Alcoolismo
juvenil: uma omissão familiar
“Não se educa sendo deseducado. Não se disciplina
sem estar disciplinado.” (Amélia Rodrigues, no Livro “Sementeira da
Fraternidade”, de Divaldo P. Franco.)
Cresce no meio jovem o consumo de bebidas alcoólicas.
Bares, restaurantes, lanchonetes, clubes sociais, avenidas estão
repletas de jovens que, displicentemente, fazem uso, em larga escala e
abertamente, das bebidas deletérias e nocivas que não só desfiguram e arrasam o
corpo como agridem e violentam o caráter.
Contra outros tipos de tóxicos levanta a sociedade, mesmo que
palidamente, no combate, nem sempre eficaz, mas o álcool, esse “veneno livre”,
campeia à solta, e quase sempre apoiado por grandes e bem produzidas campanhas
de mídia e aceito com naturalidade por nós.
Tomar um “gole” ainda hoje, em pleno século XXI, quando o homem já foi à
lua, passeou com um robô de controle remoto em marte e avança esplendidamente
em todos os setores da ciência, inclusive em conhecimentos de medicina, é um
ato de afirmação do jovem, como sinônimo de que ele já começa a adentrar o
sonhado mundo dos adultos.
Puro engano.
Pena que a sua visão de vida e os seus objetivos na existência, muito
acanhados, não lhe permitam identificar, também por falta de conscientização
que o adulto não lhe deu, o abismo em que está mergulhando.
Uma organização infanto-juvenil, em formação, sem dúvida, com ingestão
de álcool não poderá possuir a saúde que teria se evitasse o consumo de tão
corrosiva substância.
Isso, evidentemente, sem citar os estragos morais da
personalidade.
Mas o problema é muito sério e de uma gravidade sem contas.
Temos sim, necessidade de maior participação de nossas autoridades
constituídas, que muitas vezes laboram com grandes deficiências de material
humano e de equipamentos, ante a situação caótica em que vive a sociedade.
Precisamos também que o comércio de bebidas alcoólicas não venda essa
“tragédia engarrafada ou enlatada” aos menores.
No entanto, a solução só virá com a devida conscientização da família.
Não haverá outro meio e nem outros mecanismos que evitem a derrocada da grande
maioria dos nossos jovens.
Já foi dito que a criança ou o jovem imitam o adulto, isso significa
dizer que se o jovem está utilizando o álcool foi porque viu o adulto fazê-lo.
E o que é mais grave, esses jovens, em grande escala, consomem bebidas
junto com seus pais, em clima de festa, de euforia mesmo. Lamentável.
Indiscutivelmente, pais que consomem álcool não têm moral para impedir
que os filhos o façam. Não terão autoridade para dizer que faz mal à saúde
física e ao caráter, pois que são escravos do vício.
É triste, muito triste mesmo, identificar que
muitos alcoólatras que afirmam não sê-lo, escondem-se atrás das bebidas
sociais, sim, aquelas que se consomem nas rodas da sociedade.
O alcoólatra não
é somente aquele que se estende numa sarjeta, mas é todo consumidor de álcool.
Dolorosa realidade a do alcoolismo juvenil; mais dolorosa ainda é
constatar, sem qualquer equívoco, a omissão da família.
Esses pais,
indiferentes e descuidados, estimulam ou se omitem hoje, para, provavelmente,
chorarem amanhã, quando dificilmente haverá tempo para reparos.
Os nossos jovens precisam muito mais do que roupas da moda, carros do
ano, motos envenenadas, escolas de alto nível, médicos especializados.
Eles
precisam de educação, que só virá através dos exemplos dos adultos,
especialmente dos adultos com quem convivem.
O jovem que se dá ao consumo de bebidas alcoólicas é vítima, muito
frequentemente, vítima da omissão familiar.
Portanto, pouco vai adiantar instituição de leis, normas, fiscalizações
se entre as paredes do lar a indiferença continuar.
Alcoolismo juvenil: a família precisa acordar.
Valdenir Aparecido Cuin - O Consolador