terça-feira, 18 de fevereiro de 2014


Internet, infância e juventude

 Muitas invenções e descobertas do ser humano modificaram a sua vida cotidiana de forma irreversível. 


A lâmpada elétrica, o avião, a propulsão a vapor, a pílula anticoncepcional..., somente para apresentar as mais relevantes no campo da tecnologia.

A última década inseriu com grande capilaridade em nossas vidas uma outra descoberta –

a Internet – que

 pela sua capacidade de vencer distâncias e a interação entre os componentes dessa rede, trouxe mudanças significativas em nossos hábitos, em especial das crianças e jovens atuais, que cresceram à luz deste mundo multiconectado.

Para além da questão da habilidade em operá-la, onde jovens e crianças manuseiam os computadores com destreza e naturalidade, a Internet mexeu diretamente com o contato destes com o mundo, sendo esta uma relação mediada.

 Conversam os nossos jovens com seus amigos por meio de teclados, monitores e programas. 

Os encontros, as brigas, o lazer, tudo se faz por intermédio da máquina, em jornadas de horas a fio, em dias e madrugadas, conversando, navegando e interagindo.

Além da mediação, a Internet cria no jovem e na criança o hábito de realizar várias coisas ao mesmo tempo, a similitude do ambiente multitarefa dos computadores, com múltiplas janelas abertas, disputando a atenção dos sentidos sobre-excitados, entre sons e imagens.

Por fim, a Internet traz ao jovem e à criança uma lógica programática, de seguir um rumo pré-determinado pelos sistemas, à maneira dos “IF-THEN-ELSE”
da programação, atingindo os níveis pelo seu esforço e dedicação e pouco pela sua criatividade, no perigoso
“efeito RESET”,onde, não gostou, reinicia tudo.
O amigo máquina pode servir de substituto do convívio, do abraço e do “bom-dia”.

O jovem vê tudo pela lente, escravo daquela forma de se relacionar com o mundo, como uma muleta para ser ele mesmo.

Essa vivência mediatizada pela máquina esconde o jovem dos outros, dos seus próximos, em máscaras de “nick-names”.

As ações múltiplas que trazem movimento, ao mesmo tempo impingem pouca profundidade nas relações.

A visão programática favorece o individualismo, a competitividade e o desapego.

Pequenos exemplos de pontos negativos na personalidade e que necessitam ser trabalhados, entendendo a Internet como algo irreversível, que trouxe avanços, mas como tudo, demanda cuidados.

Entretanto, como tudo na vida, a Internet guarda em si grandes possibilidades, latentes, que precisam ser exploradas.

As construções colaborativas (WIKI), as possibilidades de pesquisa e, ainda, a imensa capacidade de mobilização da rede, agindo no mundo virtual para operar mudanças no mundo real são exemplos dessa atuação que enriquece.
A Internet, bem dosada, é ferramenta de desenvolvimento e de amadurecimento da infância e da juventude, para as construções do reino de Deus sobre a Terra.

Como realidade inconteste e sem volta, cabe a nós, no movimento espírita, que labutamos na seara infanto-juvenil, propiciar a orientação adequada ao uso dessa potencialidade, incentivando nessa rede as opções de crescimento, de troca de material, de divulgação de artigos, de reencontro dos amigos, de debates virtuais, blogs, coberturas on-line, campanhas fraternas e uma gama de boas práticas que mostram que usar essa rede é muito mais que isolar-se no seu mundinho em jogos e movimentos superficiais.

Não adianta torcer o nariz para essa inovação tecnológica que diariamente bate à porta de nossas residências.

 Importa enxergar nesse instrumento um caminho de fraternidade e de união entre os Espíritos encarnados, na realização do grande sonho da comunicação global, do respeito às diferenças e na construção da almejada fraternidade universal entre os povos, que depende muito mais de nossa transformação moral do que de equipamentos eletrônicos.

Faz-se necessário incluir a Internet em nossas aulas, atividades e discussões com os jovens, aproveitando essa dádiva.

Negá-la é isolar-se do mundo dos jovens e das crianças, afastando-os da mesma forma.


MARCUS VINICIUS DE AZEVEDO BRAGA 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014



                                                A gravidez de Espíritos

Numa reunião de estudos doutrinários, em nossa casa espírita, um freqüentador dirigiu-nos a seguinte pergunta: poderia ocorrer gravidez de Espíritos? Ao que lhe respondemos: até onde nós sabemos, não.

Retrucou-nos: mas existe um livro espírita, citando-lhe o título, que fala disso. Não sabia, dissemos-lhe, entretanto, vamos procurar estudá-lo, pois não podemos emitir opinião sobre algo de que não temos conhecimento.

Fomos então buscar a informação no livro Infinitas Moradas, do qual transcreveremos uma parte. É um trecho específico do diálogo entre o Dr. Inácio Ferreira com Odilon Fernandes, ambos já na condição de Espíritos desencarnados. Iniciamos com a fala de Dr. Inácio:
- Com tanta grandeza acima de nossas cabeças e nós insistindo em continuar a ver o que temos sob os pés!... Por mais me esforce, eu não entendo esse pessoal que deixa o corpo e prossegue na mesma...

Não era para que, deste Outro Lado, tivéssemos hospitais, vales de expiação e nem tampouco regiões trevosas.
Nem esses nossos irmãos com problemas de deformidade no corpo espiritual, ao ponto de necessitarem praticamente de um novo nascimento por aqui, com a finalidade de readquirirem a forma humana, antes de um novo mergulho na carne.

- É um tema que transcende este, Inácio, sobre o qual, infelizmente, não devemos nos aprofundar com os nossos companheiros encarnados que, a bem da verdade, ainda revelam dificuldade para aceitar a Reencarnação como ela é...

Eles não entenderiam a “gravidez” perispiritual nas regiões inferiores, onde seres que padecem aberrações de forma carecem de um renascimento como recurso terapêutico.

 Deixemos que a semente da idéia floresça naturalmente. Se se “morre” por aqui, por que também não se renasceria?...

- Ou nasceria, não é?

- Sim, ou nasceria, pois, se os Espíritos Superiores confirmaram a Allan Kardec que em a Natureza nada dá saltos, como explicar-se, por exemplo, sem elementos de transição em nosso Plano, a primeira encarnação humana do princípio espiritual?
O corpo humano não está apto a receber entidades primárias, sem que o seu organismo perispiritual tenha, antes, humanizado a forma. Os primeiros nascimentos acontecem aqui!...

Mas, repito, talvez isto seja muito para a cabeça de quantos ainda não conseguiram, por si mesmos, intuir semelhantes realidade. O assunto tem gerado polêmicas, e não podemos comprometer a tarefa que, apesar dos pesares, tem produzido frutos de significativa qualidade.

- Talvez eu tenha me excedido...(BACCELLI, 2003, pp. 59-60). (negrito nosso)

Bom, não há dúvida alguma sobre o que o companheiro nos informou a respeito de haver um livro abordando o assunto.
Mas cabe-nos o dever de verificar se encontraremos apoio para isso nas obras básicas da codificação, uma vez que, como o próprio Kardec disse, a opinião de um Espírito não passa apenas de uma opinião e dela não podemos assentar base para ponto doutrinário.

Inicialmente, veremos que em O Livro dos Espíritos, à pergunta de Kardec se os Espíritos tinham sexo, a resposta dos Espíritos foi:

 “Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos.” (perg. 200, p. 134).
Segundo podemos entender dessa resposta, por lhes faltar uma organização física, os Espíritos não têm sexo.

Se não há sexo, como haveria a relação sexual para a conseqüente fecundação do óvulo pelo espermatozóide? Além disso, onde o gameta fecundado se fixaria?

Mais à frente, quando o assunto é a evolução do princípio inteligente, especificamente no momento que ele sai do reino animal para estagiar no reino hominal, Kardec pergunta (607b) aos Espíritos se o período de humanização principia na Terra.
 Ao que respondem que “a Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. 

O período da humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra” (p. 300).

Vindo do reino animal, obviamente, com um perispírito adequado àquele reino, ele, o princípio inteligente, não se liga a um corpo humano igual ao nosso, mas a um corpo humano muito mais próximo ao dele, adaptado às condições dos planetas primitivos.

Esse corpo humano, tão próximo do dos animais, não oferece nenhuma dificuldade de adaptação a esse novo estágio evolutivo pelo qual ele passa. Certamente que isso não ocorre de um dia para o outro, mas em milhares de anos sem que haja solução de continuidade:

“tudo se encadeia na Natureza”.

Foi o que aconteceu aqui na Terra, quando ainda era um planeta primitivo, com os seres dos quais descendemos, que mais pareciam animais que propriamente seres humanos da forma que somos hoje. 

ardec tecendo considerações sobre a hipótese da origem do corpo humano, disse que “como em a Natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência.”

 (A Gênese, p. 213).

Em O Céu e o Inferno, no capítulo II, da segunda parte, quando dos relatos sobre as manifestações dos Espíritos Felizes, encontramos a afirmativa de que “os Espíritos não se reproduzem” e que “os Espíritos não podem ter sexo”. Kardec, em nota explica:

 “Sempre disseram que os Espíritos não têm sexo, sendo este apenas necessário à reprodução dos corpos. De fato, não se reproduzindo, o sexo ser-lhes-ia inútil.” (p. 183).

Assim, fica claro que os Espíritos não se reproduzem, por conseguinte, não há como se falar em gravidez de Espírito, que se ocorresse, aí sim, teríamos a tal gravidez perispiritual.

Novamente, encontraremos Kardec falando sobre o assunto, agora na Revista Espírita:
As almas ou Espíritos não têm sexo. As afeições que as une nada têm de carnal, e, por isto mesmo, são mais duráveis, porque são fundadas sobre uma simpatia real, e não são subordinadas às vicissitudes da matéria.

[...]
Os sexos não existem senão no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos, sendo a criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, é por isto que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. (Revista Espírita 1866, p. 3). (negrito nosso).

Esse último parágrafo resume tudo quanto poderíamos buscar na codificação, não precisaríamos de mais nada, entretanto, vamos continuar com a nossa pesquisa.

Vamos agora recorrer ao Espírito André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier, para elucidarmos ainda mais esse assunto. Cita uma situação onde será necessário recompor a forma espiritual humana, conforme podemos ler quando ele fala sobre o monoideísmo:

Estabelece-se nele o monoideísmo pelo qual os outros desejos se lhe esmaecem no íntimo.

Pela oclusão de estímulos outros, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, por ausência de função, e se voltam, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados, no fulcro dos pensamentos em circuito fechado sobre si mesmo, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo.

Em tais circunstâncias, se o monoideísmo é somente reversível através da reencarnação,...

[...]
Nesse período, afirmamos habitualmente que o desencarnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciando-se num corpo ovóide, o que ocorre, aliás, a inúmeros desencarnados outros, em situação de desequilíbrio,... (XAVIER, 1987,  pp. 90-91). (negrito nosso).

Portanto, alguns Espíritos perdem a forma perispiritual humana para se transformarem em ovóides. Poderiam eles reencarnar nessas condições?
Teriam a necessidade de retomar à forma humana? Enfim, o que acontecerá na presente situação? Vamos continuar recorrendo a André Luiz que, mais à frente, diz da necessidade da reencarnação, de uma forma geral:

FORMA CARNAL - Todavia, assim como o germe para desenvolver-se no ovo precisa aquecer-se ao calor da ave que o acolha maternalmente ou do ambiente térmico apropriado, no recinto da chocadeira, e assim como a semente, para liberar os princípios germinativos do vegetal gigantesco em que se converterá, não prescinde do berço tépido no solo, os Espíritos desencarnados, sequiosos de reintegração no mundo físico, necessitam do vaso genésico da mulher que com eles se harmoniza, nas linhas da afinidade e, conseqüentemente, da herança, vaso esse a que se aglutinam, mecanicamente, e onde, conforme as leis da reencarnação, operam em alguns dias todas as ocorrências de sua evolução nos reinos inferiores da Natureza.

Assimilando recursos orgânicos com o auxílio da célula feminina, fecundada e fundamentalmente marcada pelo gene paterno, a mente elabora, por si mesma, novo veículo fisiopsicossomático, atraindo para os seus moldes ocultos as células físicas a se reproduzirem por cariocinese, de conformidade com a orientação que lhes é imposta, isto é, refletindo as condições em que ela, a mente desencarnada, se encontra.

Plasma-se-lhe, desse modo, com a nova forma carnal, novo veículo ao Espírito, que se refaz ou se reconstitui em formação recente, entretecido de células sutis, veículo este que evoluirá igualmente depois do berço e que persistirá depois do túmulo. (XAVIER, 1987,  pp. 91-92). (negrito nosso)

Deixa clara a questão de o Espírito ter que cumprir a lei da reencarnação, entrando novamente num corpo feminino, via óvulo fecundado, para seguir o curso normal do processo reencarnatório.

E, em especial, para os casos dos Espíritos em forma de ovóides ele diz:

Os Espíritos categoricamente inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo monoideísmo tiranizante, entram em simbiose fluídica com as organizações femininas a que se agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual ou o fenômeno de “ovoidização”, sendo inelutavelmente atraídos ao vaso uterino, em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que lhes toca, em moldes inteiramente dependentes da hereditariedade, como acontece à semente, que, após desligar-se do fruto seco, germina no solo, segundo os princípios organogênicos a que obedece, tão logo encontre o favor ambiencial. (XAVIER, 1987, pp. 152-153). (negrito nosso).

Assim é que, mesmo neste caso, há a necessidade da ligação do Espírito em forma de ovóide com o óvulo já fecundado, sem outro procedimento a não ser a redução perispiritual. 

Interessante é que há para os reencarnantes, o ato de “restringimento do corpo espiritual” para ligá-lo ao óvulo. Curioso é que o processo de redução perispiritual para a reencarnação é bem semelhante ao da ovoidização por fixação mental do Espírito, ainda preso a sentimentos inferiores, dos quais, parece, não querer largar mão.

Podemos ainda, para corroborar isso, trazer mais a informação ditada pelo Espírito Adamastor:

A ovoidização é uma das pungentes enfermidades que pode acometer o Espírito depois da morte.

Consiste na perda da consciência ativa, quando o eu consciente desmorona-se completamente, em decorrência de atrozes e insuportáveis sofrimentos, voltando-se sobre si mesmo, anulando-se e perdendo todo o contato com a realidade.

 A atividade consciente da alma entra em letargia, refugiando-se nas camadas do subconsciente.

O pensamento contínuo se fragmenta, perdendo seu fio de condução, e a estrutura perispiritual se desfigura completamente, desfazendo sua natural conformação humana, adquirindo o formato aproximado de um ovo, cujas dimensões se aproximam de um crânio infantil.

O processo é em tudo semelhante ao das bactérias que se encistam diante de condições adversas de vida, aguardando novas oportunidades para retornarem à atividade normal.

 A ovoidização é processo incurável no plano espiritual, sendo uma das mais graves enfermidades de nosso mundo, e somente pode ser revertido em reencarnações expiatórias, quando o Espírito reencontra-se com novo ambiente de manifestação e pode refazer o metabolismo do seu consciente.

Várias reencarnações, porém, se consomem em tentativas frustradas, de modo que a perda evolutiva é imensa para estes infelizes seres.

Muitos regridem a condições tão primárias da vida humana que necessitam reencarnar entre povos primitivos, a fim de suportar-lhes a grave patologia, sem de desfazerem em malformações congênitas incompatíveis com a biologia humana. [...] (FREIRE, 2002, p. 28). (negrito nosso).

Juntamos, também, a essa nossa pesquisa, o pensamento do escritor espírita Eurípides Khül, em seu estudo do capítulo XII – Alma e desencarnação, do livro Evolução em dois mundos. Leiamos:

5) O que são os ovóides e qual a origem de sua existência no mundo espiritual?

R - Ovóides são os Espíritos que, ainda na fase primitiva da evolução, assumem a forma de ovo, após a desencarnação, em conseqüência de sua incapacidade em se adaptar à nova maneira de viver, agora no mundo espiritual.

 A idéia fixa, única, auto-hipnotizante, de renascer na carne, mantém o seu psiquismo ligado na vida carnal e magnetiza-lhe a mente, reprimindo outros estímulos aos órgãos do corpo espiritual, que se retraem e atrofiam, por falta de função.

Voltam-se, então, esses órgãos, para a mente, onde se deixam dominar pelos pensamentos. Suas células são atrofiadas pela idéia única de retorno ao veículo físico. 

É um processo semelhante ao encolhimento do perispírito por ocasião da reencarnação. Enquanto perdura esta situação, o Espírito perde a forma humana, assumindo a forma ovóide.

 O formato de ovo se explica por ser este o berço onde se dá inicio ao processo de renascimento de vários seres, inclusive do próprio homem, que tem o seu corpo físico gerado no óvulo da mãe. Daí por que a mente desses Espíritos, fixados na idéia de renascerem para a vida física, plasmam a forma ovóide.

Assim permanecem até que surja nova oportunidade reencarnatória. Com o processo de reencarnação iniciado, assimilam novos recursos orgânicos, utilizando-se do auxílio de células dos pais. 

Sua mente passa a elaborar o novo veículo fisiológico, em moldes cuja orientação lhe é imposta. Plasma, desta maneira, nova forma carnal, novo veículo físico, para o que refaz e reconstitui o perispírito, readquirindo a forma humana.

André Luiz compara essas criaturas a algumas bactérias que, apartadas do seu meio ambiente, tornam-se incólumes ao frio e ao calor, mantendo-se imóveis por longos períodos, mas que entram em atividade tão logo sejam alocadas no ambiente que lhes seja peculiar.

6) Como é plasmada a nova forma carnal na qual o Espírito reencarnante se expressará?

R - Para que se dê o processo reencarnatório que o libertará da forma ovóide, o Espírito reencarnante necessita do organismo genésico da futura mãe, com a qual tem afinidade e da qual herdará características físicas, para assimilar recursos orgânicos através da célula feminina, fecundada pelo gene paterno. 

Sua mente, então, elabora, por si mesma, novo veículo fisiopsicossomático, atraindo células físicas que se reproduzem de conformidade com a orientação que lhe é imposta e refletindo o seu estado evolutivo.
 Plasma, assim, a nova forma carnal, que irá repercutir no perispírito, através de células sutis, promovendo alterações no corpo espiritual desde o renascimento e que irão perdurar após o túmulo.
(Fonte: http://www.cvdee.org.br/est_nltexto.asp?id=08&cap=12). (negrito nosso).

Portanto, temos aqui, pela opinião desse autor, que é necessária a reencarnação para que o Espírito assuma novamente a forma perispiritual humana.

À dúvida do Dr. Inácio: “E nascem criança por aqui?...”, respondeu André Luiz: “É claro que sim,...” (BACCELLI, 2002, p. 215), não deixa dúvida de que se fala mesmo da gravidez como algo real.

Entretanto, por esse estudo, concluímos que a gravidez perispiritual de Espíritos, seguindo-se a idéia do que ocorre aqui na terra, não é uma possibilidade real, porquanto são outras as leis que regem o mundo espiritual. 

Aliás, se ela ocorresse, só poderia ser mesmo a nível perispiritual, já que o corpo do Espírito, na dimensão espiritual, é o perispírito.

Obviamente, essa não deixa de ser também uma opinião pessoal, mas nosso objetivo não é levar o leitor a aceitá-la, apenas provocar-lhe uma reflexão sobre o assunto, de forma a encontrarmos uma solução para o problema levantado.

E que fique claro que não estamos contra ninguém, apenas analisamos as opiniões, o que certamente acontecerá conosco em relação ao que aqui estamos falando.

Referências Bibliográficas:
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. O Céu e o Inferno, Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. A Gênese, Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. Revista Espírita 1866, Araras - SP: IDE, 1993.
XAVIER, F. C. Evolução em dois mundos, Rio de Janeiro: FEB, 1987.
BACCELLI, C. A. Infinitas Moradas, Uberaba – MG: LEEPP, 2003.
BACCELLI, C. A. Na próxima dimensão, Uberaba – MG: LEEPP, 2002
FREIRE, G. T. Ícaro redimido: a vida de Santos Dumont no Plano Espiritual, Belo Horizonte: Ediame, 2002.

O autor é um dos responsáveis pelo site http://www.apologiaespirita.org/.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

                                                       Os ricos e o reino  

A afirmação de Jesus de que seria mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico se salvar tem gerado muitas controversas sobre o assunto, até o entendimento de alguns de que seria necessário despojar-se da riqueza para poder entrar no reino dos céus.

O Espiritismo nos ensina que o reino    do céu está dentro de cada um de nós, é um estado de consciência.

O Irmão Saulo, pseudônimo de José Herculano Pires, escreve elucidativa página que extraímos do Livro de sua parceria com Francisco Cândido Xavier e Espíritos Diversos, intitulado DIÁLOGO DOS VIVOS, cuja página tem o título que dá nome à nossa colaboração de hoje.

Escreve ele: A condenação de Jesus aos ricos, tão clara no Evangelho de Lucas, não se refere à fortuna. 

Se Jesus considerasse o dinheiro como maldição não diria ao moço rico que o distribuísse aos pobres. A riqueza individual e familiar é uma forma de acumulação com vistas ao futuro da coletividade.

 Kardec examinou suficientemente esse problema e deixou evidente o papel social da riqueza.

Mas justamente por isso ela se torna, como dizem constantemente os Espíritos, uma das provas mais perigosas para o Espírito encarnado.

Podemos compará-la à saúde. O homem são e forte em geral se embriaga com sua condição e se afasta dos problemas do espírito. 

Esquece o que é e que terá de voltar ao plano espiritual. A prova da saúde é tão perigosa como a da fortuna.

 Mas ambas têm por finalidade adestrar o Espírito na luta com as ilusões, com as fascinações da vida. 

É nessa luta que o Espírito desenvolve os seus poderes internos, a sua capacidade de superar a matéria, de dominá-la como o nadador domina a água.

A parábola do jovem rico põe a nu a situação do Espírito diante da prova. 

O jovem queria a salvação e procurava seguir os preceitos da lei para atingi-la. Sua consciência o advertia de que ele não estava fazendo o necessário. 

Mas quando Jesus lhe disse que libertasse dos seus bens e os revertesse em favor dos pobres, ele não teve coragem de fazê-lo.

 Vender as suas propriedades e distribuir o dinheiro aos necessitados não é apenas dar esmolas. A maior esmola é a que se faz em forma de auxílio e estímulo ao trabalho.

 As propriedades inúteis do jovem rico podiam ser transformadas em recursos de produção, beneficiando os pobres.

A acumulação da fortuna implica o dever do seu bom emprego em favor da coletividade. 

Quem não a usa nesse sentido, mas apenas em benefício do seu orgulho e da sua vaidade pessoal, está colocando-se na situação do camelo que não pode passar pelo fundo da agulha. 

A vida terrena passa breve e o rico egoísta logo se verá diante da porta estreita do Reino sem poder franqueá-la. 

Quando os homens forem capazes de enfrentar a prova da riqueza para vencer o egoísmo, a miséria desaparecerá do mundo.

A porta do Reino de Deus é estreita, porque só as almas puras, aliviadas da carga da ambição e do orgulho, devem passar por ela. 

O rico egoísta, apegado aos seus haveres, não consegue entrar, pois não se dispõe a largar os seus fardos do lado de fora. 

Terá de voltar muitas vezes à Terra, aos reinos dos homens, para aprender que a riqueza material só o ajudará quando ele souber trocar as suas moedas de metal por atos de amor.

ÉDO MARIANE - O CONSOLADOR  


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014



Ter fé é diferente de crer

“Hoje, não mais cogito de crer, pois sei.” (Humberto de Campos, no livro “Boa Nova”, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)

A fé é a absoluta confiança que depositamos em uma determinada ideia e não admite dúvidas. 

É ter a certeza de que tudo o que Deus faz está certo. Já a crença é a ideia que formamos ou conhecimento que temos sobre determinada situação que pode sofrer alteração.

Um dia a humanidade acreditou que a Terra era o centro do Universo, que só existia o sistema solar, mas as novas descobertas da Astronomia determinaram a mudança dessa crença.

No contexto dos relatos evangélicos podemos exemplificar o que realmente é ter fé e o que é simplesmente crer.

No Evangelho de Lucas (XXII, 54-62), nos deparamos com a afirmativa de Jesus a Pedro, dizendo que o discípulo o negaria três vezes antes que o galo cantasse. E, realmente, o fato se confirmou, pois assim que Jesus foi preso, em três oportunidades, naquela noite tenebrosa, criaturas apontaram Pedro como seguidor do Cristo e nas três vezes o discípulo afirmou que não o conhecia.

Pedro seguia Jesus, mas ainda não havia adquirido a fé para sacrificar-se pelo Cristo. Mas tarde, sim, em outros acontecimentos deu plenas provas da sua fé em Jesus.

Já em Atos (9:1-6), encontramos a narrativa do episódio onde Saulo, o doutor da lei, estando a caminho de Damasco, em perseguição aos Cristãos, com ordem governamental, deparou-se com Jesus, quando um clarão imenso tirou-lhe a visão e o fez cair da sua montaria sobre a areia do deserto, momento em que ouve a voz do mestre a lhe perguntar:

“Saulo, Saulo, por que me persegues?”.

Desse momento em diante não mais vacilou ou teve qualquer dúvida.

 Orientado pelo Mestre adentrou a cidade de Damasco em busca de socorro, e, posteriormente, passou bom tempo no deserto meditando sobre o acontecimento e lendo os pergaminhos que guardavam as lições de Jesus.

Determinado e convicto, deixou sua vida de conforto e abundância e, mesmo ante a incompreensão até mesmo dos seus amigos e familiares mais íntimos, passou a seguir Jesus, divulgando os ensinamentos dele até o fim de seus dias na Terra, quando foi condenado à morte em Roma.

Pedro acreditava em Jesus, mas não tinha a verdadeira fé para promover a total reformulação da sua vida, com base no que o Cristo trazia consigo, já Paulo foi bem diferente, não acreditava em Jesus, mas teve fé o suficiente para tomar direção totalmente oposta àquela que seguia, assim que se encontrou com o Cristo.

No livro “O Consolador”, Emmanuel, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, informa que “crer diz respeito a crença, enquanto a fé é inspiração divina. 

Diferentemente da simples crença, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem e, como tal, é a base da regeneração”.

Ainda entre as narrativas dos apóstolos sobre a vida de Jesus, encontramos em Mateus (8:5-13), o relato sobre um Centurião de Roma, que procura pelo Mestre, buscando a cura de um dos seus soltados que permanecia no quartel. 

Quando Jesus se propôs a visitar o doente, o Centurião afirmou que não precisava, pois que Jesus dali mesmo poderia curá-lo, então Jesus o fez, dizendo: “nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”.

Outro momento que se caracterizou, nos Evangelhos, como demonstração plena de fé foi quando Jesus, cercado pela multidão, foi tocado por uma mulher que sofria de uma hemorragia há mais de doze anos, ficando, a partir daquele instante, totalmente curada (Marcos 5: 25 a 34). Obviamente que aquela senhora possuía muito mais que crença em Jesus; possuía fé.

Cabe, então, refletir se já conseguimos conquistar a fé ou se ainda permanecemos apenas na crença.

Pensemos nisso.

WaldenirAparecido Cuin - O consolador


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O Espiritismo e a política contribuindo para o mundo 
de regeneração

“O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. 

Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto do que qualquer outra doutrina a secundar o movimento de regeneração; por isso é ele contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em que podia ser de utilidade, visto que também para ele os tempos são chegados.” (A Gênese, Allan Kardec, cap. XVIII, item 25 – g.n.) 
O ESPIRITISMO

A Doutrina Espírita apresenta tríplice aspecto: Filosofia, Ciência e Religião, por isso ela se relaciona com todas as áreas do conhecimento humano. Seus princípios embasam a ação transformadora no aprimoramento da pessoa e da sociedade. 

No contexto social ela propõe ações sociais que podem ser compreendidas como ações políticas devidamente compatíveis com as análises e propostas das Ciências Sociais. 

Sob esse aspecto o Espiritismo estuda e traz importantes informações relacionadas com a Ciência Política e a Ética. Analisemos, então:

POLÍTICA

A Política, sob a análise da Ciência Política, é a ciência e a arte da administração justa para o bem comum. 

Sob esse aspecto ela se serve dos conhecimentos de outras ciências sociais, como: a sociologia, a antropologia, a história e a economia. 

Seu objetivo é o aprimoramento da estrutura da sociedade a fim de que ela seja mais justa e solidária. 

É, também, a proposta do Espiritismo. Disseram os Mentores Espirituais na questão nº 930 de O Livro dos Espíritos:

 “Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome”. E Allan Kardec, em seguida, esclarece: 

“Com uma organização social criteriosa e previdente, ao homem só por sua culpa pode faltar o necessário. Porém suas próprias faltas são frequentemente resultado do meio onde se acha colocado. Quando praticar a lei de Deus terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade e ele próprio também será melhor”.

Nesse ponto, o Espiritismo já assinalava a necessidade dos estudos e ações propostos pela Ciência Política. Portanto, nesse sentido, a Política e o Espiritismo não se repelem.

POLÍTICA PARTIDÁRIA

A outra conotação do termo política é a política partidária, que nada tem a ver com a corrupção, falsificação, desonestidade e falta de ética.

 Na organização e funcionamento dos países democráticos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela ONU, em 1948, rege as Constituições, as leis e inspira a estrutura e a organização social que se assentam nos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. 

Essa é organização social ideal, embora as imperfeições que ainda possa ter. Os cargos dos poderes:

 Executivo e Legislativo são preenchidos pelo sistema de eleição de pessoas que se candidatam, através do voto, por intermédio dos partidos legalmente registrados. 

Logo, para se manter esse processo livre e democrático, a existência dos partidos políticos é fundamental. Eles, como organização política, não são responsáveis pelas pessoas de mau caráter que se filiam. 

Diferente é o poder judiciário, pela sua função técnica. Seus cargos são preenchidos por pessoas que, devidamente habilitadas em conhecimentos científicos e técnicos das Ciências: Jurídica e Social, se submetem a concurso público para preenchimento das vagas. 

Consequentemente, a existência da política partidária, através da pluralidade de partidos é fundamental nos Estados democráticos, afastando os regimes totalitários de direita ou de esquerda, que não permitem a liberdade. Nesse ponto, cabe o alerta que os Mentores Espirituais fizeram quando Kardec indagou: 

“Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? – Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão”. (Questão nº 932 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Ed. FEB.)

Portanto, é na hora do voto que os cidadãos de bem precisarão afastar os “maus candidatos” que, sem dúvida, são: “intrigantes e audaciosos”, bem como falaciosos e desonestos no exercício do poder.

POLITICALHA

O termo Política é, às vezes, mal empregado e não devidamente compreendido, levando as pessoas a uma confusão muito grande, a ponto de dizerem que detestam a política. 

Quando analisada a causa que as leva a afirmar que detestam a política, compreende-se claramente que essas pessoas detestam e se indignam com a “politicalha” ou “politicagem”, ou seja, as ações daqueles que estão atuando na política partidária, quer no Poder Executivo ou no Poder Legislativo e agem de maneira desonesta, não ética, para atingirem seus objetivos egoísticos emoldurados pela corrupção ativa ou passiva. 

E elas estão muito certas em sentirem essa indignação, contudo, só a indignação não basta. É necessário que a ação social de repúdio se realize no engajamento aos movimentos de “saneamento” da política partidária. É preciso melhor compreender os significados do termo política, através de uma educação política que possibilite o exercício consciente da cidadania.

Ante o mau exercício da política por pessoas desonestas, falsas, corruptas, de mau caráter, é que a indignação dos bons deve se elevar para evitar que assumam os cargos nos quais visem exclusivamente a seus interesses pessoais e dos grupos que participam. Obviamente, diferente é quando se almeja o interesse pessoal ou de grupo com aspirações legítimas e éticas para o bem comum.

CONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE JUSTA E AMOROSA

Juntamente com os bons cidadãos, os espíritas devem participar e influenciar levando os valores éticos do Espiritismo para as pessoas e instituições que organizam a sociedade. 

Essa é uma lídima participação política para uma sociedade mais justa amorosa na qual se consolidará o Reino de Jesus, expresso no Mundo de Regeneração que os Orientadores Espirituais assinalaram para o nosso educandário planetário – a Terra, em seu próximo passo na escala evolutiva. 

Assim, que cada espírita esteja consciente para assumir a sua cidadania no exercício do seu poder político: seja como eleitor amoroso e responsável ou, de conformidade com a sua aptidão e vocação, pleitear cargos eletivos para servir à coletividade; bem como, devidamente habilitado, concorrer aos cargos do Poder Judiciário.

O que não deverá ser feito é levar a política partidária para dentro dos Centros, das Entidades ou do Movimento Espírita, pois esses locais não são adequados ao seu exercício.

Fazer do voto um elevado testemunho de amor à coletividade, visando sempre ao aprimoramento da sociedade para o Mundo de Regeneração. 
Estamos na transição! Se estiver de acordo, exerça a sua cidadania e divulgue este texto. Será uma autêntica ação social para o Bem.

Aylton Guito Coimbra Paiva - o consolador