DESENCARNAÇÃO
TEREZINHA
DE OLIVEIRA
DEFINIÇÃO: Desencarnação é o processo pelo qual o espírito se desprende do
corpo, em virtude da cessação da vida orgânica e, conservando o seu
perispírito, volta à vida espírita.
SEPARAÇÃO DA ALMA DO CORPO: O desprendimento do perispírito em relação ao
corpo:
a)
Opera-se
gradativamente, pois os laços fluídicos que o ligam ao corpo não se
quebram, mas se desatam.
b)
O cérebro é o último ponto a
se desligar.
No
instante da agonia, quando esse desligamento está se processando, o
desencarnante costuma ter uma visão panorâmica, rápida e resumida, mas
viva e fiel, dos pontos principais da existência terrena que está
findando (chegando ao fim).
Logo após a desencarnação, o espírito entra em um estado
de perturbação espiritual. Como estava acostumado às impressões dos órgãos dos
sentidos físicos, fica confuso, como quem desperta de um longo sono e ainda não
se habituou, de novo, ao ambiente onde se encontra. A lucidez das idéias e a
lembrança do passado irão voltando, à medida que se desfaz a influência da
matéria.
O QUE INFLUI NO PROCESSO DE
DESENCARNAÇÃO: O processo todo da
desencarnação e reintegração à vida espírita dependerá:
a) Das circunstâncias da morte do
corpo. Nas mortes por velhice, a
carga vital foi se esgotando pouco a pouco e, por isso, o desligamento tende a
ser natural e fácil e o espírito poderá superar logo a fase de perturbação. Nas
mortes por doença prolongada, o processo
de desligamento também é feito pouco a pouco, com o esgotamento paulatino da
vitalidade orgânica, e o espírito vai se preparando psicologicamente para a
desencarnação e se ambientando com o mundo espiritual que, às vezes, até começa
a entrever, porque percepções estão transcendendo ao corpo. Nas mortes
repentinas ou violentas (acidentes, desastres, assassinatos, suicídios,
etc.) o desatar dos laços que ligam o espírito ao corpo é brusco e o espírito
pode sofrer com isso, e a perturbação tende a ser maior. Em casos excepcionais
(como o de alguns suicidas), o espírito poderá (não é regra geral) sentir-se por
algum tempo, "preso" ao corpo que se decompõe, o que lhe causará dolorosas
impressões.
b)
Do grau de evolução do espírito
desencarnante. De modo geral, quanto mais espiritualizado o desencarnante,
mais facilmente consegue desvencilhar-se do corpo físico já sem vida. Quanto
mais material e sensual, apegada aos sentidos físicos, tiver sido sua
existência, mais difícil e demorado é o desprendimento. Para o espírito
evoluído, a perturbação natural por se sentir desencarnado é menos demorada e
causa menos sofrimento. Quase que imediatamente ele reconhece sua situação,
porque, de certa forma, já vinha se libertando da matéria antes mesmo de cessar
a vida orgânica (vivia mais pelo e para o espírito). Logo retoma a
consciência de si mesmo, percebe o ambiente em que se encontra e vê os espíritos
ao seu redor. Para o espírito pouco evoluído, apegado à matéria, sem cultivo das
suas faculdades espirituais, a perturbação é difícil, demorada, sendo
acompanhada de ansiedade, angústia, e podendo durar dias, meses e até anos. O
conhecimento do Espiritismo ajuda muito o espírito na desencarnação, porque não
desconhecerá o que se está passando e poderá favorecer o processo, sem se
angustiar desnecessariamente e procurando recuperar-se mais rápido
da natural perturbação. Entretanto, a prática do bem e a consciência pura é que
pode assegurar um despertar pacífico no plano espiritual.
A AJUDA ESPIRITUAL: A bondade divina, que sempre prevê e provê o que
precisamos, também não nos falta na desencarnação. Por toda a parte, há Bons
Espíritos que, cumprindo os desígnios divinos, se dedicam à tarefa de auxiliar
na desencarnação os que estão retornando à vida espírita. Alguns amigos e
familiares( desencarnados antes) costumam vir receber e ajudar o desencarnante
na sua passagem para o outro lado da vida, o que lhe dá muita confiança, calma
e, também, alegria pelo reencontro. Todos receberão essa ajuda, normalmente, se
não apresentarem problemas pessoais e comprometimento com espíritos inferiores.
Em caso contrário, o desencarnante às vezes não percebe nem assimila a ajuda ou
é privado dessa assistência, ficando à mercê de espíritos adversários e
inferiores, até que os limites da lei divina imponham um basta à ação destes e o
espírito rogue e possa receber e perceber a ajuda espiritual.
DEPOIS DA MORTE: Após desligar-se do corpo material, o espírito conserva
sua individualidade, continua sendo ele mesmo com seus defeitos e virtudes. Sua
situação, feliz ou não, na vida espírita, será conseqüência da sua existência
terrena e de suas obras. Os bons sentem-se felizes e no convívio de amigos; os
maus sofrem a conseqüência de seus atos; os medianos experimentam as situações
de seu pouco preparo espiritual. Através do perispírito, conserva a aparência da
última encarnação, já que assim se mentaliza. Mais tarde, se o puder e desejar,
a modificará. Depois da fase de transição, poderá estudar, trabalhar e
preparar-se para nova existência, a fim de continuar evoluído.
Grupo de Estudos ALLAN KARDEC