MACONHA
Marilia Gabriela: A MACONHA É
INOCENTE AO CORPO FÍSICO?
Ronaldo Laranjeira: A maconha vem recebendo á
muitos anos uma imagem muito favorável, inofensiva. Esta é a cultura popular da
maconha. Mas, do ponto de vista médico, está acontecendo o contrário. Há dez,
doze anos atrás a maconha não era tão estudada. Os estudos atuais têm mostrado o
quanto a maconha tem produzido bem mais transtornos mentais que a gente
imaginava, a ponto de 10% dos novos casos de esquizofrenia ter ocorrido pelo uso
da maconha.
Marilia
Gabriela: E O USO MEDICAMENTOSO?
Ronaldo
Laranjeira: O uso medicamentoso é discutível. Tem alguns países que estão
desenvolvendo isso, como os Estados Unidos. Mas, o uso medicamentoso não é o
indivíduo fumar a maconha, é que alguns dos componentes da maconha poderiam ser
usados em situações muito específicas para fins terapêuticos. Porque a maconha
tem mais de 400 substâncias dentro da fumaça dela, é muito provável que alguém
fumando tanta coisa vai ter um efeito terapêutico de um dos componentes. Talvez
não tenha uma dose terapêutica desse componente. Então, faz parte da mística da
maconha. Alguns componentes do cigarro, que são mais de 4000 substâncias, como a
nicotina pode ser usada como medicamento. Mas, não poderemos indicar para a
pessoa fumar cigarro para ter efeito medicamentoso.
Marília
Gabriela: O QUE DIZER DO USUÁRIO ADULTO DOS FINS DE
SEMANA?
Ronaldo
Laranjeira: A maconha da década de 60 era bem mais fraca que a de hoje em
dia. Naquela época a concentração de THC (princípio ativo da maconha) era em
redor de 0,5% e as de hoje são em torno de 15% a 20%. Isso muda
substancialmente, principalmente aos adolescentes. O cara da década de 60 que
experimentou alguns baseados quando tinha 18 e 19 anos e aí incorporou na sua
vida nos finais de semana como se fosse o Uísque de final de semana,
possivelmente, nem dependente é da maconha. Mas, apesar de não ser dependente
está lesando sua saúde e alimentando o trafico de drogas e traficantes que não
vende só maconha. Já o adolescente é pouco provável que ele comece a provar
regularmente e vire só um usuário de fim de semana. Ele pode falar que fuma todo
dia socialmente, mas a implicação no cérebro é completamente diferente do
adulto. A adolescência é um período em que o cérebro está se preparando para a
vida adulta. É um período de intensa mudança. Expor o adolescente a qualquer
dose de maconha nesse período vai formatar o cérebro de forma diferente do que
ele nunca tivesse usado.
Marília
Gabriela: VOCÊ É FAVORÁVEL A
DESCRIMINALIZAÇÃO?
Ronaldo
Laranjeira: Não. Como psiquiatra eu fico muito mais preocupado com as
pessoas que tem dependência química. Antes de discutir a descriminalização
precisamos discutir a proteção do contingente enorme de dependentes químicos que
estão absolutamente desassistidas pelo Estado. Droga é uma grande ilusão do
século XXI.
Esta entrevista foi feita por Marilia Gabriela
à Ronaldo Laranjeira, médico psiquiatra formado pela Escola Paulista de Medicina
em 1982, com residência em psiquiatria pela mesma instituição. Fez o PhD em
Psiquiatria na Universidade de Londres (Maudsley Hospital) no setor de
Dependência Química. Atualmente é professor titular do Departamento de
Psiquiatria da UNIFESP, diretor do INPAD (Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas) do CNPq e coordena
a UNIAD (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas). Tem grande experiência na
área de tratamento da dependência química e coordena uma série de cursos de
especialização nessa área, com mais de 1.000 alunos do Brasil inteiro formados.
Tem mais de 180 artigos científicos publicados. Escreva para ele e tire suas
dúvidas laranjeira@clinicalamedas.com.br. Ele não é um médico
espírita.
OBSERVAÇÃO DO PONTO DE VISTA ESPÍRITA:
Queremos deixar claro que, nós espíritas não somos contra quem faz uso de
qualquer droga (forte ou fraca, lícita ou ilícita), porque somos a favor do
livre arbítrio. Mas, aqui, ou em qualquer outro meio de comunicação onde expomos
a visão espírita sobre vários assuntos, priorizamos a visão ESPIRITUAL. Como
acreditamos na reencarnação, numa vida após esta vida, sabemos que todo prejuízo
que causarmos ao nosso corpo físico, diminuindo o tempo de vida na Terra é
SUICÍDIO. E todo prejuízo que causarmos aos que convivem conosco neste planeta
(pai, mãe, irmãos, desconhecidos), de maneira direta ou indireta, também
prestaremos contas às leis divinas. O plantio é livre, mas a colheita
obrigatória. Não queremos obrigar ninguém a acreditar no que acreditamos, mas
este blog é espírita e colocamos aqui assuntos sob sua visão. Sem querer impor
nossa filosofia cristã de vida. Nós acreditamos na conscientização das pessoas.
O cigarro já está perdendo espaço em nossa sociedade. A conscientização pode
demorar, mas ela amadurece com o amadurecimento espiritual das pessoas. Ninguém
nasce precisando de transplante de fígado sem ter lesado, numa vida anterior,
este órgão, etc. Nossa Marcha é à favor da vida corporal e espiritual saudável.
grupo de estudos allan kardec