terça-feira, 30 de setembro de 2014

                               Orar não é como apertar um botão

Ouvi uma pessoa se queixar de ter feito orações e o dia não ter transcorrido bem.

 Provavelmente, não tendo o hábito de orar e desconhecendo os mecanismos da prece, criou expectativas em torno daquele ato esporádico, sem convicção, achando que a solução dos eventuais problemas do dia estava garantida. 

Pelo fato das coisas não terem corrido a seu gosto, concluiu, um tanto revoltada, que orar ou não, dá no mesmo.

Orar bem implica movimentar energias interiores, irradiar o pensamento com o impulso da vontade e da fé sinceras; pede também concentração, apoiada no silêncio e no desligamento mental do exterior.

 Dessa forma, em alguns rápidos minutos, pode-se conversar com Deus, com simplicidade e eficiência. 

A oração virá do coração, mesmo que pobre de palavras, mas rica de ideias e sentimento.

No entanto, a prece ansiosa, maquinalmente decorada, não refletida, carente de emoção, não atingirá seus objetivos; digamos, não chegará a quem se destina.

A prece não muda os principais lances da vida do homem, não altera as provas por que tenha de passar, no entanto, pode abrandá-las; pode redobrar as forças interiores de resistência do indivíduo, fazendo-o encarar situações graves ou contrárias de forma mais equilibrada e racional. 

Além disso, o feliz hábito de orar metaboliza as energias da calma, da paciência e também da esperança.

Embora ninguém fique sem auxílio, sem o amparo das leis divinas, a prece eventual não imuniza a pessoa das dificuldades do dia, como se apertasse um botão. 

Segundo o que ensina o Espiritismo, a justiça de Deus leva em extrema conta a intenção e o mérito de quem pede, em oração. 

Os Espíritos encarregados do cumprimento das Suas ordens, se chegarem a receber a solicitação, podem não atender ao que a pessoa esteja pedindo no momento, mas não negam a análise instantânea da sua situação e possíveis medidas posteriores. 

Em muitas circunstâncias, determinadas experiências são necessárias para o seu aprendizado e os Espíritos não julgam útil favorecê-la, a fim de não interferir no curso normal das provas que poderão beneficiá-la.

Assim, a prece deve ser compreendida como uma busca, não de solução imediata para problemas e situações, mas de forças de renovação; um contato com energias superiores na procura de inspiração para a vida interior e de relação com o mundo.

Quando se faz um pedido a Deus, o seu atendimento estará automaticamente ligado ao mérito e à necessidade de cada um. 

Deus sabe de que precisamos e atenderá sempre, com justiça, ao que for devido e imprescindível à criatura.


Cláudio Bueno da Silva 

sábado, 27 de setembro de 2014

                                  Mãe – que pessoa é essa?


“O homem somente compreenderá a natureza quando entender o que é ser mãe. O homem somente entenderá o que é ser mãe
quando deixar de ser homem.” - Albert Einstein


Não há uma pessoa no mundo que consiga esquecer-se da sua mãe. Este ser tão importante surge-nos como uma proposta de vida. É ela quem nos dá à luz, quem nos apresenta para o mundo, quem nos acolhe quando ainda frágeis ao renascermos.

 Mais que isto é ela quem nos aconchega no útero, oferecendo-nos o grande laboratório natural para a materialização das nossas futuras formas físicas, oferecendo-nos o calor e possibilidades para nossas multiplicações celulares, atraídas que são pelo perispírito. 

Ao final de nove meses eis-nos de volta para mais uma experiência no corpo físico.  Mais uma bendita oportunidade de avançarmos através da nova reencarnação.

Contudo, passados os tempos da glorificação apenas superficial das mães, compete-nos agora, Espíritos empossados da razão e da lógica, estudarmos mais detidamente sobre este fabuloso evento natural que é ser mãe.

Ou seja: que pessoa é essa?

Vários literatos, poetas e menestréis têm cantado em versos e prosa a figura materna como essencial para nossas vidas e para Deus. 

Aplaudimos a todos eles. 

De fato, é isto o que ocorre. 

Mas por que ocorre?

 Remontemos ao início. 

Os estudiosos da psicologia nos falam sobre o Arquétipo da Grande Mãe. Antes, é bom entendermos o que vem a ser um Arquétipo.

 O termo "Arquétipo" foi usado por filósofos neoplatônicos, como Plotino, para designar as ideias como modelos de todas as coisas existentes, segundo a concepção de Platão. 

Nas filosofias teístas, o termo indica as ideias presentes na mente de Deus. Pela confluência entre neoplatonismo e cristianismo, o Arquétipo foi incorporado à filosofia cristã, por Santo Agostinho, até vir a ser usado academicamente por Carl Gustav Jung, na psicologia analítica, para designar a forma imaterial à qual os fenômenos psíquicos tendem a se moldar.

 Ou seja, os modelos inatos que servem de matriz para o desenvolvimento da psique. 

A Grande Mãe é uma designação da imagem geral, formada pela experiência cultural coletiva. 

Como uma imagem, ela revela uma plenitude arquetípica que, neste caso, remonta à autoridade mágica da mulher;

 a sabedoria e exaltação espiritual que transcendem a razão; qualquer instinto ou impulso útil; tudo aquilo que é benigno, tudo que acaricia e sustém, que propicia o crescimento e a fertilidade”.

Em suma, a mãe boa. 

É assim que formamos em nossa psique a figura central da mãe. 
Ao renascermos já estivemos em contato com ela por um bom período. Ouvimos sua voz, o pulsar do seu coração, o seu acalanto quando nos acariciou, perpassando por sobre o abdômen as suas mãos e ainda quando sonhou ter em seus braços, nós, a criança esperada.

 Jung diz que, embora a figura materna seja universal, sua imagem será matizada de acordo com as experiências individuais do sujeito com a mãe pessoal. 

É isto que nos prende a ela de forma indelével. As mães retiram do grande arquétipo universal aquela parte que é dedicada a cada um em particular. 

De acordo com suas necessidades, premissas e evolução. Pode-se dizer que é um concerto perfeito entre Deus, a Mãe e o Filho.

 Segundo ainda o pesquisador suíço, a mãe pessoal é um receptáculo da projeção do Arquétipo Materno com todas as suas características e atributos. 

Ela é o primeiro “gancho” desta projeção, o que acaba por imputar-lhe “um caráter mitológico e com isso lhe CONFERE autoridade e até mesmo luminosidade”, isto é, autoridade divinal.

Segundo o Psicólogo brasileiro Alexandre Quinta Nova Teixeira, “Todo Arquétipo tem em sua essência uma ampla gama de sentimentos, sentidos, significados e símbolos diferentes dependendo de cada individualidade. 

Ao pensar no Arquétipo Materno, me vem à cabeça o princípio de tudo, o início, pois foi a mãe que nos gerou a vida. Nada mais sublime que dar vida a um outro ser. 

Esta é uma característica apenas das mulheres que desejam ser mães. Ao mesmo tempo ela nos possibilita dar início às nossas vidas e ao nosso processo de individuação”. 

Mais adiante o psicólogo faz um comentário de extrema sensibilidade filial: “O ser mãe eleva a posição da mulher a uma postura de deusa que cria seres inofensivos e os transforma num passe de mágica em homens adultos prontos para trilharem seus caminhos sozinhos”. 

Entendemos assim a complexa presença das mães em nossas vidas. Ora, ninguém mesmo como uma Grande Mãe, como proposta arquetípica, para exercer essa missão extraordinária que é a de gerar um novo ser inofensivo e transformá-lo numa pessoa adulta preparada para vida. Ainda citando o psicólogo Alexandre Teixeira, ele diz que “Para as mulheres cumprirem este papel, um aspecto importante é o amor maternal”.

O Espírito Victor Hugo, no livro Dor Suprema, diz com propriedade que mãe “É a excelsa criatura que, na Terra, representa diretamente o Criador do Universo. 

Mãe é guia e condutora de almas para o Céu, é um fragmento da divindade na Terra sombria, com o mesmo dom do Onipotente, plasmar seres vivos, onde se alojam Espíritos imortais, que são centelhas deíficas!”.

Eu me lembro de que, quando criança, e já trabalhava na confeitaria com minha mãe, ficávamos ouvindo rádio. Naquela época uma música era presente em quase todas as programações. 

Chamava-se “Flor Mamãe”. Os versos diziam que alguém andava por todos os jardins procurando uma flor para ofertar e que somente a flor mamãe enfeita corações, sonhos, perfumando a ilusão, fazendo milagres quando em oração. Eu olhava para minha mãe e sorríamos juntos. 

Em sua simplicidade ela me dizia que era exagero do poeta e eu afirmava que não. Abraçava-a e ela osculava minha fonte, depois me abraçava e dizia: “filho querido!” 

Essas lembranças nunca se apagam das nossas mentes. São vivas. Mamãe já retornou à pátria espiritual faz mais de cinquenta anos e ainda a vejo andando, trabalhando, realizando, amando os filhos por igual. 

Em mim ficaram essas marcas como ficaram em todos os leitores as marcas das suas mães, como ficarão em todas as crianças do presente. 

Este gozo materno ao qual todos estamos sujeitos quando renascemos traz-nos o primeiro conforto, a primeira segurança, a primeira paz. 

Creio mesmo que nenhum poeta ou literato poderá descrevê-lo, pois que é singular. É de cada mãe para cada filho, é a expansão da divindade que coloca as mães como intermediárias do supremo bem emitido por Deus para cada qual dos Seus filhos.

Marilyn Stone é arqueóloga e estudiosa das religiões, ela comenta sobre o período do matriarcado, dizendo que: “o matriarcado é uma combinação de múltiplos fatores. 

Inclui matrilinearidade e matrifocalidade”, significando a criação de um grupo familiar focado na mãe. 

Marilyn Stone continua: “Porém, o mais importante é que as mulheres eram encarregadas da distribuição de bens do clã e, especialmente, das fontes de sustento – dos campos e dos alimentos”. 

O período do matriarcado ocorreu no passado e cada membro do clã tornava-se dependente das mulheres. Elas geravam a vida, portanto, a elas a garantia da sustentação da própria vida.

Hoje a figura da mãe cresce na medida em que multiplicam na Terra os seres reencarnados. 

Todos os dias são dias das mães. Segundo dados recentes de pesquisas, renascem em média duzentas e dez crianças por minuto no mundo. 

São recebidas nos braços das mães que são mães pela primeira vez ou não, isto pouco importa. 

O fato é que são recebidas e embaladas naquele colinho amigo, naquele sorriso fraterno, naquela estrutura de meiguice provindas da alma feminina. 

Quando a mãe recebe nos braços aquele filho que acaba de nascer, não há uma pessoa que não se consterne, que não acredite que haverá no mundo um tempo em que todas as relações humanas passarão pelos caminhos do amor que educa e da ternura que faz as almas crescerem no bem, segundo Herculano Pires.

E aqui pensamos naquelas mães que recebem em seus braços os filhos com necessidades especiais. 

Que mesmo sabendo que o são, permitem que renasçam não se interpondo entre a paternidade de Deus e as leis falhas que muitos homens criam. 

Parabéns a essas mães que aceitam aqueles renascimentos, que não abortam seus filhos, independente da situação pela qual estão retornando ao plano físico. Joanna de Ângelis, em página psicografada por Divaldo Franco no dia 11 de abril de 2011 em Salvador, nos diz que: “Nada no Universo ocorre como fenômeno caótico, resultado de alguma desordem que nele predomine. 

O que parece casual, destrutivo, é sempre efeito de uma programação transcendente, que objetiva a ordem, a harmonia”. 

Há ainda aquelas outras que aceitam os filhos de outras mães. Que os adotam dedicando-lhes sua parcela de amor e benevolência. 

Que os cria como sendo seus filhos, encaminhando-os para a vida. Só mesmo um compromisso grandioso com Deus pode sustentá-las. 

Daí dizer que: “Mãe é o anjo que Deus põe junto ao homem desde que ele entra no mundo”, nas palavras de Fernando de Lacerda em seu livro: Do País da Luz – volume quatro.

 Humberto de Campos, em Reportagem de Além Túmulo, faz a seguinte colocação: “E olvidaste, porventura, que ser mãe é ser médium da vida? 

É esta transcendência que coloca o ser materno em posição de destaque dentre as criaturas encarnadas e desencarnadas que vigem na Terra”.

Allan Kardec, em seus apontamentos de arquivo, diz que: “Mãe, em sua perfeição, é o verdadeiro modelo, a imagem viva da educação. 

A perfeita educação, na essência de sua natureza, em seu ideal mais completo, deve ser a imagem da mãe de família”. É aqui que voltamos àquela figura ímpar que nos enleva quando nela pensamos. 

Quando os dissabores diários nos entorpecem os sentidos, quando as decepções nos visitam, quando as promessas não são cumpridas, um telefonema, um e-mail, um “alô mamãe” é motivo de grande conforto espiritual. É certeza de que, se todos falharem conosco, pelo menos uma estará ao nosso lado. 

Sabiamente a poetisa estadunidense Emily Dickinson declarou: "Mãe é aquela pessoa para quem você corre quando está em apuros”.

Elizanda Iop, pedagoga e professora da Universidade do Oeste de Santa Catarina, tece importante comentário: 

“Os vários períodos históricos da humanidade mostram o papel da mu­lher na participação do grupo, seja como mãe, com a função de reprodutora e dos cuidados com os filhos, seja como mulher, mãe, trabalhadora e cida­dã. 

Entre as comunidades sem Estado predominou o matriarcado, cabendo à mulher a responsabilidade política do grupo. 

As relações sociais no período em que predominava o matriarcado não representaram a subjugação, nem a exploração do homem pela mulher, portanto, é possível afirmar que as re­lações de gênero produzidas no interior do grupo social eram igualitárias, no sentido de não ter havido exploração sobre o homem”. 

Desde tempos remotos a mãe se colocou como educadora e protetora por excelência. Os filhos, não importa a idade, necessitam deste concurso real e decisivo em suas vidas.

 Marilyn Stone ainda comenta que, no matriarcado, “a autoridade materna é proeminente nas relações domésticas, devendo o marido juntar-se à família da esposa, em vez de a esposa mudar-se para a vila ou tribo do marido”.


Daí perguntarmos: Mãe – que pessoa é essa? Que vem de tão longe, de tempos remotos, desde o matriarcado, abrindo caminhos para que a humanidade cresça, vivenciando etapas, evoluindo como seres desde o primitivo até o civilizado. Somente alguém ligado diretamente a Deus pode desempenhar tão importante tarefa. 

A estatueta feminina que ficou conhecida como a Cibele da Anatólia, datada de 6.000 a. C., exibe uma Deusa Mãe corpulenta e em aparente processo de dar à luz. Sentada num trono e ladeada por duas leoas, a estatueta foi encontrada num compartimento de estocagem de grãos, o qual, segundo arqueólogos, sugere uma maneira de proteger (como um amuleto, ou objeto de cunho religioso) a colheita ou o suprimento de alimentos. 

As pegadas do culto à deusa mãe são assim encontradas desde épocas imemoriais até os tempos áureos das civilizações antigas. Honoré de Balzac, o notável escritor francês do século XVIII, comentou que: 

"O coração de uma mãe é um abismo profundo em cujo fundo você sempre encontra perdão”. Está aí o corolário da Deusa Mãe, cultuada desde antes e reverenciada desde agora.

GUARACI DE LIMA SILVEIRA  -  Consolador

terça-feira, 23 de setembro de 2014

                                              Em defesa do bem

No capítulo III de O Evangelho segundo o Espiritismo (Há muitas moradas na casa de meu Pai), 
item 3: Diversas categorias de mundos habitados, Allan Kardec classifica os diversos mundos do Universo em cinco categorias: 

Mundos primitivos, onde se verificam as primeiras encarnações da alma humana; 

mundo de expiação e provas, em que o mal predomina;

 mundos de regeneração, onde as almas que ainda têm o que expiar  adquirem novas forças, repousando das fadigas da luta; 

mundos felizes, onde o bem supera o mal; 

mundos celestes ou divinos, moradas dos Espíritos purificados, onde o bem reina sem mistura.

A Terra, que já foi um mundo primitivo, hoje é um mundo de expiação e provas e será, futuramente  mundo de regeneração.

 Pelas características referidas no parágrafo anterior quanto à condição atual da Terra,  é que assistimos a tanta violência, tanto desamor.

Na questão 742 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec faz uma pergunta com relação à guerra, que pode ser estendida à violência em geral:

– Qual a causa que leva o homem à guerra? “Predominância da natureza animal sobre a espiritual e satisfação das paixões.” (...)

Pergunta 743:– A guerra desaparecerá um dia da face da Terra? “Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticar a lei de Deus. 

Então, todos os povos serão irmãos.”

Logo, a violência desaparecerá da face da Terra, proporcionalmente à moralização do homem.

No Sermão do Monte (Mateus, 5:5), Jesus afirma: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra”. 

Devemos entender que a Terra, que está se encaminhando para a categoria de mundo de regeneração, será a morada dos Espíritos bons que nela estão encarnados, pois os maus não poderão retornar mais aqui, indo assim para um planeta inferior, que esteja de acordo com o seu grau evolutivo.

Na Terra, defrontamo-nos com duas situações: os que espalham o mal e os que semeiam o bem. 

Surge, então, a pergunta: como devem os bons se posicionar diante deste quadro?

Jesus nos aconselhou a pagar o mal com o bem: “... mas se alguém vos ferir na face direita, oferecei-lhe também a outra”, isto é, o Mestre de Nazaré não proibiu a defesa, mas condenou a vingança. 

Não devemos retribuir o mal com o mal, devemos aceitar com humildade tudo o que tende a reduzir-nos o orgulho.

 “É mais glorioso ser ferido do que ferir; suportar pacientemente uma injustiça que cometê-la; mais vale ser enganado que enganar; ser arruinado que arruinar os outros.”

 (O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XII: Amai os vossos inimigos, itens 7 e 8.)

Amemo-nos, pois, indistintamente, por ser esta a verdadeira caridade, a caridade moral, que materialmente nada custa, que consiste em suportarmo-nos uns aos outros, apesar das diferenças que existem entre as criaturas, por serem Espíritos em evoluções diferentes.

Outra recomendação de Jesus é que se o nosso olho é motivo de escândalo, que o arranquemos, isto é, se o nosso procedimento nos leva (ou leva os semelhantes) à perdição, que extirpemos de nós essa excrescência, uma das atitudes que devemos tomar para promover a nossa reforma íntima, ou seja, a substituição dos vícios e defeitos por qualidades e virtudes.

Por mínimas que sejam as nossas boas ações, elas contribuição enormemente para a melhoria do planeta Terra.

 Como aquela ave, que molhava as suas asas num lago e as espalhava no grande incêndio da floresta, com a consciência de que estava fazendo a sua parte, é importante que cada um faça a sua parte, que, somada à demais, contribuirá para um planeta cada vez melhor e para uma Humanidade mais feliz.

Altamirando Carneiro


terça-feira, 16 de setembro de 2014

                 
                                   Família: cadinho de amor

Filosoficamente define-se família como sendo “a célula mater da sociedade”

Ruy Barbosa, um dos maiores juristas brasileiros, chegou a afirmar que a sociedade é a família ampliada, e esta é aquela miniaturizada;

Perante os seres humanos, ela pode ser considerada uma reunião de pessoas ligadas por laços consanguíneos ou afinidade, elastecendo e mesclando o grau de parentesco.

Sob a égide da divindade, compara-se a um cadinho de amor, onde o Pai da vida reúne seus filhos, sob a orientação educacional dos pais, para que todos, educadores (pais) e educandos (filhos), ao voltarem para o mais além, ou seja, para a vida espiritual, cheguem lá melhores do que quando se aportaram no aquém, como Espíritos encarnados.

Na prática, para que esses amoráveis objetivos sejam alcançados, a primeira atitude paterno-maternal é a educação aureolada sempre pela verdade, tendo em vista que ela ilumina a justiça que se traduz em dar a cada um aquilo que lhe pertencer e o que merecer, não é o que desejar.

Isso porque os seres humanos, com raríssimas e respeitáveis exceções, são por vezes inconformados com certos acontecimentos; insaciáveis com o que possuem; e invejosos por excelência. 

Não é difícil comprovar essas afirmativas. Basta se perguntar:

“Será que eu estou e vivo satisfeito e feliz,

- com o corpo físico que tenho?

- com a esposa ou esposo de quem sou parceiro e cúmplice?

- com as atitudes demonstradas pelos meus filhos adolescentes?  

- com as condições sociais, financeiras e salariais nas quais me encontro?

- com os políticos nos quais votei?
- etc.”

Por que esses inconformismos?  

Será que uma pessoa já nasce estigmatizada para viver assim, ou aprendeu em algum lugar com alguém?

Aqui entra a família com a educação e o poder público com a instrução.

Educar é ensinar hábitos salutares, edificantes, glorificantes para convivência em fraternidade.

 Instruir é proporcionar conhecimentos para a vivência com cidadania.


Quem for educado e instruído tem mais possibilidade de viver e agir com a consciência reta, coração que ama e mãos que trabalham. 

Tudo isso se aprende na família quando ela é um cadinho de amor.


PEDRO DE ALMEIDA LOBO 

domingo, 14 de setembro de 2014

RODA  DOS EXCLUÍDOS

No longínquo ano de 1853, no primeiro dia do mês de fevereiro, na cidade de Resende, ao sul do Estado do Rio de Janeiro, às margens do rio Paraíba do Sul e aos pés da Serra da Mantiqueira, chegava ao mundo, no lar do casal Antônio e Teresa, uma menininha que seria, num futuro não muito distante, o bálsamo e o braço acolhedor e protetor estendido a milhares de corações pequeninos e desabrigados do amparo fraterno do lar.

Essa alma, recém-chegada ao círculo da humanidade, comportou-se como todos os que por aqui aportam, apresentando suas necessidades infantis, mas já trazendo consigo os compromissos que seriam despertados em momento oportuno, como de fato o foi, fazendo transbordar em profusão sua personalidade caridosa, como veremos sobre Anália Emília Franco Bastos, que ficou conhecida até o final de seu tempo como Anália Franco.

Espírita por convicção, Anália Franco conheceu de perto os problemas consequentes do abandono de crianças, especialmente a partir da entrada em vigor da Lei do Ventre Livre (também conhecida como Lei Rio Branco), de 28-9-1871, assinada pela Princesa Imperial Regente, Isabel Cristina, em nome de Sua Majestade, o Imperador Sr. D. Pedro II. Com isso, uma vez livres, os filhos dos escravos passaram a ter, a contar dessa data, seus registros de nascimento lavrados em livros especiais por sacerdotes católicos, que, a bem da verdade, foram os responsáveis pelas anotações e consignações registradas antes mesmo da existência do sistema cartorário, atualmente em vigor.
 Este foi, sem dúvida, o primeiro documento de cidadania conquistado.

Nessa ocasião, o sistema conhecido como Roda dos Expostos (1)já estava em funcionamento na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo desde o dia 2 de julho de 1825, pelo 
Primeiro Governador da Província de São Paulo, Lucas Antônio Monteiro de Barros (1767-1851), que na época exercia a função de Provedor da Santa Casa, esta fundada antes de 1560.

Com a presença desse aparelho, os recém-nascidos eram colocados na Roda que ficava sobre o muro com a abertura voltada para a rua. 

Na lateral esquerda dessa peça havia um sino que era tocado na casa das Irmãs, avisando que dentro dela havia uma criança.   
  
Com o vigor da Lei que declarava libertos todos os filhos de escravos, chegou ao conhecimento de Anália Franco que recém-nascidos estavam sendo destinados à chamada “Roda”, além do que muitos outros estavam sendo expulsos das fazendas por serem impróprios ao trabalho e já perambulavam pelas ruas e estradas, mendigando.

A Roda dos Expostos funcionou ativamente até o ano de 1950, quando foi desativada, obedecendo ao mesmo critério para o qual havia sido criada, qual seja, o simples abandono.

 Qualquer mãe que não quisesse ficar com o filho, poderia deixá-lo ali. Depois dessa data e até 1960, as crianças foram aceitas, mas teriam que ter, pelo menos, o devido registro.

Após vencer preconceitos e humilhações, Anália empenhou-se em dar guarida aos desvalidos em geral, não só aos que lhe batiam à porta, mas também àqueles que sabia necessitarem de ajuda. 
  
Nos dias atuais, são muitas as instituições posteriormente criadas com a atenção voltada ao atendimento infantil, em homenagem aos feitos dessa Embaixadora da Fraternidade, somadas às outras 71 escolas fundadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro durante o tempo em que viveu e por ela própria, afora outras centenas criadas sob sua inspiração e utilizando-se de sua metodologia. 

Também são de sua criação 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para órfãos, 1 banda musical feminina denominada “Regente Feijó”, 1 grupo teatral, 1 Liceu feminino e dezenas de oficinas de chapéus, costuras, bordados e flores artificiais etc., que auxiliavam na sustentação econômica do complexo, além de livros de cultura geral, obras especiais destinadas à educação escolar e cristã-espírita, estes juntamente com seu marido Francisco Antônio Bastos (6-1-1850/19-8-1929).

A grandiosidade da obra, por si só, espraia as virtudes do Espírito idealizador de Anália Franco que, em 20-1-1919, retornou ao Universo infinito, um exemplo dignificante de personalidade altruísta.
       
As pessoas passam, como sabemos, mas as obras em benefício da comunidade se eternizam.



(1)
 Roda dos expostos. Trata-se de uma peça no formato de um cilindro oco, confeccionada em maneira de Pinho de Riga, que girava em seu eixo, colocada em muros e com uma abertura voltada para a rua.

Vladimir Polízio - O Consolador

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

 O mundo está louco…
(estará?)

É convicção que o mundo… está louco! Quem o diz é cada um de nós, mas qual será o mundo louco? O que vemos? O dos outros, ou nós também fazemos parte desse mundo? E nós, como estamos, como habitantes desta grande nave terrestre?
As pessoas são unânimes: “o mundo está louco”, dizem, “está tudo doido”, “guerras e mais guerras, mortes, violência brutal, escândalos, roubos, mentira, falsidade”.
Aparentemente, não existe esperança no horizonte, não há volta a dar.
O medo espalha-se, qual vírus contagioso.
Os direitos humanos foram pela sarjeta abaixo.
Os princípios ético-morais foram substituídos pelo materialismo caduco e feroz que transformou o ser humano numa máquina de produção.
As doenças psicológicas campeiam, os casamentos destroem-se, os suicídios aumentam.
Busca-se a causa de tanta desgraça nos modelos macroeconômicos, nas políticas de direita ou de esquerda, no FMI, no BCE, no grupo de Bilderberg.
Procuram-se os “culpados” algures, fora de nós…
No entanto, nós fazemos parte da sociedade terrestre, do mundo louco que criticamos e contribuímos para que ele esteja como está, com os nossos pensamentos, sentimentos e atitudes.
Entretanto, veio a Física quântica e deu um golpe mortal no… materialismo.
Tudo é energia, não existe matéria, mas sim energia em diversos estados, alguns deles é que denominamos de “matéria”.
Os Espíritos já tinham informado isso há 157 anos (O Livro dos Espíritos) quando Allan Kardec compilou o Espiritismo (Doutrina Espírita ou Doutrina dos Espíritos), isto é, os ensinamentos dados pelos Espíritos, através de inúmeros médiuns, num trabalho exaustivo e científico, usando o método indutivo, o método experimental.
Ver o futuro pelos binóculos ultrapassados do materialismo é o mesmo que estudar ciências pelos livros do século XIX.
Há que estarmos atentos aos novos paradigmas que a sociedade nos apresenta e que os cientistas têm atestado mundo afora, vindo de encontro aos postulados espíritas: a vida continua após a morte do corpo físico, a comunicabilidade com o mundo espiritual é possível em certas condições, e a reencarnação é uma realidade científica.
Não há como fugir da realidade dos casos sugestivos de reencarnação (CSR), da transcomunicação instrumental (TCI), da transcomunicação mediúnica (TCM), das experiências de quase morte (EQM’s), das visões no leito de morte (VLM’s) e das experiências fora do corpo (EFC’s).
Remontando aos tempos de Jesus de Nazaré, ele apontava para o fim do mundo e para aqueles que herdariam a Terra.
Atualmente, os bons Espíritos explicam que esse ensinamento refere-se a um período de transição, ao longo do 3º milênio, onde haverá o fim do mundo de misérias morais e materiais, e que somente os Espíritos mais pacificados voltarão a reencarnar na Terra, havendo a separação do “trigo e do joio” e, assim, os Espíritos belicosos reencarnarão em planetas inferiores, servindo assim de expiação para os mesmos e, simultaneamente, de motor de desenvolvimento para as sociedades pouco evoluídas que encontrarem. 
Os tempos são, pois, de esperança, nunca houve tanto bem, tanto voluntariado, tanta solidariedade, mas isso não aparece nas televisões, que ainda são canais de notícias deprimentes e escandalosas, perturbando assim quem as vê.
Apesar das dificuldades por que quase todos passamos, os bons Espíritos são unânimes em incentivar-nos à calma, à esperança, à compreensão, à tolerância e ao entendimento, estimulando o ser humano a colocar em prática, nestes momentos de decisões difíceis, o ensinamento evangélico de “não fazermos ao próximo o que não queremos que nos façam”.
O Espiritismo tem como máxima “Fora da caridade não há salvação”, incentivando-nos à caridade para conosco e para com o próximo, objetivando, acima de tudo, a melhoria íntima, a superação dos defeitos e a amplificação das virtudes.
Não nos iludamos… É um trabalho urgente, intransferível e inevitável, mais cedo ou mais tarde!
Conhecendo-se, o homem pacifica-se e, pacificando-se, o desmoronar das más práticas sociais não o atormentam, antes, felicita-se por ver essa mudança, passo a passo, mas contínua, com a reencarnação de Espíritos mais evoluídos que já aí estão sob a forma de nossos filhos, e que trazem no bojo do seu subconsciente uma vontade férrea de mudar o estado em que se encontram as sociedades.
Dizem-nos, os bons Espíritos, que vivemos temporariamente num corpo de carne, numa grande nave com 7 bilhões de habitantes, e que nesta viagem breve de cerca de 80 anos devemos apostar o máximo que pudermos na nossa reforma íntima.
Evoluindo intelectual e moralmente, o homem vai ascendendo na sua escala evolutiva ao nível espiritual, tendo reencarnações cada vez mais felizes, assim faça por isso.
Os tempos são, pois, de esperança, nunca houve tanto bem, tanto voluntariado, tanta solidariedade, mas isso não aparece nas televisões, que ainda são canais de notícias deprimentes e escandalosas, perturbando assim quem as vê.
“Nascer morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a lei.”
Bibliografia: 
Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos.

O Consolador - José Lucas


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

                                             
                                  O AMOR É DALTÔNICO!

O filme Chico Xavier teve retumbante estréia. Perto de 600.000 ingressos vendidos, um número não alcançado desde 1995, com a diferença de que naquele tempo o cinema ainda era a opção de lazer mais procurada.

Incrível como um mineiro humilde, filho de família paupérrima, que em linguagem atual viveu uma infância “abaixo da linha da pobreza”; que estudou apenas até o quarto ano do chamado “grupo escolar”, que foi modesto serventuário do Estado, tenha alcançado tal notoriedade, a ponto de arrastar multidões para apreciar um filme sobre sua vida.
Sem dúvida, em boa parte essa notoriedade sustenta-se na prodigiosa mediunidade que fez de Chico autêntica máquina linotipo do Além, a produzir livros à mão cheia, como diria Castro Alves, com espantosas revelações sobre o mundo espiritual e o inter-relacionamento entre o “lado de lá” e o “lado de cá”, incluindo mensagens dos mortos aos entes queridos.Mas, meu caro leitor, o que realmente fez de Chico Xavier uma das figuras mais ilustres do Brasil, eleito o mineiro do século passado, reverenciado pela população brasileira, foi sua figura humana, de autêntico discípulo do Cristo, a ensinar e exemplificar, o amor preconizado por Jesus, amor em plenitude, que se exprime no empenho de servir, vendo no Bem prestado ao próximo um estilo de vida, uma razão para viver.

Dizia Chico:

O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que escalássemos o Everest ou fizéssemos grandes sacrifícios.

Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros.Foi exatamente isso que ele fez a vida inteira – amou o próximo, distribuindo bênçãos de auxílio ao redor de seus passos, atendendo necessitados, confortando aflitos, solidarizando-se com os sofredores, estendendo a esperança aos desesperados...

Por isso, independente de credo religioso, as pessoas empolgam-se com seu Espírito resplandecente, porquanto o amor, quando realizado em plenitude por alguém, é um fenômeno espantoso, que comove, atrai, motiva e jamais se esquece!

Abençoado Chico Xavier!***
Na contramão do amor, o mais execrável de todos os preconceitos – o religioso.

Chico o combateu sempre, com a excelência do exemplo. Multidões de adeptos de outras religiões, incluindo até gente sem religião, foram atendidas ao longo de seus 75 anos de labores mediúnicos, sem que Chico jamais lhes perguntasse a crença.

Lamentável nesse aspecto a postura de jogadores famosos do Santos Futebol Clube que, conforme foi largamente noticiado pela mídia, recusaram-se a descer do ônibus que os conduzia para visita a uma entidade filantrópica que acolhe crianças com deficiência física e mental, ao serem informados de que se tratava de uma instituição espírita.

A razão: 

sua religião não permitia.

Religião? 

Cristã?

Está faltando um Chico Xavier, ou uma Madre Teresa de Calcutá, ou um Albert Schwartzer em seitas que se dizem cristãs, mas não aprenderam o elementar – o amor ao próximo, incansavelmente ensinado e exemplificado por Jesus é daltônico, não tem cor religiosa.

Richard Simonetti.....................................