sexta-feira, 4 de outubro de 2013

UM GRANDE ABISMO

“E além disso, entre nós e vós está posto um grande abismo...”  - (Lucas 16:26.)


Na parábola do rico e Lázaro (Lucas 16,19-31), vemos que não é apenas adiferença econômica que separa os dois personagens bíblicos. 


nosso ver,tanto a riqueza quanto a pobrezaque são mencionadas por Jesus, podem
ser entendidas igual e preferencialmentepelo aspecto moral, ao material, o
qual, na maioria das vezes, é compreendido.

Essa diferença de entendimentos entre duas ou mais pessoas, em relação a um determinado fato ou coisa, é confirmada na sexta parte introdutória de “O Livro dos Espíritos”, onde lemos que estes pertencem a diversas categorias e não sã iguaisnem em poderinteligência,   saber ou moralidade


Achamos que o homem verdadeiramente rico, é aquele que pode dizer-sehomem de bem

“O Evangelho Segundo o Espiritismo” no capítulo 17, no item 3, descreve muito bem esse homem. Vejamos isso a seguir

“O homem de bem 

verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e decaridade, na sua maior pureza.

 Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outro e tudo o que desejara lhe fizessem.

Deposita  em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria.
 Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas

Tem  no futurorazão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.

Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bemsem esperar paga alguma;

 retribui o mal com o bemtoma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça

Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos

Seu primeiro impulso é para pensar nos outrosantes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse.

 O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdasdecorrentes de toda ação generosa.

homem de bem é bomhumano e benevolente para com todossem distinção de raçasnem de crençasporque em todos os homens  irmãos seus.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.

Em todas as circunstânciastoma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica  a outrem com palavras malévolas,  que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguémque não 
recua à ideia de causar um sofrimento, uma contrariedadeainda que ligeiraquando a pode evitarfalta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não alimenta ódionem rancornem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e  dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. 

É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo

‘Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado’.

Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheiosnemaindaem evidenciá-los. 

Se a isso se  obrigadoprocura sempre o bem que 
possa atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. 

Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguintequalguer  coisa traz em si de melhor do que na véspera.

Não procura dar valor ao seu espíritonem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.

Não se envaidece da sua riquezanem de suas vantagens pessoaispor saberque tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.

Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego quelhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.

Se a ordem social colocou sob o seu mando outros
  homens,  trata- os com bondade e benevolênciaporque são seus iguais perante Deususa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu  orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.
subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. (Cap. XVII, nº 9.)

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Naturezacomo quer que sejam respeitados os seus.

Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bemmasaquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.” (KARDEC, 1996, pp. 272-274).

Visto tudo issonão temos dúvidas em afirmar que existe um precipíciointerpretativo entre os que, no Evangelho, praticam uma  raciocinada eaqueles que têm olhos unicamente para a letra.

Referência bibliográfica:

KARDEC, A. Evangelho segundo o EspiritismoRio de Janeiro: FEB, 1996.