quarta-feira, 23 de setembro de 2015

                                          Riso e pranto

“A felicidade é sempre um misto de riso e pranto, até a nossa união integral na Vida Maior.”
Com essa frase procedente de Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, podemos compreender que, de fato, a Terra não é aquela estação de aperfeiçoamento capaz de nos oferecer riso e alegria, durante o período integral em que estivermos compromissados com a missão abraçada por imposição da Grande Lei de Causa e Efeito.
Se o curso da existência for demasiado longo, maior será esse misto de forças opostas se contrapondo durante todo o período; ora de um lado, ora de outro, como a frase bem a define:
de um momento a alegria, que cada qual a usufrui ao seu jeito; de outro, a tristeza, que às vezes mergulha fundo na alma, transtornando a vida e perturbando o Espírito.
As trevas, que chegamos mesmo a compreender que se acham distantes em certos dias, vemo-las com seus tentáculos a nos envolver com a espessa cortina da indiferença, resultando numa momentânea perda de equilíbrio em nossos pensamentos e atos.
E é justamente nesse campo que atuam as forças invisíveis e contrárias à nossa felicidade, pois com essa presença indesejada vemos contrariar e, às vezes, naufragar os nossos planos, preparados e construídos ao longo do tempo e organizados com muito sacrifício.
Reconhecidamente, na condição de espíritas, temos o entendimento natural para esses quadros dolorosos.
 É aí que a Grande Lei executa os planos traçados para a existência individual ou coletiva.
Por isso mesmo é que a espiritualidade também afirma que a felicidade não é deste mundo.
Para nós, que temos a visão limitada, sabemos o que é felicidade, mas sabemos da felicidade que se pode alcançar na Terra, nada mais além desse alcance singular.
Não é possível achar falta de algo que não se conhece, podemos, isso sim, imaginar situações diferentes e que consideramos especiais, como por exemplo, uma vida, quando feliz, não poderia nunca ser simplesmente desfeita. A morte, outra situação, além de subtrair um ente amado no seio da família, deixa eterna cicatriz no espírito e no coração e que assim permanecerá enquanto encontrar-se no chão terreno, aguardando pelo seu momento derradeiro.
E foi nesse dia, quando um amigo, que aqui identifico como Antônio Monteiro, chamado de ‘Toninho’ pelos que lhe são próximos, ao ser convidado para o fechamento da reunião mediúnica a que estávamos participando, abordou o assunto referente à frase que inicia este texto e que estava estampada na tela onde são projetadas mensagens sobre a Doutrina.
Tomando a palavra, disse que nossa vida na Terra é razoável, em face da presença do bem e do mal que caminham simultaneamente ao lado de cada um.
Lembrou que a dificuldade atual de comparecer para uma visita a familiares ou mesmo a pessoa doente limita-se a contatos pelas vias disponíveis.
Através do computador, hoje, se felicita alguém, transmite-lhe um abraço, um beijo etc...
Enfim, esse é o momento que estamos vivenciando.
Tudo ou quase tudo é feito pela máquina que, pela sua fria condição mecânica, eletrônica ou digital, não oferece nada mais, além de executar uma possibilidade virtual na intenção.
E pergunta:
“O aparelho tem sentimento?
Tem amor?
Você poderá, por esse equipamento, fazer com que chegue à pessoa amada, por exemplo, o seu abraço?
Poderá dar-lhe um beijo?
 Fazer com que seu sentimento seja registrado, de fato?
Claro que não. Isso ainda não é possível.

E é uma verdade.

É por isso que, a cada dia, mais distantes nos tornamos do nosso próximo. O tempo, que sempre julgamos escasso, sempre será o repositório da culpa que lançamos mão para justificar um comportamento ausente e falho. Também assim agimos em relação à oração. Como sempre o tempo está curto e a pressa é presença constante e a cada dia que passa nos damos conta de que estamos na condição de devedor, também neste campo.

Sendo assim, para que o riso ou o bem-estar faça parte da vida e o pranto ou o arrependimento, por consequência, sejam mantidos afastados, mudemos ou aperfeiçoemos nossos atos e atitudes frente às necessidades verdadeiras da vida que se relacionam com os nossos próximos e menos próximos, e igualmente as que estão vinculadas com nosso Criador, Senhor da Vida e dos Mundos, a quem devemos tudo o que somos e que temos”.

VLADIMIR POLÍZIO