sexta-feira, 26 de junho de 2015

                                            A PARTE QUE NOS TOCA

                    Dependemos uns dos outros no dia a dia

Nossa vinda para esse planeta é o resultado da imensa misericórdia divina. 

Tantos mundos para pisar; mas era aqui mesmo nosso destino nesse início. Início difícil, é verdade.

 Não conhecíamos o planeta e ele não nos conhecia. 

Entretanto, nossa destinação era certa: progredir em conhecimento e moralidade, em direção ao Pai, para sermos plenamente felizes.

É fácil e cômodo imaginar que aqui chegamos prontos e estamos hoje.

 Todavia, mesmo tomando a nós próprios como parâmetro, podemos perceber a imensa distância que existe ente mim e o outro, entre nós e os outros. 

Ainda que semelhantes - nunca iguais - fisicamente na constituição orgânica, guardamos na nossa história evolutiva, no caminho que percorremos para até aqui chegar, uma tão grande diferença que assustaria a mais brilhante inteligência que pretendesse nos nivelar.

O quando, o como e o porquê de estarmos sobre esse chão não poderemos saber, por ora, pois pertencem aos desígnios do Pai Celeste; mais precisamente ao resultado da aplicação de Suas sábias, justas e amorosas leis.

Cada ser humano é, em essência, um mundo particular. E esse mundo, na maioria das vezes, ignoramos, seja por incapacidade de entendê-lo, seja por medo do que encontrar se mergulharmos nele. 

Nos dois casos, queiramos ou não, esse encontro acontecerá, mais cedo ou mais tarde. É da nossa destinação. 

É a chave que nos abrirá a porta da liberdade, do autoconhecimento, como na Parábola do Filho Pródigo, tão necessários ao crescimento evolutivo e à conquista da plena felicidade.

No Templo de Delfos, na Grécia, o célebre filósofo Sócrates encontrou grafada a seguinte frase cunhada por seu sapientíssimo confrade Sólon:

 “conhece-te a ti mesmo”

Este conceito é tema recorrente das ciências humanas modernas na busca do bem-viver. 

Que longo caminho foi percorrido!... 

E ainda hoje não compreendemos ou não desejamos compreender o que verdadeiramente isso significa.


Somos análogos na estrutura orgânica, é verdade, mas muito longe da igualdade moral. 

Uns caminham mais rápidos, porque se fizeram mais fortes, determinados e corajosos, apesar das dificuldades que enfrentaram.

 Outros, a maioria, permanecem dormindo, aguardando o dia em que serão despertados e se verão felizes sem esforços e sem méritos.

 Ledo engano!...

O planeta que a todos acolhe também se modifica fisicamente. 

A humanidade que o habita mal se dá conta disso e continua depauperando-o. 

Junto com ele, essa população se renova todos os dias, trazendo novas gerações que, essencialmente, estarão mais despertas, mais conscientes da sua destinação, mais preparadas física, intelectual e moralmente para enfrentarem as novas dificuldades.

Assim como para nós as dificuldades eram grandes e os recursos poucos, as novas gerações enfrentarão outros desafios que nós, hoje, não conseguimos sequer perceber que existem. 

Mas, terá outro mundo, outras fontes de saber, outra ética.

Mais próximos do ama teu próximo como a ti mesmo, perceberão que toda Natureza – e o homem está incluído nela – é teu próximo.

Nosso dever, neste momento, é dar o máximo que pudermos, dentro das nossas limitações, as mínimas condições para que essa nova gente, que continua chegando, encontre, pelo menos, um planeta com menos lixo de toda ordem, de todos os quilates.

Não dá para fazer tudo de uma vez.

 Mas, jogar seu lixo na lixeira, ceder seu lugar no transporte público a quem necessite ou tenha direito preservado em lei, dirigir com respeito às normas de trânsito, guardar a ideia de que não é mais possível misturar o que é público com o privado, procurando lembrar que dependemos uns dos outros no dia a dia, e que é nessa troca que vamos nos fortalecendo para enfrentar com mais coragem os embates da vida, isso, sim, dá para fazer e pouco custa.

O outro, ainda que diferente, é nosso igual, pois irmanados em humanidade e filhos do mesmo Pai Criador.

 Estamos todos juntos nessa jornada de crescimento, aprendendo e ensinando, ajudando e sendo ajudados, pedindo e agradecendo a Deus, diariamente, a bendita oportunidade da vida. 

 

Leda Maria Flaborea – O Consolador

domingo, 14 de junho de 2015

      A VIDA NÃO CESSA E PROSSEGUE ALÉM-TÚMULO


Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei. Assim afirmam os que conhecem a vida e sabem como ela verdadeiramente é.

Pela porta do nascimento, o lar enche-se de alegria, pois é mais uma vida que está chegando para juntar-se aos outros da casa. 

Quando se acrescenta, não há tristeza. 

A expectativa explode em risos, festas e presentes, quando o primeiro choro é ouvido. 

É uma presença que ainda não era contada entre os vivos da Terra.

Entretanto, quando esse portal se abre para dar passagem aos caminhos da morte, o lar se enche de dor, de angústia, de incertezas. 

É a partida de um ser que estava integrado à família; é a ausência de alguém que não será mais visto entre nós, de alguém que nos ouvia, nos ensinava, participava conosco os momentos de cada dia ou conosco dividia alegrias e tristezas.

Mas, afinal, o que é a morte?

Seria ela o fim de uma existência ou o fim de uma pessoa? Como compreender esse doloroso instante da vida?

Será que podemos chorar os nossos mortos e dirigir a eles nossas fervorosas orações, buscando reduzir o vazio, o precipício, o impacto desastroso que causa a partida para o outro lado da vida de alguém que amamos? 

Será que nossas rogativas serão ouvidas? Será que nesse outro plano, invisível para nós, nossas preces alcançam o destino?

A vida não cessa! 

A morte, embora separe os corpos, não separa os corações nem interrompe o sentimento, o amor, e não extingue o Espírito, que é eviterno e foi criado para a eternidade.

Loucura é pensar que a figura sinistra da morte, além de provocar a separação das pessoas, pusesse um ponto final na existência do Espírito.

Fosse assim, Jesus, o Mestre Divino, não viveria mais, como não viveriam também outros personagens que vez por outra conclamamos e reverenciamos em nossas orações, pedindo proteção e ajuda para nós, para os que estão ao nosso lado e para os que se acham em estado de necessidade.

Crer que a vida cessa com a morte é não crer que Jesus seja O Caminho, A Verdade e A Vida.

Os que partiram também se alegram, nos veem, nos acompanham e igualmente se entristecem e sofrem quando lamentamos e não compreendemos com resignação essa prova dolorosa!      

Pelo fato de não enxergarmos esse outro lado da vida, não significa que deixaram de existir. 

Não estão conosco fisicamente, é uma verdade, mas continuam “vivos” nesta outra margem. Como disse o Mestre, “Deus é dos vivos e não dos mortos; não há deus dos mortos”.

Ergamos nossas mãos ao Céu em oração e deixemos nos envolver por esse sentimento de amor profundo, cujos laços não se perdem no infinito.

Orar é banhar-se de luz; orar é inundar-se de forças poderosas do mundo invisível para atuar com segurança no mundo de formas visíveis, que é o nosso, guardando no coração a certeza da vida eterna.

A imortalidade é a luz da vida, como este refulgente Sol é a luz da natureza.  

Creia em Deus!     Creia em Jesus!   Creia na Vida Eterna!

Vladimir Polizio


quarta-feira, 10 de junho de 2015

O PINTOR

Certo pintor foi contratado para pintar o barco de um homem rico, que morava na mesma cidade que ele.

 Durante seu trabalho, percebeu um furo no casco, que poderia provocar o afundamento da embarcação e pôr em risco seus ocupantes. 

Reparou o problema e concluiu seu trabalho, deixando o barco como novo.
 
Dias depois, o dono do barco o procurou para pagar pelo serviço feito. 

Ao receber o cheque, o pintor notou que o valor era muito superior ao combinado. Estende-o de volta, informa o emitente sobre o erro e o valor correto. E o homem rico se explica:

― O cheque é seu e você merece o valor que registrei aí. Depois que recebi o barco de volta, pintado, e deixei que meus filhos saíssem nele, é que me lembrei do furo no casco, que queria ter-lhe pedido que reparasse antes da pintura. 

Corri, desesperado, até à beira do lago, imaginando que o barco teria afundado e meus filhos morrido. Encontrando-os de volta à terra firme, tomei conhecimento de que você havia feito o conserto sem que eu lhe pedisse. 

Além do serviço perfeito, você não me cobrou por ele. Aliás, sequer o mencionou. Você tem ideia do que fez? 

Foi além do demandado e salvou a vida dos meus filhos. Receba o cheque – você merece cada centavo.

O pintor ouviu com atenção e retrucou:

― Por favor, pegue seu cheque de volta e me faça outro, no valor que havíamos combinado pela pintura.

 Não me tire a oportunidade e o prazer de ter sido útil sem ganho financeiro. 

A alegria que sinto, sabendo que fui útil, ainda mais acrescido com a possibilidade de ter salvado as vidas de seus filhos, é pagamento mais do que suficiente pelo que fiz. 

Além disso, creio que a vida deles vale muito mais do que isso. 

Mesmo que eu aceitasse seu dinheiro, não creio que você consideraria que foi o suficiente.

Essa parábola, cuja origem desconhecemos, nos leva a refletir nas nossas motivações. 

De tudo o que fazemos num dia de trabalho, o que é motivado pela remuneração pretendida, e o que é pelo espírito de servir além do pagamento? 

Quanto somos levados a agir em troca de algo, e quanto apenas pelo prazer de fazer um bem, mesmo que pequeno? Que fração de nós é mercantil, e que fração é benemérita?

 Já aprendemos a agir de forma totalmente desinteressada, pelo menos em algumas oportunidades, ou só nos movimentamos tendo em vista alguma compensação?

Trabalhar por um salário é justo e necessário, afinal de contas precisamos sobreviver.

 Mas trabalhar só pelo salário é muito empobrecedor.

 Qualquer um que só vise o ganho, financeiro ou não, sempre recebe mais do que vale.

O espírito de servir vai muito além do simples trabalhar. 

Implica uma doação de algo que flui da alma e só pode fazê-lo quem tem o que doar. 

Mercenários que somos na maior parte do tempo, sempre pensamos em termos de reciprocidade. 

Num mundo mesmerizado pelo consumismo exacerbado, pensamos o tempo todo em termos de troca – o que ganho, se lhe dou isso? Qual a paga pelo meu esforço extra? Quanto vale cada gesto que faço?

Nessa pauta, perdemos um dos prazeres mais puros e, talvez, o que mais dignifica o homem – o prazer de servir por servir, de fazer o bem pelo bem. 

Essa incapacidade é que nos leva a cobrar a gratidão do outro – “Não precisa me pagar; basta-me um ‘muito obrigado’!” 

Na própria expressão de agradecimento está o aprisionamento moral do beneficiado, que passa a estar obrigado a uma contrapartida. 

E recusamos novos préstimos, se o outro não é agradecido o suficiente.

Doadores não cogitam retorno.

Conta-se que alguém, observando o trabalho abnegado de Madre Teresa de Calcutá, disse-lhe: ― “Irmã, por dinheiro nenhum do mundo eu faria o que a senhora faz!”. 

E ela respondeu: ― “Nem eu, meu filho, nem eu.” Poucos entendem essa postura, e muitos a reprocham.

O ato de bondade desinteressado é alimento para nossas almas. Se anônimo, então, é néctar divino, ambrosia que só os moradores do Olimpo do espírito podem apreciar.

Apesar de tudo, esse tipo de realização não é difícil.

O indivíduo que dedique um pouco de atenção para descobrir em todo trabalho que execute a oportunidade de servir, encontrará inúmeras possibilidades. 

É um motorista? 

Dirija com cuidado extra, zelando algo mais pela segurança de seus passageiros e do trânsito em volta. É um atendente de balcão ou telefone? 

Seja cortês além do que lhe exige o treinamento recebido e a etiqueta da função. É um artesão? 

Faça seu produto como quem executa uma obra de arte, não como um mero objeto de consumo. É um gestor?

 Gerencie com espírito de líder, que se sabe responsável pela felicidade de seus liderados. É um médico? 

Veja seu paciente como uma vida demandando sua cooperação para prosseguir sua caminhada, em vez de apenas mais um nome na lista do convênio.

Tudo na vida é trabalho, e em todo trabalho há oportunidade de servir, embora nem sempre nos preocupemos com isso. E, se “o trabalho-ação transforma o ambiente, o trabalho-serviço transforma o homem” (Emmanuel).

Estamos servindo, para construir um mundo melhor, ou apenas trabalhando para manter o que aí está?
 
José Lourenço de Souza Neto – O Consolador
 





quinta-feira, 4 de junho de 2015


SOLIDARIEDADE
“Quando se pensa em todos os abusos de poder, em todas as injustiças que se cometiam com desprezo dos mais sagrados direitos, quem pode estar certo de não haver participado mais ou menos de tudo isso e admirar-se de assistir a grandes e terríveis expiações coletivas?”

“... O Espiritismo lhes ensinará que, se as faltas coletivamente cometidas são expiadas solidariamente, os progressos realizados em comum são igualmente solidários, princípio em virtude do qual desaparecerão as dissensões de raças, de famílias e de indivíduos, e a Humanidade, livre das faixas da infância, avançará, célere e virilmente, para a conquista de seus verdadeiros destinos.” (Obras Póstumas – As expiações coletivas.)

Há pouco tempo os meios jornalísticos diariamente falaram sobre o terremoto seguido de maremoto que fez milhares de vítimas no Sul da Ásia.

 A última informação divulgada computava 178 mil mortos! – um desastre coletivo, um sofrimento mundial de grandes consequências, que fez as lágrimas aflorarem nos olhos de muitos.

Diz o grande Léon Denis que a dor tem função de equilíbrio e educação. 

O sofrimento, diz ele, não é, muitas vezes, mais que a repercussão das violações da ordem eterna cometidas. Diz ainda ele que é muito difícil fazer entender aos homens que o sofrimento é bom. 

“Suprimi a dor e suprimireis, ao mesmo tempo, o que é mais digno de admiração neste mundo, isto é, a coragem de suportá-la”, afirmou Léon Denis. 

“A dor é como uma asa dada à alma escravizada pela carne para ajudá-la a desprender-se e a se elevar mais alto.”

Nos momentos em que nossos corações choraram ao verem a dores coletivas que assolaram a Terra, quadros que, aliás, sempre ocorreram, mas que, pelas facilidades da mídia, estão hoje mais próximos, nossos olhos marejaram muito mais ao ver com emoção a grande corrente de solidariedade que isso provocou.

A dor tem essa função: despertar as almas para os sofrimentos e incentivá-las pela comoção a sentirem piedade, compaixão, e se moverem na ação do amor.

Várias revistas que se reportaram ao assunto dos tsunamis falaram da Humanidade se unindo para socorrer, na guerra mundial pela vida, como estampou em sua capa a revista Veja de 12 de janeiro: “Tsunami de solidariedade”.

Isso é emocionante. É belo e grandioso o mundo unindo-se numa grande causa comum: minorar o sofrimento de milhares.

É o que vemos no último parágrafo do texto por nós transcrito de Obras Póstumas e colocado no preâmbulo deste artigo – a união de todos.

Não cabe a nós ficar inquirindo qual foi a causa comum que levou tantas pessoas a semelhante processo de desencarnação coletiva. 

Estavam reunidos ali os Espíritos que passariam esse momento, num resgate difícil, sem falar nas expiações coletivas para os que ficaram na dor e nos tormentos da saudade e da incerteza.

O que vemos de solidariedade nos dá alegria à alma. Apesar das guerras, dos dissabores e da violência, o mundo está melhorando, sim.

 Há milhares de pessoas que deixam de si para socorrerem outros, heróis anônimos, Espíritos já sensibilizados pelo amor e que agem no bem.

Há milhares assim; no entanto, milhares de desastres particulares, ocultos, estão ao nosso redor, precisando de auxílio, amparo, proteção.

As ondas enormes ajudaram a sensibilizar, e quem sabe aqueles que acompanharam as notícias olharão com melhores olhos e com mais amor os que estão sofrendo, seja onde for?

Ficamos felizes com o que a formosa modelo Gisele Bündchen disse em entrevista à Globo: “A moda agora é a solidariedade. Seja solidário”.

O mundo está melhorando. A maturidade está chegando. 

Haverá uma horilelaa em que todos se entenderão como irmãos, e desaparecerão países, raças, restando um todo harmônico, equilibrado e amoroso: a Humanidade!

Estaremos então maduros, o egoísmo se minimizará, e as dores gradualmente desaparecerão. O mundo deixará de ter tantas provas e será mais feliz.

Um sonho?

 Por enquanto... 

Mas chegaremos lá. 

Para chegarmos, façamos do sonho uma ação diária e amemo-nos uns aos outros.


Sejamos solidários sempre.

 Em casa, na rua, na nossa cidade, no nosso país e também fora dele. 

Simplesmente, amemos!

Jane Martins Vilela  -  O Consolador