Espiritismo e política
Quando me perguntam como ficamos os espíritas na hora das
eleições, respondo o que qualquer espírita responderia:
o espírita continua
procurando seguir os ensinos e os exemplos de Jesus quando declarou o famoso
texto, lá em O Novo Testamento:
Dai a César o que é de César e a Deus o que é
de Deus;
isto porque alguns fariseus o testavam na questão dos impostos que o
povo deveria pagar a Roma e mesmo ao reizinho Herodes.
E na hora de pagar
impostos, ninguém deve ficar contente em tirar do bolso dinheiro que nem sempre
será revertido para o bem-estar do povo em geral.
Antes de ser espírita, sou um cidadão e, como cidadão, voto
neste ou naquele candidato que, a meu ver, não me trairá nem trairá quem mais
lhe tenha dado o voto.
Caso eu mesmo tivesse tendência para exercer cargos
eletivos, como cidadão poderia fazê-lo tornando-me candidato por um partido que
mais se afinasse com as minhas opiniões de espírita.
Assim procedendo, estaria dando (como de fato tenho dado) o
que é de César, o que é do mundo em que estou de passagem num corpo de mais
ossos do que carne (45 kg para 1,65m de altura).
Relativamente à parte de Deus, penso que assim eu a ela
atendo na medida em que procuro viver, como posso, outro ensino de Jesus quando
declarou a síntese do amar a Deus sobre todas as coisas e ao meu semelhante, ao
meu próximo, inclusive dentro do meu lar e mesmo em relação aos que se dizem
meus possíveis inimigos, como acho que a mim mesmo eu me amo.
É possível que esteja agindo errado, mas é assim que tenho
buscado viver e me retificaria se agora, já, alguém mais experiente e de boa
vontade me esclarecesse o assunto.
Desde já agradeço de coração, pois quero
errar menos...
Agora um ponto é pacífico entre nós, os espíritas: o
espírita vota e pode ser votado, se for o caso de ele postular um cargo
eletivo, como a Lei permite.
O espírita tem o seu livre-arbítrio para votar em
quem quiser. O Centro Espírita não indica este ou aquele candidato, este ou
aquele partido.
Isto fica por conta do cidadão espírita. Da mesma forma, a
tribuna espírita jamais será usada para propaganda política.
Não é da mesa de
uma palestra que alguém irá proferir um discurso em favor ou contrário a A, a B
ou a C.
Não é a tribuna espírita um palanque eleitoral. Isso se chama
político-partidária, o que não há no meio espírita...
Podemos até na vivência espírita discutirmos a política como
discutimos a reencarnação, a mediunidade, o abortamento criminoso, os
transgênicos, a situação dos sem-terra, a estupidez da guerra.
Sim, podemos e
devemos discutir estes temas, claro que em alto nível, quer dizer, com educação
e fraternidade. Mas a isto o nome certo é política como aquela arte, aquela
ciência de administrar.
Não discutimos político-partidária.
Isto foge do âmbito
do meio espírita.
Por isso mesmo nenhum candidato poderá dizer-se indicado
pelos espíritas porque esta indicação jamais partirá de um Centro ou do meio
espírita.
CELSO MARTINS – O consolador