terça-feira, 29 de julho de 2014

                                        ONDE ESTA A FELICIDADE?


"Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho." (Paulo, Filipenses 4:11.)

Qualquer criatura vivenciando plena lucidez e total controle de raciocínio, por certo,  caminhará com avidez à procura da felicidade.

Terá consciência também, pelo estágio evolutivo em que vive, que no atual momento  poderá apenas obter uma felicidade relativa ou situações felizes, mas nunca a felicidade absoluta.

E essa felicidade relativa tem a dimensão e o peso dos nossos sonhos.

 Uns a encontram na aquisição de um carro de última geração, outros deparam com ela ao apenas possuir um carro. Existem os que a procuram na casa moderna e confortável, enquanto outros buscam por ela conseguindo uma casa.

Para o faminto a felicidade é poder encontrar um prato de comida capaz de sanar sua necessidade de alimentação. 

Para o desempregado a felicidade poderá chegar com a obtenção de um posto de trabalho que lhe garanta o sustento e a dignidade. 

Para o doente, encontrar novamente a saúde será, obviamente, um momento de felicidade.

Paulo de Tarso, em expressiva carta aos Filipenses asseverou que aprendeu a contentar-se com o que tinha, numa inequívoca demonstração de compreensão e resignação diante da vida, não se perturbando e nem estragando o dia ante pequenas contrariedades, tão próprias em nosso quotidiano.

Em realidade, quem não pode ter o que  quer, que queira o que pode, pois em inúmeras situações não conseguimos obter o objeto dos nossos desejos ou a  concretização dos sonhos que acalentamos; assim, imperioso se torna que saibamos estar contentes com aquilo que é possível.

 Certamente, nessa postura de equilíbrio e tirocínio, nos depararemos com a felicidade possível.

Certa feita uma senhora de boa posição econômica e social, passando pela rua, notou um senhor já de idade avançada, mal vestido e com semblante cansado, puxando um carrinho de tamanho razoável, repleto de material reciclável.

Condoída, imaginou o sofrimento e a luta daquele homem, tendo que fazer o trabalho de um animal irracional, ao puxar o carrinho.

Aproximando-se dele, exclamou:

– O senhor deve sofrer muito, se afligir demais, pois tem que se humilhar e fazer o trabalho de um animal, ao transportar essa carga.

– Não, minha senhora, eu sou feliz, pois mesmo com a minha idade ainda tenho forças e disposição para arrastar este carrinho cheio de material reciclável, que venderei logo adiante e, com os recursos obtidos, manterei meu sustento e dos netinhos que cuido. 

Ainda, passeio pelas ruas, vejo a movimentação de carros e gente e, vez por outra, ainda tenho o prazer de encontrar pessoas gentis como a senhora, que se preocupa com o próximo.

Sem dúvida, para o catador de reciclável a felicidade estava em poder realizar o seu trabalho.

Na verdade, a felicidade que podemos obter, por agora, não se trata de uma conquista externa, mas sim de uma postura interior. 

Muitas criaturas infelizes estão guerreando sozinhas enquanto outras felizes estão bem, mesmo em meio à guerra que gira ao seu redor.

Quando aprendermos a nos contentarmos com o que temos, estaremos de posse da felicidade que se pode ter aqui na Terra, pois a palavra divina há muito já nos informou  “que a verdadeira felicidade não é deste mundo”.

Onde procuramos a nossa felicidade? 

Pensemos nisso.


WALDENIR APARECIDO CUIN

sexta-feira, 25 de julho de 2014


                                         CAIR EM SÍ 

Inegavelmente, as parábolas de Jesus são um manancial de aprendizado e beleza, porquanto são narrativas simples, mas de conteúdos espiritual e moral inigualáveis, sendo que permitem ao leitor ou ao ouvinte a identificação espontânea com o sentido ético da lição.

Jesus raramente apontava os erros individuais, pois sabe que o ego possui mecanismos automáticos de defesa, dentre eles, a negação, de tal sorte que, com as parábolas, facultava à criatura humana, de acordo com seu nível de maturidade, o reconhecimento e a análise de seus desvios morais e equívocos existenciais.

Dentre as parábolas narradas no evangelho, destaco a do filho pródigo, porque representa a síntese da evolução espiritual, permitindo-nos uma profunda reflexão a respeito de como anda a nossa atual existência física.

A benfeitora Joanna de Ângelis, na obra “Em Busca da Verdade”, pela lavra mediúnica do confrade Divaldo Pereira Franco, escreve sobre a referida parábola, dando-nos diversos enfoques sobre a conduta de cada personagem, tornando a parábola ainda mais rica e bela de ensinamentos.

Fica registrada a sugestão para a leitura da obra mencionada.
A parábola expõe o momento em que o filho pródigo, imaturo e impulsivo, opta por sair da casa do genitor para viajar a um país longínquo, onde gasta sua parte da herança com leviandades e prazeres materiais.

 Após consumir-se nas paixões e gastar todo seu recurso econômico, vê-se diante de um período de fome que se instalara naquela região. Privado de tudo e passando necessidades, começa a trabalhar com porcos, vindo a disputar a comida com eles.

Porém, chega o momento em que o filho pródigo cai em si e retorna à casa do pai, onde é acolhido com imensa ternura e amor. 

 Essa parábola explica claramente o processo do deotropismo, isto é, fomos criados por Deus, portanto, saímos “das suas mãos”, mas, por imaturidade e ignorância, perdemo-nos na estrada da evolução e afastamo-nos dele, até o momento em que, extenuados pelo sofrimento e famintos de amor e conhecimento, caímos em nós e optamos por voltar à casa do Pai Celestial, que, generoso e confiante, sempre nos aguardava.

Cair em nós significa o exato momento em que ocorre o despertar da consciência.

A consciência desperta quando identificamos que somos Espíritos imortais a caminho da plenitude e que a vida no corpo tem um sentido ético, devendo abranger o crescimento intelecto-moral.

Obviamente que é o primeiro passo na direção de regresso a Deus, pois outros desafios evolutivos surgirão, tais como, libertar-se dos conflitos cultivados, harmonizar o eixo ego-self, eliminar os defeitos morais e converter o despertar da consciência em atitudes renovadas sob a égide do amor.

No capítulo quarto da citada obra, Joanna de Ângelis compara o despertar da consciência com o mito da expulsão do paraíso.

Enquanto vivemos, simbolicamente, no jardim do Éden, o ego (carga de egoísmo presente no inconsciente, fruto da evolução nos reinos inferiores da criação) toma todo o espaço do Self (ser espiritual que contém o germe divino para a plenitude), gerando uma vida materialista, de acomodação e deleite.

 Era a conduta do filho pródigo, cuja consciência ainda estava adormecida.

Notemos que Adão e Eva não trabalhavam, porque o necessário para as suas sobrevivências estava à disposição no Éden.

Todavia, após comerem o fruto da árvore proibida (mito), foram expulsos do paraíso, e Deus condenou Adão ao trabalho.

A partir dessa ocorrência, Adão passa a descobrir o valor do trabalho e do esforço, na medida em que tudo o que necessita passa a ser fruto do merecimento, portanto, há o despertar da consciência.

Assim ocorre conosco. Quando os ensinamentos de Jesus preenchem os vazios da alma, passamos a trabalhar em favor do nosso crescimento espiritual, na busca dos valores imperecíveis que dignificam a nossa vida. 

Na simbologia de Joanna de Ângelis, passamos a ser um novo Adão, isto é, um homem novo, com ideais bem definidos, procurando mais servir do que ser servido.
Caímos em nós e redefinimos o rumo de nossa vida como ser imortal destinado à plenitude, porque começamos a regressar à Casa do Pai, nesse processo de integração com o Arquétipo Primordial, razão pela qual Jesus disse que Ele e o Pai eram um só (perfeita integração).

Paulo de Tarso, ao cair em si, verbalizou “já não sou eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim”, porque se integrou com o pensamento de Jesus e, por conseqüência, de Deus.

Anote-se que ao cair em si é natural que surjam as culpas, que, do ponto de vista psicológico, é produtiva desde que bem direcionada.
Joanna de Ângelis fala do “Eu-Angélico” (recursos divinos em nossa intimidade), que estimula a culpa, pois a presença desta é sinal de instalação do despertar da consciência, que nos aponta o certo e o errado, o bem e o mal proceder.

Diante da presença da culpa, cabe-nos não repetir o erro e reparar o mal causado, se possível.

Caso não seja, basta fazer o bem em favor de alguém ou da vida, porquanto a ação fraterna é ponto positivo na contabilidade divina a anular ou amenizar o mal causado (o amor cobre a multidão de pecados – Simão Pedro).

À medida que vamos evoluindo, aproximamo-nos cada vez mais de Deus, tornamo-nos mais livres e felizes, uma vez que começamos a superar os impulsos inferiores e as tendências agressivas, bem como não permitiremos que o mal dos maus nos atinjam. 

Isto é ser livre.

Não permitir que os outros afetem a serenidade interior conquistada a partir do cair em si.

O Espírito de Joanna de Ângelis ainda nos apresenta Jesus como sendo o filho pródigo do amor, haja vista que se afastou das regiões celestes (Casa do Pai) e foi para o país longínquo da matéria densa, vivendo com a ralé (pigmeus morais – simbologia do porco na parábola). Ensinou a criatura humana a dissipar a sombra individual, mas foi incompreendido e crucificado, voltando, rico de bênçãos, à Casa do Pai.

Todavia, seus ensinos permanecem como lições vivas de esperança e júbilo, tendo suas parábolas contribuídas para esse cenário, auxiliando-nos no processo inevitável do cair em si, com o escopo de renovação moral.

Para os espíritas, cujo despertar da consciência foi mais intenso em virtude dos conhecimentos amealhados a partir do Espiritismo, percebemos que o cair em si se dará diante dos mínimos erros, porque a consciência, de imediato, apontará que não procedemos conforme deveríamos.
O Espírito de Bezerra de Menezes fala-nos sobre o ousar no bem, dar um passo além, de forma que o verdadeiro cristão, por ter caído em si, sabe que pode fazer mais em favor do amor e da paz, sobretudo, dulcificando a própria conduta.

Frise-se que o processo do cair em si não é um episódio único, mas inicia-se com o despertar da consciência, cuja extensão vai se ampliando na exata proporção do nosso esforço em favor da busca do conhecimento e da vivência do amor.

 “Conhecereis a verdade e ela vos libertará” dos equívocos, da ignorância. Naturalmente, chegará um momento da evolução em que não mais precisaremos cair em nós, pois a consciência e a conduta estarão perfeitamente afinadas com as diretrizes do evangelho.

O tema e a parábola em questão são profundos, de forma que caberiam outros apontamentos, mas fica o convite para o auto encontro, cientes de que o Pai Generoso nos aguarda sempre, amoroso e gentil, cabendo a cada um de nós apressar esse retorno, sobretudo pelas escolhas acertadas e por uma vida pautada pela pureza de coração.

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”.

Alessandro Viana Vieira de Paula -  O Consolador



segunda-feira, 21 de julho de 2014


 
 E os atos inconsequentes

O capítulo X – Livro Terceiro: 

As Leis Morais, de O Livro dos Espíritos, esclarece-nos que o homem não pode gozar de liberdade absoluta, pois todos necessitam uns dos outros, tanto os pequenos, como os grandes.

Explicam os Espíritos que a condição em que o homem pode gozar de liberdade absoluta seria a de um eremita no deserto, mas desde que haja dois homens juntos, há direitos a respeitar.

Compreendemos, então, que na vida comunitária a liberdade é relativa, pois deve ser conciliada com a liberdade dos cidadãos, considerando que o limite do nosso direito é o direito do próximo.

O desrespeito a esse princípio fundamental gera a desordem e a intranquilidade, resultando nos atos inconsequentes que presenciamos no dia a dia, em que o cidadão mais parece uma fera incomodada, que enxerga o semelhante como um inimigo comum.
Na obra Código de Direito Natural Espírita – Editora Mundo 

Jurídico, o autor, José Fleury Queiróz, cita exemplos de alguns atos que não se deve cometer:

Dar livre expressão a impulsos como o de transitar de automóvel pelas ruas à velocidade de cem quilômetros horários;

Postar-se nu, em logradouros públicos, ou ali despejar lixo ou satisfazer determinadas necessidades fisiológicas;

Invadir uma  propriedade alheia ou recintos de diversão como cinema ou teatro; 

Permanecer na inércia, se fisicamente aptos, pois os bens comunitários como alimentos e roupas, que pertencem àquele que os produzem, temos que adquirir pela força do nosso trabalho, a  fim de que, em regime de permuta, utilizando um instrumento intermediário, o dinheiro, possamos atender às nossas necessidades.

A perfeita compreensão desses deveres não é virtude de muitos. 

Daí é que temos os mecanismos destinados a conter a indisciplina.

Existem órgãos policiais para fiscalizar sua observância e os infratores estão sujeitos às sanções legais.

José Fleury Queiróz observa que quanto maior a expansão demográfica e a concentração urbana, mais difícil o controle. Há infrações que nem mesmo podem ser enquadradas como delitos passíveis de punição, ou nem sempre podem ser detectadas e corrigidas pelas autoridades.

Exemplos:

O industrial cuja fábrica despeja poluentes na atmosfera e nos rios;

O jovem que transita com o escapamento de sua motocicleta aberto, gerando barulho ensurdecedor;

O alcoólatra que  se comporta de forma inconveniente na rua;

O fumante que expira baforadas de nicotina em recinto fechado, obrigando os circunstantes a fumarem com ele;

O pichador de paredes que polui moral e culturalmente a cidade, desenhando frases de mau gosto e obscenidades;

O maledicente que se compraz em denegrir reputações;

Os que revelam total desrespeito pelos patrimônios individuais e coletivos da comunidade e pelo inalienável direito comum à tranquilidade.

É importante conscientizarmo-nos de que nenhum prejuízo causado ao semelhante ficará impune, perante a justiça Divina.

Portanto, há limites em nossa liberdade de ação e o mínimo que nos compete é que não prejudiquemos o próximo, tanto quanto queremos que ele não nos prejudique.


 

ALTAMIRANDO CARNEIRO - O Consolador
 


terça-feira, 15 de julho de 2014


               A nossa tarefa regada com as luzes da
                      Parábola do Semeador

Após limparmos o nosso terreno, ou seja, o nosso Espírito, que se encontra cheio de espaços vagos pela retirada dos miasmas e mesmo muito sensível, as etapas seguintes visam à observação cuidadosa dos elementos que escolheremos para completar tais espaços e beneficiar o nosso solo, bem como a busca de auxílio de outros lavradores, pois sozinho não se consegue uma colheita saudável.

Os buracos resultantes da retirada das ervas daninhas, pedras, sujeiras etc. serão completados e compensados com os elementos que agregarão mais saúde ao solo e eles terão a função de manter a sua fertilidade.

O adubo representa a Fé. A função do adubo é agregar compostos que são necessários à complementação de nosso solo.

A Fé é a capacidade de concentrar a vontade que o indivíduo possui em si, pois, assim como o adubo, ela manterá unidas as partículas dos elementos constituintes deste terreno e os ativará para que cada um exerça o seu trabalho no cultivo; tal ação visa à preservação do campo psicoemocional do Espírito, pois a união, a concentração e o foco são estados para onde precisamos caminhar para que não sejamos influenciados pelas ervas daninhas que procurarão um vão, uma falha em nosso terreno para novamente enraizarem-se.

Assim, a Fé preserva o nosso foco no caminho que devemos trilhar. Ela tranquilizar-nos-á quando nos depararmos com um eu que não conhecíamos, pois, de acordo com cada situação, somos levados a nos observarmos a partir de outros pontos de vista que não somente o do egocentrismo.

 Portanto, tal como existe a constante necessidade do lavrador sempre observar o desenvolvimento de seu solo e posteriormente de suas plantas, devemos sempre nos atentar para o conhecimento que precisamos adquirir e, acima de tudo, analisar cada atitude tomada em cada situação e, a partir daí, lapidarmos o diamante.

Apesar dos abalos ocasionados pelo contato com nosso eu que acabam gerando dúvidas e inseguranças e muitas vezes sensação de incapacidade em continuar na tarefa de lavradores de nós mesmos, a Fé, como aquela que une, nos erguerá para retornar ao nosso objetivo de luz.

A Fé transporta montanhas. A nossa categoria na estrutura de homo sapiensjustifica-se na necessidade de sermos constantemente lembrados de nossa condição de pequenos, mas belos aprendizes, apesar de ainda confundirmos humildade com rebaixamento de nossas capacidades divinas. É por isso que transformamos as ervas daninhas em uma Floresta Amazônica impenetrável.

Qual farol em meio ao mar bravio a orientar a pequena embarcação para a praia mais próxima e segura, a Fé, quando confiada na tarefa de nossa guardiã, sempre nos apontará o lugar em que repousaremos o nosso corpo cansado e que oferecerá o alimento e a água para reposição de nossas forças e finalmente retornarmos à navegação.

Carecemos em acreditar que a movimentação de nossas lembranças, a partir da vontade de mudança, o perdão e o autoperdão, auxilia-nos a nos tornarmos seres mais leves e com a bagagem mais espaçosa para novas experiências. 

Quando entupimos nossas malas com objetos desnecessários à viagem, não resta lugar para dispormos novos utensílios e, se para a próxima parada é necessário que tenhamos instrumentos específicos os quais não possuímos por conta da ausência de espaço, os choferes não permitirão que desembarquemos e teremos que retornar para o ponto onde embarcamos.

 Ou seja, se eu não faço a minha parte de autolimpeza, se eu me coloco na situação de depósito de tralhas (emoções e memórias negativas), quando eu for passar por uma experiência nova, eu não terei a capacidade de compreender o que ela me trará de conhecimento, interpretando-a de maneira equivocada em um processo cíclico de estagnação ocasionado por mim mesmo.

Compreende-se, então, que a limpeza do solo, mesmo quando já foram semeadas as sementes, é tarefa de suma importância, pois, se relegarmos o terreno à sua própria sorte, as ervas daninhas retornarão e abafarão os brotos e eles morrerão.
A nossa tarefa, regada com as luzes da Parábola do Semeador, é conduta eficaz do lavrador:
  • Proteger as sementes das aves e das intempéries.
  •  Não plantar em terreno pedregoso.[1] Os terrenos mais profundos possuem maior capacidade e durabilidade de produção.
  •  A necessidade de constante limpeza protege a produção que cresce com vitalidade.
A vida social, aqui simbolizada pela correção do terreno, normalmente utiliza-se cal para neutralizar o Ph do solo. Neutralizamos as nossas emoções através da convivência constante com outras pessoas, em diferentes ambientes, pois a sociedade possui uma série de regras que limitam as nossas manifestações instintivas, compreendidas no processo evolutivo em que trazemos conosco características de quando habitávamos os primeiros hominídeos.

 O determinismo não existe para o indivíduo e o estado de condição é imposto pelo próprio sujeito que não é senhor de si mesmo. 

Deus nos ofereceu as Ciências, as Artes e as Filosofias para que pudéssemos atuar nestes caminhos que, apesar de sua aparente diferença em níveis epistemológicos, são complementares como partes de um todo. Na natureza, a única manifestação una é Deus. Toda a sua criação é plural, assim como nós, Espíritos, possuímos inúmeras maneiras de nos manifestarmos na natureza.

 As aptidões são capacidades latentes em todo e qualquer indivíduo, independente de sua roupagem física, cultural, étnica ou social. É da necessidade que surge a ferramenta.

Corrigir o solo é permitir se envolver com os meios que Deus nos oferece para evoluirmos, do contrário, nós seríamos e viveríamos solitários, cada um em um planeta próprio. 

A vida social é intrínseca ao desenvolvimento do Espírito, a sua existência mostra que todo tempo deve ser utilizado em consciência e não ser desperdiçado em atividades (tem-se o pensamento como atividade) que atravanquem o seu progresso. 

Para tanto, a vida em comunidade permite que estejamos sempre ligados uns aos outros, que dependamos uns dos outros em todos os sentidos.

 Desta maneira, descobriremos que é amando uns aos outros, ou seja, que é valorizando a existência de cada indivíduo em nossa sociedade, cuidando uns dos outros, doando o nosso tempo em favor da evolução do outro, que garantiremos o nosso aprendizado, pois ele depende da conduta do outro. 

Mesmo que não tenhamos a consciência de que tal postura agregue insumos ao nosso terreno, Deus permite que assim o seja para que a ocorrência dos fatos transcorra.

É uma questão de permissão. Ora, como donos de nós mesmos, a única coisa que possuímos é o nosso Espírito, que somos nós, a única coisa que eu possuo é uma força da natureza mutável, que é eterno no universo e está sob meus cuidados:

 o eu

Nada mais.

 Portanto, eu tenho todo o direito de permitir ou não que eu realize certas tarefas e adote certas posturas. Permitir-me conhecer pessoas, estar em contato com pessoas, trabalhar com pessoas, viajar com pessoas, pensar as pessoas, enfim, viver as pessoas. Há quem acredite que o contrário é a alternativa, é se isolando que eu alcanço o nirvana.

 Ledo engano.

A contenção de algumas manifestações ou expressões mentais é necessária em nossa sociedade, é nítido que já atravessamos algumas eras em que nos assemelhávamos aos grandes símios.

Considera-se que o convívio com o outro tem como objetivo o de auxiliar em minha lavoura, pois é inviável que somente uma pessoa dê conta de uma plantação inteira.

 Em tamanho e em capacidades limitadas, precisamos de ajuda, pois é o outro quem possuirá o composto para equilibrar o nosso Ph.

[1] Todo terreno merece a sua devida valorização, pois tudo é uma questão de graus de evolução.

 Tais terrenos, apesar de serem pedregosos, possuem capacidades peculiares de cultivo, a paciência na sua transformação em um solo mais profundo e ferroso, bem como na oferta dos elementos vitais para seu desenvolvimento, são oferecidos por Deus e aguardados por Jesus para que um dia completem o seu ciclo de maturação.

Angélica dos Santos Simone é geógrafa e mestranda em Geografia Física pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.