sábado, 26 de março de 2016


 
                                         OS DOIS CÃES

Um homem que era dono de dois cães ensinou um a caçar e fez do outro seu cão de guarda.
E, então, cada vez que o cão de caça saía a caçar e trazia alguma presa, o dono atirava um pedaço dela também para o outro. Indignado, o cão caçador passou a censurar o cão de guarda, pois, enquanto ele próprio vivia saindo e se estafando, o outro nada fazia e se deliciava com os frutos do esforço alheio.
Então o cão de guarda lhe retrucou: “Mas não faça críticas a mim, e sim ao meu dono! Foi ele que me ensinou não a trabalhar, mas a desfrutar do trabalho alheio”. (Os cães. – Esopo)

Podemos nos apropriar dos dois cães metafóricos de Esopo e ver neles duas instâncias de nossa alma. A que busca e a que retém. Embora lados da mesma moeda, não se confundem em suas ações e motivações intrínsecas.

A parte de nós que caça é aquela que se aventura pelo mundo. Procura conhecê-lo e identificar oportunidades. Fareja coisas e situações que lhe sejam úteis.
Interage com o ambiente, com as pessoas, objetos e circunstâncias, e procura obter para si o que julga necessário à sua subsistência.

O exercício da caça é perigoso e requer técnica. Não é o simples ver e colher, mas implica em, identificando a presa, preparar a tocaia, o bote e consumação do ato.
Nessa atividade, inteligência e força são requeridas. A estratégia deve ser bem traçada previamente, e opções consideradas, caso falhe o primeiro plano.
 Em várias situações o caçador pode ferir-se seriamente, comprometendo a própria vida – especialmente quando o alvo é cobiçado por concorrentes tão ou mais preparados.

Caçar é uma atividade para fora, para buscar e capturar. É dinâmica e plena de energia. Mente e corpo em atuação harmônica, para que a presa não escape.

A contraparte que guarda, volta-se para dentro e se preocupa com a manutenção e o zelo. Está interessada em reter, sem cuidar de buscar mais. Não está atrás de oportunidades fora, mas procura riscos de vazamento e perda.
Cuida de possíveis ladrões, sem olhos para presas furtivas. Não interage – reage às ameaças. Não se estica no espaço para o bote, mas encolhe-se na proteção e no resguardo. Tocaia, armando ratoeiras.
Corre sua dose de risco, mas de uma natureza muito diferente da do caçador.

O primeiro cão é ativo; o segundo é passivo.

O equilíbrio das coisas exige as duas performances. Parafraseando Eclesiastes, há um tempo para caça, e outro para preservar o que se caçou.
Perdemos a harmonia quando privilegiamos qualquer um desses aspectos de nossa conduta além da conta justa. Se caçamos demais, roubamos o meio em que vivemos.

Açambarcamos o que não devemos com o discurso equivocado do merecimento – “fiz por onde!”.
Se o que nos move é apenas o prazer da atividade física e o sangue da presa, passamos a predadores nocivos ao meio. Nossa fome nunca é saciada, porque uma presa abatida é estímulo para buscar outra, e mais outra...
Queremos sempre mais e nunca preenchemos esse oco na boca do estômago, porque buscamos fora o que só podemos encontrar dentro.

Mas esse mal traz consigo seu próprio remédio. Como diz a música popular, “quem mata o que não se come, não perde por esperar”.
Mais cedo ou mais tarde nosso tempo se esgota e vamos nos dar conta de que tanta ação resultou em nada de efetivo para nosso crescimento espiritual.

Por outro lado, se guardamos demais, transformamo-nos em sovinas da vida.
Somos como o tolo do Evangelho, que armazenou para as traças e os ladrões, sem perceber a morte iminente, que pode nos acometer em qualquer instante e lugar.
 Ficamos obesos, preguiçosos e lentos, pela excessiva permanência nas torres de vigília.
Tememos tudo e todos, como ladrões potenciais das riquezas que julgamos possuir. O menor gesto do nosso vizinho é uma ameaça à nossa tranquilidade.
 Olhamos o mundo com os olhos esgazeados da desconfiança e do medo. O afã de reter e proteger nos consome.
Nossa vida perde toda a graça e tudo se resume ao zelo com as posses.
E, assim, não percebemos quando passamos de possuidores a possuídos – nossos bens nos escravizam.

Quando nos dirigimos para nosso trabalho, na busca da sobrevivência, que cão late mais forte dentro de nós? O caçador voraz, que de tudo quer se apropriar, ou o vigilante paranoico, que vê ameaça nas menores sombras?

Qualquer um deles que prevalecer tem a capacidade de tornar nossa vida um inferno. Deveríamos escolher o caminho do meio, como já preconizavam os antigos sábios.
 Caçar na justa medida da nossa fome; guardar o que vale a pena ser guardado. O conselho de Paulo, apóstolo, é de grande sabedoria:
“Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém. Todas as coisas me são lícitas, mas não me deixarei dominar por nenhuma” (I Cor, 6:12).

Buscar o que necessitamos no mundo é da lei de sobrevivência. Buscar o excesso corre por nossa conta e risco.

Guardar o que realmente nos aproveita é medida de precaução e bom senso – previdência. Armazenar em excesso engorda e entorpece o espírito.

Tanto uma postura quanto outra é muito difícil. Mas quem disse que crescer é fácil? Nossa sociedade predispõe e estimula ferozmente o consumismo (caça) desenfreado.
Ao mesmo tempo, o clima de insegurança que nos envolve, até por consequência do muito ter, torna-nos demasiadamente apegados a coisas e valores passageiros.
Mas os dois cães habitam em nós – somos nós.
Qual deles  alimentamos mais?

JOSÉ LOUREIRO – O CONSOLADOR

domingo, 21 de fevereiro de 2016

                             CRUZAR BRAÇOS E MÃOS ATRAPALHA
                              A EFICÁCIA DO PASSE ESPÍRITA?

Dia desses perguntaram-me se o fato de mãos, braços e pernas estarem cruzados no momento do passe espírita pode atrapalhar sua eficácia.
Dúvida normal para quem desconhece o mecanismo básico de funcionamento do passe.
Para respondermos à pergunta, fundamental explicar, primeiro, o que é o passe espírita.
Trata-se de transmissão de fluidos pela imposição de mãos com o intuito de restabelecer o equilíbrio físico ou psíquico de alguém.
Funciona de perispírito (corpo espiritual) a perispírito, e o passista, pela ação de sua vontade, doa o fluido animal ao paciente.
Os Espíritos, por sua vez, aumentam e dirigem os fluidos possibilitando direcionamento e qualidades necessárias para a transmissão do passe ao indivíduo necessitado. 
Sendo trabalhado de perispírito a perispírito e com a atuação dos Espíritos protetores, a posição na câmara de passes de quem recebe o passe deve ser a mais confortável possível, sem ter qualquer relevância como estarão suas mãos, braços e pernas.
Podem, portanto, seus membros estarem cruzados, pois o que influencia realmente é a vontade do passista, a ação dos Espíritos, o merecimento de quem recebe o passe e, naturalmente, sua fé.
Aliás, como a ação do pensamento é imperiosa no caso do passe espírita, o passista deve evitar qualquer situação que possa desconcentrar quem recebe o passe.
Roupas serenas e adequadas, perfume discreto, pois sua postura de sobriedade, sem gesticulações ou exageros de qualquer espécie, serão componentes fundamentais para o êxito da tarefa.
Nesse mister vale lembrar que o passe é fabulosa ferramenta de auxílio aos necessitados físicos e psíquicos, contudo não se trata de solução definitiva para os problemas de quem quer que seja.
A solução para qualquer entrave existencial reside, como bem sabemos, na mudança de postura e na prática do Evangelho.
De nada resolverá tomar passe todas as vezes que for ao centro espírita se a forma de proceder e encarar a vida continuar a mesma.
 
Wellington Balbo – O Consolador
 
 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016


       Divergências & convergências nas sociedades espíritas
Os antagonismos são corolários do orgulho superexcitado
 “(...) Devemos assistir com prazer à multiplicação dos grupos espíritas e, se alguma concorrência haja de entre eles existir, outra não deverá ser senão a de fazer cada um maior soma de bem.”          Allan Kardec[1]
 
Allan Kardec, Santo Agostinho, São Luís, Fénelon e São Vicente de Paulo oferecem-nos lúcidas e oportunas reflexões que passaremos a alinhar, a fim de que nos beneficiemos desses ensinamentos que nos fornecem valiosos subsídios para o trato e vivência junto aos demais companheiros e suas respectivas Instituições Espíritas.
Esclarece-nos o ínclito Mestre Lionês[2]“(...) no interesse dos estudos e por bem da causa mesma, as reuniões espíritas devem tender antes à multiplicação de pequenos grupos, do que à constituição de grandes aglomerações.
Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá todos os homens por um único sentimento:
o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã.
“(...) Cada agrupamento espírita tem a sua missão. Nem uns, nem outros se achariam possuídos do verdadeiro espírito do Espiritismo, desde que não se olhassem com bons olhos; e aquele que atirasse pedras em outro provaria, por este simples fato, a má influência que o domina.
Todos devem concorrer, ainda que por vias diferentes, para o objetivo comum, que é a pesquisa e a propaganda da Verdade.
 Os antagonismos, que não são mais do que efeito do orgulho superexcitado, só poderão prejudicar a causa, que uns e outros pretendem defender”.
Jesus já nos alertava[3]“todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá”.
Continua o singular discípulo de Pestalozzi2“estas reflexões se aplicam igualmente a todos os grupos que porventura divirjam sobre alguns pontos da Doutrina.
 É arrematada puerilidade constituírem bando à parte alguns, por não pensarem todos do mesmo modo e, pior ainda do que isso, seria o se tornarem ciosos uns dos outros os diferentes grupos ou associações da mesma cidade.
Compreende-se o ciúme entre pessoas que fazem concorrência umas às outras e podem ocasionar recíprocos prejuízos materiais. Não havendo, porém, especulação, o ciúme só traduz mesquinha rivalidade de amor-próprio.
Como, em definitivo, não há sociedade que possa reunir em seu seio todos os adeptos, as que se achem animadas do desejo sincero de propagar a verdade, que se proponham a um fim unicamente moral, devem assistir com prazer à multiplicação dos grupos e, se alguma concorrência haja de entre eles existir, outra não deverá ser senão a de fazer cada um maior soma de bem. 
As que pretendam estar exclusivamente com a verdade terão que o provar, tomando por divisa: Amor e Caridade, que é a de todo verdadeiro espírita.
Quererão prevalecer-se da superioridade dos Espíritos que as assistam? Provem-no, pela superioridade dos ensinos que recebam e pela aplicação que façam deles a si mesmas. Esse o critério infalível para se distinguirem as que estejam no melhor caminho”.
Afirma Santo Agostinho[4]“observamos com prazer os vossos trabalhos e vos ajudamos, porém, sob a condição de que também, de vosso lado, nos secundeis e vos mostreis à altura da missão que fostes chamados a desempenhar.
Formai, portanto, um feixe e sereis fortes e os maus Espíritos não prevalecerão contra vós. Deus ama os simples de espírito, o que não quer dizer os tolos, mas os que se renunciam a si mesmos e que, sem orgulho, para ele se encaminham. 
Podeis tornar-vos um foco de luz para a humanidade.  Sabei, logo, distinguir o joio do trigo; semeai unicamente o bom grão e preservai-vos de espalhar o joio, por isso que este impedirá que aquele germine e sereis responsáveis por todo o mal que daí resulte; de igual modo, sereis responsáveis pelas doutrinas más que porventura propagueis.
Lembrai-vos de que um dia pode vir em que o mundo tenha posto sobre vós os olhos. Fazei, conseguintemente, que nada empane o brilho das boas coisas que saírem do vosso seio. 
Por isso é que vos recomendamos pedirdes a Deus que vos assista”.
S. Luís aduz[5]“(...) jamais terei por demasiado concitar-vos a que façais do vosso um centro sério.
Que alhures se façam demonstrações físicas, que alhures se observe, que alhures se ouça: entre vós, compreenda-se e ame-se. (...) Que o espírito de caridade vos reúna, tanto da caridade que dá, como da que ama.
 Mostrai-vos pacientes ante as injúrias dos vossos detratores; sede firmes no bem e, sobretudo, humildes diante de Deus.
Somente a humildade eleva. Essa a grandeza única que Deus reconhece. Só então os bons Espíritos virão a vós; do contrário o do mal se apossaria de vossa alma.
Sede benditos em nome do Criador e crescereis aos olhos dos homens, ao mesmo tempo que aos olhos de Deus”.
Fénelon completa[6]“(...) estais convencidos de que o Espiritismo acarretará uma reforma moral.
Seja, pois, o vosso grupo o primeiro a dar exemplo das virtudes cristãs, visto que, nesta época de egoísmo, é nas Sociedades espíritas que a verdadeira caridade há de encontrar refúgio.
(...) Perguntastes se a multiplicidade dos grupos, em uma mesma localidade, não seria de molde a gerar rivalidades prejudiciais à Doutrina. 
Responderei que os que se acham imbuídos dos verdadeiros princípios desta Doutrina veem unicamente irmãos em todos os espíritas, e não rivais.  Os que se mostrassem ciosos de outros grupos provariam existir-lhes no íntimo uma segunda intenção, ou o sentimento do amor-próprio, e que não os guia o amor da verdade.
Afirmo que, se essas pessoas se achassem entre vós, logo semeariam no vosso grupo a discórdia e a desunião.
O verdadeiro Espiritismo tem por divisa benevolência e caridade. Não admite qualquer rivalidade, a não ser a do bem que todos podem fazer.
  Todos os grupos que inscreverem essa divisa em suas bandeiras estenderão uns aos outros as mãos, como bons vizinhos, que não são menos amigos pelo fato de não habitarem a mesma casa.
Os que pretendam que os seus guias são Espíritos melhores que os dos outros deverão prová-lo, mostrando melhores sentimentos.
Haja, pois, luta entre eles, mas luta de grandeza d`alma, de abnegação, de bondade e de humildade. 
O que atirar pedra a outro provará, por esse simples fato, que se acha influenciado por maus Espíritos”.
São Vicente de Paulo aconselha[7]“o Espiritismo deve ser uma égide contra o espírito de discórdia e de dissensão; mas, esse espírito, desde todos os tempos, vem brandindo o seu facho sobre os humanos, porque cioso ele é da ventura que a paz e a união proporcionam.
Espíritas! bem pode ele, portanto, penetrar nas vossas assembleias e, não duvideis, procurará semear entre vós a desafeição. Impotente, porém, será contra os que tenham a animá-los o sentimento da verdadeira caridade.
Estai, pois, em guarda e vigiai incessantemente à porta do vosso coração, como à das vossas reuniões, para que o inimigo não a penetre.  
Mostrem-se, por conseguinte, mais pacientes, mais dignos e mais conciliadores aqueles que no mais alto grau se achem penetrados dos sentimentos dos deveres que lhes impõe a urbanidade, tanto quanto o vero Espiritismo. 
Pode dar-se que, às vezes, os bons Espíritos permitam essas lutas, para facultarem, assim aos bons, como aos maus sentimentos, ensejo de se revelarem, a fim de separar-se o trigo do joio.
Eles, porém, estarão sempre do lado onde houver mais humildade e verdadeira caridade”.
Allan Kardec, enfeixando todos esses pensamentos, conclui[8]: “(...) para o objetivo providencial, portanto, é que devem tender todas as Sociedades espíritas sérias, grupando todos os que se achem animados dos mesmos sentimentos.
Então, haverá união entre elas, simpatia, fraternidade, em vez de vão e pueril antagonismo, nascido do amor-próprio, mais de palavras do que de fatos; então, elas serão fortes e poderosas, porque assentarão em inabalável alicerce: o bem para todos; então, serão respeitadas e imporão silêncio à zombaria tola, porque falarão em nome da moral evangélica, que todos respeitam.
Essa a estrada pela qual temos procurado com esforço fazer que o Espiritismo enverede.
A bandeira que desfraldamos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário, em torno da qual já temos a ventura de ver, em todas as partes do globo, congregados tantos homens, por compreenderem que aí é que está a âncora de salvação, a salvaguarda da ordem pública, o sinal de uma era nova para a humanidade”.

 

[1] - KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, 2ª. Parte – capítulo XXIX, item 349, § 2º
[2] - Idem, ibidem – 2ª. Parte – capítulo XXIX, itens 334, 348 e 349.
[3] - Mt., 12:25.
[4] - KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, – 2ª. Parte – capítulo XXXI, tomo XVI.
[5] - Idem, ibidem – 2ª. Parte – capítulo XXXI, tomos XVIII e XIX.
[6] - Idem, ibidem – 2ª. Parte – capítulo XXXI, tomos XXI e XXII.
[7] - KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, 2ª. Parte – Capítulo XXXI, tomo XXVI
[8] - Idem, ibidem – 2ª. Parte – capítulo XXIX, item 350.
ROGÉRIO COELHO – O CONSOLADOR
 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O ser humano

“O ser humano é o mais alto e nobre investimento da vida, momento grandioso do processo evolutivo que, para atingir a sua culminância, atravessa diferentes fases que lhe permitem a estruturação psicológica, seu amadurecimento, sua individuação, conforme Jung.” – Joanna de Ângelis.
 
Compare a afirmativa acima de Joanna, destacando o início do parágrafo –

 o ser humano é o mais alto e nobre investimento da vida – com a reportagem contida na revista VEJA, edição de nº 2378, de 18 de junho de 2014, páginas 72 e 73. 

Informa a reportagem: “Na rodoviária do centro de Tucson, no Estado americano do Arizona, cortinas negras cobrem um antigo armazém, separando esse espaço do local onde passageiros aguardam o ônibus. 

Atrás dos panos, mulheres e crianças, todos imigrantes ilegais, recebem doações de roupas, brinquedos e alimentos das mãos de voluntários.

 A uma hora de carro dali, na cidade de Nogales, na fronteira do México, um abrigo do governo aloja 1100 crianças que entraram nos Estados Unidos desacompanhadas. 

A média de idade é de 16 anos e a menor delas tem apenas 3. 

Aqueles que estiveram lá dentro (a imprensa não tem acesso ao lugar) contam que os banheiros são improvisados e que os pequenos não têm roupa limpa. 

O cheiro, dizem, é insuportável. As celas, onde estão acomodados, são frias e não há casacos nem mantas. 

A comida trazida pelos guardas não é suficiente para todos. 

Nos últimos meses, o país recebeu um volume inédito de imigrantes com menos de 18 anos de idade e de mães com bebês, os quais colapsaram o sistema imigratório. 

A patrulha de fronteira apreende entre 200 e 250 crianças e adolescentes por dia ao longo da cerca que separa os Estados Unidos do México”.

Na questão de número 383 de O Livro Dos Espíritos, nos é esclarecido que é exatamente no período da infância que o Espírito reencarnado está mais aberto às impressões necessárias ao seu adiantamento. 

Se perdido esse período, tudo fica mais complicado. 

Daí a lamentável situação dessas crianças e adolescentes descrita na reportagem da referida revista.

Dona Benedita Fernandes, cognominada com justiça como a Dama da caridade, dedicava-se na sua última reencarnação na região noroeste do Estado de São Paulo, aos doentes mentais às crianças desamparadas. 
Na edição de no 2.223 da revista Reformador do corrente ano, página 325, encontra-se estampada uma foto desse Espírito abençoado junto a um grupo de crianças. 

Caso vá apreciar a foto que vale a pena ser vista, repare em um detalhe: 
até um animal, uma cachorra, encontra lugar para receber carinho das mãos da querida Benfeitora.

 É uma característica dos Espíritos evoluídos existir neles espaço para o amor pelos animais, porque quem ama verdadeiramente ao Criador não pode deixar de amar a todas as suas criaturas. 

Confronte essa foto com a estampada na reportagem da revista VEJA e verá registrada a própria foto da presença do amor e da ausência dele.

No livro Sementes de vida eterna, editora LEAL, 1978, capítulos 20 e 21, páginas 85 a 92, encontramos as seguintes colocações: 

“Os altos índices de atual delinquência infantojuvenil, cada dia mais afligentes, atestam o malogro da cultura, diante do problema-desafio, que se converte em látego, vigorosamente aplicado na criatura humana.

 O menor carente, que assume um comportamento antissocial, é a pungente vítima dos desequilíbrios que sacodem as estruturas da comunidade terrestre. 

Todos têm direito, na comunidade humana, ao mínimo que seja, para viver com decência e liberdade. 

Negar tal concessão é conspirar contra a felicidade do próximo e a própria paz, agora ou depois. 

Façamos a nossa parte, por menor que pareça, iniciando esta cruzada de amor, que vem sendo postergada e que, não realizada, levar-nos-á aos roteiros do sofrimento e da soledade, por incúria e insensatez. 

Hoje brilha a luz da famosa oportunidade que se transformará em abençoado sol do amanhã, a fim de que as trevas do mal se afastem, em definitivo, da Terra, havendo claridade de paz, nas mentes e nos corações”.

Dona Benedita Fernandes, que viveu sua última reencarnação de 1883 a 1947, já sabia disso.

Quantos anos ou séculos mais necessitaremos para chegar ao entendimento de que o ser humano é o mais alto e nobre investimento da vida?

Ricardo Orestes Foorni – O Consolador

 


sábado, 28 de novembro de 2015


                                                                  OSTRA FERIDA                 





Quando alguém nos mágoa ou nos fere ficamos muito tristes e até revoltados…
Devíamos lembrar que uma ostra que não foi ferida não produz pérolas.

Pérolas são produtos da dor, resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior das ostras, como um parasita ou um grão de areia
.
Na parte interna da concha é encontrada uma substância chamada nácar.

Quando o grão de areia penetra as células do nácar, estas começam a trabalhar e a cobrir o grão com camadas para proteger o corpo indefeso da ostra. Como resultado, uma linda pérola vai se formando ali no seu interior.

Uma ostra que nunca foi ferida nunca vai produzir pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.
Você já se sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém? Já foi acusado de ter dito coisas que não disse?Já foi incriminado sem nada ter feito??

Suas idéias já foram rejeitadas ou mal interpretadas?

Já sentiu duros golpes de preconceito? Já recebeu o troco da indiferença?Conseguiu perdoar??Então você produziu uma pérola.

Cubra suas mágoas com várias camadas de amor.

Infelizmente, são poucas as pessoas que se interessam por esse tipo de sentimento.

A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos, deixando as feridas abertas, alimentando-as com sentimentos pequenos, não permitindo que cicatrizem.

Assim, na prática, o que vemos são muitas “ostras vazias”, não porque não tenham sido feridas, mas porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor


Perdoar é uma arte!!!

terça-feira, 17 de novembro de 2015


           PAPA FRANCISCO:  UM ESPÍRITO DE ESCOL

A humanidade caminha a passos lentos rumo ao amor, que sendo o último estágio da evolução espiritual, a aquisição completa deste sentimento é também o estágio de maior iluminação do ser pensante. 

É o voltar ao seio de Deus, para nos expressarmos de uma forma poética.

Muitas vezes, na maioria delas, no entanto, temos nos equivocado na interpretação desta palavra, considerando a iluminação como um símbolo de status, um grau onde seres que atingiram o patamar mais alto buscam distanciar-se dos simples mortais, ou seja, daqueles que, como nós, ainda trilham os caminhos menos ensolarados da vida.

Jesus, modelo irrefutável de amor, por toda a sua história de convivência e amparo aos menos felizes, aos que ainda não se esclareceram moralmente, como governador deste planeta não tem se furtado de nos enviar Espíritos de luz que aqui chegam para nos mostrar que a luz não é algo para humilhar os que não ainda a possuem. Nem para isentar os iluminados do trabalho em prol dos inferiores.

E na atualidade não poderíamos deixar de citar este grande Espírito que à frente da direção desta grande e respeitável instituição, a Igreja Católica, o Papa Francisco, vem quebrando paradigmas. 

O que não é pouca coisa diante da tradição quase que intransigente desta.

O bem em mundos superiores é algo natural, a regra. Num mundo de provas e expiação, no entanto, precisa ser objeto de aplausos. 

Não com o objetivo de envaidecer aqueles que o praticam, mas de valorizar o pouco para que se torne muito. 

Como regar uma semente para que germine, cresça e dê frutos. Este enviado de Deus tem feito sua parte, quando fala abertamente sobre questões até então polêmicas, como o perdão a quem se arrependeu de praticar um aborto, respeito aos homossexuais, igreja hospital e não igreja punitiva, quando, por exemplo, falou sobre os fiscais da fé.

O Papa que não aceita mordomias em hotéis, que faz questão de pagar sua conta. Quem desce de um carro para beijar e abençoar um menino numa cadeira de rodas? 

Podemos imaginar o quão importante estas atitudes são na evolução destas pessoas, destes irmãos de caminhadas que receberam a atenção de alguém que eles admiram tanto?
Já, por outro lado, podemos imaginar as dificuldades, as críticas que ele enfrenta? 

Analisando mais a fundo, podemos imaginar as tentativas dos missionários das trevas para derrubar este grande trabalhador?

Por isto mesmo quando estivermos prestes a reclamar do que ainda não é como deveria ser, lembremo-nos dos seus esforços muito louváveis e agradeçamos a Jesus por nos enviar de tempos em tempos, nas variadas escolas religiosas e também fora delas, Espíritos que não falam somente de religião, mas são exemplos vivos de amor. 

Lembremo-nos dos esforços de outros Espíritos abnegados e lembremo-nos do pouco ou nada que fazemos para a construção de um mundo melhor.

Não nos esqueçamos de que eles fazem a parte deles e se vão, para dar continuidade à sua jornada espiritual. 

Entram e saem, com a simplicidade dos grandes.

 Deixam exemplos maravilhosos, levam vibrações positivas. 

E nós, se partíssemos hoje, levaríamos e deixaríamos o quê? 

Fica a reflexão. Somos aquilo que fazemos, de nobre ou não tão nobre.




Rodidei Moura – O Consolador

domingo, 1 de novembro de 2015


           

NOSSAS ENFERMIDADES MORAIS

Quando se vê tanta miséria e sofrimento na Terra, surge a grande pergunta: 

Por quê? 

Ficamos sem respostas claras, se não tivermos consciência dos mecanismos da reencarnação.

É importante que, além da explicação que fazemos neste espaço,  sobre a pluralidade dos mundos habitados, consideremos que: 

A  reencarnação fortalece os laços de família, ao passo que a unicidade da existência os rompe, conforme esclarece o item 18 do capítulo IV (Ninguém poderá ver o reino de Deus se não nascer de novo), de O Evangelho segundo o Espiritismo.

Não estamos aqui para gozar as delícias terrestres, mas para sublimar os nossos Espíritos através do aprendizado constante e do aperfeiçoamento moral, intelectual e espiritual. 

Somos viajores eternos, rumo à perfeição.

Há um sentido em estarmos aqui, em termos nascido exatamente neste lugar, em pertencermos à família onde estamos. 

De acordo com o que fazemos e como agimos, nossa trajetória segue um plano perfeito, dentro das Leis Divinas.

Quanto à  questão da pluralidade dos mundos habitados, ela não enfrenta nos dias de hoje as barreiras humanas com que era vista, há algum tempo atrás. 

Com o avanço da Ciência, com a NASA descobrindo outros sons no Universo, fica difícil sustentar que somos seres privilegiados, que viemos para a Terra a fim de gozar de um mundo de delícias, criado especialmente para nós.

Quando Jesus disse: 

“Não se turve o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. 

Na casa de meu Pai há muitas moradas. 

Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. 

Pois vou preparar-vos lugar” (João, 14: 1 a 4), está claro que a casa do Pai a que o Mestre se referiu é o Universo e as diferentes moradas, os diversos mundos que circulam no espaço infinito.

 Independente disso, as palavras de Jesus devem também ser interpretadas como o estado feliz ou infeliz dos Espíritos na Erraticidade.

Os diversos mundos possuem condições diferentes uns dos outros, segundo o grau de adiantamento ou de inferioridade de seus habitantes. 

Há mundos superiores, inferiores e iguais à Terra.

 “O meu Pai trabalha incessantemente”, disse Jesus.

 Se considerarmos o Pai trabalhando continuadamente, entenderemos essas diferenças, tal como as entenderemos no tocante aos Espíritos, que são criados por Deus, simples e ignorantes, mas, conforme o livre-arbítrio de cada um, alcançam evoluções diferentes, estágios diferentes.

Há uma infinidade de mundos no Espaço e seria impossível à inteligência humana classificá-los. 

Mas o Espiritismo os classifica em:

mundos primitivos, onde se verificam as primeiras encarnações da alma humana; mundos de expiações e provas, em que o mal predomina; mundos regeneradores, onde as almas que ainda têm o que expiar adquirem novas forças, repousando das fadigas da luta; mundos felizes, onde o bem supera o mal; mundos celestes ou divinos, moradas dos Espíritos Puros, onde somente o bem existe.

A Terra pertence à categoria dos mundos de expiações e provas. 

Por isso, a razão de tanta miséria. 

Pelas maldades e paixões inferiores da Terra, conclui-se que a espécie humana seja uma coisa abjeta, miserável. 

O julgamento, porém, decorre de uma falsa visão de conjunto, pois a humanidade não se encontra toda na Terra.
 A população da Terra, diante da população total dos mundos, é como a população de um lugarejo, com relação à população de um grande império. 

Se considerarmos a Terra como um lugarejo, ou ainda, como um hospital, onde só vemos doentes estropiados, compreenderemos que aqui se encontram encarnados os que não adquiriram, ainda, condições suficientes para estarem em mundos melhores. 

Isto ocorrerá quando estivermos curados de nossas enfermidades morais.

Altamirando Carneiro