terça-feira, 14 de outubro de 2014

                                                 Brasil da Paz
                                           Lutar sim, ferir nunca 

Como todos os ensinamentos trazidos ao orbe terrestre por Jesus estavam deturpados e esquecidos, fazia-se necessário procurar outras terras, onde Espíritos jovens e simples aguardavam a semente de um novo pensamento cristão, baseado na fraternidade e na liberdade.

E neste abençoado continente americano, foi escolhido o novo coração do mundo. 

De acordo com o roteiro traçado por Jesus, em abril de 1500 o Brasil era finalmente revelado ao mundo, para se tornar a nova pátria do pensamento cristão.

Além de ser designado pelo Mestre como o zelador dos patrimônios imortais que constituem a Terra do Cruzeiro, teve a missão de reunir as “três raças tristes”: os sedentos de justiça divina (os degredados), os simples de coração (índios) e os aflitos (escravos), para a formação da alma coletiva de um povo bem-aventurado por sua mansidão e fraternidade.

Nossa independência foi encaminhada pela Espiritualidade – avessa à violência, e ocorre sem conflitos, guerras ou derramamento de sangue, malgrado o trágico fim de Tiradentes (única vida perdida, e cujo martírio na forca ocorreu há 220 anos, em 21 de abril de 1792).

O ano de 1840 marca o início de vários  serviços de beneficência da medicina homeopática no Brasil, através de dois médicos portugueses recém-chegados, que iniciaram a aplicação de passes magnéticos como auxílio imediato das curas.

A eclosão dos fenômenos espíritas não passou despercebida no Brasil, em especial o das mesas girantes, que era a grande sensação dos salões da Europa e da América (1850). 

Portanto, em 18 de abril de 1857, quando Allan Kardec lança em Paris, França, a primeira edição de O Livro dos Espíritos, com 501 questões (a segunda e definitiva edição ocorreria em 16 de março de 1860, com 1.019 questões), o Brasil já apresentava condições favoráveis ao entendimento, estudo e divulgação das suas relações com o mundo espiritual, além de desenvolver, completar e explicar os ensinamentos de Jesus.

A marcha evolutiva prossegue com o movimento de libertação dos escravos. De forma pacífica (bem diferente do movimento ocorrido nos Estados Unidos, com 600 mortos), a Princesa Isabel decreta a Lei do Ventre Livre em 1871 e a Lei Áurea, proibindo qualquer tipo de escravidão. Neste dia 13 de maio de 1888, uma multidão de Espíritos deixou o Plano Espiritual para participar das grandiosas solenidades da Abolição.

O lema Ordem e Progresso, inspirado pelo Plano Superior para constar na nossa bandeira, sinaliza claramente uma diretriz a todos nós brasileiros. 

A ordem é necessária, porque ordem é a disciplina em torno  de situações, pessoas e  coisas. 

É também comprometimento, devotamento, eficiência, humildade. Afinal de contas, a disciplina não é a melhor maneira de educar-nos e dignificar os nossos sentimentos?

O progresso é lei natural. 

E “consiste, principalmente, no melhoramento moral, na depuração do Espírito, na extirpação dos maus germens existentes em nós. 

Este é o verdadeiro progresso, o único que assegura a felicidade da Humanidade, porque é a negação do mal”. (Allan Kardec, Obras Póstumas – Credo Espírita).

Vivenciar o Espiritismo é agir com devotamento e abnegação na busca do bem comum, incentivando novos hábitos e novos comportamentos, contribuindo para o progresso permanente do indivíduo, da coletividade, da sociedade e de toda a Humanidade.

O Brasil, trazendo em seus contornos a forma geográfica de um coração, é a Terra Prometida, a Pátria do Evangelho Restaurada, é o seio do povo nobre e trabalhador do Ocidente, em cujo solo todos aprenderão a lei da fraternidade universal, que unirá todos os Espíritos.

Estará sempre amparado pela bandeira de Ismael: “Deus, Cristo e Caridade”, onde os homens se irmanarão em todas as atividades, sem apego aos bens perecíveis e exclusivos, onde o trabalho será de todos para todos, com tempo destinado ao labor, ao estudo, ao culto, ao repouso, ao lazer, e onde todos os Espíritos se filiarão às hostes do Cordeiro, preparando-se para os momentos de ascensão à condição de Espírito livre, evangelizado, SERVIDORhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png do Cristo, exemplificando o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Como Espíritos renovados, viveremos uma vida maior, e pelo progresso espiritual buscaremos a perfeição, subindo para Deus.



ALTAMIRANDO CARNEIRO - o CONSOLADOR

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

                                 SIT - NOVA DOENÇA SOCIAL


Numa breve viagem efetuada em serviço profissional, não pude deixar de constatar o mundo que me rodeia, desde o embarque no avião, a viagem, o desembarque, enfim, as múltiplas ações e reações das pessoas na sua interação social.

Confesso que fiquei preocupado ao aperceber-me de uma nova doença que afeta a sociedade ocidental:

chama-se SIT.

Curiosamente, ao ler "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, verdadeira pérola da literatura mundial, onde está confinada a parte filosófica da Doutrina Espírita (que não é mais uma religião nem mais uma seita, mas sim ciência, filosofia e moral), no seu capítulo VII, intitulado "Lei de Sociedade", podemos encontrar questões interessantes:

766. A vida social está na Natureza?

“Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação.”

767. É contrário à lei da Natureza o isolamento absoluto?

“Sem dúvida, pois que por instinto os homens buscam a sociedade e todos devem concorrer para o progresso, auxiliando-se mutuamente.”

768. Procurando a sociedade, não fará o homem mais do que obedecer a um sentimento pessoal, ou há nesse sentimento algum providencial objetivo de ordem mais geral?

“O homem tem que progredir. Isolado, não lhe é isso possível, por não dispor de todas as faculdades. 

Falta-lhe o contato com os outros homens. No isolamento, ele se embrutece e estiola.”

“Homem nenhum possui faculdades completas.

 Mediante a união social é que elas umas às outras se completam, para lhe assegurarem o bem-estar e o progresso. 

Por isso é que, precisando uns dos outros, os homens foram feitos para viver em sociedade e não isolados."

O ser humano, estimulando a sua inteligência, vai criando e modificando a matéria e o mundo material, tornando-o mais agradável para a sua vida no quotidiano, que, por sua vez, se torna mais confortável e mais feliz.

“O homem tem que progredir. Isolado, não lhe é isso possível, por não dispor de todas as faculdades. 

Falta-lhe o contacto com os outros homens. No isolamento, ele se embrutece e estiola.” (Allan Kardec)

Vemos, ao longo destes últimos 100 anos, um incremento fantástico ao nível tecnológico, contribuindo sobremaneira para uma maior e melhor qualidade de vida do ser humano. 

Curiosamente, esta tecnologia, ao invés de contribuir para uma partilha saudável de vivências entre os seres humanos, tem contribuído para um uso desajustado, levando-o ao isolamento.

Paradoxalmente, nestes tempos que deveriam ser de alegria, face ao incremento da tecnologia, a sociedade sofre de grave doença mortal, a solidão, mesmo quando rodeados de uma imensidão de pessoas.

Naquele avião potente, com 200 pessoas a bordo, meditava fascinado no avanço da tecnologia, naquele grande pássaro de ferro rasgando o ar, tranquilamente, e verificava com alguma tristeza que, naquela hora e meia de viagem, as 200 pessoas iam, cada uma delas, imersas no seu mundo (com auriculares ouvindo música ou outra coisa qualquer, com computadores trabalhando ou jogando, agarrados interminavelmente aos seus telemóveis e/ou agendas eletrônicas, dormindo ou descansando de olhos fechados), ao invés de aproveitarem o tempo para conversarem, fazer novos conhecimentos, trocar ideias, partilhar opiniões, enfim, sociabilizarem-se.

Foi aí que me apercebi da grave doença, que se vai instalando silenciosamente, que nos afeta nos dias de hoje: 

a "SIT" (Solidão, Isolamento e Tecnologia).


Se as novas tecnologias são uma bênção para a humanidade, o seu uso deve ser efetuado com parcimônia, de modo a que o rumo orientador de sociabilização apontado em "O Livro dos Espíritos", nos itens acima referidos, não venha a ser posto em causa por este flagelo que associa a tecnologia ao isolamento e à solidão do ser humano. 

José Lucas - O consolador

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

                                 A educação sexual na era moderna 

Diante da problemática do sexo nos dias atuais, surge uma pergunta: como educar os filhos, preparando-os, neste aspecto, para enfrentar o mundo de hoje? 

A resposta, fomos buscar no livro A Vida em Família, de Rodolfo Calligaris. 

Diz ele, no capítulo intitulado “A Educação Sexual”, que a mesma, como parte que é da educação integral, deve começar do berço, a partir do momento em que a criança começa a investigar o próprio corpo e, descobrindo os seus órgãos genitais, põe-se a tocá-los com as mãos.
Esta descoberta, diz Calligaris, deve ser encarada pelos pais com a maior naturalidade.

 Nada de dizer à criança:
 “Isso é feio!” Nada de ameaças, nada de castigos.

Esta descoberta começa quando, pelos três anos, o menino e a menina notam que existe uma diferença entre ambos e passam a fazer indagações, diga-se de passagem, com inocência e pureza.

 O que devemos fazer, então? 

 Respondendo, simplesmente, que o menino, como homem, tem o jeito do pai e a menina, como mulher, se parece com a mãe.

Nesta idade, tanto os meninos como as meninas já podem saber que os bebês nascem das barrigas das mães. 

Já podem também denominar os seus órgãos sexuais por palavras decentes, não depreciativas. 

Tais esclarecimentos, que geralmente são dados pelas mães, podem ser também dados pelos pais, caso a ele a criança se dirija primeiro. Já na adolescência, recomenda-se que o pai dê a orientação ao menino e a mãe, à menina. 

Tais esclarecimentos devem ser proporcionais ao grau de desenvolvimento da criança. 

Recomenda-se que se espere pelas perguntas, para depois esclarecer os assuntos.
 Nenhuma pergunta deve ser recebida com escândalo. Quanto mais tranquilas e esclarecedoras as respostas, mais os pais terão a confiança dos filhos, mais demonstram, a eles, que estão suficientemente maduros.

Ambiente familiar – 

O ambiente familiar é de suma importância, pois quanto mais a criança sente-se amada pelos pais e esteja acostumada a conversar com eles, mais perguntas fará, espontaneamente. 

Consequentemente, quando chegar à fase da adolescência, o sexo deixará de ser curiosidade, para transformar-se em motivos de discussões sérias. 

Não será, nunca, um assunto tabu.

 Entenda-se que se os pais são daqueles que acham que nada devem dizer aos filhos a respeito, “para não destruir-lhes a ingenuidade”, os filhos buscarão as respostas através de outros meios, que lhes transmitirão, geralmente, informações deturpadas.

A educação sexual não consiste em combater e reprimir um instinto natural, erroneamente classificado como vergonhoso e diabólico. Consiste, isto sim, em  proporcionar aos filhos a evolução, amparando-os e guiando-os nas diversas fases de seu desenvolvimento, para que atinjam a maturidade de maneira sadia, sem o perigo da libertinagem.

 Infelizmente, certos pais, julgando-se “pra frente”, dão informações sobre o sexo aos seus filhos não adequadas ao grau de maturidade dos mesmos. 

Lembre-se de que dissemos que as informações devem ser proporcionais ao grau de desenvolvimento da criança, favorecendo-lhe, inclusive, a leitura de toda a sorte de publicações a respeito. O mais importante em educação sexual, no entanto, não é informar, mas FORMAR.

A informação é necessária porque previne os riscos da ignorância. Assim, em matéria de sexo, é preferível que se dê uma informação correta, porque previne os riscos da ignorância. 

A formação, porém, é de maior relevância, ante toda a problemática do sexo nos dias atuais. Rodolfo Calligaris usa um termo bem apropriado para designar toda essa problemática de hoje, no que diz respeito às questões sexuais: o barateamento do sexo, com que se defrontam os jovens de hoje.

Escolas de Jesus – Calligaris diz que o cinema, a televisão, os jornais e as agências de publicidade estão, todos, mancomunados, num desrespeito total à máquina perfeita, que é o corpo humano. 

Assim, exploram sem cerimônia a mulher, servindo-a como mercadoria barata, para satisfazer a uma clientela ávida de erotismo. 

Compreende-se, pois, porque a educação dada nos moldes a que nos referimos contribuirá para que, chegados à idade adulta, os filhos entendam que ser livre não é ser irresponsável. 

Não é fazer bem o que se entende, mas ter o dom de dominar os instintos, pela razão.

Emmanuel, no livro O Consolador, psicografado por Francisco Cândido Xavier, diz:

 “Os pais são os mestres da educação sexual de seus filhos, indicados naturalmente para essa tarefa, até que o orbe possua, por toda parte, as verdadeiras escolas de Jesus, onde a mulher, em qualquer estado civil, se integre na divina missão da maternidade espiritual de seus pequenos tutelados e onde o homem, convocado ao labor educativo, se transforme num centro paternal de amor e amoroso respeito para com os seus discípulos”.

Na época em que vivemos, quando a sensualidade se faz presente em tudo o que nos rodeia, reconhece Rodolfo Calligaris que é muito difícil conseguir dos filhos o comportamento referido neste texto. 

Mas ele acredita que seja possível obter resultados satisfatórios, desde que se coloquem em prática algumas técnicas formativas, tais como:

 1) Cultivar-lhes a força de vontade; 

2) Fortalecer-lhes a capacidade de esperar;

3) Treiná-los na responsabilidade;

 4) Mantê-los em intensa e variada atividade;

 5) Incutir-lhes noções de higiene mental:

 6) Motivar-lhes o ideal de pureza; 

7) Desenvolver-lhes a capacidade de doação:

 8) Ensinar-lhes o domínio do instinto sexual:

 9) Oferecer-lhes um clima acolhedor; 

10) Dar-lhes o exemplo de uma vida conjugal baseada no verdadeiro amor.   


ALTAMIRANDO CARNEIRO - O consolador

 


quinta-feira, 2 de outubro de 2014


A preguiça

Tida como doença da alma, a preguiça tem,
como sócio majoritário, o desânimo

 O dicionário, da língua portuguesa, define o termo preguiça como sendo:
 aversão ao trabalho; morosidade; negligência; pachorra; moleza; indolência; vadiagem. Portanto, preguiçoso é todo o indivíduo portador de qualquer desses “predicados”; e a doutrina espírita nos assevera que a preguiça causa sérias implicações na vida do indivíduo preguiçoso, alertando para o fato de que é ela um dos maiores empecilhos ao progresso moral e espiritual do indivíduo, e, por conseguinte, um grande entrave ao desenvolvimento geral da sociedade, em todos os campos da atividade humana.

A preguiça é uma doença da alma, e tem, como sócio majoritário, o desânimo, por conseguinte, provoca, com sua ação maléfica ao espírito que se deixa impregnar por seus efeitos paralisantes, sérios transtornos para o desenvolvimento de uma vida digna e saudável, acarretando em seu portador sérios e pesados desequilíbrios que o arremessarão de encontro a prejuízos de incalculável monta.

Os efeitos provocados pela preguiça no indivíduo iniciam-se de forma bem sutil e quase imperceptível, na forma de um pequeno desânimo, que, se não for logo detectado e combatido, se estabelecerá com grande rapidez nas engrenagens psíquicas do indivíduo, justamente quando ele, mantendo as mãos desocupadas e a cabeça despreocupada de pensamentos positivos que a responsabilidade do trabalho exige, para a sua consecução, entrega-se à ociosidade que fatalmente o levará de encontro à invigilância e o colocará na faixa vibratória dos inimigos da Luz, que logo estarão lhe fazendo companhia, sugerindo pensamentos de baixo teor de moralidade e dignidade, arrastando-o ao encontro de idealizações inferiores e enfermiças sem proveito algum para a sua necessidade de crescimento espiritual, trazendo à tona as sombras da cegueira espiritual de que é portador, envolvendo-o, sem que se dê conta, em desequilíbrio, mergulhando num mar de enfermidades, moléstias e tormentos.

Desse infeliz consórcio, dentro em pouco estará o indivíduo envolto em sérios problemas obsessivos, em que os representantes das trevas lhe causarão muitos dissabores e sofrimentos de difícil solução; pois, a ociosidade é tóxico poderoso que polui a vida moral-espiritual do incauto que lhe concede abrigo.

Na literatura espírita, encontramos sábios e importantes alertas dos benfeitores espirituais para que nos mantenhamos em guarda, “vigiando e orando”, como nos ensinou o Mestre de Nazaré, para não cairmos em tentação, conforme segue:

Dissertação moral ditada por São Luís à senhorita Ermance Dufaux (5 de maio de 1858)l

Um homem saiu de madrugada e foi para a praça pública para ajustar trabalhadores. 

Ora, ele viu dois homens do povo que estavam sentados de braços cruzados. 

Foi a um deles e o abordou dizendo: 

"Que fazes tu aqui?"

 e este, tendo respondido: "Não tenho trabalho", aquele que procurava trabalhadores lhe disse:

 "Tome tua enxada, e vá para o meu campo, sobre a vertente da colina, onde sopra o vento sul; cortarás a urze e revolverás o solo até que a noite chegue; a tarefa é rude, mas terás um bom salário". 

E o homem do povo carregou a enxada sobre os ombros, agradecendo-lhe em seu coração.

O outro trabalhador, tendo ouvido isso, se ergueu do seu lugar e se aproximou dizendo:

 "Senhor, deixai-me também ir trabalhar em vosso campo", e o senhor, tendo dito a ambos para segui-lo, caminhou adiante para lhes mostrar o caminho.

 Depois, quando chegaram à beira da colina, dividiu a obra em duas partes e se foi dali.

Depois que partiu, o último dos trabalhadores que havia contratado, primeiramente pôs fogo nas urzes do lote que lhe coube em partilha, e trabalhou a terra com o ferro de sua enxada. 

O suor jorrou do seu rosto sob o ardor do sol. 

O outro o imitou, primeiro murmurando, mas se cansou cedo do seu trabalho, e, cravando sua enxada sob o sol, sentou-se perto, olhando seu companheiro trabalhar.

Ora, o senhor do campo veio perto da noite e examinou a obra realizada, e tendo chamado a ele o obreiro diligente, cumprimentou-o dizendo: 

"Trabalhaste bem; eis teu salário", e lhe deu uma peça de prata, despedindo-o.

 O outro trabalhador se aproximou também e reclamou o preço de sua jornada; mas o senhor lhe disse: 

"Mau trabalhador, meu pão não acalmará tua fome, porque deixaste inculta a parte de meu campo que te havia confiado", não é justo que aquele que nada fez seja recompensado como aquele que trabalhou bem; e o mandou embora sem nada lhe dar.
 II
 Eu vos digo: a força não foi dada ao homem, e a inteligência ao seu espírito, para que consuma seus dias na ociosidade, mas para que seja útil aos seus semelhantes. Ora, aquele cujas mãos sejam desocupadas e o espírito ocioso será punido, e deverá recomeçar sua tarefa. 

Eu vos digo, em verdade: sua vida será lançada de lado como uma coisa que não foi boa em nada, quando seu tempo se tiver cumprido; compreendei isto por uma comparação. 

Qual dentre vós, se há em vosso pomar uma árvore que não produz bons frutos, não dirá ao seu Servidor: 

Cortai essa árvore e lançai-a ao fogo, porque seus ramos são estéreis. Ora, do mesmo modo que essa árvore será cortada por sua esterilidade, a vida do preguiçoso será posta de lado porque terá sido estéril em boas obras. ¹

Os Espíritos Superiores nos afirmam que o trabalho é uma Lei Natural, a que todos estamos submetidos, consoante os esclarecimentos contidos nas respostas esclarecedoras que prestaram às questões formuladas pelo codificador da doutrina espírita, nas questões seguintes:

Necessidade do trabalho

647. A necessidade do trabalho é lei da Natureza?

“O trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos.”

675. Por trabalho só se devem entender as ocupações materiais?

“Não; o Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho.”

676. Por que o trabalho se impõe ao homem?

“Por ser uma consequência da sua natureza corpórea. É expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. 

Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade. Ao extremamente fraco de corpo, outorgou Deus a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho.”

678. Em os mundos mais aperfeiçoados, os homens se acham submetidos à mesma necessidade de trabalhar?

“A natureza do trabalho está em relação com a natureza das necessidades. 

Quanto menos materiais são estas, menos material é o trabalho. Mas não deduzais daí que o homem se conserve inativo e inútil. A ociosidade seria um suplício, em vez de ser um benefício.”

679. Achar-se-á isento da lei do trabalho o homem que possua bens suficientes para lhe assegurarem a existência?

“Do trabalho material, talvez; não, porém, da obrigação de tornar-se útil, conforme aos meios de que disponha, nem de aperfeiçoar a sua inteligência ou a dos outros, o que também é trabalho. 

Aquele a quem Deus facultou a posse de bens suficientes a lhe garantirem a existência não está, é certo, constrangido a alimentar-se com o suor do seu rosto, mas tanto maior lhe é a obrigação de ser útil aos seus semelhantes, quanto mais ocasiões de praticar o bem lhe proporciona o adiantamento que lhe foi feito.”

680. Não há homens que se encontram impossibilitados de trabalhar no que quer que seja e cuja existência é, portanto, inútil?

“Deus é justo e, pois, só condena aquele que voluntariamente tornou inútil a sua existência, porquanto esse vive a expensas do trabalho dos outros. Ele quer que cada um seja útil, de acordo com as suas faculdades.” (643)²

Diante dos cristalinos ensinamentos, contidos nas obras da esclarecedora doutrina espírita, precisamos de toda atenção para que não nos tornemos, por nossa vez, vítimas desse dragão devastador que é a preguiça, causadora de muitos tormentos e decepções a um número incalculável de criaturas que lhes caíram nas malhas.

Só através do trabalho constante e disciplinado, na busca do nosso crescimento como Seres em processo de autoburilamento, enfrentando corajosamente os obstáculos que a vida nos impõe, utilizando da bênção do trabalho, é que conseguiremos atravessar com eficiência esse atual estágio evolutivo em que nos achamos, na construção de um futuro brilhante e proveitoso na busca da felicidade relativa que tanto almejamos e que só depende de nós consegui-la.

O trabalho é por isso mesmo o único meio pelo qual poderemos conquistar nossos objetivos de elevação como Seres imortais que somos, em direção ao encontro com o Pai criador que nos aguarda com os necessários benefícios que serão ofertados a tantos quantos fizerem o inevitável esforço por merecer.

Portanto, reage com vigor e determinação às tentativas de alojamento da preguiça nos tecidos sutis de teu equipamento psíquico, e assume nova postura diante da vida, que te oferece diariamente inúmeras oportunidades de crescimento e desenvolvimento a teu próprio benefício, e procura entender que ninguém está no mundo por acaso, e sim com finalidades e objetivos adredemente estabelecidos, que deve atender, para seu aperfeiçoamento, e espelha-te no exemplo que te dá o Sol, que todos os dias aquece e ilumina teus caminhos, e prossegue trabalhando na construção do teu destino final que é a perfeição e a felicidade. 

 FRANCISCO REBOUÇAS
 Fontes:
 1- Revista Espírita, junho de 1858.             

2- O Livro dos Espíritos – FEB, 76º edição.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

                               Orar não é como apertar um botão

Ouvi uma pessoa se queixar de ter feito orações e o dia não ter transcorrido bem.

 Provavelmente, não tendo o hábito de orar e desconhecendo os mecanismos da prece, criou expectativas em torno daquele ato esporádico, sem convicção, achando que a solução dos eventuais problemas do dia estava garantida. 

Pelo fato das coisas não terem corrido a seu gosto, concluiu, um tanto revoltada, que orar ou não, dá no mesmo.

Orar bem implica movimentar energias interiores, irradiar o pensamento com o impulso da vontade e da fé sinceras; pede também concentração, apoiada no silêncio e no desligamento mental do exterior.

 Dessa forma, em alguns rápidos minutos, pode-se conversar com Deus, com simplicidade e eficiência. 

A oração virá do coração, mesmo que pobre de palavras, mas rica de ideias e sentimento.

No entanto, a prece ansiosa, maquinalmente decorada, não refletida, carente de emoção, não atingirá seus objetivos; digamos, não chegará a quem se destina.

A prece não muda os principais lances da vida do homem, não altera as provas por que tenha de passar, no entanto, pode abrandá-las; pode redobrar as forças interiores de resistência do indivíduo, fazendo-o encarar situações graves ou contrárias de forma mais equilibrada e racional. 

Além disso, o feliz hábito de orar metaboliza as energias da calma, da paciência e também da esperança.

Embora ninguém fique sem auxílio, sem o amparo das leis divinas, a prece eventual não imuniza a pessoa das dificuldades do dia, como se apertasse um botão. 

Segundo o que ensina o Espiritismo, a justiça de Deus leva em extrema conta a intenção e o mérito de quem pede, em oração. 

Os Espíritos encarregados do cumprimento das Suas ordens, se chegarem a receber a solicitação, podem não atender ao que a pessoa esteja pedindo no momento, mas não negam a análise instantânea da sua situação e possíveis medidas posteriores. 

Em muitas circunstâncias, determinadas experiências são necessárias para o seu aprendizado e os Espíritos não julgam útil favorecê-la, a fim de não interferir no curso normal das provas que poderão beneficiá-la.

Assim, a prece deve ser compreendida como uma busca, não de solução imediata para problemas e situações, mas de forças de renovação; um contato com energias superiores na procura de inspiração para a vida interior e de relação com o mundo.

Quando se faz um pedido a Deus, o seu atendimento estará automaticamente ligado ao mérito e à necessidade de cada um. 

Deus sabe de que precisamos e atenderá sempre, com justiça, ao que for devido e imprescindível à criatura.


Cláudio Bueno da Silva 

sábado, 27 de setembro de 2014

                                  Mãe – que pessoa é essa?


“O homem somente compreenderá a natureza quando entender o que é ser mãe. O homem somente entenderá o que é ser mãe
quando deixar de ser homem.” - Albert Einstein


Não há uma pessoa no mundo que consiga esquecer-se da sua mãe. Este ser tão importante surge-nos como uma proposta de vida. É ela quem nos dá à luz, quem nos apresenta para o mundo, quem nos acolhe quando ainda frágeis ao renascermos.

 Mais que isto é ela quem nos aconchega no útero, oferecendo-nos o grande laboratório natural para a materialização das nossas futuras formas físicas, oferecendo-nos o calor e possibilidades para nossas multiplicações celulares, atraídas que são pelo perispírito. 

Ao final de nove meses eis-nos de volta para mais uma experiência no corpo físico.  Mais uma bendita oportunidade de avançarmos através da nova reencarnação.

Contudo, passados os tempos da glorificação apenas superficial das mães, compete-nos agora, Espíritos empossados da razão e da lógica, estudarmos mais detidamente sobre este fabuloso evento natural que é ser mãe.

Ou seja: que pessoa é essa?

Vários literatos, poetas e menestréis têm cantado em versos e prosa a figura materna como essencial para nossas vidas e para Deus. 

Aplaudimos a todos eles. 

De fato, é isto o que ocorre. 

Mas por que ocorre?

 Remontemos ao início. 

Os estudiosos da psicologia nos falam sobre o Arquétipo da Grande Mãe. Antes, é bom entendermos o que vem a ser um Arquétipo.

 O termo "Arquétipo" foi usado por filósofos neoplatônicos, como Plotino, para designar as ideias como modelos de todas as coisas existentes, segundo a concepção de Platão. 

Nas filosofias teístas, o termo indica as ideias presentes na mente de Deus. Pela confluência entre neoplatonismo e cristianismo, o Arquétipo foi incorporado à filosofia cristã, por Santo Agostinho, até vir a ser usado academicamente por Carl Gustav Jung, na psicologia analítica, para designar a forma imaterial à qual os fenômenos psíquicos tendem a se moldar.

 Ou seja, os modelos inatos que servem de matriz para o desenvolvimento da psique. 

A Grande Mãe é uma designação da imagem geral, formada pela experiência cultural coletiva. 

Como uma imagem, ela revela uma plenitude arquetípica que, neste caso, remonta à autoridade mágica da mulher;

 a sabedoria e exaltação espiritual que transcendem a razão; qualquer instinto ou impulso útil; tudo aquilo que é benigno, tudo que acaricia e sustém, que propicia o crescimento e a fertilidade”.

Em suma, a mãe boa. 

É assim que formamos em nossa psique a figura central da mãe. 
Ao renascermos já estivemos em contato com ela por um bom período. Ouvimos sua voz, o pulsar do seu coração, o seu acalanto quando nos acariciou, perpassando por sobre o abdômen as suas mãos e ainda quando sonhou ter em seus braços, nós, a criança esperada.

 Jung diz que, embora a figura materna seja universal, sua imagem será matizada de acordo com as experiências individuais do sujeito com a mãe pessoal. 

É isto que nos prende a ela de forma indelével. As mães retiram do grande arquétipo universal aquela parte que é dedicada a cada um em particular. 

De acordo com suas necessidades, premissas e evolução. Pode-se dizer que é um concerto perfeito entre Deus, a Mãe e o Filho.

 Segundo ainda o pesquisador suíço, a mãe pessoal é um receptáculo da projeção do Arquétipo Materno com todas as suas características e atributos. 

Ela é o primeiro “gancho” desta projeção, o que acaba por imputar-lhe “um caráter mitológico e com isso lhe CONFERE autoridade e até mesmo luminosidade”, isto é, autoridade divinal.

Segundo o Psicólogo brasileiro Alexandre Quinta Nova Teixeira, “Todo Arquétipo tem em sua essência uma ampla gama de sentimentos, sentidos, significados e símbolos diferentes dependendo de cada individualidade. 

Ao pensar no Arquétipo Materno, me vem à cabeça o princípio de tudo, o início, pois foi a mãe que nos gerou a vida. Nada mais sublime que dar vida a um outro ser. 

Esta é uma característica apenas das mulheres que desejam ser mães. Ao mesmo tempo ela nos possibilita dar início às nossas vidas e ao nosso processo de individuação”. 

Mais adiante o psicólogo faz um comentário de extrema sensibilidade filial: “O ser mãe eleva a posição da mulher a uma postura de deusa que cria seres inofensivos e os transforma num passe de mágica em homens adultos prontos para trilharem seus caminhos sozinhos”. 

Entendemos assim a complexa presença das mães em nossas vidas. Ora, ninguém mesmo como uma Grande Mãe, como proposta arquetípica, para exercer essa missão extraordinária que é a de gerar um novo ser inofensivo e transformá-lo numa pessoa adulta preparada para vida. Ainda citando o psicólogo Alexandre Teixeira, ele diz que “Para as mulheres cumprirem este papel, um aspecto importante é o amor maternal”.

O Espírito Victor Hugo, no livro Dor Suprema, diz com propriedade que mãe “É a excelsa criatura que, na Terra, representa diretamente o Criador do Universo. 

Mãe é guia e condutora de almas para o Céu, é um fragmento da divindade na Terra sombria, com o mesmo dom do Onipotente, plasmar seres vivos, onde se alojam Espíritos imortais, que são centelhas deíficas!”.

Eu me lembro de que, quando criança, e já trabalhava na confeitaria com minha mãe, ficávamos ouvindo rádio. Naquela época uma música era presente em quase todas as programações. 

Chamava-se “Flor Mamãe”. Os versos diziam que alguém andava por todos os jardins procurando uma flor para ofertar e que somente a flor mamãe enfeita corações, sonhos, perfumando a ilusão, fazendo milagres quando em oração. Eu olhava para minha mãe e sorríamos juntos. 

Em sua simplicidade ela me dizia que era exagero do poeta e eu afirmava que não. Abraçava-a e ela osculava minha fonte, depois me abraçava e dizia: “filho querido!” 

Essas lembranças nunca se apagam das nossas mentes. São vivas. Mamãe já retornou à pátria espiritual faz mais de cinquenta anos e ainda a vejo andando, trabalhando, realizando, amando os filhos por igual. 

Em mim ficaram essas marcas como ficaram em todos os leitores as marcas das suas mães, como ficarão em todas as crianças do presente. 

Este gozo materno ao qual todos estamos sujeitos quando renascemos traz-nos o primeiro conforto, a primeira segurança, a primeira paz. 

Creio mesmo que nenhum poeta ou literato poderá descrevê-lo, pois que é singular. É de cada mãe para cada filho, é a expansão da divindade que coloca as mães como intermediárias do supremo bem emitido por Deus para cada qual dos Seus filhos.

Marilyn Stone é arqueóloga e estudiosa das religiões, ela comenta sobre o período do matriarcado, dizendo que: “o matriarcado é uma combinação de múltiplos fatores. 

Inclui matrilinearidade e matrifocalidade”, significando a criação de um grupo familiar focado na mãe. 

Marilyn Stone continua: “Porém, o mais importante é que as mulheres eram encarregadas da distribuição de bens do clã e, especialmente, das fontes de sustento – dos campos e dos alimentos”. 

O período do matriarcado ocorreu no passado e cada membro do clã tornava-se dependente das mulheres. Elas geravam a vida, portanto, a elas a garantia da sustentação da própria vida.

Hoje a figura da mãe cresce na medida em que multiplicam na Terra os seres reencarnados. 

Todos os dias são dias das mães. Segundo dados recentes de pesquisas, renascem em média duzentas e dez crianças por minuto no mundo. 

São recebidas nos braços das mães que são mães pela primeira vez ou não, isto pouco importa. 

O fato é que são recebidas e embaladas naquele colinho amigo, naquele sorriso fraterno, naquela estrutura de meiguice provindas da alma feminina. 

Quando a mãe recebe nos braços aquele filho que acaba de nascer, não há uma pessoa que não se consterne, que não acredite que haverá no mundo um tempo em que todas as relações humanas passarão pelos caminhos do amor que educa e da ternura que faz as almas crescerem no bem, segundo Herculano Pires.

E aqui pensamos naquelas mães que recebem em seus braços os filhos com necessidades especiais. 

Que mesmo sabendo que o são, permitem que renasçam não se interpondo entre a paternidade de Deus e as leis falhas que muitos homens criam. 

Parabéns a essas mães que aceitam aqueles renascimentos, que não abortam seus filhos, independente da situação pela qual estão retornando ao plano físico. Joanna de Ângelis, em página psicografada por Divaldo Franco no dia 11 de abril de 2011 em Salvador, nos diz que: “Nada no Universo ocorre como fenômeno caótico, resultado de alguma desordem que nele predomine. 

O que parece casual, destrutivo, é sempre efeito de uma programação transcendente, que objetiva a ordem, a harmonia”. 

Há ainda aquelas outras que aceitam os filhos de outras mães. Que os adotam dedicando-lhes sua parcela de amor e benevolência. 

Que os cria como sendo seus filhos, encaminhando-os para a vida. Só mesmo um compromisso grandioso com Deus pode sustentá-las. 

Daí dizer que: “Mãe é o anjo que Deus põe junto ao homem desde que ele entra no mundo”, nas palavras de Fernando de Lacerda em seu livro: Do País da Luz – volume quatro.

 Humberto de Campos, em Reportagem de Além Túmulo, faz a seguinte colocação: “E olvidaste, porventura, que ser mãe é ser médium da vida? 

É esta transcendência que coloca o ser materno em posição de destaque dentre as criaturas encarnadas e desencarnadas que vigem na Terra”.

Allan Kardec, em seus apontamentos de arquivo, diz que: “Mãe, em sua perfeição, é o verdadeiro modelo, a imagem viva da educação. 

A perfeita educação, na essência de sua natureza, em seu ideal mais completo, deve ser a imagem da mãe de família”. É aqui que voltamos àquela figura ímpar que nos enleva quando nela pensamos. 

Quando os dissabores diários nos entorpecem os sentidos, quando as decepções nos visitam, quando as promessas não são cumpridas, um telefonema, um e-mail, um “alô mamãe” é motivo de grande conforto espiritual. É certeza de que, se todos falharem conosco, pelo menos uma estará ao nosso lado. 

Sabiamente a poetisa estadunidense Emily Dickinson declarou: "Mãe é aquela pessoa para quem você corre quando está em apuros”.

Elizanda Iop, pedagoga e professora da Universidade do Oeste de Santa Catarina, tece importante comentário: 

“Os vários períodos históricos da humanidade mostram o papel da mu­lher na participação do grupo, seja como mãe, com a função de reprodutora e dos cuidados com os filhos, seja como mulher, mãe, trabalhadora e cida­dã. 

Entre as comunidades sem Estado predominou o matriarcado, cabendo à mulher a responsabilidade política do grupo. 

As relações sociais no período em que predominava o matriarcado não representaram a subjugação, nem a exploração do homem pela mulher, portanto, é possível afirmar que as re­lações de gênero produzidas no interior do grupo social eram igualitárias, no sentido de não ter havido exploração sobre o homem”. 

Desde tempos remotos a mãe se colocou como educadora e protetora por excelência. Os filhos, não importa a idade, necessitam deste concurso real e decisivo em suas vidas.

 Marilyn Stone ainda comenta que, no matriarcado, “a autoridade materna é proeminente nas relações domésticas, devendo o marido juntar-se à família da esposa, em vez de a esposa mudar-se para a vila ou tribo do marido”.


Daí perguntarmos: Mãe – que pessoa é essa? Que vem de tão longe, de tempos remotos, desde o matriarcado, abrindo caminhos para que a humanidade cresça, vivenciando etapas, evoluindo como seres desde o primitivo até o civilizado. Somente alguém ligado diretamente a Deus pode desempenhar tão importante tarefa. 

A estatueta feminina que ficou conhecida como a Cibele da Anatólia, datada de 6.000 a. C., exibe uma Deusa Mãe corpulenta e em aparente processo de dar à luz. Sentada num trono e ladeada por duas leoas, a estatueta foi encontrada num compartimento de estocagem de grãos, o qual, segundo arqueólogos, sugere uma maneira de proteger (como um amuleto, ou objeto de cunho religioso) a colheita ou o suprimento de alimentos. 

As pegadas do culto à deusa mãe são assim encontradas desde épocas imemoriais até os tempos áureos das civilizações antigas. Honoré de Balzac, o notável escritor francês do século XVIII, comentou que: 

"O coração de uma mãe é um abismo profundo em cujo fundo você sempre encontra perdão”. Está aí o corolário da Deusa Mãe, cultuada desde antes e reverenciada desde agora.

GUARACI DE LIMA SILVEIRA  -  Consolador