CASA OU LAR
O que será mais importante para nós: uma casa ou um lar?
Existe uma grande preocupação com a casa. São importantes o estilo, o
tamanho e o número de peças, os móveis e, claro, cada coisa no seu lugar.
Nas viagens a passeio vamos adquirindo mais e mais coisas para enfeitar
a casa: quadros, tapetes, bibelôs, cristais. E cada objeto vai ganhando o seu
lugar especial, de particular destaque.
Enquanto não chegam as crianças, quase tudo vai bem, mas quando elas
chegam, começa a se tornar difícil se ter uma casa bem cuidada.
Alguns chegam ao exagero de ocultar brinquedos das crianças, porque elas
fazem bagunça demais. Esquecem que, quando se tornarem adultas, elas não
necessitarão mais de brinquedos.
Esquecem que, quando elas crescerem, sentiremos saudades dos brinquedos
espalhados, da bicicleta deitada no jardim, da bola esquecida no quintal.
Um dia, um pai, depois de ouvir o estardalhaço e as reclamações da
esposa sobre o estado de sua casa, perguntou: Afinal, o que você quer: uma
casa ou um lar?
As palavras soaram para ela como uma bomba. Ele tinha razão. E seus
olhos se voltaram para um quadro que tinha comprado algum tempo atrás e se
encontrava na parede da sala.
Talvez Deus quisesse lhe dar uma mensagem, dizendo que ela deveria
modificar as suas prioridades, pensou.
O quadro mostrava uma antiga roda de vagão de trem, encostada em um
pilar, prestes a apodrecer. O mato ameaçava tomar conta das flores silvestres
que cresciam perto de sua base.
No topo do pilar, havia uma velha caixa de correspondência amassada,
cuja porta sustentava-se no lugar apenas por uma dobradiça enferrujada.
Dentro, protegidos em seu ninho de galhos secos, quatro filhotes
aguardavam a refeição. A cautelosa mãe estava empoleirada no galho de um
arbusto retorcido, que sobressaía do outro lado da abertura da caixa de
correspondência.
A mãe passarinho havia escolhido o local do ninho com muito cuidado.
Naquele local precário, seus filhotes estariam protegidos do sol e da chuva,
enquanto ela e seu companheiro procuravam comida.
Aquela pequenina ave não estava preocupada com o que seus vizinhos
poderiam pensar ou se seu ninho passaria pelo teste de controle de qualidade.
A mensagem da pintura era muito simples: a casa não faz o lar. O lar é
construção da família. O lar é produto do carinho e do amor. Resultado do saber
eleger prioridades.
Assim, quando você tiver que escolher entre uma casa totalmente limpa e
arrumada e as necessidades de sua família, pense um pouco.
Se sua filha lhe convidar para jogar com ela e você tiver uma pilha de
roupas para lavar, pense que as roupas sempre necessitarão de sua atenção, mas
um dia aquela garotinha parará de convidar você para jogar com ela.
Se seu filho lhe convidar para jogar bola e você estiver pensando em
colocar em ordem a sua biblioteca, a sua sala de estudos, pense que os livros,
os papéis continuarão sempre necessitando de ordem e limpeza, mas o seu
garotinho crescerá e deixará de convidar você para chutar bola com ele.
Naturalmente, você não dará todo o seu tempo aos seus filhos, mas terá o
bom senso necessário para administrá-lo bem, a fim de que entre as coisas da
casa e as coisas mais importantes do lar, estas últimas sejam prioritárias.
* * *
Arrume sua casa e a mantenha em ordem, mas não esqueça de colocar flores
de ternura nos vasos do seu lar, nem de regá-las com a água da paciência.
Quando descobrir rabiscos nas paredes, peça a seus filhos para os
limparem, mas antes admire o arco-íris que eles pintaram.
Quando aparecerem marcas de dedos nas janelas, providencie a limpeza,
mas antes fotografe todos os dedinhos com a câmara do seu coração para sempre
os lembrar.
E quando descobrir brinquedos quebrados, agradeça a Deus, que sejam
somente brinquedos e não os corações amados dos seus filhos, jóias preciosas da
sua existência.
Redação do Momento
Espírita com base no cap. Quadro perfeito, de Ann Campshure,
e do cap. A oração de uma mãe, de Ângela Thole, do livro Histórias para o
coração da mulher, de Alice Gray, ed. United Press.
e do cap. A oração de uma mãe, de Ângela Thole, do livro Histórias para o
coração da mulher, de Alice Gray, ed. United Press.