Mudanças etárias
Alcançamos a proeza
dos 7 bilhões de habitantes (para mais), e em alguns países já se faz presente a
escassez de matéria-prima e de recursos naturais (com apenas dois séculos de
industrialização massiva). Os programas espaciais investem em pesquisas sobre
desenvolvimento de vegetais à gravidade zero, enquanto o planeta Terra se
transforma desde as suas camadas rochosas modelando novas paisagens onde na
primeira fase possuem a aparência de destruição, mas que ao longo dos séculos
elas adquirirão novos fácies, novos elementos e novas dinâmicas.
Estamos no momento de
reajustamento das camadas mais baixas da Terra, movimentadas pelo magma, ou
seja, a primeira fase, onde são produzidas paisagens de destruição. Os estudos
geológicos e geográficos realizados até então e a tecnologia desenvolvida para a
previsão de terremotos, maremotos, furacões, tufões, tsunamis etc. permanecem e
aguardam apenas a previsão, pois evitar tais eventos não é da capacidade humana.
O elemento
Fogo
O Dragão ocidental,
portanto, representa o fogo. Este elemento que permitiu o nascimento das
sociedades humanas há milhares de anos permanece quase que desconhecido pelo ser
humano quanto às suas propriedades e manifestações em diferentes ambientes.
Sabemos da capacidade do fogo em transformar paisagens e a rapidez com que o
faz; em alguns lugares, sua presença é fator necessário para manter o equilíbrio
do ambiente, como no caso do bioma Cerrado.
O fogo, tal como o
conhecemos, é matéria em combustão. Para gerá-lo nos ambientes terrestres é
necessária a presença de um composto químico orgânico (madeira, papel,
combustível etc.) que, em contato com uma substância oxidante (como a
atmosfera), e somada à energia acionada na matéria (como o ato de esfregar um
graveto em um pedaço de madeira), resulta na liberação de calor e de luz
proveniente dos gases que se encontram em combustão. A cor da chama equivale à
combinação dos elementos químicos presentes neste processo. Tanto o calor como a
luz são fontes de energia geradas de um mesmo elemento.
Este processo e tudo
o que ele gera não aconteceria sem o movimento, intrínseco e essencial para que
a transformação ocorra.
O elemento fogo,
portanto, é encontrado em todos os cantos do universo, enquanto a vontade divina
exigir a sua manifestação para cumprir a função de criar, destruir e criar
novamente. Assim, sem a destruição não há criação, pois como aponta sucintamente
a Lei de Lavoisier (séc. XVIII): “Na natureza (na matéria), nada se
cria, nada se perde, tudo se transforma”. Este postulado nos mostra que, na
matéria, o ser encarnado deve compreender que a natureza se movimenta em ciclos
dos quais ele também é parte importante, pois é força que tem a capacidade de
transformar a paisagem desde o seu conteúdo, resultando em novas formas no
espaço.
O único não-criado é
Deus.
Devemos lembrar que a
vida inicia-se muito antes da formação de um planeta complexo, nos berçários
celestes, onde dormem e acordam estrelas que darão continuidade na formação de
galáxias e de sistemas solares, tais como a nossa Via Láctea e o nosso Sistema
Solar presidido por uma estrela – o Sol. Uma estrela muito jovem, ela possui a
sua chama de coloração avermelhada, ao passo que as estrelas em colapso e seus
restos emitem a coloração azulada.
Labores do século
XXI
Iniciamos o século
XXI com poucas certezas e muitas dúvidas. Digamos que, à parte o pessimismo, o
nosso planeta não iniciou o presente século com o “pé direito”, pois as
políticas internacionais ainda são pautadas na guerra e na economia financeira.
Os trabalhos dos grandes pensadores do século XX, apesar de sua contribuição
impagável para o desenvolvimento da raça humana, infelizmente permanecem nos
arquivos das bibliotecas, consultados mais pelas traças e pela poeira do que
pelos líderes mundiais.
Desta maneira,
podemos pensar sobre a tão sonhada mudança de paradigma pela qual cientistas e
religiosos clamam desde as guerras mundiais, motivo entoado pela geração dos
anos 1980 do século passado, a mesma geração que hoje se encontra na casa dos
vinte anos e que usufrui da tecnologia, a qual é capaz de compreender sem o
manual de instruções, mas que continua a carregar a falha moral das gerações
herdadas.
Denominamos
catástrofe qualquer evento que possua escala suficiente para impressionar a nós,
seres humanos: catástrofes ambientais, sociais, naturais etc.. Aquelas que são
provocadas pelo próprio planeta possuem um fim, pois nos esquecemos de dizer
para nossos alunos, no primeiro dia de aula da disciplina de geografia, que a
Terra é um organismo vivo, e, como tal, se movimenta ininterruptamente. Este
movimento gera modificações na paisagem e na organização social das populações
que vivem na superfície.
André Luiz, no livro
– Obreiros da Vida Eterna (2003), compartilha conosco a experiência da
utilização do elemento fogo no plano espiritual que, através dos choques
magnéticos provocados por aparelhagem especializada, concorre para que ocorra a purificação
consciencial nos planos densos do planeta. Enquanto André vivia experiência de
estudo em uma casa socorrista transitória localizada na crosta, equipe de
desintegração magnética realizou trabalho periódico de limpeza da área onde
estava localizado o posto:
“[...] Clarão
de terrível beleza varou o nevoeiro de alto a baixo, oferecendo, por um
instante, assombroso espetáculo. Não era bem o relâmpago conhecido na Crosta,
por ocasião das tempestades, porquanto as descargas elétricas da Natureza, sobre
o chão denso, são menos precisas no que se refere à orientação técnica de ordem
invisível. Observava-se, ali, o contrário: a tormenta de fogo ia começar,
metódica e mecanicamente”. (p. 61)
Para atender
às angústias originadas das dúvidas que assolavam a mente de André, seu
preceptor oferece-lhe breves apontamentos:
“O trabalho
dos desintegradores etéricos, invisíveis para nós, tal a densidade ambiente,
evita o aparecimento das tempestades magnéticas que surgem, sempre, quando os
resíduos inferiores de matéria mental se amontoam excessivamente no plano”.
(p.162)
O resultado
de tal investida dos céus assombrou os habitantes da densa área, que ora
suplicavam o amparo desinteressado do prestimoso pronto socorro, no entanto, nem
todos eram merecedores do auxílio urgente, pois a áurea, sinalizadora dos
verdadeiros arrependidos, era escura e densa na maioria dos que clamavam perdões
e misericórdias: “Ondas maciças de sofredores aterrados começaram a alcançar as
defesas [do posto socorrista]. Era dolorosa a contemplação da turba
amedrontada e expectante”. (p. 163)
Interessante
quadro nos mostra à imaginação quando da leitura desta experiência. Inúmeros
textos desenvolvidos por ilustres escritores descrevem o “choro e ranger de
dentes”, neste derradeiro “juízo final”, onde a presença e sensação do fogo
remetem-nos ao inferno de Dante Alighieri em sua Divina Comédia, algo da
mitologia onde a raiz está em uma verdade inquestionável.
“Quase quatro
horas difíceis se escoaram, exigindo-nos delicada atenção na tarefa. E, agora, a
paisagem era mais sufocante, mais terrível... Serpentes de fogo
[salamandras] desenovelavam-se dos céus e penetravam no solo, que começou
a tremer sob nossos pés. O calor asfixiava. Sentindo os elementos vacilantes que
nos ladeavam, recordei velha descrição do maremoto de Messina, em que, sob o
auge do pavor, diante da Natureza perturbada, não sabiam as vítimas como se
colocarem a caminho do salvamento, porquanto, em torno, a terra, o mar e o céu
se conjugavam num ciclópico e sincrônico arrasamento.” (p. 166)
A descrição
feita pelo autor é materializada na forma dos incêndios que ocorrem na
superfície terrestre, expulsando qualquer tipo de vida por onde ele passa:
“Sorvedouros de chamas surgiam próximos e tamanha gritaria se verificava, em
derredor, que tínhamos perante os olhos perfeita imagem de vasta floresta
incendiada, a desalojar feras e monstros de furnas desconhecidas.” (p.
167)
Confirmamos
nas experiências do além-túmulo a contínua utilização deste elemento nas tarefas
de limpeza e revigoramento de áreas inundadas pelas mais densas placas de baixas
vibrações. Podemos pensar ou imaginar sobre como estaria o nosso planeta, se a
espiritualidade invisível não cuidasse de um mundo que muitos ainda desacreditam
existir.
O fogo
propõe a Renovação
Alimentado
pela centelha do elemento fogo, que destrói o velho e abre campos para que
germine o novo, o Dragão se apresenta em sua primeira aparição trazendo consigo
as chamas da Renovação.
A renovação é
uma proposta coletiva e individual.
Decorre que o
ano de 2012 é o ano da Renovação, pois quando o fogo elimina aquilo que se
tornou ocioso, tem-se um campo pronto para o plantio. Mesmo sabendo que o uso da
prática de queimada nas plantações (coivara), para subsistência, é ultrapassado,
pois, como são realizadas seguidas vezes, ela causa a exaustão do solo (afinal,
o tempo do homem é diferente do tempo da natureza). Tal situação define-se de
maneira diferente no contexto do Cerrado, como relatado acima, onde o fogo é
fator determinante para a renovação da vegetação e do alimento para os animais e
se movimenta de acordo com o tempo e medida exatos às necessidades deste
ambiente.
A etimologia
do termo renovar segue-se do latim: re = outra vez e
novare = tornar novo.
A proposta
para o ano do Dragão é utilizar o seu fogo renovador e queimar tudo aquilo que
se tornou ocioso em nós. Como sabemos que nada se perde, mesmo o que é queimado
produz outras substâncias, as quais conseguimos perceber, como as cinzas, e as
quais apenas instrumentos laboratoriais possuem a capacidade de medição e
comprovação de sua existência, como os gases produzidos e emitidos pelo material
em combustão.
As cinzas que
restaram das memórias de mágoa, de revolta, de tristeza, de autopunição e de
raiva serão limpas pelo elemento água, também sob orientação de um Dragão, mas
desta vez o oriental. O desenho corporal tanto do Dragão quanto da serpente
alada tem a característica sinuosa que representa as ondulações da água e do
fogo, ambos os elementos dançam de maneira infinita em ondas. Estas ondas
possuem uma função útil no sistema, qual seja a de preservar aquilo que é
necessário (representado pelo vale no corpo), e de transportar aquilo que é
desnecessário para o indivíduo (representado pela crista). O mesmo princípio
ocorre na morfologia natural dos rios que é desenhado em meandros (ao passo que
o ser humano torna-o reto, através da destrutiva canalização), pois a filtração
da água originária nos planaltos e no alto dos vales e a manutenção e contenção
de suas margens é a dinâmica ideal e intrínseca para que o sistema bacia
hidrográfica mantenha-se em equilíbrio em cada setor e para que a água despejada
nos mares esteja limpa.
As
salamandras, personificações dos elementais que cuidam do elemento fogo, também
possuem a mesma característica sinuosa da serpente alada e trabalham o fogo a
partir de uma dança que movimenta a matéria, dando-lhe a destinação
adequada.
Desta
maneira, tanto o fogo, como elemento descompactador, quanto a água, como
elemento de limpeza, estão à disposição de todos aqueles que necessitam
sentirem-se mais leves das cargas inoportunas e que atrapalham o desenvolvimento
do Espírito.
Que nós
possamos aproveitar o ano do Dragão e Renovar as nossas ideias e percepções do
mundo e das pessoas. Todo solo só é fértil quando o fogo limpa as ervas daninhas
e quando a água retira os cascalhos.
revista 250- O consolador