COMO OS ANIMAIS DIZEM "EU TE MO"
Matéria de minha autoria publicada no Jornal Espírita de julho
de 1989, intitulada
“Veja como os animais dizem ‘te amo’”,
recorre a um dos
números da revista Superinteressante, da Editora Abril, onde
encontrei a matéria
“Assim os animais dizem “‘te amo’”,
que mostra que eles
costumam misturar ternura e agressividade em seu relacionamento amoroso, pois a
Natureza os faz assim, para garantir que as espécies se reproduzam e
sobrevivam.
São fantásticos os truques de sedução entre eles, que os obrigam a
estranhos rituais, marcados por lutas de vida e morte.
Nessa luta, o amor e o ódio se tocam.
No jogo amoroso de um
casal de rinocerontes, por exemplo, machos e fêmeas dão-se
encontrões violentos, como se estivessem fazendo guerra e não um simples
momento de amor.
Já os tigres, para chegarem ao acasalamento, o macho precisa
de grande paciência para acalmar a fêmea, que rosna, negaceia e
dá-lhe patadas.
Uma vez consumada a fecundação, ele precisará fugir
rapidamente, pois a companheira tem uma única vontade: matá-lo.
Com as aranhas o romance pode ter um final trágico se o
macho, geralmente menor e mais fraco, não tomar cuidado de se apresentar à sua
escolhida com um presente, um petisco, para saciar-lhe a fome.
Os
pica-paus machos também dão presentes às fêmeas para apaziguarem possíveis
desentendimentos.
Já as rãs são românticas e sexualmente liberadas, bastando ao
macho manifestar seu desejo, coaxando de forma especial.
Se a resposta vier no
mesmo tom, é sinal verde para ele, que precisará arranjar um companheiro, pois
os encontros amorosos da espécie são sempre coletivos, isto é:
são necessários
dois machos para pressionar o ventre da fêmea e ajudá-la a expulsar os ovos que
serão fecundados.
O leão disputa a namorada com outros machos, a
mordidas e patadas.
Como os humanos – Como acontece com a espécie
humana, não é fácil a vida de um macho conquistador, na espécie
animal.
Ele tem que ser corajoso fisicamente e dono de grande imaginação.
Para
chegar ao acasalamento, precisa passar por provas complicadas.
É obrigado a
cantar de forma especial, exibir plumagens elegantes, perfumes sedutores e
praticar uma série de gestos que pareceriam ridículos em outras situações.
Além disso, precisa enfrentar batalhas de vida ou morte com
outros machos interessados na mesma namorada, naquela que se constitui a sua
paixão, que é a sua eleita.
Em resumo:
o traço característico do amor entre os
animais é a agressividade, que tem profunda significação, pois se destina a
proteger um território onde apenas um macho deve reinar.
Um macho forte, para
que se reproduzam filhos igualmente fortes.
É também preciso ser forte para proteger as fêmeas e as
crias, que não podem ser confundidas com as crias de outro casal.
Os leões são
assim; são bravos e mal-humorados com os estranhos e fazem tudo para defender o
seu território.
Essa agressividade tem que ter um controle, para que não leve a
espécie ao extermínio.
Assim, a Natureza dota os animais de bloqueios, para
evitar que sua disposição para a luta não ultrapasse os limites da
conveniência.
Finalmente, a forma de vida das espécies está relacionada com a
agressividade de seus membros: se os machos são pacíficos, formarão colônias;
se é agressivo, forma um harém.
E se a agressividade parte de ambos,
formarão um par capaz de manter longa união monogâmica.
A evolução do sentimento
– No poema A
Criação Divina, ditado por Castro Alves e recebido pelo médium Jorge
Rizzini, há uma estrofe onde o poeta diz: “... E nele estava presente / O
Princípio Inteligente, / - E a Vida, em forma latente, / Esperava atividade!.”
Nas estrofes seguintes, Castro Alves
diz que esse Princípio ativo, com o fluido universal,
gera o simples vegetal e a vida explode nos mundos.
E diz Deus
onipresente ao Princípio da matéria:
“- Evoluir! És bactéria no
charco e mares profundos!”
O ser unicelular desenvolve seu psiquismo e, nos ambientes
vários, já não são protozoários, mas ativos operários com diferente
organismo.
O Princípio Inteligente, com a Lei da Reencarnação, sofre
mutação. Cresce nas águas, no solo, evolui nos campos, erra, é animal feroz na
guerra.
E sob o influxo das Leis Divinas, surge o homem da Caverna. Ilumina-se
a Razão!
A evolução se faz lentamente, através dos milênios.
No
capítulo “Palavra e responsabilidade”, do livro Evolução em
dois Mundos, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira, André Luiz diz:
“... Contudo, à medida que se lhe acentuava
a evolução, a consciência fragmentária investia-se na posse de mais amplos
recursos.
O lobo grita pelos companheiros na sombra noturna;
o gato
encolerizado mostra fúria característica, miando raivosamente;
o cavalo
relincha de maneira particular, expressando alegria ou contrariedade;
a galinha
emite interjeições adequadas para anunciar a postura, acomodar a prole,
alimentar os pintinhos ou rogar socorro quando assustada,
e o cão é quase
humano, em seus gestos de contentamento e em seus gemidos de dor.
Assim, a
evolução atinge os alicerces da Humanidade”.
O mesmo André Luiz, no livro No Mundo Maior, psicografado
por Chico Xavier, diz: “...
Não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno
de um paraíso de papelão.
Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos,
conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio e milênio.
Não
há favoritismo no Templo Universal do Eterno, e todas as forças da Criação
aperfeiçoam-se no Infinito.
A crisálida da consciência, que reside no cristal e
rola na corrente do rio, aí se encontra em processo liberatório;
as árvores que
por vezes se aprumam centenas de anos, a suportar os golpes do Inverno e
acalentadas pelas carícias da Primavera, estão conquistando a memória;
a fêmea
do tigre lambendo os filhinhos recém-natos aprende rudimentos do amor; o símio,
guinchando, organiza a faculdade da palavra”.
Na senda da ascensão (Emmanuel, psicografia de
Chico Xavier):
O animal caminha para a condição do homem, tanto quanto o
homem evolui no encalço do anjo.
No reino animal, a consciência, à feição da
crisálida, movimenta-se em todos os tons do instinto, no rumo da inteligência.
No reino hominal, a consciência nascida avança em todos os
aspectos da inteligência, objetivando a conquista da razão sublimada pelo
discernimento.
E no reino angélico essa mesma consciência, em múltiplas
expressões de sabedoria e de amor, segue, vitoriosa, para a perfeita
santificação, comungando a Perfeita Felicidade do Pai Celestial.
No campo das formas efêmeras, cada ser, portanto, pode
residir à parte, na elaboração dos próprios valores que o erguerão aos
níveis mais altos da vida, entretanto, no mundo das essências, as irmanará com
o Todo da Criação, crescendo para a Unidade Cósmica – porto divino a
esperar-nos sem distinção – de modo a investir-nos, um dia, na posse da celeste
herança que nos é reservada.