sexta-feira, 19 de abril de 2013



                   A PARÁBOLA DO SEMEADOR

O Semeador,  suas sementes e a qualidade da terra.

 Na família também semeamos todo o tempo, e, podemos dizer que, quando nos tornamos pais, temos a "delegação" de Deus para a semeadura na família.
 A qualidade da terra representa as diferentes personalidades dos filhos que recebemos em nossos lares, variação esta acentuada pela diversidade dos compromissos do nosso passado.

É na Terra, mundo ainda na categoria de expiação e provas, que recebemos em nosso lar, pela lei das afinidades, aquele que no passado compartilharam conosco de ações de toda ordem.

Ao segurar nos braços a criaturinha que nos chega pelas vias da reencarnação não sabemos, por misericórdia de Deus, que tipo de terra se nos está sendo apresentada para a semeadura:

*Os filhos beira do caminho são aqueles em que os ensinamentos não se fixam. Outras idéias, representadas pelas aves, sobrepõem-se facilmente.

Os pais semeiam todo o tempo sem presenciar qualquer germinação; ao contrário, outras tendências, próprias, provenientes do meio ou insufladas por espíritos que se lhes afinizam, tomam o lugar da germinação esperada.

*As famílias beira do caminho são as famílias permeáveis onde não há barreiras para a entrada de idéias e ensinamentos estranhos - as aves que podem “comer” todos as "sementes", impedindo a sua germinação.

*Os filhos chão pedregoso são os filhos "pouca terra", onde todas as ideias  germinam com entusiasmo inicial. As plantinhas, porém, não têm raízes ao primeiro sol (dificuldades, dores, contrariedades) logo morrem.

São os filhos de pouca vontade ou de temperamento volúvel, que agem por estímulos fortes, porém passageiros.

*As famílias chão pedregoso são as que oscilam entre o entusiasmo passageiro e o desequilíbrio causados pelas contrariedades da vida. Não tendo o amparo de uma crença perambulam de idéia em idéia, de acordo com as conveniências e contrariedades da vida.

*Os filhos espinheiros são os em que as imperfeições do passado fazem sombra e sufocam as sementes.

Muitas vezes, em condições de crise, conseguem aceitar o ensinamento, mas passado o momento retornam ao abafamento de suas próprias personalidades.

*As famílias espinheiros são as famílias impermeáveis, que não permitem, dentro do seu abafamento, o brotar de novas idéias.

*Os filhos e famílias terra boa são aqueles que estão preparados para a semente e vão produzir de acordo com sua capacidade (30 para 1, 100 para 1,...). São os indivíduos e família em pleno trabalho de reforma intima, estáveis, em curso normal de evolução.

UM SEGREDO NESTA PARÁBOLA
Há dois mil anos passamos adiante esta parábola de Jesus, e nela devemos notar algo essencial e, também, invisível aos nossos olhos:

O semeador semeia sempre; não olha para traz; não tem ansiedades pelo futuro nem maldiz a terra ou as dificuldades do passado e do presente que atrapalham a sua colheita; simplesmente continua semeando.

Os pais, na função de semeador, não amam a semente nem a colheita.

Amam sim a terra que cultivam e que trabalham para tornar mais produtiva.

Sua semeadura não se restringe ao lançar de sementes, palavras valiosas, mas também na exemplificação que significa o trabalho na terra pedregosa, afofando-a e retirando-lhe as pedras para o arejamento da raiz; o extirpar de más inclinações do passado, desbastando os espinheiros e ajustando a beira do caminho para que esta acolha as sementes antes da chegada das aves que com certeza virão visitá-la.

*As famílias afetivamente amorfas são o resultado dos semeadores que não  semeiam, indiferentes ao destino da terra que lhes foi confiada.

*As famílias afetivamente passionais são o resultado dos semeadores que se voltam contra a terra, contra Deus e contra todas as dificuldades que os visitam. Violentam a terra, cobrando dela resultados que esta ainda não está preparada para proporcionar.

*As famílias afetivamente compensatórias e semipermeáveis são o resultado do trabalho constante do semeador, assim como na parábola, que entende que mesmo a terra boa produz proporcionalmente á sua capacidade (30 para 1, 100 para 1,...).

Temos recebido, à luz do espiritismo, as sementes, a palavra do reino, os ensinos espirituais.

Segundo o que produzir com esses ensinamentos, cada qual revelará, em sua vida, que tipo de solo é a sua alma. 

no Evang.II Espiritismo, Cap,14, parág.9, temos um interessante ensinamento que vem completar as nossas reflexões:

"Quando os pais fizeram tudo o que deviam para o adiantamento moral dos filhos, se não se saem bem, não têm censuras a se fazer, e sua consciência ' pode estar tranquila, mas, ao desgosto muito natural que experimentam do insucesso dos seus esforços, Deus reserva uma grande, uma imensa consolação, pela certeza que não é
senão um atraso, e que lhes será dado acabar em outra existência a obra começada nesta, e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. "

A  família no mundo  atual





segunda-feira, 15 de abril de 2013


A morte numa 
perspectiva espírita 
  
A morte dos entes queridos continua sendo um dos momentos mais difíceis e dolorosos na vida das pessoas.

O sentimento de perda, em situações assim, é um fato frequente, muito embora os cristãos entendam, de um modo geral, que a vida continua e que, em essência, a morte não existe tal qual muitos a supõem.

Quando ocorreu, anos atrás, na capital de São Paulo o incêndio do edifício Joelma, em que morreram dezenas de pessoas, umas vitimadas pelo fogo, outras pela asfixia causada pela fumaça e um certo número por haverem pulado do edifício numa tentativa desesperada de fugir à morte, o médium Francisco Cândido Xavier serviu de intermediário à revelação de uma informação ao mesmo tempo curiosa e consoladora.

Os imortais disseram então, pelas mãos do saudoso médium, que naquelas horas difíceis dois eram os cenários.

O primeiro, do lado de cá, era constituído de muito sofrimento, de desespero, de gritos, de desesperança.

 A ação dos bombeiros, a movimentação dos repórteres, a busca de notícias por parte dos familiares dos que trabalhavam naquele prédio, tudo isso contribuía para dar ao episódio um caráter de tragédia, típico de situações como aquela.

O outro cenário, invisível aos nossos olhos, apresentava-se inteiramente diferente. 

 Espíritos amigos dos que ali pereceram recebiam com festa os que retornavam naquele momento à chamada vida espiritual. 

Cânticos de alegria, abraços calorosos e aplausos, eis o tom de um cenário que mostrava como se dá a recepção espiritual àqueles que cumprem até o fim o seu dever no plano corpóreo.

Comentando o tema morte, Kardec fez, em determinado momento, uma analogia entre esse fato e a libertação de um prisioneiro que acaba de cumprir uma longa pena.

Imaginemos, escreveu o Codificador, a situação do colega de cela que vê partir o amigo. 

É claro que ele sentirá saudade do companheiro, mas, em sã consciência, jamais lamentará a libertação do amigo que, atendidas as exigências da Justiça, ganha agora a liberdade.

A morte é isso. Ela é uma espécie de conquista da liberdade, a retomada de atividades que já eram executadas pela pessoa antes da existência ora finda e que agora podem ter continuidade.

Depois de peregrinar por muitos anos na crosta do planeta, limitado por um corpo material que restringe, como sabemos, as possibilidades perceptivas da alma, o indivíduo tem o direito, enfim, de reencontrar os amigos que o aguardam e dar sequência a um projeto cuja meta é a perfeição, assunto a que Jesus se referiu tantas vezes.

Com efeito, os cristãos que conhecem o Evangelho hão de lembrar-se, por certo, destas palavras do Mestre: “Vós sois deuses. Tudo o que faço podereis fazer também e muito mais”.

Diante do esquife, lembremo-nos, pois, da informação trazida pelo saudoso médium e estejamos certos de que a morte só atinge o corpo material mas nada ocasiona ao Espírito.

Morte é mudança de domicílio e de tarefas. Não há motivo real para lamentá-la, mesmo porque, excetuados os casos de suicídio voluntário ou involuntário, ninguém retorna à vida espiritual antes da hora. 

Pelo menos é isso que centenas de mensagens enviadas pelos próprios Espíritos têm dito a respeito do assunto.

 


sexta-feira, 12 de abril de 2013


Namoro espírita

Conheci vários... Conheci casais que começaram a namorar nas atividades da juventude espírita e que hoje se apresentam como belas famílias, integradas e felizes.

 Diria mais! A maioria dos enlaces é oriunda de amizades que cultivamos no ambiente escolar, no ambiente profissional e, para aqueles afetos, no ambiente religioso. 

Como local de convívio de pessoas que comungam a mesma visão da vida, a prática religiosa termina por ser a fonte de muitos e longos relacionamentos.

Daí surgem momentos de fortalecimento, de vivência, nas atividades do “Culto do Evangelho no lar”, na emoção dos trabalhos assistenciais, nas discussões acaloradas e toda a gama de eventos mágicos que compõem a nossa juventude em uma casa espírita, vividos pelo jovem casal e que trazem as mais ternas lembranças, passados os anos.

 O livro “Vida e Sexo”, de Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, com belas palavras descreve o período do namoro como:

Inteligências que traçaram entre si a realização de empresas afetivas ainda no Mundo Espiritual, criaturas que já partilharam experiências no campo sexual em estâncias passadas, corações que se acumpliciaram em delinquência passional, noutras eras, ou almas inesperadamente harmonizadas na complementação magnética, diariamente compartilham as emoções de semelhantes encontros, em todos os lugares da Terra. 

Mas nem tudo são flores. Nos momentos de desavenças, de conflito, de separação, o conhecimento espírita e a conduta digna deve também pautar a relação. É nessa hora que nós realmente nos mostramos espíritas. 

 Culpabilizações, ciúmes doentios, traições, abandono afetivo, gravidez indesejada e tantos outros eventos comuns aos relacionamentos não estão ausentes do mundo do relacionamento afetivo entre espíritas, o que demanda uma conduta cristã dos jovens e principalmente dos dirigentes da juventude e frequentadores da casa, entendendo os contextos, sempre com os “olhos do Cristo”.

Inúmeras também as desavenças entre casais que causaram entraves nos trabalhos espíritas. 
 Companheiros jovens, labutando no bem, se ocorre uma separação, uma briga, tudo se desarmoniza. 

Esse é um outro cuidado que nos cabe. Saber separar a individualidade da figura do casal. 

Relações afetivas podem ter fim, principalmente no período da juventude, e, sejamos sinceros, a “Vida continua”. Nossa relação com o trabalho no bem e com a Doutrina Espírita deve ser separada da relação afetiva. 

Talvez não dê para frequentar a mesma casa espírita, revendo sempre o ex-companheiro. Mas existem outras casas e outros trabalhos...

E, por fim, a questão do namoro espírita suscita no jovem ainda um outro grande desafio: E se o jovem espírita, ativo e trabalhador, engajado nas atividades doutrinárias, se apaixona por uma pessoa vinculada a outra denominação religiosa? Parece complicado... Mas tudo é uma questão de abordagem. 

Religião é questão de afinidade e entendimento. Deve servir para unir as pessoas e não para dividi-las. 

Caso o coração escolha alguém de outra seara, o “respeito mútuo à individualidade”, uma grandeza que sustenta grandes relações, deve ser a tônica que permita a vivência do amor, compreendendo a sua identidade religiosa. E nada de se afastar do trabalho no bem!

 O nosso compromisso é com Jesus!

Tantas questões, tantos cuidados... Mas ainda acho que uma das coisas mais belas do mundo é ver jovens casais irmanados no mesmo ideal, atuando na distribuição de sopa, consolando os doentes, sonhando o dia que terão o seu lar, que farão o Culto do Evangelho na companhia de seus filhos, Espíritos que desde aquela época de “namoro espírita” os acompanhavam, já sonhando com aquele espaço doméstico envolto em ideais sublimes.
    
Marcos Vinicius de A. Vargas - O Consolador

terça-feira, 9 de abril de 2013

 Quem não se comunica...

Há 152 anos a Doutrina Espírita vem consolidando a sua credibilidade no mundo, sobretudo porque as descobertas científicas têm caminhado, passo a passo, com muitas das verdades já há tanto propagadas por Kardec. 

Avançamos. Se ontem as pessoas corriam dos espíritas, hoje correm para nós, atrás de respostas que só “O Consolador” pode dar.

Mais que nunca, é preciso divulgar o Espiritismo. Mas divulgar não é empurrar material doutrinário goela abaixo. 

É antes de tudo comunicar-se, estabelecer empatia imediata com o receptor, despertar interesse inicial, contínuo e gradativo pelo material apresentado, é fazer-se entender e sentir.

 Assim, há que se ter uma abordagem minimamente adequada, para que se consiga tocar a alma e chegar à razão.

Neste ponto, faz-se urgente uma reflexão. Conseguiremos nós, espíritas, alcançar corações e mentes, em pleno século XXI, sem atualizar nossas formas de comunicação?

A pretexto de fidelidade doutrinária, campeia entre nós um linguajar monótono e obsoleto. Incrivelmente, ainda há quem acredite que ser fiel à codificação se resume à manutenção da linguagem utilizada pelo codificador no século retrasado ou, quando muito, à continuidade das mesmas formas de expressão utilizadas nas décadas de 40 a 60 – apogeu da produção mediúnica de Chico Xavier – causando a incômoda impressão de que estamos parados no tempo.

Outro dia, lendo o editorial de um periódico federativo, dei de cara com a palavra “efemérides” - entre outras expressões arcaicas que recheavam o texto - e fiquei a pensar que se a mim, que já passei dos cinquenta, soa estranho, imagine ao pessoal da nova geração!... 

Tendo que dar tratos à bola para decifrar o que significa tal “palavrão”, já praticamente extinto nos dias de hoje. Essas situações comprometem, de pronto, a continuidade da leitura, pois a chamada leva a pressupor – e com razão – um texto maçante.

Quem vai se interessar por matérias cujos termos remetem ao tempo dos nossos bisavós, o que – com todo o respeito que devemos aos nossos ascendentes – nada tem a ver com os anseios do momento presente?

Como podemos querer o aval da comunidade científico-tecnológica, se em plena era virtual ainda insistimos em chamar planeta de “orbe”, só porque Emmanuel, na década de 50 – quando esse termo ainda estava em uso – assim o fez? 

Se, rebuscadamente, nos referimos à sociedade “hodierna” – citada por Joanna de Ângelis – quando poderíamos simplesmente utilizar o termo “moderna”, de muito mais fácil compreensão? Passa da hora de aposentarmos os ósculos, amplexos, destras e outras expressões “jurássicas”. 


 Ou a gente acompanha os novos tempos ou vai ficando para trás, sob a pecha da alienação.

Não pretendemos aqui fazer a apologia das gírias, do modernismo inconsequente. 

Mesmo porque a palavra escrita ou falada na norma culta, dentro de uma relativa formalidade, é passaporte certo para a credibilidade.

 Mas precisamos repensar o nosso linguajar enquanto palestrantes e redatores espíritas, para que não nos escondamos numa espécie de dialeto esquisito que só leva à estagnação e ao isolamento. Se não devemos vulgarizar a palavra a pretexto de atingir a massa, tampouco devemos permanecer como se o tempo não tivesse passado para nós.

Se tudo o que mais almejamos é universalizar o conhecimento espírita, por que não utilizar uma linguagem mais coloquial e interessante? 

Desde que se tenha o zelo necessário para que não haja distorções no conteúdo doutrinário, por que não adaptar textos antigos para uma linguagem moderna, facilitando assim o seu entendimento às novas gerações e àqueles que têm maior limitação intelectual?

Alguns companheiros são resistentes às adaptações, por entender que a manutenção de termos difíceis provoca um enriquecimento da linguagem.

 Mas, imaginemos alguém, ainda engatinhando no conhecimento espírita, que, buscando consolo num momento de dor, se depara com uma linda e consoladora mensagem, porém, cheia de termos rebuscados, que exijam o uso do dicionário.

 Esta interrupção certamente esvaziará o impacto emocional do conteúdo, esfriando o coração do leitor ante a necessidade de parar e buscar tantos sinônimos. Emoção cortada, alma frustrada, objetivo perdido.

O nosso compromisso é com a formação espiritual e não acadêmica. Embora tenhamos o dever de nos expressar elegantemente e estimular doutrinariamente o aprimoramento do saber, contribuindo assim – e muito – também para a intelectualização do ser, o que precisamos entender é que, definitivamente, trabalhar aquisição de vocabulário e erudição não é a nossa prioridade. 

Nossa prioridade é esclarecer e consolar, com vistas ao progresso moral dos seres, e ninguém esclarece ou consola sem usar de clareza e simplicidade. Portanto, didaticamente, simplifiquemos a nossa fala, a nossa escrita, façamos o nosso papel de facilitadores das verdades espirituais e deixemos às escolas do mundo o papel que lhes cabe.

Sob pena de perdermos o trem da história, há uma contradição que precisa ser vencida pelo movimento espírita. Uma doutrina evolucionista por princípio não pode e não deve ficar parada no tempo. 

Termos novos são criados a todo o momento para coisas novas. Termos antigos são substituídos a todo instante por outras nomenclaturas. Caminhamos, hoje, para uma democratização do conhecimento.

 O que antes era privilégio de uma casta intelectual, agora é direito de todos. Isto significa distribuição mais justa da informação e oportunidades igualitárias, correspondendo aos ideais de justiça e igualdade defendidos pelo Espiritismo. Então, não faz sentido uma elitização que só retarda a colheita dos frutos semeados.

O mundo gira, o progresso está aí, e a lei é de evolução em todos os sentidos. Descomplicar é a palavra de ordem para quem quer “colocar a candeia sobre o alqueire”. Não há mais espaço para termos antiquados, que soam até mesmo de forma ridícula a quem os lê.

 É inadiável escolher. Ou continuamos a bater na tecla de uma erudição exibicionista a fim de, aqui mesmo, receber o galardão, ou optamos pela pedagogia simples de Jesus, cujas parábolas demonstram estratégia impar para alcançar o interesse e o entendimento daquela população ainda tão rudimentar, quanto às verdades espirituais que veio trazer.

Nesse momento difícil de transição, em que milhares de irmãos nossos precisam, desesperadamente, estabelecer um link emocional e cognitivo imediato com as verdades consoladoras do Espiritismo, não há mais lugar para comportamentos arraigados a tradições pueris.

Deixemos fluir a simplicidade culta que nos fará fiéis articuladores da verdadeira divulgação, aquela que de fato acontece, que dá resultados palpáveis, pois fala simultaneamente ao cérebro e à sensibilidade. 

Só assim estaremos cumprindo efetivamente o papel de colaboradores do mundo invisível, junto ao aprimoramento moral contínuo da sociedade na qual estamos inseridos, aqui e agora. 

Coloquemos em prática, na íntegra, as recomendações contidas no cap. XII, item 10, do ESE, à página “O Homem no Mundo”, que nos chama à realidade temporal em que vivemos na Terra, ao conclamar: 

“Vivei com os homens do vosso tempo, como devem viver os homens”.

E – há que se admitir – numa vida de inter-relação, respeito e comunicação fazem toda a diferença.

O consolador: Joanna Abranches

sábado, 6 de abril de 2013



Brasil da Paz
Lutar sim, ferir nunca 

Como todos os ensinamentos trazidos ao orbe terrestre por Jesus estavam deturpados e esquecidos, fazia-se necessário procurar outras terras, onde Espíritos jovens e simples aguardavam a semente de um novo pensamento cristão, baseado na fraternidade e na liberdade.

E neste abençoado continente americano, foi escolhido o novo coração do mundo. 

De acordo com o roteiro traçado por Jesus, em abril de 1500 o Brasil era finalmente revelado ao mundo, para se tornar a nova pátria do pensamento cristão.

Além de ser designado pelo Mestre como o zelador dos patrimônios imortais que constituem a Terra do Cruzeiro, teve a missão de reunir as “três raças tristes”: os sedentos de justiça divina (os degredados), os simples de coração (índios) e os aflitos (escravos), para a formação da alma coletiva de um povo bem-aventurado por sua mansidão e fraternidade.

Nossa independência foi encaminhada pela Espiritualidade – avessa à violência, e ocorre sem conflitos, guerras ou derramamento de sangue, malgrado o trágico fim de Tiradentes (única vida perdida, e cujo martírio na forca ocorreu há 220 anos, em 21 de abril de 1792).

O ano de 1840 marca o início de vários  serviços de beneficência da medicina homeopática no Brasil, através de dois médicos portugueses recém-chegados, que iniciaram a aplicação de passes magnéticos como auxílio imediato das curas.

A eclosão dos fenômenos espíritas não passou despercebida no Brasil, em especial o das mesas girantes, que era a grande sensação dos salões da Europa e da América (1850). 

 Portanto, em 18 de abril de 1857, quando Allan Kardec lança em Paris, França, a primeira edição de O Livro dos Espíritos, com 501 questões (a segunda e definitiva edição ocorreria em 16 de março de 1860, com 1.019 questões), o Brasil já apresentava condições favoráveis ao entendimento, estudo e divulgação das suas relações com o mundo espiritual, além de desenvolver, completar e explicar os ensinamentos de Jesus.

A marcha evolutiva prossegue com o movimento de libertação dos escravos.

 De forma pacífica (bem diferente do movimento ocorrido nos Estados Unidos, com 600 mortos), a Princesa Isabel decreta a Lei do Ventre Livre em 1871 e a Lei Áurea, proibindo qualquer tipo de escravidão.

 Neste dia 13 de maio de 1888, uma multidão de Espíritos deixou o Plano Espiritual para participar das grandiosas solenidades da Abolição.

O lema Ordem e Progresso, inspirado pelo Plano Superior para constar na nossa bandeira, sinaliza claramente uma diretriz a todos nós brasileiros.

 A ordem é necessária, porque ordem é a disciplina em torno  de situações, pessoas e  coisas. 

 É também comprometimento, devotamento, eficiência, humildade. 

Afinal de contas, a disciplina não é a melhor maneira de educar-nos e dignificar os nossos sentimentos?
O progresso é lei natural.

 E “consiste, principalmente, no melhoramento moral, na depuração do Espírito, na extirpação dos maus germens existentes em nós. 

Este é o verdadeiro progresso, o único que assegura a felicidade da Humanidade, porque é a negação do mal”. (Allan Kardec, Obras Póstumas – Credo Espírita).

Vivenciar o Espiritismo é agir com devotamento e abnegação na busca do bem comum, incentivando novos hábitos e novos comportamentos, contribuindo para o progresso permanente do indivíduo, da coletividade, da sociedade e de toda a Humanidade.

O Brasil, trazendo em seus contornos a forma geográfica de um coração, é a Terra Prometida, a Pátria do Evangelho Restaurada, é o seio do povo nobre e trabalhador do Ocidente, em cujo solo todos aprenderão a lei da fraternidade universal, que unirá todos os Espíritos.

Estará sempre amparado pela bandeira de Ismael: “Deus, Cristo e Caridade”, onde os homens se irmanarão em todas as atividades, sem apego aos bens perecíveis e exclusivos, onde o trabalho será de todos para todos, com tempo destinado ao labor, ao estudo, ao culto, ao repouso, ao lazer, e onde todos os Espíritos se filiarão às hostes do Cordeiro, preparando-se para os momentos de ascensão à condição de Espírito livre, evangelizado, servidor do Cristo, exemplificando o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Como Espíritos renovados, viveremos uma vida maior, e pelo progresso espiritual buscaremos a perfeição, subindo para Deus.

Altamirando Carneiro - O consolador

  

segunda-feira, 1 de abril de 2013




A sociedade e as drogas

Em todos os tempos a humanidade se deparou com o problema das drogas. No entanto, na atualidade nunca se viu tantas situações, acontecimentos e dramas na sociedade, portanto, oriundos do meio familiar. 

Quais são as causas e razões destas ocorrências?

Primeiro relatemos um pouco de história sobre as drogas. 

Há mais de quatro mil anos atrás os Sumerianos (atual Irã) já utilizavam a Papoula de Ópio, denominada a “planta da alegria”, que utilizavam com a finalidade de um “contato com os deuses. 

Num tempo mais anterior ainda, o povo Cita (habitantes do rio Danúbio/rio Volga – Europa Oriental) queimava a maconha (cânhamo) em pedras aquecidas e inalava os vapores dentro de suas barracas ou tendas. 

O Ópio (Morfina/Anestésico) incentivado na Guerra Civil Americana (1776) era utilizado para fornecer alívio à dolorosa vida dos soldados. Durante a segunda guerra, receitas de anfetaminas - estimulantes – Fenpreporex - eram utilizadas para combater a fadiga. 

Na atualidade, é largamente utilizado – apesar de ser proibido o seu uso e comercialização no Brasil, por pessoas que pretendem emagrecer, especialmente mulheres.

 Em 1890, iniciou-se a livre comercialização de vinho, elaborado com extratos de coca e xaropes. 

Em 1914, nos Estados Unidos deu-se a proibição da livre negociação das bebidas alcoólicas, - que durou por 13 anos e, com isso, iniciou-se o mercado negro ilícito. 
Como tudo que é proibido se torna um atrativo, a indústria americana de bebidas, à época, faturou cerca de 200 bilhões de dólares”.

Em nosso tempo presente, existe um largo consumo de Fluoxetina (ansiolítico/antidepressivo), droga denominada de “a pílula da felicidade”. Pode-se perguntar: Felicidade de quem? Do usuário ou do laboratório que a produz?

Muitas pessoas se questionam. 
Mas, afinal, o que leva pessoas a se envolverem com as drogas? 

Se elas causam tantos males, por que envolver-se com elas? Se já se conhecem os seus malefícios por que envolver-se com elas?

Dentre algumas razões, nós podemos citar quatro delas.
 De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde –:

 1) Pessoas que não têm informações adequadas sobre as drogas, ou seja, aquelas que não conhecem as consequências de seu uso. E, convenhamos, a desinformação ainda é muito grande, quando não fantasiosa, como, por exemplo, aqueles que ainda creem que maconha faz menos mal do que cigarro;

 2) Pessoas que se encontram insatisfeitas com sua qualidade de vida. Neste caso, consideramos tanto as pessoas que vivem em carência geral como aqueles que vivem com excessos de toda ordem. 

Caso fosse apenas um problema de carência social, os chamados ricos não se envolveriam com as drogas. Portanto, a droga tornou-se um problema geral da humanidade, independente da condição socioeconômica ou cultural; 

3) Pessoas pouco integradas na família e na sociedade. Neste item a situação é específica, ou seja, desestruturas familiares, insatisfações de toda ordem podem levar pessoas ao contato, ao uso e ao abuso das drogas, como mecanismo de fuga de uma triste realidade; e, finalmente:
 4) O fácil acesso às drogas é outro fator importante para seu uso. Aqui nos perguntamos.

 Por que não aplicamos em nossas vidas o sábio ensinamento de Jesus quando enuncia “conheça a verdade e ela vos libertará?” Todos sabemos o quanto é fácil e barata determinada droga, até mesmo sabemos dos pontos em que são vendidas em nossas cidades. Apenas fazemos de conta que não sabemos, inclusive as autoridades, numa covarde omissão de responsabilidade social.

Mas a grande e real verdade para que pessoas se envolvam com drogas é o fato de algumas delas – principalmente as drogas psicoativas, ou seja, as que ativam o psiquismo das pessoas, causarem prazer. (Todas as substâncias químicas alteram o funcionamento do organismo.)
 Esta é a grande verdade, o prazer proporcionado por estas drogas. Em nossa atual sociedade a busca pelo prazer tornou-se frenética, quando não o único fim para muitas pessoas.

Uma pergunta se faz necessária. Onde as crianças e os jovens começam a aprender o que é ou a usar drogas? 
Fora de casa? 
Com amigos da escola? 
Não.
 Infelizmente isso começa a acontecer dentro do lar, quando observam os adultos em busca de tranquilizantes ao menor sinal de tensão ou nervosismo.

Aprendem o que é dependência quando observam como seus pais têm dificuldades em controlar diversos tipos de comportamentos, como, por exemplo, comer de modo exagerado.
 Aprendem também o que é droga quando ouvem seus pais dizerem que precisam de três xícaras de café para se manterem acordados, ou ainda quando precisam fumar um cigarrinho, ou tomar uma dose de uma bebida. 

Por outro lado, quando pessoas não encontram na família, nos amigos e nos parceiros as respostas para suas necessidades, então recorrem às drogas como alternativa, sem se aperceberem do preço que terão que pagar por esta atitude.

Por isso é de extrema importância termos lares estruturados em cima da fraterna convivência, tolerantes e abnegados uns com os outros, colaborando para que todos possam crescer, principalmente no campo das emoções, onde se possa aprender a elaborar os sentimentos, pois toda e qualquer postura que assumimos na vida se prende à maneira de como olhamos o mundo fora e dentro de nós, podendo nos levar a uma sensação íntima de realização ou de frustração, de contentamento ou de culpa, de perdão ou de punição, de acordo com nosso código moral modelado na intimidade de nosso psiquismo. 

Talvez você, querido (a) leitor (a), ao fazer esta leitura, se questione: “Como fica a questão do livre-arbítrio de a criatura humana buscar formas de prazer de acordo com seu interesse, gosto e conveniência?”.

Muito simples. Cada um responderá pelos próprios atos e ações. Somos livres para qualquer empreitada em nossas vidas, mas, consequentemente, responsáveis pela colheita da semeadura.

Por isso se faz importante um lar harmonioso e organizado, dentro do respeito e do amor uns pelos outros.
 Afinal de contas, Jesus pediu-nos simplesmente que nos amássemos uns aos outros.

 Somente assim seremos uma humanidade melhor.

 E desta forma haveremos de banir as drogas do mundo e, em consequência, todo sofrimento ocasionado por ela.

O consolador - Valci Silva