureza mostra-nos constantes sinais dessa espera que se transforma em dádivas divinas: “a fonte, ajudando onde passa, espera pelo rio e atinge o oceano vasto”; a noite, trazendo consigo a sombra, espera o dia que trará nova luz, “a árvore, prestando incessante auxílio, espera pela flor e ganha a bênção do fruto; mas a enxada, que espera imóvel, adquire a ferrugem que a desgasta; o poço que espera, guardando águas paradas, converte a si próprio em vaso de podridão”.

 Em toda a Natureza, o tempo traz surpresas. Assim também acontece conosco, quando, sem precipitação, entendemos que cada um está em diferente fase de crescimento, em diferente processo de compreensão dos ensinamentos de Jesus.

 Mas que, como nós, também espera pelas promessas que o Cristo nos fez, em nome de Deus.

Provavelmente, estamos retendo em nossos corações, há bastante tempo, esperanças que não se concretizam. Acreditamos que o mundo deveria responder imediatamente aos nossos anseios; que merecemos ser felizes agora, pois estamos cansados de carregar o peso das aflições e das incertezas.

Mas que paz e que felicidade usufruiríamos se ainda não resgatamos os débitos que desencadearam o problema que nos aflige e a dificuldade que experimentamos? 

 Como podemos repousar se temos um credor a bater em nossa porta? 

Sabemos que fomos criados para a felicidade, mas não podemos ignorar que, na arena de lutas em que nos encontramos, estamos presos a obrigações às quais devemos cumprimento. Se pararmos para pensar na nossa vida diária, podemos encontrar nela inúmeros exemplos de obrigações a serem executadas: nosso lar convertido em oficina de angústias; o local de trabalho onde a calúnia e a crueldade, muitas vezes, nos rondam a tarefa; o parente ao qual devemos carinho e respeito e que nos devolve ingratidão e desprezo; os obstáculos que cercam nosso caminhar, continuamente; a perseguição gratuita, a enfermidade do corpo, a imposição do ambiente no qual vivemos...

Se todas essas provas nos “encarceram nas grades constringentes do dever a cumprir”, é necessário que tenhamos paciência e que realizemos as obrigações com as quais nos enredamos, em pretéritos não tão distantes.

 “É imprescindível que não renunciemos ao trabalho renovador que essas dificuldades nos proporcionam.

 Não devemos perder de vista que a vontade de Deus se expressa através das circunstâncias que nos cercam. Movimentando providências inúmeras, as leis da vida situam todos nós, a cada instante, no lugar certo para a construção dessa felicidade eterna.

 É assim que estamos colocados com exatidão: no dia certo, no caminho certo, no lugar certo, na profissão certa, na experiência certa, na circunstância certa e com os recursos certos.” 

Nada que nos cerca é sem significação, e ninguém é inútil. Cada momento que vivenciamos representa recurso bendito para que possamos realizar o melhor, para que aprendamos a amar, a perdoar e a prosseguir com paciência na limpeza do nosso caminho até o Pai

. Cada um de nós recebeu Dele um talento para que possa servir e receber o que for de seu merecimento, como o trabalhador que recebe o salário justo no fim da sua jornada. Pretender receber o salário sem haver trabalhado não faz parte da promessa que Jesus nos fez. 

E Emmanuel recorda que “velho ou moço, com saúde do corpo ou sem ela, é necessário movimentar o dom que recebeste do Senhor, para avançares na direção da Grande Luz”. Ninguém é tão pobre que nada possa dar de si. 

O que dizer do exemplo valoroso daqueles que, retidos na deficiência física, não se deixam abater, lecionando coragem, paz, resignação no soerguimento de muitos que lhes assimilam a lição?É nosso dever realizar aquilo que nos compete, com naturalidade, sem a pretensão de querer fazer melhor que o outro, gerando desarmonia e perturbação; usar de paciência, compreendendo que cada um realiza a seu tempo e à sua hora o que lhe é próprio.

 Só nos cabe aguardar e auxiliar com nosso respeito. Onde estivermos, procuremos atender com disciplina e zelo as tarefas que nos competem.

 Todo dia é dia de semear e de colher o que tenhamos semeado. Auxiliar é bênção na lei divina, por isso conclui Emmanuel que não devemos nos deter em nossas dificuldades, procurando fazer em favor dos outros o melhor que pudermos, a fim de que nossa esperança se erga sublime, em luminosa realização. 



Leda Maria Flaborea - o consolador