sábado, 18 de maio de 2013

       
               PORQUE ODIAMOS O SOM DE NOSSA VOZ

Quando você escuta uma gravação com a sua voz, tenho certeza que não gosta. Ninguém gosta.
E porque será que a nossa voz gravada soa tão estranha para nós?
O som pode entrar em nossos ouvidos em uma de duas maneiras: conduzido pelo ar ou pelo osso.
Som conduzido pelo ar – ouvir uma gravação de si mesmo falando, por exemplo – é transmitido através dos tímpanos, vibra em três ossículos (martelo, bigorna e estribo) do ouvido e termina na cóclea. A cóclea, uma estrutura espiral cheia de fluido, converte essas vibrações em impulsos nervosos que serão interpretados no cérebro.
O que ouvimos quando falamos, no entanto, é ao mesmo som conduzido pelo ar e pelo osso. Nos sons conduzidos pelo osso, as vibrações de nossas cordas vocais atingem diretamente a cóclea. Nossos cérebros nos enganam diminuindo a frequência destas vibrações ao longo do caminho, e é por isso que muitas vezes percebemos nossa voz como mais aguda quando ouvimos uma gravação.
“Quando alguém ouve uma gravação de sua própria voz falando, o som pela via óssea que considera parte de sua voz ‘normal’ é eliminado, e esse alguém ouve apenas o componente vindo do ar, que é o que todo mundo realmente ouve”, explica o Dr. Chris Chang, otorrinolaringologista americano.
Isso explica por que nós percebemos as nossas vozes de forma diferente, mas por que não gostamos do que ouvimos?
Pelo mesmo motivo que gostamos do que vemos no espelho, mas não do que vemos nas fotografias.

Com o tempo, nós nos acostumamos a todas as nossas assimetrias que se refletem no espelho: nosso cabelo repartido para um lado, uma pinta no rosto, etc. Quando vemos uma foto de nós mesmos, no entanto, todas essas pequenas diferenças não correspondem com o que o nosso cérebro espera ver, por isso não gostamos delas.
Da mesma forma, nós passamos a vida toda ouvindo e aperfeiçoando o som conduzido pelo osso, mas não o som da nossa voz conduzida pelo ar.
“Nós nunca realmente ouvimos a nossa voz como as outras pessoas a ouvem, daí a nossa surpresa ao ouvir uma gravação”, conclui Pascal Belin, professor de psicologia na Universidade de Glasgow (Escócia), cuja pesquisa concentra-se na percepção vocal.[NBC]