sexta-feira, 22 de novembro de 2013





                               A evolução é um processo contínuo



Com o desenvolvimento do meu trabalho como psicoterapeuta reencarnacionista, terapeuta holístico, pesquisador, estudioso e principalmente aprendiz, eu tenho cada vez mais a certeza através da prática na minha vida que a evolução consciencial e espiritual é o processo contínuo, isso mesmo, um aprendizado sem fim.

Cada um está praticando seu exercício na vida, afinal, a vida realmente é uma grande escola e engana-se quem pensa que termina o aprendizado quando o "corpo morre", pois o espírito é imortal e o aprendizado sempre continuará. 

Estamos sempre, sempre, aprendendo e o que chamamos de "vida" aqui na Terra, é mais uma passagem de aprendizado do espírito de tantas que já fizemos e ainda certamente vamos fazer. 

A evolução é essencial e primordial para nossos espíritos e o nosso cenário de trabalho, nosso campo de estudos e práticas é aqui na Terra enquanto encarnados e quando desencarnados, o cenário de estudos é toda a criação Divina, que é infinita e contínua.

É importante sentir com o coração e alma; 

o chamado para a evolução consciencial e espiritual chegou. Só encarando nossas limitações de frente que este caminho poderá se expandir rumo a essa lapidação tão esperada.

Precisamos primeiro"desaprender" para só assim então começar a aprender, não é fácil "desapegar-se" dos costumes, de como fomos educados e como falaram que tinha que fazer para ser feliz, bem-sucedido, bom marido, boa esposa, bom pai, boamãe, bom amigo (a), bom filho(a) e tantas outras coisas que já têm suas fórmulas prontas de como ser e fazer. 

Mas precisamos começar pelo começo e começar pelo começo não é aprendendo e sim "desaprendendo" os costumes e ensinamentos que já não preenchem mais nossas essências, para só assim, começarmos a aprender de uma nova forma o que realmente preenche nossos corações, nossas almas.
  
É um grande desafio para o individuo entrar no campo do entender, compreender, reconhecer e praticar (viver). Este estágio em sua existência sempre vai depender de cada pessoa e o momento de suas vidas.

 A cada passo caminhado, novos campos e realidades vão se abrindo em sua vida, tanto no campo material, mental, emocional, sentimental e principalmente espiritual. E para tudo isso começar a acontecer é preciso "desaprender"...

Ninguém falou que a reforma não seria dolorida; na verdade, não precisa ser, porém, estamos tão distraídos, nadando de braçada em nossas ilusões, que o efeito desta "reforma íntima" nos remete ao sofrimento, à dor. 

Às vezes estamos tão desligados, tão distantes de nossos caminhos e missões de alma que somente com uma doença para cairmos na real e só ai então pararmos para pensar como estamos conduzindo nossa jornada nesta vida. É neste momento que o Espírito da pessoa ergue as mãos para céus e diz:

 - Agora eu acho que ele (Ego) despertou e essa é minha chance de começar minha tão esperada reforma, minha evolução rumo à expansão consciencial e espiritual.

Reformar-se não é sinônimo de dor e sofrimento, porém, no geral "todos nós" estamos vivenciando este momento de grandes desapegos e aprendizados, somos todos médios e os"desapEGOS" de nossas vidas são dificultosos, pois o EGO jamais aceita perder. Afinal, quem acha que tem algo ou alguém, quando percebe que nunca teve, sofre com a perda... 

A noção de perda é mais uma de nossas ilusões entre tantas outras que estamos vivendo. Tudo é aprendizado.

Estamos em um momento maravilhoso da humanidade e nossos espíritos estão querendo conhecimento, evolução, liberdade, revolução, amor, felicidade, cumplicidade, amizade, incondicionalidade e, principalmente, autoconhecimento. 

A palavra para o século XXI é o autoconhecimento, isso irá mudar a humanidade. É realmente se conhecendo que nós teremos condições para poder entender o mundo que está ao nosso redor, desde a menor parte até a presença infinita de Deus em nossos espíritos.


Amor
Determinação
Confiança

Jefferson L. Orlando

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A gula

O desequilíbrio fisiopsíquico leva a criatura a
alimentar-se além do necessário

O prazer de comer tem lá seus atrativos. E quem se esmera preparando os alimentos recebe - de bom grado - os elogios pelo seu desempenho.

Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 716, lemos que a natureza traçou o limite de suas necessidades na sua organização, mas o homem é insaciável, quer sempre mais, criando para si necessidades artificiais. 

A Doutrina Espírita ensina, então, que todas as paixões e vícios têm como princípio originário uma necessidade natural, e que os prazeres que o físico proporciona são regulados por leis divinas. 
Estas estabelecem, por sua vez, limites em função das reais necessidades do homem.  O desrespeito a essas leis ocasiona consequências funestas.

Emmanuel alerta para o fato de que Deus criou corpos perfeitos para abrigar Espíritos perfeitos.  Entretanto, o homem, pelas suas imperfeições, desarmoniza essa máquina danificando-a.

 Esclarece, ainda, que apenas cinco por cento das nossas doenças atuais são resultados de desatinos em existências passadas; o restante são escolhas equivocadas, ilusórias, que fazemos nesta reencarnação. 

O excesso de alimentação, que sobrecarrega nossos órgãos, não passa de um descontrole ocasionado por fatores físicos e/ou emocionais.   

O desequilíbrio fisiopsíquico leva a criatura a alimentar-se além do necessário, e tal excesso traz acúmulos de gordura no sistema circulatório em forma de colesterol, triglicérides e quejandos...

Entendemos que a gula é, também, uma manifestação de egoísmo. A porção alimentar que poderia sustentar mais de uma ou duas pessoas é indevidamente consumida por apenas uma, com visível prejuízo para a coletividade. 

O homem primitivo era um ser totalmente glutão, abrutalhado e egoísta. Talvez pela dificuldade de encontrar alimento à sua volta, consumia tudo o que encontrava e, egoisticamente, comendo tudo o que podia, sem repartir com ninguém. Não desconhecemos, hoje, as afirmações médicas de que os glutões, de modo geral, estão mais propensos a enfermidades ligadas ao excesso alimentar.

Sobre a Lei de Conservação, na questão 723, de “O Livro dos Espíritos”, Kardec pergunta aos Espíritos superiores quanto à alimentação animal para o homem, se ela é contrária à lei natural

 A resposta é não, porque, na constituição física do ser humano, a carne nutre a carne, caso contrário, o homem perece.

 A lei impõe ao homem o dever de conservar suas energias e a sua saúde, para poder cumprir a lei do trabalho. 

 Ele deve alimentar-se, portanto, segundo o exige a sua organização ou estrutura orgânica. Não existe, pois, por parte da Doutrina Espírita, nenhuma restrição quanto à ingestão de alimentos animais. Ela nada proíbe, apenas conscientiza. Cabe a cada um agir de acordo com o seu foro íntimo. 

Embora consideremos as proteínas de origem animal importantes à nossa subsistência, a preferência pelos produtos naturais, como os cereais, verduras, frutas, ovos, mel, leite e seus derivados, ou seja, a alimentação natural, ainda é a ideal. 

 É a mais condizente com a natureza da criatura que busca ascender espiritualmente.  

Entretanto, sejamos realistas e não nos fanatizemos seguindo a alimentação com objetivo de ascensão espiritual, pois

 “não é o que entra pela boca que nos faz melhores, mas o esforço que empreendemos em fazer com que, através dela, saiam palavras confortadoras, dóceis, construtivas”, 

ensinou-nos o Excelso Amigo.

Um dado interessante: a ciência mostra que o homem possui aproximadamente 6m de intestino.  Portanto, pela sua natureza fisiológica, deveria ter uma alimentação natural, mais leve.

A lei natural tem, necessariamente, como manifestação, a conservação da matéria que, por sua vez, é responsável pelo maior ou menor desempenho das faculdades do Espírito.

 O desrespeito a ela nos conduz, também, a um desequilíbrio psíquico:

 “Amai vossa alma, mas cuidai, também, do corpo, instrumento da alma; desconhecer as necessidades que lhes são peculiares por força da própria natureza é desconhecer a lei de Deus”.¹

O excesso de alimento é um vício nocivo ao psiquismo, porque energia mal distribuída gera desequilíbrio generalizado.

 A anorexia nervosa, por exemplo, é uma doença de nível inconsciente, quadro mórbido em que o indivíduo diminui a quantidade de alimentos ingeridos, eliminando aqueles ricos em calorias, por meio de uma dieta rígida, autoimposta, que alterna com crises de bulimia, vômitos provocados ou ingestão de purgativos.

Sob o ponto de vista espiritual, o glutão é considerado suicida, além do que está sujeito a reencarnar com doenças gástricas, úlceras etc.

No livro “Nosso Lar”², o próprio André Luiz é taxado de suicida quando retorna ao plano espiritual, devido às condições de seu decesso. Ao passar pelo serviço de assistência médica, o Irmão Henrique de Luna diz:

 “... É de se lamentar que tenha vindo pelo suicídio... Todo aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância. Devorou-lhe as energias essenciais. Como vê, o suicídio é incontestável...”

Inconformado, André Luiz não poderia supor noutro tempo, que lhe seriam pedidas as contas de episódios simples, que costumava considerar como fatos sem maior importância.
Um outro aspecto de destaque, que deve ser considerado neste tema, diz respeito à absorção das energias contidas nos alimentos. 

Para se aproveitar as energias e os valores alimentícios, durante as refeições, é necessário que tenhamos a mente tranquila e as emoções acalmadas, pois, quando, durante as refeições ocorrem discussões e contrariedades, metabolizamos mal, provocando perturbações estomacais e impregnamos os alimentos mastigados de vibrações negativas, altamente perniciosas ao nosso Espírito.

Vejamos o que nos revela o autor de “Nosso Lar”, através da orientação do médico benfeitor Henrique de Luna a André Luiz sobre sua desencarnação:

 “O organismo espiritual apresenta em si mesmo a história completa das ações praticadas no mundo... A moléstia, talvez, não assumisse características tão graves, se seu procedimento mental no planeta estivesse enquadrado nos princípios de fraternidade e da temperança. 

Entretanto, seu modo especial de conviver, muitas vezes exasperado e sombrio, captava destruidoras vibrações naqueles que o ouviam... A ausência de autodomínio o conduzia, frequentemente, à esfera dos seres doentes e inferiores”.

A apetência é uma necessidade natural, enquanto que o abuso é uma necessidade artificial criada pela mente.

 Portanto, o ponto de ataque não é o físico, mas a fantasia. Daí, a importância de sermos moderados, porque do abuso é que nasce a dor. Progredir é usar bem os empréstimos de Deus.

 O homem só conseguirá a realização plena quando tiver o domínio de si mesmo.

Mais uma vez, lembrando Kardec, na questão 964 de “O Livro dos Espíritos":

“Deus tem Suas leis a regerem todas as vossas ações. Se as violais, vossa é a culpa. Indubitavelmente, quando um homem comete um excesso qualquer, Deus não profere contra ele um julgamento, dizendo-lhe, por exemplo: 

Foste guloso, vou punir-te. Ele traçou um limite; as enfermidades e, muitas vezes, a morte são consequências dos excessos. Eis, aí, a punição; é o resultado da infração da lei. Assim é tudo”.                                               

Bibliografia consultada:
1 - KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo XVII, item 11;
2- ANDRÉ LUIZ (Espírito). Nosso Lar. [psicografado por] F. C. Xavier - 49ª edição. FEB, Rio de Janeiro, 1981. 
Outra fonte de pesquisa: RABELLO, André. A busca pelo bem-estar

domingo, 17 de novembro de 2013



  Veja no que deu a falta
de paciência
    


Certo homem faminto e sem dinheiro, caminhando por uma estrada que margeava um rio caudaloso, viu no chão uma nota de cem reais encoberta pela poeira. 

Mais do que depressa a recolheu em suas mãos, e verificou, surpreso, que se tratava apenas da metade da cédula. Irritado com a sua falta de sorte, amassou-a entre os dedos e jogou-a no rio. 

Ao andar mais alguns metros, deparou-se com a outra parte da nota; no entanto, era tarde demais, porque a correnteza já havia levado a outra metade para bem longe de onde se encontrava.

De fato, na vida, por falta de paciência, perdemos inúmeras chances de sermos ajudados por Deus.

 Aliás, para sermos pacientes, é preciso educar a nossa vontade, ou melhor, nos segurarmos por dentro, controlando os impulsos de nosso mundo interior.

Noutro dia, quase perdi a paciência depois de aguardar quase duas horas na sala de espera da dentista; porém, quando pensei em levantar-me para ir embora, lembrei-me da afirmação de Jesus:

 “Na paciência, ganhareis as vossas almas”, e voltei à calma novamente.

A paciência é uma caridade, conforme nos ensina também a mensagem do cap. 9 de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.

 O mérito dessa caridade está em perdoarmos aqueles que Deus colocou em nosso caminho, para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência; um teste muito difícil, não resta dúvida.

O teste pode vir do parente difícil que mora dentro de nossa casa; do colega de trabalho, intratável; do chefe opressor; ou do motorista que buzina atrás do nosso veículo, querendo que avancemos o sinal para ele passar.

 Manter a paciência nesses casos será sempre uma forma inteligente de conquistarmos a nossa tranquilidade íntima.

Segundo Chico Xavier, a neurose é o resultado da impaciência ou da falta de resignação.

Diz ainda o médium mineiro que 60% a 80% de nossas doenças foram adquiridas através dos choques da intolerância, das ofensas e da falta de perdão.

 Por último, quero lembrar de novo: “É na paciência que ganhareis as vossas almas” - Jesus.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

                         A CILADA DAS ALMAS GÊMEAS

A Doutrina Espírita é clara no que diz respeito às almas gêmeas. Não existem metades que precisam se completar para desfrutar a eterna felicidade. 

Cada um de nós é uma individualidade que estabelece laços e afinidades com outras individualidades, através dos tempos e das vivências sucessivas. 

Se substituirmos o termo “gêmeo” por “afim”, vamos perceber que são muitas as almas afins que encontramos e reencontramos por esse mundão de meu Deus, e que todas elas, cada uma a seu modo, têm seu espaço e importância em nossa caminhada. 

Podemos dizer então que são várias as nossas “almas gêmeas”. Amigos, filhos, irmãos, pais, mães, maridos e esposas, entre outros, formam a imensa fileira das relações de afinidade construídas vidas afora.

Porém, apesar da clareza dos ensinamentos espíritas, ainda vemos muita gente boa, dentro do nosso movimento, cair nessa armadilha emocional, que está mais pra conto do vigário que pra conto de fadas, e que pode gerar graves consequências, não só na vida pessoal, como também no núcleo espírita em que trabalham.

Temos presenciado histórias preocupantes. 

Aqui, são aqueles dois médiuns, ambos casados com outros parceiros, que se descobrem “almas gêmeas”; 

E aí, tentam se enganar que estão “renunciando”... 

Mantém-se em seus casamentos, mas tornam-se “irmãos siameses” na Casa Espírita.

 Sentam-se lado a lado nas reuniões, são vistos juntos em todos os lugares, dão sempre um jeitinho de fazer parte da mesma equipe (isso quando não arranjam uma missão que “a espiritualidade designou somente aos dois”) e se isolam pelos cantos em conversas particulares sem fim.

 Só têm olhos um para o outro e, em tal enlevo, não se dão conta que à sua volta todos sentem o que está acontecendo, sobretudo seus maridos e esposas, humilhados publicamente no melhor estilo de adultério por pensamento e intenção, embora sob a máscara do amor fraternal. 

Sim, porque o fato de não partirem para o ato sexual não os exime do abandono afetivo e da traição emocional em relação aos cônjuges. 

Acolá, é aquela irmã solitária e carente, que se depara com o eloquente e carismático orador. 

Que palestra!... 

Que palestrante!... 

Que homem! 

Ele só tem um defeito:

 É casado!...

 E logo com aquela senhorinha já envelhecida e meio sem graça... Que desperdício!..

. E eis que de repente ele também a vê na plateia... 

Bonitona, elegante, jovial e olhando-o com aquele olhar de admiração apaixonada que há muito ele não percebe na companheira... 

Afinal, o casamento - como todos após lá seus trinta anos - já entrou na rotina. 

Oh céus! 

Ali mesmo cupido dispara a flecha e zás!...

 Começam as justificativas íntimas: “Como não tinham se descoberto antes?!...

 Por certo eram almas gêmeas que há muito se procuravam... O casamento foi um equívoco; o reencontro uma programação para que pudessem trabalhar juntos para Jesus”. 

Resolvem então assumir o romance. 

A mulher dele, abandonada após anos de companheirismo e convivência, entra em profunda depressão, os filhos se revoltam, a família se desestrutura, os companheiros se retraem, decepcionados e temerosos... 

“Ora, quem tem suas mulheres e maridos que se cuide, pois, se aconteceu com o fulano, que era um exemplo, ninguém está livre”... 

Instala-se então o tititi e a desconfiança. Daí para o escândalo é apenas um passo, e para o afastamento constrangido dos próprios envolvidos, sua família e outros tantos trabalhadores desencantados com a situação, é um pulo.

 Sofrimento, deserção e descredibilidade. Tudo pelo direito ao “felizes para sempre” junto à sua “metade da laranja”... 

Mas onde é que está escrito, no Evangelho, que é possível construir felicidade sobre os escombros da felicidade alheia ou edificar relacionamentos duradouros em alicerces de leviandade e egoísmo?

Temos visto estrondosos equívocos desse tipo mexer seriamente com estruturas de famílias e Casas Espíritas, fazendo ruir  Instituições e relações que pareciam extremamente sólidas. 

Temos visto companheiros valorosos das nossas fileiras, que, caminhando distraídos de que “muito se pedirá àquele que muito tiver recebido”, de repente resolvem jogar pro alto o patrimônio espiritual de uma vida inteira, em nome do “amor”. 

E assim, cônjuges dedicados e dignos são descartados como se não tivessem alma nem sentimentos, em detrimento de aventuras justificadas por argumentos inconsistentes, sem nenhum respaldo ético/moral ou espiritual. 

Isto quando ainda há um mínimo de honestidade e se pede a separação, porque alguns preferem continuar comodamente em seus relacionamentos “provacionais”, porém, mantendo na clandestinidade um “affair” paralelo com a tal “metade eterna”, sob a desculpa esfarrapada de que a família deve ser poupada, pois “família é sagrada!!!”

Logo se faz sentir o efeito dominó. 

Lá adiante, após vários corações feridos e muitas quedas morais, a convivência faz a alma gêmea virar “alma algemada”. 

As desilusões chegam, inevitáveis, com todo o peso resultante das atitudes ditadas pelas paixões, mas, na maioria das vezes, já é tarde pra retomar, ainda nesta existência, o percurso abandonado. 

Reflitamos.

 Ninguém chega atrasado na vida de ninguém. Se chegou depois é porque não era pra ser. 

E se não era pra ser há um bom motivo para isso, visto que as Leis Divinas são indiscutivelmente sábias, justas e providenciais. Não tem pra onde fugir:

 Quando o teste nos procura, ou somos aprovados ou forçosamente teremos que repetir a lição futuramente, e em condições bem mais adversas... 

Podemos reencontrar, no grupo de trabalho espírita, grandes amores e paixões do passado que nos reacendem sentimentos e sensações maravilhosas? 

Sim. 

Podemos olhar para companheiros de ideal espírita com outros olhos que não sejam os do amor fraternal? Sim. Nada mais natural. 

Mas sabemos, pelo Apóstolo Paulo, que poder nem sempre significa dever... 

Portanto, o bom senso nos diz que investir ou não afetivamente nessas pessoas vai depender de que ambos estejam livres para fazê-lo.

Alguém haverá de argumentar que casamento não é prisão e que aliança não é corrente; que ninguém está preso a ninguém “até que a morte os separe” e que o próprio Cristo admitiu a dissolução do casamento. 

Porém, o espírita não desconhece que, na maioria dos casos, muito além dos compromissos cartoriais existem profundos compromissos e dívidas emocionais entre aqueles que se escolheram como marido e mulher nesta vida.

 Compromissos muito sérios para serem dissolvidos porque o corpo requer sensações novas, porque a mulher envelheceu, perdeu o brilho ou porque o marido ficou rabugento...

 Como se o outro estivesse só quebrando um galho enquanto a “outra metade” não chegava...

Todos almejamos felicidade, e no estágio evolutivo em que nos encontramos, isso ainda tem muito a ver com realização afetiva. 

Por isso mesmo, não devemos ignorar que só a quitação de antigos débitos emocionais é que nos facultarão essa conquista. 

Precisamos interiorizar, de uma vez por todas, que os casamentos por afinidade ainda são raros neste momento planetário, e que se ainda não conseguimos amar o parceiro que nos coloca em cheque ou aquele que não corresponde aos nossos anseios, o conhecimento das leis morais exige que ao menos nos conduzamos com um mínimo de retidão e tolerância diante deles. 

Tal consciência nos exige também, caso nos sintamos atraídos por companheiros já comprometidos, que nos recusemos terminantemente, sob qualquer pretexto, a desempenhar o deprimente e desrespeitoso papel da terceira pessoa numa relação, pois não há conversa fiada de alma gêmea que dê jeito no rombo emocional aberto pela desonestidade afetiva, nem justificativa de carência e solidão que nos permita desviar da rota do dever sem que tenhamos, forçosamente, que colher amargos frutos, porque “se o plantio é livre, a colheita é obrigatória”. 

Não se colhem rosas plantando espinhos. Sejamos responsáveis diante daqueles que escolhemos e que nos escolheram para compartilhar a vida.

 Acautelemo-nos contra as ilusões. Se os nossos anseios são irrealizáveis por agora, respeitemos as limitações impostas pelo momento que passa. 

Por mais possa doer olhar de longe um dos muitos seres amados, que cruza o nosso caminho nesta vida, mas que já optou por outra pessoa, só a dignidade de nos manter a distância é que vai possibilitar, pelas justas leis da vida, que conquistemos por mérito, lá na frente, em outras circunstâncias, a alegria do reencontro e a partilha do afeto junto àquele que nos é tão caro, porque estaremos redimidos dos ônus afetivos do ontem através das atitudes renovadas do hoje.

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado.” (Mateus 6.33.)

Saibamos buscar... Saibamos esperar... Trabalhemos por merecer... Afinal, temos pela frente a eternidade!


Joana Abranches - O consolador



Vol

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Recursos antidepressivos
          A depressão é doença do Espírito, e no Espírito deve ser tratada. - Joanna de Ângelis [1]

Trazemos, nos arcanos do ser, os conteúdos perturbadores constituídos nas atitudes de não-observância da ética cósmica em experiências corpóreas anteriores e não diluídos ainda na prática reparadora do bem.

 Energeticamente, essa gama de informações espirituais reverbera sobre o perispírito, definindo ou não a predisposição orgânica para a depressão, bem como mecanismos limitadores da organização biológica de acordo com os complexos de culpa que a individualidade carrega consigo, no processo de reencarnação.

Em suas causas físicas, os estudos remetem a fatores genéticos e neuroquímicos ou cerebrais, cuja ascendência o Espiritismo nos revela estar no ser espiritual que somos, cujo estado enfermiço se projeta sobre o corpo somático ensejando a compreensão de que sob o prisma espiritual não há doenças e sim doentes.

 A depressão também pode estar associada a perdas, de forma reativa, ou ao apego às coisas, pessoas ou circunstâncias. 
Contudo, a matriz desencadeadora da depressão está na rebeldia do Espírito que não admite a desobediência da vida em relação aos ditames de suas ilusões acalentadas pelo Ego.

Em conformidade com os estudos do Dr. Alírio Cerqueira Filho[2], eminente psicoterapeuta, a depressão é uma doença do Espírito cuja marca é o estado de tristeza ou vazio que apresenta, gerando incapacidade do individuo fruir prazer na vida, produzindo insatisfação, capaz de apresentar junto dessas características o desejo, ainda que velado, de morte.

 Ela pode se apresentar em três níveis. No primeiro nível, o leve, a depressão não chega a interferir na rotina do indivíduo, mas tudo o que realiza parece-lhe um sacrifício. No nível moderado há um comprometimento nas suas realizações do paciente e enfrenta grandes dificuldades de sentir-se bem, tornando-se insatisfeito com aquilo que antes o plenificava. 

Já o estágio grave se caracteriza como grande limitador, o indivíduo abandona seus compromissos e, isolado ou fechado em si mesmo, prostra-se e demonstra um profundo desgosto pela vida.

Como a depressão tem cura, ao serem identificados os seus sintomas, deve-se imediatamente buscar o auxílio médico ou psicoterapêutico especializado para evitar que o transtorno alcance um estágio de gravidade de difícil solução.

Na sua superação o apoio do grupo familiar é fundamental, devendo envolver o depressivo em profundo amor e colaborando para que siga a terapia na sua totalidade. 

Nesse propósito ajuda muito a reintegração com a espiritualidade em sintonia com as opções pessoais ou familiares, a fim de reconfigurar o sentido existencial e redefinir as emoções e sentimentos do indivíduo sobre si próprio.

O psicólogo baiano Adenáuer Novaes afirma que há “um potencial de cura em todo ser humano” [3] e, para alcançá-lo, é preciso conectar-se ao Self para mobilizarmos as energias em favor de nosso crescimento espiritual. 

Todavia, é oportuno que antes de a enfermidade se instalar busquemos, apoiados na Doutrina Espírita, os recursos antidepressivos ao nosso alcance. Entre eles estão: o autoconhecimento, o autoamor, a meditação, a prece, a ação no bem – no dever e na caridade.        
Caminhar para o auto-encontro é indispensável para entender a razão mais profunda da constância da tristeza na alma, a fim de mudar o teu estado mental, identificando os valores dignos de nota que trazes, cujo reconhecimento faculta melhor autoestima e auto-amor materializado no cuidado contigo como ser integral.

A prática da meditação permite reconhecer o significado promissor da tua reencarnação tendo em vista o propósito que trazes em ser feliz. Medita sempre e farás felizes escolhas e apreciações acertadas sobre os desafios, edificando em ti o consentimento da razão e do coração às aprendizagens que te são necessárias.

Ora constantemente, alteando as tuas ondas mentais, articulando-te com a assistência dos Bons Espíritos que te amam e, em nome de Deus, te amparam sempre, mesmo que não te apercebas disto. E age no bem, seja no cumprimento dos teus deveres em que te cabe oferecer a melhor parte de ti, seja na caridade, em que o teu coração renovado deve estar presente.

Abre a janela da tua alma, meu irmão, deixa as claridades de Jesus – sublime estrela – iluminarem o teu ambiente íntimo. Então, nas horas de luta, silencia e escuta o Cristo que te diz: “tenho vos falado essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria se cumpra”. [4]




[1] FRANCO, Divaldo P. Entrega-te a Deus. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Catanduva: Intervidas, 2010, p. 58.
[2] CERQUEIRA FILHO, Alírio. Cura espiritual da depressão. Santo André, SP: EBM, 2006. 
[3] NOVAES, Adenáuer Marcos Ferraz de. Alquimia do Amor: depressão, cura e espiritualidade. Salvador: Fundação Lar Harmonia, 2004, p. 160.
[4] João, 15:11.

Vinicius Louzada - O consolador
 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013


O doente da janela e a importância da palavra

O poder fluídico da palavra é demais importante e todos nós temos condições de transmitir ao nosso próximo vibrações boas ou ruins, independente das verdades que possam conter.

Este é um dos conhecidos casos em que podemos fazer ou trazer, mesmo que momentaneamente, a alegria ou o bem-estar a alguém.

Num quarto de hospital, duas camas acomodavam dois doentes, os quais, com o passar do tempo, fizeram boa amizade.

O doente mais antigo encontrava-se no leito que ficava próximo da janela, enquanto que o outro se achava pouco mais afastado e num ângulo que não lhe dava condição alguma de visualizar, através dela, o mundo exterior.

Ambos compartilhavam o mesmo ambiente, com luz em penumbra permanente, há meses, devido à gravidade do mal que os acometera.

O primeiro e mais antigo ‘hóspede’, sabedor de que seu companheiro também não podia se levantar, e muito menos expiar a vida além do quarto, procurava, a todo momento, passar-lhe os fatos novos, descrevendo-os em seus detalhes, com o fim de abrandar o infortúnio e minorar suas lamentações.

Sentado à cama com naturalidade, informava ao amigo como estava o dia lá fora, e como as pessoas se comportavam, quando era chuvoso ou ensolarado.

Referindo-se à saúde, fazia ver ao amigo como era bom caminhar pelo imenso jardim da praça, em meio às frondosas árvores que faziam gostosas sombras sendo bem aproveitadas pelos transeuntes.

Descrevia os casais que se acomodavam sob suas copas e ali permaneciam horas a fio, em franca harmonia coloquial; também falava das crianças, que corriam de um lado a outro do parque, em torno da fonte, cujas águas brilhavam à luz do Sol, espargindo alegria e frescor.

O amigo ouvinte, a cada informação que chegava, deixava a imaginação trabalhar com sua peculiar fertilidade e também se via em meio àquele paraíso, que lhe era descrito todos os dias.

Certa vez, o doente da janela levantou-se um pouco mais na cama, ajustou-se nos travesseiros e avisou o amigo que um grupo de pessoas uniformizadas, certamente uma banda, estava desfilando ao lado do jardim, sem que pudesse ouvir-lhe o som, enquanto que outros, em ares felizes, acompanhavam-na agitando flâmulas.

Empolgado, o seu amigo encheu-se de alegria. Aprumou os ouvidos e disse que podia escutar suavemente o som dos instrumentos que vibravam em harmonia sonora com a natureza, e que isso estava trazendo mais alegria ao ambiente interno do hospital.

Mas, numa manhã, quando tudo parecia normal por ali, com a enfermeira trazendo os remédios costumeiros, uma triste novidade no quarto: o doente da janela, ao ser chamado, não acordou; já não vivia mais...
A campainha foi tocada e o quarto rapidamente se encheu de funcionários que lamentaram a partida, pois todos já se haviam acostumado com o bondoso senhor que ocupara por longos meses aquele leito de dor e sofrimento.

Retomada a rotina, o outro doente, como não podia levantar-se, pediu que o colocassem na cama próxima da janela, para poder, ao menos, passar melhor o tempo apreciando o mundo lá fora.

Quando a enfermagem o atendeu, qual não foi sua surpresa!

Aquela janela, por primorosa lhe parecesse, dava para uma parede de tijolos, em estreito corredor, sem acabamento, e sem oferecer qualquer chance de uma vista externa.

O doente, intrigado e surpreso, perguntou à enfermeira:
– Como meu amigo via e transmitia tanta beleza, se na verdade nada disso existe?!

E ela, de cabeça baixa e com voz suave, respondeu-lhe:

– Aquele homem bondoso que repartira com você longos meses o sombrio ambiente do quarto transmitindo-lhe sempre alegria e bons pensamentos, era cego, nunca enxergou!

Vladimir Polizío - O consolador

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Internet, infância e juventude

 
Muitas invenções e descobertas do ser humano modificaram a sua vida cotidiana de forma irreversível. 

A lâmpada elétrica, o avião, a propulsão a vapor, a pílula anticoncepcional..., somente para apresentar as mais relevantes no campo da tecnologia.

A última década inseriu com grande capilaridade em nossas vidas uma outra descoberta – a Internet – que, pela sua capacidade de vencer distâncias e a interação entre os componentes dessa rede, trouxe mudanças significativas em nossos hábitos, em especial das crianças e jovens atuais, que cresceram à luz deste mundo multiconectado.

Para além da questão da habilidade em operá-la, onde jovens e crianças manuseiam os computadores com destreza e naturalidade, a Internet mexeu diretamente com o contato destes com o mundo, sendo esta uma relação mediada. 

Conversam os nossos jovens com seus amigos por meio de teclados, monitores e programas.

 Os encontros, as brigas, o lazer, tudo se faz por intermédio da máquina, em jornadas de horas a fio, em dias e madrugadas, conversando, navegando e interagindo.
Além da mediação, a Internet cria no jovem e na criança o hábito de realizar várias coisas ao mesmo tempo, a similitude do ambiente multitarefa dos computadores, com múltiplas janelas abertas, disputando a atenção dos sentidos sobre-excitados, entre sons e imagens.

Por fim, a Internet traz ao jovem e à criança uma lógica programática, de seguir um rumo pré-determinado pelos sistemas, à maneira dos “IF-THEN-ELSE” da programação, atingindo os níveis pelo seu esforço e dedicação e pouco pela sua criatividade, no perigoso “efeito RESET”, onde, não gostou, reinicia tudo.

 O amigo máquina pode servir de substituto do convívio, do abraço e do “bom-dia”. 

O jovem vê tudo pela lente, escravo daquela forma de se relacionar com o mundo, como uma muleta para ser ele mesmo.

Essa vivência mediatizada pela máquina esconde o jovem dos outros, dos seus próximos, em máscaras de “nick-names”. 

As ações múltiplas que trazem movimento, ao mesmo tempo impingem pouca profundidade nas relações. 

A visão programática favorece o individualismo, a competitividade e o desapego. 

Pequenos exemplos de pontos negativos na personalidade e que necessitam ser trabalhados, entendendo a Internet como algo irreversível, que trouxe avanços, mas como tudo, demanda cuidados.

Entretanto, como tudo na vida, a Internet guarda em si grandes possibilidades, latentes, que precisam ser exploradas. 

As construções colaborativas (WIKI), as possibilidades de pesquisa e, ainda, a imensa capacidade de mobilização da rede, agindo no mundo virtual para operar mudanças no mundo real são exemplos dessa atuação que enriquece.

 A Internet, bem dosada, é ferramenta de desenvolvimento e de amadurecimento da infância e da juventude, para as construções do reino de Deus sobre a Terra.

Como realidade inconteste e sem volta, cabe a nós, no movimento espírita, que labutamos na seara infanto-juvenil, propiciar a orientação adequada ao uso dessa potencialidade, incentivando nessa rede as opções de crescimento, de troca de material, de divulgação de artigos, de reencontro dos amigos, de debates virtuais, blogs, coberturas on-line, campanhas fraternas e uma gama de boas práticas que mostram que usar essa rede é muito mais que isolar-se no seu mundinho em jogos e movimentos superficiais.

Não adianta torcer o nariz para essa inovação tecnológica que diariamente bate à porta de nossas residências. Importa enxergar nesse instrumento um caminho de fraternidade e de união entre os Espíritos encarnados, na realização do grande sonho da comunicação global, do respeito às diferenças e na construção da almejada fraternidade universal entre os povos, que depende muito mais de nossa transformação moral do que de equipamentos eletrônicos.

Faz-se necessário incluir a Internet em nossas aulas, atividades e discussões com os jovens, aproveitando essa dádiva. 

Negá-la é isolar-se do mundo dos jovens e das crianças, afastando-os da mesma forma.

Marcus Vinícios de Azevedo Braga - O consolador