sexta-feira, 8 de março de 2013

CASAMENTO E DIVÓRCIO





Casamento e divórcio

“Não perturbeis o que Deus harmonizou”.       
Tudo o que procede de Deus é imutável no mundo. Tudo o que procede do homem está sujeito a mudanças.

Todas as Leis Divinas permanecerão sem modificações, porque são eternas, enquanto as leis dos homens não o são, pois se transformam, alteram-se, à medida que o ser humano evolui. Assim, em cada lugar e, em diferentes épocas, essas leis sofreram, sofrem e sofrerão modificações, atendendo às novas necessidades. Os ensinamentos de Jesus nos trazem esses dois esclarecimentos, mas também nos dão a certeza de que, um dia, quando essas duas leis caminharem juntas, os homens serão felizes.

Entretanto, não podemos prescindir dessas leis, porque são elas que regulam o bem-viver; são elas que estabelecem os direitos e os deveres de cada um de nós em relação aos demais; são elas que permitem a convivência social, se não fraterna, pelo menos respeitosa; são elas que regulam os interesses familiais; e são elas, por fim, que tiram o homem do estado de selvageria para a civilidade. A lei civil é útil, necessária, mas variável, enquanto a de Deus é eterna e imutável.

Isso acontece, também, em relação à união dos seres, pois os homens interpretam as palavras de Jesus, segundo seus interesses e não segundo a Lei de Deus. Jesus nos ensinou que o sentimento mais elevado que o ser humano possui é o amor e, em cada experiência evolutiva que temos mais e mais se desenvolvem os valores morais que as conquistas espirituais proporcionam nesse processo.

Assim, é com o sentimento que une dois seres: lentamente, ele vai-se afastando dos interesses da matéria, que envolvem paixões de todas as espécies, onde apenas os sentidos o movem, para um sentimento verdadeiro que não une apenas corpos, mas também almas. Nenhuma lei civil, nem os compromissos que ela determina podem suprir a lei de Amor, que deve presidir uma união, seja ela qual for. Nenhuma lei humana obrigará as pessoas a se amarem, seja entre cônjuges, entre filhos e pais, seja entre aqueles que convivem em um grupo mais amplo.

Dessa forma, a afirmação de Jesus de “não separar o que Deus uniu” só terá sentido real se juntarmos a ela a idéia de que aquilo que se uniu à força, isto é, que não procurou a satisfação do coração através do amor verdadeiro, mas somente a do orgulho, da vaidade, da ganância, da posse, do ciúme, da carência afetiva, para se livrar da família, enfim de todos os interesses pessoais, de valores ilusórios, por si mesmo se separará.

É muito importante que tenhamos a coragem de nos perguntar e responder, com total honestidade de propósitos, quais são os valores que motivam nossas escolhas afetivas, porque quando o móvel dessas escolhas é outro que não o amor, não há como sustentar essa situação. Estabelecemos, dessa forma, necessidades emocionais, sem consciência e sem responsabilidade pelas perdas futuras, que trarão, mais adiante, frustrações, desilusões quando não situações desesperadoras que podem levar, até mesmo, a atitudes criminosas.

Assim, os compromissos conjugais ou domésticos que não atenderem os desígnios superiores, ou seja, a união pelo amor, serão corrigidos e restaurados pelos princípios que equilibram a lei divina no seu devido tempo.

Há mais de mil anos essas palavras do Cristo, como tantas outras, foram erroneamente interpretadas ou interpretadas de maneira a atender apenas a interesses econômicos, políticos, financeiros ou de poder, e tudo isso ainda está gravado em nós, como se não pudéssemos, sob hipótese de estar cometendo um crime perante Deus e a sociedade, dissolver uma união infeliz que traz sofrimento para todos os envolvidos. Assim é com o divórcio que separa legalmente o que já estava separado de fato.

A idéia de que aquilo que Deus uniu não se separa é porque somente o amor verdadeiro, o afeto real de alma para alma, sobrevive à destruição do corpo, e esses seres se procuram e se encontram no mundo dos Espíritos, fortalecendo esses laços.

Isso também acontece no que diz respeito às amizades. Se, de um lado, temos as amizades interesseiras que buscam uma aproximação para usufruir as vantagens que isso possa proporcionar em que não há afinidades, espontaneidade, cujo sentimento é superficial e sem qualquer vínculo afetivo, do outro lado, temos as amizades verdadeiras, que se fortalecem com as vidas sucessivas, e que, a cada oportunidade que se apresenta, procuram reunir-se, novamente, no corpo físico, a fim de trabalharem juntas e se fortalecerem no amor, alegrando-se umas com as outras pelo crescimento que cada uma dessas almas conquistou.

Uma visão bastante interessante e que deve ser alvo de nossa reflexão é a que Emmanuel traz em Caminho, Verdade e Vida.  O Instrutor Espiritual, referindo-se às palavras de Jesus: ...“Portanto, o que Deus juntou não o separe o homem”, alerta-nos para o fato de que a palavra divina não se refere apenas aos casos do coração, mas vai além. Corresponde, também, ao “não perturbeis o que Deus harmonizou”.

Assim, por mais duro que seja o dever a cumprir, ele constitui sempre a vontade do Criador e, para isso contamos com a nossa consciência, sentinela vigilante de Deus, que permanece apta a discernir o que constitui obrigação moral e o que representa, apenas, fuga disfarçada desse compromisso.

O Pai criou seres e reuniu-os. Criou igualmente situações e coisas, ajustando-as para o bem comum. Assim, quem desarmoniza as obras divinas deve preparar-se para a recomposição”. (2)

Na Terra, hoje, existem milhões de criaturas em serviço restaurador por haverem perturbado, com o mal, o que Ele estabelecera para o bem. “Às vezes, é possível perturbar-lhe as obras com sorrisos, mas seremos, invariavelmente, forçados a repará-las com suor e lágrimas”. (2)


Bibliografia:

(1) Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Lake, Capítulos 22 e 17, item 7.
 
(2) Emmanuel (Espírito) . Caminho Verdade e Vida, [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. FEB Editora, 17 ed., Rio de Janeiro: RJ, Lição 164.
 
(3) Joanna de Ângelis (Espírito). Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda, [psicografado por] Divaldo Pereira Franco. 1 ed., LEAL Ed., p. 163.
  

terça-feira, 5 de março de 2013

                       
   APRENDENDO COM AS DIFERENÇAS


“Dize-me o que pensas, dir-te-ei com quem andas” (1). Allan Kardec.

Um assunto muito atual não só no meio espírita como na sociedade em geral é a alteridade, ou seja, “a qualidade do que é outro” (2).

É na alteridade que se desenvolve, é nas diferenças de qualidades com o outro que se aprende, é na variedade de aptidões que se complementa uma tarefa. 
Aceitar, conviver, aprender e amar a diversidade denota a presença de um ser mais evoluído, seja individual ou coletivamente.

O predomínio que a vaidade e o orgulho ainda exercem sobre as pessoas impede, muitas vezes, de crescerem somando qualidades e esta atitude facilita o acesso dos Espíritos inferiores para a influenciação negativa, exacerbando as mazelas internas de cada um, provocando embates, cisões, rupturas no trabalho.

Quando isto ocorre nas Casas Espíritas, o prejuízo se torna inda maior, porque ali é o local onde a causa única e suprema deve ser o desenvolvimento da caridade e da tolerância como ferramenta de renovação íntima individual.

Allan Kardec, no seu discurso de encerramento do ano social da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas do ano de 1858/59, tecia comentários de outras sociedades que surgiram desejando rivalizar com aquela a qual ele pertencia.

 Contava-se de sociedades com grandes números de participantes, com muitos recursos financeiros, sendo para ele um motivo de regozijo, ressaltando, apenas, que elas tivessem uma “unicidade de sentimentos para frustrar as influências de maus Espíritos e consolidar a sua existência” (3).

Naquela época, nos Estados Unidos, na Europa, especialmente em Paris, ocorria o surgimento de inúmeras reuniões íntimas, como outrora fora a própria Sociedade Parisiense, fato normal devido ao então crescente interesse pelos assuntos espíritas e ao surgimento de vários médiuns. 

 Denotavam-se os mais variados resultados possíveis, desde reuniões sérias com resultados notáveis, até de fanfarronices e brincadeiras fúteis, de acordo com os interesses e intenções de cada uma. 

A despeito disso, Kardec ressaltou que poucas constituíam uma sociedade propriamente dita, pois lhes faltavam condições de vitalidade em razão do escasso número de componentes, de sua estabilidade, permanência e persistência.

A primeira condição, preconizada pelo mestre francês, é a de homogeneidade de princípios e maneira de ver. Toda sociedade formada de elementos heterogêneos traz em si o germe da dissolução, podendo considerá-la natimorta.

Mais adiante o Codificador explica a homogeneidade como comunhão de pensamentos. Sem a calma e o recolhimento, dificilmente os bons Espíritos se apresentarão, pois não encontrarão as condições necessárias para dar assistência à sociedade. 

Eles desejam ardentemente esclarecer para o bem, não participando em reuniões onde impera o espírito da oposição sistemática, da discórdia e da controvérsia.

A homogeneidade propagada por Kardec é a de ideais nobres, da vivência ético-moral e do estudo doutrinário com seriedade. 

As diferentes maneiras de agir, de conduzir e de pensar são saudavelmente administradas para o crescimento do grupo e dos seus componentes, quando não comprometem o corpo doutrinário.

Neste ideal, Bezerra de Menezes levanta a bandeira da unificação não como a uniformização de procedimentos, mas como a união afetiva em torno da prática da moral de Jesus à luz dos esclarecimentos espíritas.

Para unir deve-se ter o trabalho consistente, a ação correta, a vivência do discurso cristão.

São Luís, Espírito protetor da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fornece o meio infalível para não temer os conflitos: 
“Compreendei-vos e amai-vos” (4).

O trabalho da compreensão exige caridade e abnegação. “Que o amor ao próximo esteja inscrito em nossa bandeira e seja a nossa divisa” (5).

Kardec considerava todas as outras sociedades como irmãs e jamais como concorrentes.

 A inveja, o ciúme e a rivalidade indicam a assistência dos maus Espíritos e um direcionamento equivocado.

 A boa intenção, a benevolência, a vontade de servir e o pensamento reto revelam a natureza superior dos Espíritos que presidem a sociedade, procurando conduzi-la, por meio dos homens que a servem, ao trabalho no bem.

Aos grupos que se sintam melindrados pelo crescimento de outro, Kardec instiga que depende somente dele não ser ultrapassado.

 A Doutrina Espírita, sendo acessível a todos, depende do esforço próprio, do trabalho em equipe e da dedicação para que a Sociedade evolua e cumpra o seu papel na comunidade. 

Neste particular, outras poderão igualar-se, tanto melhor, pois serão irmãos que crescem juntos.

O laço de união dos homens de bem, sejam quais forem as divergências, é o amor ao bem, a abnegação, a abjuração de todo sentimento de inveja e ciúme.

Na alteridade, em vista de diversidade humana, importa seu enfoque prático de convivência fraterna.

O codificador encerra seu discurso com a convicção de que a finalidade do Espiritismo é melhorar aqueles que o compreendem, buscando através do exemplo demonstrar a vivacidade da Doutrina e a sua praticidade na vida cotidiana. 

“Numa palavra, sejamos dignos dos bons Espíritos se quisermos que eles nos assistam. 

O bem é uma couraça contra a qual virão sempre quebrar-se as armas da malevolência” (6).
 
Referências:
(1) KARDEC, Allan. Revista Espírita 1859. Sobradinho, DF: EDICEL, Discurso de encerramento do ano social (1858-1859), p. 196.
(2) Novo Dicionário Aurélio.
(3) KARDEC, Allan. Idem, p. 200.
(4) Idem, p. 20.1
(5) Idem.
(6) Idem, p. 202.
 
O CONSOLADOR - LUIZ ROBERTO SCHOLL

sexta-feira, 1 de março de 2013

KARDEC E O SEXO E SEUS EXTREMOS






Em “O Livro dos Espíritos”, na questão de nº 698, Kardec faz o seguinte questionamento aos sábios da Espiritualidade: 

P O celibato voluntário é meritório aos olhos de Deus? 
R Não, e os que vivem assim por egoísmo desagradam a Deus e enganam a todos. 
Na questão de nº 699, Kardec prossegue com os questionamentos: 

P O celibato não é para algumas pessoas um sacrifício com a finalidade de se devotar mais inteiramente ao serviço da humanidade? 
R Isso é bem diferente; eu disse: por egoísmo. Todo sacrifício pessoal é meritório quando é para o bem; quanto maior o sacrifício, maior o mérito. 
SEGUE O COMENTÁRIO DO CODIFICADOR
“Deus não pode se contradizer nem achar mau o que fez. Não pode haver mérito na violação de Sua lei; mas se o celibato, por si mesmo, não é meritório, não ocorre o mesmo quando é pela renúncia às alegrias da família, um sacrifício decidido em favor da humanidade. 

Todo sacrifício pessoal para o bem e sem o disfarce do egoísmo eleva o homem acima de sua condição material”. 
Em épocas distantes, o homem, ainda pouco espiritualizado, considerava necessário agradar a Deus com alguns sacrifícios. 
O celibato, a abstinência sexual era um deles.  
Por isso, na Idade Média, o sexo representava a impureza, o pecado, chegava mesmo a macular a figura de quem dele gostasse. 
As mulheres, pobres coitadas! Eram as que mais sofriam com a ignorância. Nada de prazer! Sexo somente para a procriação. 
Essa mentalidade, porém, se traduz nos dias de hoje com os mais variados bloqueios psicológicos a impedir criaturas de terem uma vida plena em todos sentidos. 
Mas continuemos.  
Os tempos foram gradativamente se modificando. A evolução humana naturalmente impôs a mudança no padrão de pensamento. Surgiu o Enovid – primeira pílula contraceptiva – proporcionando assim uma revolução nos costumes. 
O sexo, que outrora era motivo de repugnância, passou a ser endeusado, antes avacalhado, agora intensamente perseguido.  
De um extremo ao outro, do inferno ao céu...
A mídia, na sociedade contemporânea, faz o papel de propagar uma busca frenética pelo sexo. Onde há pares opostos existe busca insana pelo prazer. O apelo sexual tornou-se produto vendável e de grande rentabilidade.

 Os corpos bem delineados ganharam status e tornaram-se objetos de perseguição de todos aqueles que querem se enquadrar nos padrões impostos pela sociedade erotizada. Os olhos começaram a se voltar apenas para a superfície, impondo com isso, relacionamentos sem bases de afetividade e afinidade autênticas.

Com o sonho da independência financeira, homens e mulheres comercializam seus dotes físicos. A infidelidade é divulgada sem constrangimentos por programas televisivos com o marketing sutil de que perigo é sinônimo de prazer.

Com isso, a fidelidade conjugal é relegada a segundo plano, abrindo espaço para a proliferação de doenças sexualmente transmissíveis.

E no meio desse alvoroço, as religiões tentam impor limites a seus fiéis, seus líderes manifestam-se de forma a tentar preservar seus pupilos dos desatinos mundanos. Porém, o fazem de forma ingênua se posicionando contra os métodos de prevenção à gravidez e doenças sexualmente transmissíveis. Esses apelos não surtirão os efeitos desejados pelos líderes religiosos.

Nesse particular, o Espiritismo acompanha o avanço das idéias humanas, sem ceder às conveniências, nem se curvar diante dos modismos e dos apelos comerciais. Kardec foi um visionário, e, ao afirmar que a Doutrina Espírita deveria acompanhar a ciência, proporcionou que ela continuasse atual, com seus princípios não entrando em descompasso com a época vivida. Por isso, o Espiritismo trata o assunto referente ao sexo com a seriedade que ele exige, explicando que, os extremos que foram criados em torno do sexo são frutos da ignorância; é necessário desmistificá-lo, tirá-lo da nociva alcunha de tabu, incorporando-o ao cotidiano, porque só assim lhe daremos o justo valor, nem mais, nem menos.

E para que o sexo seja desmistificado, a tarefa dos pais é de suma importância, pois devem ser eles, através do diálogo franco e aberto, os esclarecedores de seus filhos, debatendo, tirando dúvidas, e, sobretudo, instruindo, a fim de que não cresçam adultos sem conhecimento quanto essas questões existenciais.
 Muitos são os jovens que por falta de diálogo com os pais se perdem em dúvidas e tormentos que poderiam ser evitados se houvesse uma maior sincronia e amizade entre os familiares. É tudo questão de se estabelecer um elo de confiança entre pais e filhos, proporcionando uma convivência salutar, disposta a abordar qualquer assunto sob a guante da sinceridade.

Os meios de comunicação também podem fazer sua parte, deixando de lado o comércio dos atributos físicos e os apelos sensacionalistas, para debater a questão com maturidade, porque é através de sua influência que muitos desavisados precipitam-se, trocando os pés pelas mãos, enredando-se em teias de difícil solução, que, freqüentemente resultam em:

● Filhos indesejados; porta escancarada ao aborto criminoso.

● Doenças sexualmente transmissíveis; clara abreviação da existência.

● Infidelidade conjugal; chamariz de crimes passionais.
● Envolvimento efêmero; futuras dores de cabeça.

A real importância do sexo em nossa vida

O sexo é importante em nossa vida? 
Sim, muito colabora para a melhoria na qualidade de vida, aproxima o casal, transforma o astral, traz bom humor a repercutir em ondas de paz e harmonia por toda a família.

 É remédio para depressão, é fonte de energia, previne o estresse...

Contudo, nem a vida do casal, nem o relacionamento dos seres humanos se reduzem ao relacionamento sexual. 
Se isso ocorre, há uma visão distorcida da realidade, que pode trazer traumas de complicada resolução, onde não raro o sentimento de posse transforma pessoas em objeto.
Tratando o assunto concernente ao sexo com seriedade, desmistificando-o e posicionado- o como força criadora que é só teremos a ganhar:

● A infidelidade e as doenças sexualmente transmissíveis não mais terão lugar, porque o sexo será praticado com amor e responsabilidade.

● Nada de processos obsessivos, onde há vampirização efetuada por algozes do além, que se aproveitam da invigilância daqueles que pensam somente “naquilo”.

● Extinção do aborto criminoso, porquanto o sexo aliado ao amor irá gerar uma amada criatura.

Nada de extremos, de visões enceguecidas pelo fanatismo obscuro, a energia sexual faz parte da natureza humana, é essência divina a concorrer para nosso progresso e felicidade, portanto, deve ser tratada como tal, sem exageros, nem desprezos.

 Para finalizar, deixo ao leitor frase do espírito André Luiz, psicografada pelas mãos de Chico Xavier:
"O sexo, portanto, como qualidade positiva ou passiva dos princípios e dos seres, é manifestação cósmico em todos os círculos evolutivos." (André Luiz)
Pensemos nisso.
  

Wellington Balbo - O consolador



terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

MOCIDADE ESPIRITA E SUA IMPORTÂNCIA


                             


             “Quem se aplica a servir, desde os anos da juventude, muit antes da velhice e servido pela vitória da madureza.”
              (“Sol nas almas”, André Luiz, Waldo Vieira, Ed. CEC. lição 19-Mocidade”)

    O Espiritismo é o Consolador Prometido por Jesus, sendo que,  para cumprir sua missão na melhoria moral da Humanidade, os espíritas precisam trabalhar com um objetivo essencial – a educação das almas. A Seara espírita não poderá, em época alguma, desprezar seu próprio futuro, buscando orientar com carinho a criança e o jovem.
    Em meados da primeira metade deste século, os jovens espíritas, sentindo a necessidade de se unirem para estudar a Doutrina Espírita e trabalhar na sua divulgação (pois encontravam incompreensão entre os mais velhos para participarem das atividades doutrinárias), iniciaram nas décadas de 30  e 40, a criação das primeiras MOCIDADES ESPÍRITAS.
Um dos grandes incentivadores na criação dos grupos de jovens espíritas neste período foi a personalidade vigorosa, alegre e atuante de Leopoldo Machado, que residia em  Nova Iguaçu no Estado Rio de Janeiro, e que deu a eficiente colaboração à Federação Espírita Brasileira.
    Estava sendo dados os passos iniciais para os jovens participarem efetivamente do Movimento Espírita Brasileiro.
    Surgiu tanto entusiasmo de união que os moços  conseguiram promover com muita alegria espiritual o 1º CONGRESSO DE MOCIDADES ESPÍRITAS DO BRASIL, de 17 a 23 de abril de 1948.
    Desse memorável encontro em diante, os Grupos de Mocidades Espíritas multiplicaram-se em todos os estados brasileiros, promoveram confraternizações regionais e estaduais, participando ativa e fecundamente dos serviços do Espiritismo.
    O jovem é o sucessor dos mais velhos, podendo muito bem estudar, divulgar, trabalhar e servir junto dos mais experientes, para aprender melhor e produzir mais.
    O moço doa a sua parte de energia, entusiasmo e ideal e recebe dos mais amadurecidos o conhecimento, a prudência e a experiência.

    Jovens sinceros, responsáveis e operosos dentro das linhas da obediência, disciplina e respeito, fizeram aumentar a alegria, a simpatia e o dinamismo nos trabalhos e confraternizações.
Os espírito Superiores valorizam em muito a força espírita jovem que assim afirma no livro: “Caminho, Verdade e Vida” na lição nº 151 – o sábio Espírito Emanuel: “O moço poderá e fará muito, se o espírito envelhecido na experiência não o desamparar no trabalho”.
    Os trabalhadores espíritas mais amadurecidos através dos anos nas atividades doutrinárias não poderão , em circunstância alguma, esquecer-se de apoiar e conviver com os jovens – não para fiscalizar, impor ou proibir – mas, sim, para amar e estimular, ajudar e promover os corações iniciantes nos caminhos do Bem e da Verdade.
    A Juventude necessita muito de orientação doutrinária e direção moral, que deve nascer invariavelmente da convivência fraterna, da amizade espontânea e da simpatia contagiante por parte dos mais velhos.
    Mediante estes sentimentos de fraternais de profundo amor e indispensável entendimento, os jovens não se desviarão das diretrizes luminosas de Jesus e Kardec, conforme nos chama a atenção, na mesma lição do livro referido acima, o responsável mentor espiritual Emmanuel:
    “Não podemos esquecer que esta fase da existência terrestre, é a que apresenta o maior número de necessidades no capítulo da direção.”
O CENTRO ESPÍRITA, que tenha jovens entrosados na tarefa da assistência fraterna e divulgação da doutrina ( sem contudo sobrecarregarem suas responsabilidades com muitas atividades que nesta idade poderão ser prejudiciais ao invés de benéficas), demonstra ser uma equipe altamente produtiva, porque está aproveitando a vitalidade do jovem, para preencher vários setores de serviços que poderão ficar deficientes ou nem mesmo existir, como, por  exemplo, os comentários evangélicos, estudos doutrinários, a evangelização da criança, as campanhas do “quilo”, as visitas fraternas às vilas, favelas ou lares de caridade.
    Não estamos referindo-nos a cargos de direção que tragam muitas responsabilidades e nem tarefas específicas (assistência e doutrinária) de que deverão participar única e exclusivamente os jovens, poderá decretar o isolamento e a separação entre os mais velhos e os mais novos.
    O ideal é que os jovens se misturem com os mais experientes nas atividades da casa espíritas.
   Somente nas reuniões de Mocidade é que poderá predominar o sangue jovem, mesmo assim, indispensável haver por perto alguém por perto que ame muito os jovens, e que por sua vez, seja muito amado por eles, a fim de ser o ponto de ligação fraterna, amiga e boa entre a direção e a juventude.
    As reuniões específicas de Mocidade nos Centros Espíritas são um grande núcleo aglutinador da atenção, interesse e força jovem, constituindo-se num valioso estágio de estudo e aprendizado das Obras de Allan Kardec, esclarecendo a inteligência e iluminando o sentimento, afim de que, mais tarde,possa trabalhar a casa espírita, demonstrando segurança, sinceridade, amadurecimento, convicção e abnegação pela causa do Bem e do Progresso da Humanidade.
   O jovem espírita que começa mais cedo,  o seu esforço do conhecimento da Doutrina Espírita, sua transformação moral, sua reforma íntima e trabalho de amor desinteressado no bem do próximo renova o seu destino mai cedo, pois aproveita melhor o tempo da existência humana e adquire maiores valores de mérito e proteção espiritual, aliviando as dívidas cármicas e aprimorando-se mais rápido.
    Se os pais dedicarem mais cuidado e zelo à posição espiritual dos filhos e os dirigentes espíritas não desprezarem a participação atuante dos jovens, poderemos estar certos de que a juventude brasileira caminhará nos trilhos da educação cristã.


Aprendendo Amando e Servindo - Cap XII




sábado, 23 de fevereiro de 2013

0 VENENO DA TRAIÇÃO



“Todo aquele que repudia sua mulher e casa com outra, comete adultério; e quem casa com a que foi repudiada pelo marido, também comete adultério.” (Mateus 5:32)
 
A traição foi motivo de muitos escândalos em todas as épocas da humanidade, não somente a traição no campo do sentimento, mas nos negócios, nas amizades, nos ideais em todos os aspectos humanos. Trair, seja a confiança, um relacionamento, uma amizade, sempre deixa marcas profundas, sequelas difíceis de apagarem das lembranças; só nos ofendemos por aqueles a quem realmente amamos e que por uma ocasião tenha nos ferido.

O termo traição pode ser entendido como deslealdade, desapontamento da expectativa de alguém; é desvendar os segredos de outrem, entregar um amigo aos seus inimigos; distanciamento; é também decepcionar um amigo, além de ser contada como engano e infidelidade, perfídia, desonestidade. A traição é baseada na mentira. É um dos piores, senão o pior golpe que alguém pode receber de um amigo ou de uma pessoa que se considera ou que se ama.

Há personagens que simbolizam tal atitude, o traidor Joaquim Silvério dos Reis, que entregou Tiradentes, o Alferes mártir do movimento separatista da Inconfidência Mineira, aos seus julgadores e executores, os representantes da Coroa Portuguesa. Por razões políticas, Joana D'Arc foi traída por companheiros franceses. Aprisionada, foi acusada pelos ingleses de heresia e bruxaria, para depois ser condenada por um tribunal da Igreja e queimada viva em Ruão em 1431.

Antes da publicação do “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec é orientado pelo Espírito de Verdade. Ele diz no livro “Obras Póstumas” que: “a missão dos reformadores é cheia de escolhos e perigos; a tua é rude; previno-te, porque é ao mundo inteiro que se trata de agitar e de transformar. Não creias que te seja suficiente publicar um livro, dois livros, dez livros, e ficares tranquilamente em tua casa; não, é preciso te mostrares no conflito; contra ti se açularão terríveis ódios, implacáveis inimigos tramarão a tua perda; estarás exposto à calúnia, à traição, mesmo daqueles que te parecerão mais dedicados; as tuas melhores instruções serão impugnadas e desnaturadas; sucumbirás mais de uma vez ao peso da fadiga; em uma palavra, é uma luta quase constante que terás de sustentar com o sacrifício do teu repouso, da tua tranquilidade, da tua saúde e mesmo da tua vida, porque tu não viverás muito tempo”.

Allan Kardec então escreve uma nota, no dia 1° de janeiro de 1867, dizendo que: “Passados dez anos e meio depois que esta comunicação me foi dada, e verifico que ela se realizou em todos os pontos, porque experimentei todas as vicissitudes que nela me foram anunciadas. Tenho sido alvo do ódio de implacáveis inimigos, da injúria, da calúnia, da inveja e do ciúme; têm sido publicados contra mim infames libelos; as minhas melhores instruções têm sido desnaturadas; tenho sido traído por aqueles em quem depositara confiança, e pago com a ingratidão por aqueles a quem tinha prestado serviços. A Sociedade de Paris tem sido um contínuo foco de intrigas, urdidas por aqueles que se diziam a meu favor, e que, mostrando-se amáveis em minha presença, me detratavam na ausência. Disseram que aqueles que adotavam o meu partido eram assalariados por mim com o dinheiro que eu arrecadava do Espiritismo. Não mais tenho conhecido o repouso; mais de uma vez, sucumbi; sob o excesso do trabalho, tem-se-me alterado a saúde e comprometido a vida”.

O discípulo Judas Iscariotes entregou o Cristo aos seus inimigos, os sacerdotes hebreus, com um beijo em sua face, ele é preso pelos romanos. É considerado culpado de sacrilégio pelo sumo sacerdote e entregue ao aparelho judicial romano, na pessoa de Pôncio Pilatos. Jesus é condenado, como se fosse um vulgar criminoso, à morte na cruz.

No momento mais difícil da vida do Mestre, Pedro sequer admite que havia convivido com ele, negando por três vezes. Judas, por sua vez, aproveita-se da proximidade de Jesus para denunciá-lo de modo mais eficaz e seguro. Se analisarmos bem, ambos são traidores porque traíram o Mestre, suas atitudes até podem ser explicadas, Pedro estava com medo e inseguro, sentindo-se fragilizado e inútil diante da prisão de Jesus, Judas enganou-se completamente sobre a mensagem do Mestre e por sua ação pacífica e mansa, esperando mais um líder político e belicoso, como o rei Davi.

Pedro e Judas eram seguidores do Mestre, indivíduos que foram escolhidos por ele para ajudar na divulgação da Boa Nova, exemplificando através das ações altruístas e pela conduta reta divulgando a mensagem libertadora e transformadora do Cristo. Muito mais do que apóstolos eram seus amigos, sujeitos que compartilhavam na sua mais profunda intimidade.

Todos nós invariavelmente possuímos imperfeições e fraquezas humanas e temos que entender os erros dos outros, porque podemos passar pela mesma situação. Podemos errar pelos mais diversos motivos, o que torna compreensíveis os erros, mas isso não altera e nem justifica a realidade gerada por uma ação errada.

No entanto, aquele que comete este ato tão condenável que é traição, por si só, já se condenou, pois o sofrimento, o abandono, a discriminação e o escândalo do ato são, às vezes, muito piores, gerando uma prisão íntima que é alimentada pelo remorso e pela própria consciência. Quando não vem, a “dor moral” que custa muito a passar. Às vezes doendo muito mais em quem cometeu o ato, do que na própria vítima. O algoz pelo erro se condena e se julga por duas vezes, por si mesmo e pelo outro.

O arrependimento e a culpa frequentemente são tão dolorosos processos que martelam nossos pensamentos; pelo relato de Mateus, não foi Jesus quem sofreu, mas Pedro e Judas é que sentiram o forte impacto do erro que cometeram. Porque o Mestre sabia o peso da reação perante as duas consciências, Jesus lhes perdoou.

Contudo, é evidente a diferença no modo como os dois lidaram com o erro que cometeram e com o remorso e o sentimento de culpa que sentiram. Judas não aguentou a pressão e suicidou-se, já Pedro tornou-se um grande líder da comunidade cristã. Judas infelizmente não suportou a força do próprio erro e caiu nas malhas da autodestruição, enquanto Pedro foi capaz de superá-lo e ir adiante.

Judas simboliza uma maneira destrutiva e pessimista de encarar as próprias faltas e imperfeições, enquanto Pedro mostra um modo mais altruísta de reagir.
A diferença entre os dois é que Judas não foi capaz de perdoar a si mesmo, de encontrar forças para ter esperança e coragem de seguir adiante, buscando no suicídio uma alternativa para fugir de suas falhas, gerando pelo ato mais dor e sofrimento.

O perdão é uma força libertadora e regeneradora, na medida em que nos dá uma oportunidade de tentarmos de novo e melhorar sempre. Rejeitar a si mesmo é negar a reabilitação íntima, é jogar fora a possibilidade de uma nova oportunidade de ser feliz e fazer diferente, é abandonar os sonhos, a esperança, é desperdiçar aquilo que temos de mais precioso: a vida que o criador nos deu, e isso já é, por si mesmo, uma punição estrondosa. Judas é um pouco de todos nós. Sua figura, por todo desespero e angústia que sofreu, não merece malhação, merece compaixão e compreensão.

São experiências dolorosas que nos pedem reconciliação com a nossa consciência e com aqueles que ferimos; nada pior do que lesar o outro no campo do sentimento; é uma das lições mais complexas de serem superadas, muitas vezes são décadas para se reconstruir um relacionamento rompido pelas marcas da traição, outras vezes são inúmeras reencarnações para se acertar os desatinos ocorridos no passado. A instituição chamada família sempre é o palco destes resgates, maridos e esposas, filhos e pais vão polindo as arestas e desfazendo as diferenças criadas em muitas existências pregressas.

As atitudes de uma pessoa estão diretamente ligadas à sua condição moral e evolutiva, a vida terrena gera as situações onde precisamos nos corrigir, surgindo de forma natural em consequência da nossa conduta, vítimas e algozes se encontrão e aí caberá a cada um lutar ou recair no mesmo erro.

A traição provém de vários fatores que levam para este ato: questões culturais, carências, insatisfação em relação a desejos e expectativas com o (a) parceiro (a), vingança, a busca pelo novo, o estímulo provocado pela sensação de perigo, ou mesmo de poder.

O ato de trair não precisa necessariamente consumar o ato sexual. Não compartilhar mais as regras de fidelidade com o parceiro já pode ser encarado como traição. Uma terceira pessoa presente nos pensamentos é uma traição. Cobiçar a mulher ou o homem alheio é uma forma de adultério, como nos orienta Mateus “Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Como tratou Jesus a mulher adúltera?” (5:27-28).

Todo pensamento, palavra e ação que tomamos têm na sua consequência uma direção psíquica voltada para nós mesmos, porque todo pensamento é vida, com isso, tudo aquilo que projetamos retorna à sua origem, iniciando um tipo de comportamento condizente com aquilo que pensamos. Devemos ser responsáveis pelos nossos pensamentos e entender que podemos contribuir com os nossos mais íntimos desejos com a infelicidade ou a felicidade do outro.

Tudo começa no pensamento, Jesus fala da força do pensamento, considerando-o como algo concreto e real. Entendemos que tudo o que sai da mente como pensamento, sentimento, palavra e finalização da ação, retorna na mesma intensidade, pois projetamos os nossos desejos, sonhos e toda vontade, direcionando nossa fé, crenças e os nossos verdadeiros tesouros. Fé não é apenas algo relacionado ao divino, fé é tudo aquilo que você acredita, seja por temor ou amor.


REVISTA O CONSOLADOR Nº 122


 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

SEM PERDÃO NÃO HÁ SAIDA


Jamais haverá paz no mundo se vivermos odiando e alimentando o desejo de vingança.

 Se queremos de fato a paz, é preciso eliminar esses sentimentos inferiores, usando o perdão em qualquer circunstância.

Eis a razão pela qual o Benfeitor Espiritual Emmanuel diz que o perdão não se adquire nos armazéns, pois, na essência, o perdão é uma luz que se irradia, começando por nós mesmos. 

Mas, para irradiarmos essa luz, precisamos sair da “tolerância zero” para a “tolerância máxima”, recomendada e vivida por Jesus. 

Somente perdoando de maneira incondicional aos nossos inimigos, é que poderemos promover definitivamente a paz na Terra.

Na realidade, o mundo hoje passa por uma crise de intolerância devido à falta de perdão.

Segundo Emmanuel, que foi o guia espiritual de Chico Xavier, o perdão é o único antibiótico mental capaz de acabar com as infecções do ressentimento no organismo do mundo.

 Como é sabido,  a falta de perdão também tem sido a causa de inúmeras doenças físicas e mentais, tornando-se um dos males do mundo moderno. 

É bem verdade que nós continuamos clamando por paz, diante de tanta violência que vem ensanguentando a Terra. 

No entanto, se não resolvermos essa crise de intolerância, Emmanuel preconiza que a nossa agressividade acabará expulsando a civilização dos cenários terrestres.

 Porém, para que tal situação não ocorra, aconselhou-nos Jesus que perdoemos os que nos ofendam setenta vezes sete cada ofensa, ou seja, infinitamente.

 Neste sentido, deu-nos o exemplo no alto da cruz, rogando para os seus algozes: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Perdão, pelo visto, é a base fundamental para construirmos um mundo de paz. 

Por isso, é preciso abolir a pena de talião, que prescreve o direito de arrancarmos o olho de alguém que tenha arrancado o nosso.

Eis por que Gandhi chegou à conclusão de que, se continuarmos praticando a lei do “olho por olho”, todos terminaremos cegos.

Sem o perdão, continuaremos alimentando o círculo vicioso do ódio e da vingança.

 Perdoar, enfim, é a única saída para a paz!

Gerson Simões Monteiro - O consolador

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

OBSTÁCULOS E RESULTADOS



A compassividade de Deus, através de suas leis justas e perfeitas, conhece por antecipação todas as nossas necessidades e da mesma forma os nossos méritos muito melhor do que nós mesmos.
As benesses de Deus são entregues de igual modo para todos. A sua bondade e misericórdia usam de um só e justo critério de distribuição para todos.
Acontece, porém, que a Lei do Merecimento, que regula essa distribuição, determina que cada um receba de conformidade com a sua capacidade, pois ela se regulamenta pelas ações individualizadas. 
Assim sendo, compreendemos que cada um de nós está possuindo aquilo que precisa ter e passando exatamente por aquilo que deve passar. Isso porque Deus não erra, não castiga e não persegue. “A cada um segundo suas obras”, ensinou Jesus.
É natural desejarmos e lutarmos por soluções através de benefícios de ordem espiritual que venham alterar o quadro de nossas necessidades e sofrimentos. Entretanto, se nos dedicarmos ao estudo sério do Espiritismo, que ajuda o nosso entendimento a respeito da justiça divina, compreenderemos que não há como conseguir isso através de ações milagrosas e nem com urgência. A lei divina que é imutável não vai alterar seu curso só porque estamos com pressa.
Será natural então aceitarmos a ideia de que teremos que construir o nosso próprio crédito espiritual, alterando assim o nosso merecimento.
O Espiritismo, na qualidade da Terceira Revelação dada ao homem, nos ajuda nesta parte; primeiro a descobrir qual o problema que está causando as dificuldades por que passamos e depois orienta-nos como agir, do que carecemos e o que nos é possível fazer no encontro da solução adequada.
O homem comum, aquele que ainda não despertou o interesse por questões a respeito da vida espiritual, encontra muitas dificuldades para esse despertamento consciencial. Felizes são os que venham a se interessar pelos estudos espíritas, pois passam a compreender que primeiro é necessário identificar nossa realidade intima, o que somos, e, a seguir, aceitar as alterações a serem processadas em nossa vida, pondo as mãos no arado para as mudanças que precisam ser feitas.
É importante ficarmos alertas para com as companhias espirituais que nos cercam por afinidade, pois, segundo André Luiz, existe o “Hálito Mental”, o reflexo do que pensamos e sentimos, através do qual somos identificados pelo mundo espiritual. Nosso esforço em melhorar implica na troca desses companheiros espirituais. Essa é a Lei de Deus, lei do merecimento.
Para essa tarefa, comecemos por trabalhar o nosso egoísmo, pois de todas as imperfeições humanas é a mais difícil de ser extirpada, porque se liga à influência da matéria, da qual o homem é ainda escravo, por estar muito perto de sua origem, e ter dificuldade dela se libertar.
A boa vontade é instrumento indispensável para que comecemos a mudar o falso modo de encarar as coisas e interpretar a vida, usando o bom senso na própria avaliação. Em verdade somos responsáveis pelo nosso comportamento, por sermos pessoas adultas e agora conscientes de onde viemos, o que estamos fazendo e para iremos depois que a morte nos levar daqui. Assim devemos controlar nossas ideias, rejeitando os pensamentos inferiores e perturbadores, estimulando as tendências boas e repelindo as más.
Tomemos conta de nós. Deus nos concedeu o livre-arbítrio para essa finalidade. Aprendamos a controlar em todos os instantes e em todas as circunstâncias o nosso poder e veremos que ele é maior do que pensamos. 
Quase sempre encaramos as pessoas de modo desconfiado, indiferente, principalmente aquelas que são de nossa intimidade imediata, o que denota desrespeito e desamor. Procuremos mudar essa maneira de agir, colocando atenção pelos outros. Exercitemos estes conceitos e verificaremos os resultados positivos advindos daí.
Tudo isso é muito importante se colocado em prática nos dias de nossa vida. Estaremos criando em torno de nós a empatia e o afeto daqueles com quem convivemos e assim iremos ganhando bônus espirituais que muito nos ajudarão na obtenção dos resultados possíveis de alcançar na presente existência terrena. Será, sem dúvida, um passo a mais na nossa caminhada.


Este artigo foi editado e organizado por RODRIGUES FERREIRA - o CONSOLADOR