Riso
e pranto
“A
felicidade é sempre um misto de riso e pranto, até a nossa união integral na
Vida Maior.”
Com
essa frase procedente de Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier,
podemos compreender que, de fato, a Terra não é aquela estação de
aperfeiçoamento capaz de nos oferecer riso e alegria, durante o período
integral em que estivermos compromissados com a missão abraçada por imposição
da Grande Lei de Causa e Efeito.
Se
o curso da existência for demasiado longo, maior será esse misto de forças
opostas se contrapondo durante todo o período; ora de um lado, ora de outro,
como a frase bem a define:
de
um momento a alegria, que cada qual a usufrui ao seu jeito; de outro, a
tristeza, que às vezes mergulha fundo na alma, transtornando a vida e
perturbando o Espírito.
As
trevas, que chegamos mesmo a compreender que se acham distantes em certos dias,
vemo-las com seus tentáculos a nos envolver com a espessa cortina da
indiferença, resultando numa momentânea perda de equilíbrio em nossos
pensamentos e atos.
E
é justamente nesse campo que atuam as forças invisíveis e contrárias à nossa
felicidade, pois com essa presença indesejada vemos contrariar e, às vezes,
naufragar os nossos planos, preparados e construídos ao longo do tempo e
organizados com muito sacrifício.
Reconhecidamente,
na condição de espíritas, temos o entendimento natural para esses quadros
dolorosos.
É aí que a Grande Lei executa os planos
traçados para a existência individual ou coletiva.
Por
isso mesmo é que a espiritualidade também afirma que a felicidade não é deste
mundo.
Para
nós, que temos a visão limitada, sabemos o que é felicidade, mas sabemos da
felicidade que se pode alcançar na Terra, nada mais além desse alcance
singular.
Não
é possível achar falta de algo que não se conhece, podemos, isso sim, imaginar
situações diferentes e que consideramos especiais, como por exemplo, uma vida,
quando feliz, não poderia nunca ser simplesmente desfeita. A morte, outra
situação, além de subtrair um ente amado no seio da família, deixa eterna
cicatriz no espírito e no coração e que assim permanecerá enquanto encontrar-se
no chão terreno, aguardando pelo seu momento derradeiro.
E
foi nesse dia, quando um amigo, que aqui identifico como Antônio Monteiro,
chamado de ‘Toninho’ pelos que lhe são próximos, ao ser convidado para o
fechamento da reunião mediúnica a que estávamos participando, abordou o assunto
referente à frase que inicia este texto e que estava estampada na tela onde são
projetadas mensagens sobre a Doutrina.
Tomando
a palavra, disse que nossa vida na Terra é razoável, em face da presença do bem
e do mal que caminham simultaneamente ao lado de cada um.
Lembrou
que a dificuldade atual de comparecer para uma visita a familiares ou mesmo a
pessoa doente limita-se a contatos pelas vias disponíveis.
Através
do computador, hoje, se felicita alguém, transmite-lhe um abraço, um beijo
etc...
Enfim,
esse é o momento que estamos vivenciando.
Tudo
ou quase tudo é feito pela máquina que, pela sua fria condição mecânica,
eletrônica ou digital, não oferece nada mais, além de executar uma
possibilidade virtual na intenção.
E
pergunta:
“O
aparelho tem sentimento?
Tem
amor?
Você
poderá, por esse equipamento, fazer com que chegue à pessoa amada, por exemplo,
o seu abraço?
Poderá
dar-lhe um beijo?
Fazer com que seu sentimento seja registrado,
de fato?
Claro
que não. Isso ainda não é possível.
E
é uma verdade.
É
por isso que, a cada dia, mais distantes nos tornamos do nosso próximo. O
tempo, que sempre julgamos escasso, sempre será o repositório da culpa que
lançamos mão para justificar um comportamento ausente e falho. Também assim
agimos em relação à oração. Como sempre o tempo está curto e a pressa é
presença constante e a cada dia que passa nos damos conta de que estamos na
condição de devedor, também neste campo.
Sendo
assim, para que o riso ou o bem-estar faça parte da vida e o pranto ou o
arrependimento, por consequência, sejam mantidos afastados, mudemos ou
aperfeiçoemos nossos atos e atitudes frente às necessidades verdadeiras da vida
que se relacionam com os nossos próximos e menos próximos, e igualmente as que
estão vinculadas com nosso Criador, Senhor da Vida e dos Mundos, a quem devemos
tudo o que somos e que temos”.
VLADIMIR
POLÍZIO