quinta-feira, 4 de setembro de 2014

                                             
                                  O AMOR É DALTÔNICO!

O filme Chico Xavier teve retumbante estréia. Perto de 600.000 ingressos vendidos, um número não alcançado desde 1995, com a diferença de que naquele tempo o cinema ainda era a opção de lazer mais procurada.

Incrível como um mineiro humilde, filho de família paupérrima, que em linguagem atual viveu uma infância “abaixo da linha da pobreza”; que estudou apenas até o quarto ano do chamado “grupo escolar”, que foi modesto serventuário do Estado, tenha alcançado tal notoriedade, a ponto de arrastar multidões para apreciar um filme sobre sua vida.
Sem dúvida, em boa parte essa notoriedade sustenta-se na prodigiosa mediunidade que fez de Chico autêntica máquina linotipo do Além, a produzir livros à mão cheia, como diria Castro Alves, com espantosas revelações sobre o mundo espiritual e o inter-relacionamento entre o “lado de lá” e o “lado de cá”, incluindo mensagens dos mortos aos entes queridos.Mas, meu caro leitor, o que realmente fez de Chico Xavier uma das figuras mais ilustres do Brasil, eleito o mineiro do século passado, reverenciado pela população brasileira, foi sua figura humana, de autêntico discípulo do Cristo, a ensinar e exemplificar, o amor preconizado por Jesus, amor em plenitude, que se exprime no empenho de servir, vendo no Bem prestado ao próximo um estilo de vida, uma razão para viver.

Dizia Chico:

O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que escalássemos o Everest ou fizéssemos grandes sacrifícios.

Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros.Foi exatamente isso que ele fez a vida inteira – amou o próximo, distribuindo bênçãos de auxílio ao redor de seus passos, atendendo necessitados, confortando aflitos, solidarizando-se com os sofredores, estendendo a esperança aos desesperados...

Por isso, independente de credo religioso, as pessoas empolgam-se com seu Espírito resplandecente, porquanto o amor, quando realizado em plenitude por alguém, é um fenômeno espantoso, que comove, atrai, motiva e jamais se esquece!

Abençoado Chico Xavier!***
Na contramão do amor, o mais execrável de todos os preconceitos – o religioso.

Chico o combateu sempre, com a excelência do exemplo. Multidões de adeptos de outras religiões, incluindo até gente sem religião, foram atendidas ao longo de seus 75 anos de labores mediúnicos, sem que Chico jamais lhes perguntasse a crença.

Lamentável nesse aspecto a postura de jogadores famosos do Santos Futebol Clube que, conforme foi largamente noticiado pela mídia, recusaram-se a descer do ônibus que os conduzia para visita a uma entidade filantrópica que acolhe crianças com deficiência física e mental, ao serem informados de que se tratava de uma instituição espírita.

A razão: 

sua religião não permitia.

Religião? 

Cristã?

Está faltando um Chico Xavier, ou uma Madre Teresa de Calcutá, ou um Albert Schwartzer em seitas que se dizem cristãs, mas não aprenderam o elementar – o amor ao próximo, incansavelmente ensinado e exemplificado por Jesus é daltônico, não tem cor religiosa.

Richard Simonetti.....................................

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

                                CAIR EM SÍ

Inegavelmente, as parábolas de Jesus são um manancial de aprendizado e beleza, porquanto são narrativas simples, mas de conteúdos espiritual e moral inigualáveis, sendo que permitem ao leitor ou ao ouvinte a identificação espontânea com o sentido ético da lição.

Jesus raramente apontava os erros individuais, pois sabe que o ego possui mecanismos automáticos de defesa, dentre eles, a negação, de tal sorte que, com as parábolas, facultava à criatura humana, de acordo com seu nível de maturidade, o reconhecimento e a análise de seus desvios morais e equívocos existenciais.

Dentre as parábolas narradas no evangelho, destaco a do filho pródigo, porque representa a síntese da evolução espiritual, permitindo-nos uma profunda reflexão a respeito de como anda a nossa atual existência física.

A benfeitora Joanna de Ângelis, na obra “Em Busca da Verdade”, pela lavra mediúnica do confrade Divaldo Pereira Franco, escreve sobre a referida parábola, dando-nos diversos enfoques sobre a conduta de cada personagem, tornando a parábola ainda mais rica e bela de ensinamentos.

Fica registrada a sugestão para a leitura da obra mencionada.

A parábola expõe o momento em que o filho pródigo, imaturo e impulsivo, opta por sair da casa do genitor para viajar a um país longínquo, onde gasta sua parte da herança com leviandades e prazeres materiais.

 Após consumir-se nas paixões e gastar todo seu recurso econômico, vê-se diante de um período de fome que se instalara naquela região. Privado de tudo e passando necessidades, começa a trabalhar com porcos, vindo a disputar a comida com eles.

Porém, chega o momento em que o filho pródigo cai em si e retorna à casa do pai, onde é acolhido com imensa ternura e amor. 

 Essa parábola explica claramente o processo do deotropismo, isto é, fomos criados por Deus, portanto, saímos “das suas mãos”, mas, por imaturidade e ignorância, perdemo-nos na estrada da evolução e afastamo-nos dele, até o momento em que, extenuados pelo sofrimento e famintos de amor e conhecimento, caímos em nós e optamos por voltar à casa do Pai Celestial, que, generoso e confiante, sempre nos aguardava.

Cair em nós significa o exato momento em que ocorre o despertar da consciência.

A consciência desperta quando identificamos que somos Espíritos imortais a caminho da plenitude e que a vida no corpo tem um sentido ético, devendo abranger o crescimento intelecto-moral.

Obviamente que é o primeiro passo na direção de regresso a Deus, pois outros desafios evolutivos surgirão, tais como, libertar-se dos conflitos cultivados, harmonizar o eixo ego-self, eliminar os defeitos morais e converter o despertar da consciência em atitudes renovadas sob a égide do amor.

No capítulo quarto da citada obra, Joanna de Ângelis compara o despertar da consciência com o mito da expulsão do paraíso.

Enquanto vivemos, simbolicamente, no jardim do Éden, o ego (carga de egoísmo presente no inconsciente, fruto da evolução nos reinos inferiores da criação) toma todo o espaço do Self (ser espiritual que contém o germe divino para a plenitude), gerando uma vida materialista, de acomodação e deleite.

 Era a conduta do filho pródigo, cuja consciência ainda estava adormecida.

Notemos que Adão e Eva não trabalhavam, porque o necessário para as suas sobrevivências estava à disposição no Éden. 

Todavia, após comerem o fruto da árvore proibida (mito), foram expulsos do paraíso, e Deus condenou Adão ao trabalho.

A partir dessa ocorrência, Adão passa a descobrir o valor do trabalho e do esforço, na medida em que tudo o que necessita passa a ser fruto do merecimento, portanto, há o despertar da consciência.
Assim ocorre conosco.

 Quando os ensinamentos de Jesus preenchem os vazios da alma, passamos a trabalhar em favor do nosso crescimento espiritual, na busca dos valores imperecíveis que dignificam a nossa vida.

Na simbologia de Joanna de Ângelis, passamos a ser um novo Adão, isto é, um homem novo, com ideais bem definidos, procurando mais servir do que ser servido.

Caímos em nós e redefinimos o rumo de nossa vida como ser imortal destinado à plenitude, porque começamos a regressar à Casa do Pai, nesse processo de integração com o Arquétipo Primordial, razão pela qual Jesus disse que Ele e o Pai eram um só (perfeita integração).

Paulo de Tarso, ao cair em si, verbalizou “já não sou eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim”, porque se integrou com o pensamento de Jesus e, por conseqüência, de Deus.

Anote-se que ao cair em si é natural que surjam as culpas, que, do ponto de vista psicológico, é produtiva desde que bem direcionada.

Joanna de Ângelis fala do “Eu-Angélico” (recursos divinos em nossa intimidade), que estimula a culpa, pois a presença desta é sinal de instalação do despertar da consciência, que nos aponta o certo e o errado, o bem e o mal proceder.

Diante da presença da culpa, cabe-nos não repetir o erro e reparar o mal causado, se possível.

Caso não seja, basta fazer o bem em favor de alguém ou da vida, porquanto a ação fraterna é ponto positivo na contabilidade divina a anular ou amenizar o mal causado (o amor cobre a multidão de pecados – Simão Pedro).

À medida que vamos evoluindo, aproximamo-nos cada vez mais de Deus, tornamo-nos mais livres e felizes, uma vez que começamos a superar os impulsos inferiores e as tendências agressivas, bem como não permitiremos que o mal dos maus nos atinjam. Isto é ser livre.

Não permitir que os outros afetem a serenidade interior conquistada a partir do cair em si.

O Espírito de Joanna de Ângelis ainda nos apresenta Jesus como sendo o filho pródigo do amor, haja vista que se afastou das regiões celestes (Casa do Pai) e foi para o país longínquo da matéria densa, vivendo com a ralé (pigmeus morais – simbologia do porco na parábola). Ensinou a criatura humana a dissipar a sombra individual, mas foi incompreendido e crucificado, voltando, rico de bênçãos, à Casa do Pai.

Todavia, seus ensinos permanecem como lições vivas de esperança e júbilo, tendo suas parábolas contribuídas para esse cenário, auxiliando-nos no processo inevitável do cair em si, com o escopo de renovação moral.

Para os espíritas, cujo despertar da consciência foi mais intenso em virtude dos conhecimentos amealhados a partir do Espiritismo, percebemos que o cair em si se dará diante dos mínimos erros, porque a consciência, de imediato, apontará que não procedemos conforme deveríamos.

O Espírito de Bezerra de Menezes fala-nos sobre o ousar no bem, dar um passo além, de forma que o verdadeiro cristão, por ter caído em si, sabe que pode fazer mais em favor do amor e da paz, sobretudo, dulcificando a própria conduta.

Frise-se que o processo do cair em si não é um episódio único, mas inicia-se com o despertar da consciência, cuja extensão vai se ampliando na exata proporção do nosso esforço em favor da busca do conhecimento e da vivência do amor.

 “Conhecereis a verdade e ela vos libertará” dos equívocos, da ignorância.

Naturalmente, chegará um momento da evolução em que não mais precisaremos cair em nós, pois a consciência e a conduta estarão perfeitamente afinadas com as diretrizes do evangelho.

O tema e a parábola em questão são profundos, de forma que caberiam outros apontamentos, mas fica o convite para o auto encontro, cientes de que o Pai Generoso nos aguarda sempre, amoroso e gentil, cabendo a cada um de nós apressar esse retorno, sobretudo pelas escolhas acertadas e por uma vida pautada pela pureza de coração.

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”.

Alessandro Viana Vieira de Paula -  O Consolador



domingo, 31 de agosto de 2014


O suicídio de Robin Williams...A morte do ator Robin Williams deixa à mostra esse flagelo que se chama suicídio. 

É um assunto grave, sério e que infelizmente não é corriqueiro.

 O número de pessoas que exterminam a própria vida todos os dias em nosso planeta é imensurável. 

Sim, imensurável porque não se tem todos os registros de pessoas que pedem demissão da vida, porquanto dados são escamoteados. 

E para ajudar mídia e sociedade tratam de atirar o tema para debaixo do tapete não o abordando com a seriedade devida, ocultando estimativas a viver num mundo de ilusões... 

Entendem que falar sobre o suicídio gerará suicídios em massa. Entretanto, consideremos que há formas e formas de abordar o tema. 

É a informação sobre alguma coisa que abrirá os olhos das pessoas para saberem onde estão pisando.Portanto, desnecessário falar sobre suicídio mostrando como as pessoas se autoexterminaram, fazendo sensacionalismo, mas fundamental falar sobre como superar os dilemas existenciais, real causa do suicídio. 

Jesus ensinou: 

“No mundo tereis aflições”.

 É bem por aí. 

Devemos entender que a vida na Terra tem seus altos e baixos, dias que são noites chuvosas e densas. São as aflições a que Jesus se referiu. 

Nem só de alegrias se faz nossa existência e saber disso já é um bom caminho percorrido para não se desesperar diante dos problemas. Enfermidade, grana curta, o amor que nos abandonou, o familiar que partiu, a maré que não está lá grande coisa... 

Todas essas coisas citadas fazem parte de nosso rol de provação neste mundo. 

O que fazer? Desistir?

 Suicidar-se? 

Ora, jamais! Melhor treinar e aprender a ser “infeliz”.

 Sim, caro leitor, entenda que quando digo aprender a ser “infeliz” estou falando sobre treinar a viver neste mundo cheio de curvas sinuosas.Levo uma pancada, levanto. 

Levo outra, caio, mas vou devagar me acertando, e assim vamos vivendo...

O Espiritismo nesse particular desempenha papel fundamental ao mostrar que continuamos vivendo, apesar dos pesares, dos problemas e das dificuldades. Extingue-se o corpo, mas fica o espírito, agora em situação mais complicada em virtude do gesto de desespero.

Lembro-me de um amigo orador espírita que foi intuído a modificar sua palestra que realizaria à noite em um determinado centro de nosso país. 

A tarde toda ficou com a palavra suicídio rondando sua mente. Ele não queria trocar o tema, mas a voz insistia ecoando em sua alma. 

Porém, de tanto que os Espíritos “cochicharam” em seus ouvidos, ele resolveu naquela noite mudar a programação e falar sobre o suicídio. 

Qual não foi sua surpresa quando uma mulher o abordou ao final da exposição dizendo que, desesperada, dirigia-se para uma ponte a fim de atirar-se quando teve enorme vontade de entrar no centro espírita. 

Para o espanto da mulher o orador falava sobre o suicídio. Ela nunca havia escutado nada parecido. As informações transmitidas pelo orador despertaram na mulher a “vontade de prosseguir”. 

Ele até então não havia compreendido a razão pela qual passou o dia todo com “alguém” soprando em seus ouvidos para mudar o tema da noite.

 Graças às suas informações aquela mulher não levou ao fim o seu objetivo. Séculos de tormento evitados por conta de uma simples, mas preciosa informação: A vida não acaba com a morte do corpo.

Outro ponto a refletir é a pressão social que recebemos para sermos felizes. 

Ah, quanta confusão isto causa na cabeça das pessoas!Prega-se a felicidade a qualquer custo e não se ensina como lidar com frustrações tão comuns de um planeta em desenvolvimento como o nosso.

O resultado está aí para todos constatarem, uma sociedade infeliz pela busca insana e irracional da felicidade. 

Parece um paradoxo, mas não é. 

O caminho para “exterminar o suicídio” não é esconder dados, deixar de falar ou pedir para que as pessoas sejam felizes na marra... 

Encarar de frente é o caminho. 

Penso que só assim deixaremos de ver todos os dias notícias tristes a mostrar que alguém não conseguiu suportar suas provações e desistiu de si mesmo. 

Posso dizer que é muito melhor um “infeliz” vivo do que alguém que buscou livrar-se dos seus problemas, mas está morto.

Mídia e sociedade podem fazer muito para ajudar neste flagelo denominado suicídio. 

Basta encarar de frente, informar às pessoas e mostrar que aqui temos, sim, problemas e estes servem para serem resolvidos. 

Uma boa dose de realidade vai colaborar com o mundo. Que tal