sexta-feira, 26 de junho de 2015

                                            A PARTE QUE NOS TOCA

                    Dependemos uns dos outros no dia a dia

Nossa vinda para esse planeta é o resultado da imensa misericórdia divina. 

Tantos mundos para pisar; mas era aqui mesmo nosso destino nesse início. Início difícil, é verdade.

 Não conhecíamos o planeta e ele não nos conhecia. 

Entretanto, nossa destinação era certa: progredir em conhecimento e moralidade, em direção ao Pai, para sermos plenamente felizes.

É fácil e cômodo imaginar que aqui chegamos prontos e estamos hoje.

 Todavia, mesmo tomando a nós próprios como parâmetro, podemos perceber a imensa distância que existe ente mim e o outro, entre nós e os outros. 

Ainda que semelhantes - nunca iguais - fisicamente na constituição orgânica, guardamos na nossa história evolutiva, no caminho que percorremos para até aqui chegar, uma tão grande diferença que assustaria a mais brilhante inteligência que pretendesse nos nivelar.

O quando, o como e o porquê de estarmos sobre esse chão não poderemos saber, por ora, pois pertencem aos desígnios do Pai Celeste; mais precisamente ao resultado da aplicação de Suas sábias, justas e amorosas leis.

Cada ser humano é, em essência, um mundo particular. E esse mundo, na maioria das vezes, ignoramos, seja por incapacidade de entendê-lo, seja por medo do que encontrar se mergulharmos nele. 

Nos dois casos, queiramos ou não, esse encontro acontecerá, mais cedo ou mais tarde. É da nossa destinação. 

É a chave que nos abrirá a porta da liberdade, do autoconhecimento, como na Parábola do Filho Pródigo, tão necessários ao crescimento evolutivo e à conquista da plena felicidade.

No Templo de Delfos, na Grécia, o célebre filósofo Sócrates encontrou grafada a seguinte frase cunhada por seu sapientíssimo confrade Sólon:

 “conhece-te a ti mesmo”

Este conceito é tema recorrente das ciências humanas modernas na busca do bem-viver. 

Que longo caminho foi percorrido!... 

E ainda hoje não compreendemos ou não desejamos compreender o que verdadeiramente isso significa.


Somos análogos na estrutura orgânica, é verdade, mas muito longe da igualdade moral. 

Uns caminham mais rápidos, porque se fizeram mais fortes, determinados e corajosos, apesar das dificuldades que enfrentaram.

 Outros, a maioria, permanecem dormindo, aguardando o dia em que serão despertados e se verão felizes sem esforços e sem méritos.

 Ledo engano!...

O planeta que a todos acolhe também se modifica fisicamente. 

A humanidade que o habita mal se dá conta disso e continua depauperando-o. 

Junto com ele, essa população se renova todos os dias, trazendo novas gerações que, essencialmente, estarão mais despertas, mais conscientes da sua destinação, mais preparadas física, intelectual e moralmente para enfrentarem as novas dificuldades.

Assim como para nós as dificuldades eram grandes e os recursos poucos, as novas gerações enfrentarão outros desafios que nós, hoje, não conseguimos sequer perceber que existem. 

Mas, terá outro mundo, outras fontes de saber, outra ética.

Mais próximos do ama teu próximo como a ti mesmo, perceberão que toda Natureza – e o homem está incluído nela – é teu próximo.

Nosso dever, neste momento, é dar o máximo que pudermos, dentro das nossas limitações, as mínimas condições para que essa nova gente, que continua chegando, encontre, pelo menos, um planeta com menos lixo de toda ordem, de todos os quilates.

Não dá para fazer tudo de uma vez.

 Mas, jogar seu lixo na lixeira, ceder seu lugar no transporte público a quem necessite ou tenha direito preservado em lei, dirigir com respeito às normas de trânsito, guardar a ideia de que não é mais possível misturar o que é público com o privado, procurando lembrar que dependemos uns dos outros no dia a dia, e que é nessa troca que vamos nos fortalecendo para enfrentar com mais coragem os embates da vida, isso, sim, dá para fazer e pouco custa.

O outro, ainda que diferente, é nosso igual, pois irmanados em humanidade e filhos do mesmo Pai Criador.

 Estamos todos juntos nessa jornada de crescimento, aprendendo e ensinando, ajudando e sendo ajudados, pedindo e agradecendo a Deus, diariamente, a bendita oportunidade da vida. 

 

Leda Maria Flaborea – O Consolador

domingo, 14 de junho de 2015

      A VIDA NÃO CESSA E PROSSEGUE ALÉM-TÚMULO


Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei. Assim afirmam os que conhecem a vida e sabem como ela verdadeiramente é.

Pela porta do nascimento, o lar enche-se de alegria, pois é mais uma vida que está chegando para juntar-se aos outros da casa. 

Quando se acrescenta, não há tristeza. 

A expectativa explode em risos, festas e presentes, quando o primeiro choro é ouvido. 

É uma presença que ainda não era contada entre os vivos da Terra.

Entretanto, quando esse portal se abre para dar passagem aos caminhos da morte, o lar se enche de dor, de angústia, de incertezas. 

É a partida de um ser que estava integrado à família; é a ausência de alguém que não será mais visto entre nós, de alguém que nos ouvia, nos ensinava, participava conosco os momentos de cada dia ou conosco dividia alegrias e tristezas.

Mas, afinal, o que é a morte?

Seria ela o fim de uma existência ou o fim de uma pessoa? Como compreender esse doloroso instante da vida?

Será que podemos chorar os nossos mortos e dirigir a eles nossas fervorosas orações, buscando reduzir o vazio, o precipício, o impacto desastroso que causa a partida para o outro lado da vida de alguém que amamos? 

Será que nossas rogativas serão ouvidas? Será que nesse outro plano, invisível para nós, nossas preces alcançam o destino?

A vida não cessa! 

A morte, embora separe os corpos, não separa os corações nem interrompe o sentimento, o amor, e não extingue o Espírito, que é eviterno e foi criado para a eternidade.

Loucura é pensar que a figura sinistra da morte, além de provocar a separação das pessoas, pusesse um ponto final na existência do Espírito.

Fosse assim, Jesus, o Mestre Divino, não viveria mais, como não viveriam também outros personagens que vez por outra conclamamos e reverenciamos em nossas orações, pedindo proteção e ajuda para nós, para os que estão ao nosso lado e para os que se acham em estado de necessidade.

Crer que a vida cessa com a morte é não crer que Jesus seja O Caminho, A Verdade e A Vida.

Os que partiram também se alegram, nos veem, nos acompanham e igualmente se entristecem e sofrem quando lamentamos e não compreendemos com resignação essa prova dolorosa!      

Pelo fato de não enxergarmos esse outro lado da vida, não significa que deixaram de existir. 

Não estão conosco fisicamente, é uma verdade, mas continuam “vivos” nesta outra margem. Como disse o Mestre, “Deus é dos vivos e não dos mortos; não há deus dos mortos”.

Ergamos nossas mãos ao Céu em oração e deixemos nos envolver por esse sentimento de amor profundo, cujos laços não se perdem no infinito.

Orar é banhar-se de luz; orar é inundar-se de forças poderosas do mundo invisível para atuar com segurança no mundo de formas visíveis, que é o nosso, guardando no coração a certeza da vida eterna.

A imortalidade é a luz da vida, como este refulgente Sol é a luz da natureza.  

Creia em Deus!     Creia em Jesus!   Creia na Vida Eterna!

Vladimir Polizio


quarta-feira, 10 de junho de 2015

O PINTOR

Certo pintor foi contratado para pintar o barco de um homem rico, que morava na mesma cidade que ele.

 Durante seu trabalho, percebeu um furo no casco, que poderia provocar o afundamento da embarcação e pôr em risco seus ocupantes. 

Reparou o problema e concluiu seu trabalho, deixando o barco como novo.
 
Dias depois, o dono do barco o procurou para pagar pelo serviço feito. 

Ao receber o cheque, o pintor notou que o valor era muito superior ao combinado. Estende-o de volta, informa o emitente sobre o erro e o valor correto. E o homem rico se explica:

― O cheque é seu e você merece o valor que registrei aí. Depois que recebi o barco de volta, pintado, e deixei que meus filhos saíssem nele, é que me lembrei do furo no casco, que queria ter-lhe pedido que reparasse antes da pintura. 

Corri, desesperado, até à beira do lago, imaginando que o barco teria afundado e meus filhos morrido. Encontrando-os de volta à terra firme, tomei conhecimento de que você havia feito o conserto sem que eu lhe pedisse. 

Além do serviço perfeito, você não me cobrou por ele. Aliás, sequer o mencionou. Você tem ideia do que fez? 

Foi além do demandado e salvou a vida dos meus filhos. Receba o cheque – você merece cada centavo.

O pintor ouviu com atenção e retrucou:

― Por favor, pegue seu cheque de volta e me faça outro, no valor que havíamos combinado pela pintura.

 Não me tire a oportunidade e o prazer de ter sido útil sem ganho financeiro. 

A alegria que sinto, sabendo que fui útil, ainda mais acrescido com a possibilidade de ter salvado as vidas de seus filhos, é pagamento mais do que suficiente pelo que fiz. 

Além disso, creio que a vida deles vale muito mais do que isso. 

Mesmo que eu aceitasse seu dinheiro, não creio que você consideraria que foi o suficiente.

Essa parábola, cuja origem desconhecemos, nos leva a refletir nas nossas motivações. 

De tudo o que fazemos num dia de trabalho, o que é motivado pela remuneração pretendida, e o que é pelo espírito de servir além do pagamento? 

Quanto somos levados a agir em troca de algo, e quanto apenas pelo prazer de fazer um bem, mesmo que pequeno? Que fração de nós é mercantil, e que fração é benemérita?

 Já aprendemos a agir de forma totalmente desinteressada, pelo menos em algumas oportunidades, ou só nos movimentamos tendo em vista alguma compensação?

Trabalhar por um salário é justo e necessário, afinal de contas precisamos sobreviver.

 Mas trabalhar só pelo salário é muito empobrecedor.

 Qualquer um que só vise o ganho, financeiro ou não, sempre recebe mais do que vale.

O espírito de servir vai muito além do simples trabalhar. 

Implica uma doação de algo que flui da alma e só pode fazê-lo quem tem o que doar. 

Mercenários que somos na maior parte do tempo, sempre pensamos em termos de reciprocidade. 

Num mundo mesmerizado pelo consumismo exacerbado, pensamos o tempo todo em termos de troca – o que ganho, se lhe dou isso? Qual a paga pelo meu esforço extra? Quanto vale cada gesto que faço?

Nessa pauta, perdemos um dos prazeres mais puros e, talvez, o que mais dignifica o homem – o prazer de servir por servir, de fazer o bem pelo bem. 

Essa incapacidade é que nos leva a cobrar a gratidão do outro – “Não precisa me pagar; basta-me um ‘muito obrigado’!” 

Na própria expressão de agradecimento está o aprisionamento moral do beneficiado, que passa a estar obrigado a uma contrapartida. 

E recusamos novos préstimos, se o outro não é agradecido o suficiente.

Doadores não cogitam retorno.

Conta-se que alguém, observando o trabalho abnegado de Madre Teresa de Calcutá, disse-lhe: ― “Irmã, por dinheiro nenhum do mundo eu faria o que a senhora faz!”. 

E ela respondeu: ― “Nem eu, meu filho, nem eu.” Poucos entendem essa postura, e muitos a reprocham.

O ato de bondade desinteressado é alimento para nossas almas. Se anônimo, então, é néctar divino, ambrosia que só os moradores do Olimpo do espírito podem apreciar.

Apesar de tudo, esse tipo de realização não é difícil.

O indivíduo que dedique um pouco de atenção para descobrir em todo trabalho que execute a oportunidade de servir, encontrará inúmeras possibilidades. 

É um motorista? 

Dirija com cuidado extra, zelando algo mais pela segurança de seus passageiros e do trânsito em volta. É um atendente de balcão ou telefone? 

Seja cortês além do que lhe exige o treinamento recebido e a etiqueta da função. É um artesão? 

Faça seu produto como quem executa uma obra de arte, não como um mero objeto de consumo. É um gestor?

 Gerencie com espírito de líder, que se sabe responsável pela felicidade de seus liderados. É um médico? 

Veja seu paciente como uma vida demandando sua cooperação para prosseguir sua caminhada, em vez de apenas mais um nome na lista do convênio.

Tudo na vida é trabalho, e em todo trabalho há oportunidade de servir, embora nem sempre nos preocupemos com isso. E, se “o trabalho-ação transforma o ambiente, o trabalho-serviço transforma o homem” (Emmanuel).

Estamos servindo, para construir um mundo melhor, ou apenas trabalhando para manter o que aí está?
 
José Lourenço de Souza Neto – O Consolador
 





quinta-feira, 4 de junho de 2015


SOLIDARIEDADE
“Quando se pensa em todos os abusos de poder, em todas as injustiças que se cometiam com desprezo dos mais sagrados direitos, quem pode estar certo de não haver participado mais ou menos de tudo isso e admirar-se de assistir a grandes e terríveis expiações coletivas?”

“... O Espiritismo lhes ensinará que, se as faltas coletivamente cometidas são expiadas solidariamente, os progressos realizados em comum são igualmente solidários, princípio em virtude do qual desaparecerão as dissensões de raças, de famílias e de indivíduos, e a Humanidade, livre das faixas da infância, avançará, célere e virilmente, para a conquista de seus verdadeiros destinos.” (Obras Póstumas – As expiações coletivas.)

Há pouco tempo os meios jornalísticos diariamente falaram sobre o terremoto seguido de maremoto que fez milhares de vítimas no Sul da Ásia.

 A última informação divulgada computava 178 mil mortos! – um desastre coletivo, um sofrimento mundial de grandes consequências, que fez as lágrimas aflorarem nos olhos de muitos.

Diz o grande Léon Denis que a dor tem função de equilíbrio e educação. 

O sofrimento, diz ele, não é, muitas vezes, mais que a repercussão das violações da ordem eterna cometidas. Diz ainda ele que é muito difícil fazer entender aos homens que o sofrimento é bom. 

“Suprimi a dor e suprimireis, ao mesmo tempo, o que é mais digno de admiração neste mundo, isto é, a coragem de suportá-la”, afirmou Léon Denis. 

“A dor é como uma asa dada à alma escravizada pela carne para ajudá-la a desprender-se e a se elevar mais alto.”

Nos momentos em que nossos corações choraram ao verem a dores coletivas que assolaram a Terra, quadros que, aliás, sempre ocorreram, mas que, pelas facilidades da mídia, estão hoje mais próximos, nossos olhos marejaram muito mais ao ver com emoção a grande corrente de solidariedade que isso provocou.

A dor tem essa função: despertar as almas para os sofrimentos e incentivá-las pela comoção a sentirem piedade, compaixão, e se moverem na ação do amor.

Várias revistas que se reportaram ao assunto dos tsunamis falaram da Humanidade se unindo para socorrer, na guerra mundial pela vida, como estampou em sua capa a revista Veja de 12 de janeiro: “Tsunami de solidariedade”.

Isso é emocionante. É belo e grandioso o mundo unindo-se numa grande causa comum: minorar o sofrimento de milhares.

É o que vemos no último parágrafo do texto por nós transcrito de Obras Póstumas e colocado no preâmbulo deste artigo – a união de todos.

Não cabe a nós ficar inquirindo qual foi a causa comum que levou tantas pessoas a semelhante processo de desencarnação coletiva. 

Estavam reunidos ali os Espíritos que passariam esse momento, num resgate difícil, sem falar nas expiações coletivas para os que ficaram na dor e nos tormentos da saudade e da incerteza.

O que vemos de solidariedade nos dá alegria à alma. Apesar das guerras, dos dissabores e da violência, o mundo está melhorando, sim.

 Há milhares de pessoas que deixam de si para socorrerem outros, heróis anônimos, Espíritos já sensibilizados pelo amor e que agem no bem.

Há milhares assim; no entanto, milhares de desastres particulares, ocultos, estão ao nosso redor, precisando de auxílio, amparo, proteção.

As ondas enormes ajudaram a sensibilizar, e quem sabe aqueles que acompanharam as notícias olharão com melhores olhos e com mais amor os que estão sofrendo, seja onde for?

Ficamos felizes com o que a formosa modelo Gisele Bündchen disse em entrevista à Globo: “A moda agora é a solidariedade. Seja solidário”.

O mundo está melhorando. A maturidade está chegando. 

Haverá uma horilelaa em que todos se entenderão como irmãos, e desaparecerão países, raças, restando um todo harmônico, equilibrado e amoroso: a Humanidade!

Estaremos então maduros, o egoísmo se minimizará, e as dores gradualmente desaparecerão. O mundo deixará de ter tantas provas e será mais feliz.

Um sonho?

 Por enquanto... 

Mas chegaremos lá. 

Para chegarmos, façamos do sonho uma ação diária e amemo-nos uns aos outros.


Sejamos solidários sempre.

 Em casa, na rua, na nossa cidade, no nosso país e também fora dele. 

Simplesmente, amemos!

Jane Martins Vilela  -  O Consolador

quarta-feira, 27 de maio de 2015

                                LEI MENINO BERNARDO
                POR UMA SOCIEDADE MELHOR E DE PAZ

“A forma como fomos tratados quando criança é a mesma como mais tarde tratamos a nossa vida” – Alice Miller.


Sabemos que não é tarefa do direito nos transformar em cidadãos morais ou afetivos, porém ele impõe certos comportamentos, principalmente em razão do temor da sanção (reprimenda, multa e/ou castigo). 

Logicamente o ideal seria que nossa sociedade, em relação à criança e ao adolescente, já tivesse transcendido qualquer alusão a “medidas educativas” regidas pela pedagogia negra, fundada no princípio tosco (embora persuasivo), que impõe a necessidade de fazer o educando passar por castigos físicos (ou tratamentos cruéis) a fim de alcançar, no futuro, o status de “pessoa boa e civilizada”. 

Ignoram esses pais (“cuidadores”) que a criança, principalmente no primeiro setênio, aprende atitudes e comportamentos pela imitação das ações e exemplos repetidos no ambiente físico ao qual ela pertence. Logo, é responsabilidade de quem cuida do menor não ser um modelo de tirania e repressão, mas sim um exemplo de empatia, cooperação e atitudes democráticas. 

A Lei Menino Bernardo (1) tem o condão de estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante. A proposição, de forma clara, aborda a realização de direitos que são inerentes a crianças e adolescentes e indispensáveis a sua dignidade e pleno desenvolvimento. 

Como um Projeto de Lei que visa alterar, e para aperfeiçoar, o Estatuto da Criança e do Adolescente, como finalidade essencial, não busca penalizar os pais, mas sim, quando for o caso, orientá-los a cumprirem determinados procedimentos, como cursos ou orientação psicológica nas hipóteses de castigo físico, por exemplo. A depender da gravidade da situação, o Conselho Tutelar poderá até mesmo acionar a polícia. Entretanto, tudo isso está estabelecido no intuito de proteger o menor em situação de “natureza disciplinar ou punitiva, com o uso da força física que resulte em sofrimento físico ou lesão à criança ou adolescente” (trecho da Lei que define castigo) (2). 

Por resistência ou ignorância dos pais, muitas vezes, o que chamamos de mau comportamento é apenas a única forma que a criança conhece para expressar que suas necessidades básicas não estão sendo atendidas. 

É mau e injusto punir uma criança porque ela responde de uma maneira natural à sensação de uma necessidade importante que é negligenciada pelo adulto. Por esta razão, a punição não só é inadequada a longo prazo, mas é certamente nociva. Além disso, como as crianças aprendem através dos modelos que seus pais representam, o castigo corporal transmite a mensagem de que bater é uma maneira adequada de exprimir seus sentimentos e de resolver os problemas. 

Se uma criança não tem a oportunidade de ver seus pais resolverem os problemas de maneira firme, mas sem o uso da violência, reconhecendo quem ainda se põe indefeso perante a casa e a rua, dificilmente conseguirá ela aprender a fazer deste modo. Como efeito, quando adulta, poderá reproduzir este tipo de paternidade/maternidade incompetente e violenta com as gerações seguintes. 

É fato: muitos ainda querem educar uma criança de forma rude, intolerante, intercalada por “castigo e adulação”. Desprezam que a criança, um ser dependente, irá reprimir-se para acomodar-se às necessidades dos (maus) pais e se conduzirá ao desenvolvimento de um falso Eu – pois o verdadeiro Eu não tem na infância, principalmente, oportunidade de se desenvolver e se diferenciar, porquanto não encontra solo seguro, porém amoroso, para experienciar/manifestar necessidades e apelos infantis. 

Uma educação ética, mas sustentada por um forte alicerce de amor, atenção e respeito, é a única e verdadeira maneira de obter um comportamento recomendável, baseado em poderosos sentimentos e valores, em vez de um “aparente filho (a) obediente e bonzinho (a)”, mas encapsulado unicamente no medo (e no ressentimento). 

Por fim, ainda que prosperem as críticas e os ecos dos resistentes ao avanço do bom senso, se buscamos uma sociedade melhor, se exigimos paz, solidariedade, precisamos formar as novas gerações com novos princípios e valores, cujos projetos pessoais saibam também priorizar, entre outras coisas, o respeito e a tolerância. No fundo, nosso aprendizado coletivo e doméstico está ainda muito implicado com a capacidade de suportar melhor uns aos outros, sem o uso das formas vis da violência…


Notas:

(1) O Projeto de Lei da Câmara 58/2014 foi (re)batizado de Lei Menino Bernardo em homenagem ao garoto gaúcho Bernardo Boldrini, de onze anos, cujo corpo foi encontrado no mês de abril, enterrado às margens de uma estrada em Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul. O pai e a madrasta são suspeitos de terem participação na morte da criança. E esta Lei foi aprovada pelo Senado em junho e está à espera da sanção presidencial.

(2) A Lei Menino Bernardo define tratamento cruel ou degradante como “conduta ou forma cruel de tratamento que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize a criança ou adolescente”. Logo, a proposição legal estabelece, portanto, que pais e responsáveis que maltratarem seus filhos, criança e adolescente, sejam advertidos e chamados a participarem do Programa de Proteção à Família, que oferece cursos e tratamento psicológico e psiquiátrico. A vítima do castigo, por sua vez, receberá tratamento especializado.

*Quem aplica as medidas? As medidas são aplicadas pelo conselho tutelar da região onde o menor reside.

**O profissional de saúde, de educação ou assistência social que não notificar o conselho tutelar sobre casos suspeitos ou confirmados de castigos físicos poderá pagar multa de três a vinte salários mínimos, valor que é dobrado na reincidência.



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domingo, 24 de maio de 2015

AQUELES OUTROS DELINQUENTES

Os frutos da delinquência são a loucura de largo porte 
e o sofrimento sem conforto
 


"Há um abismo entre a honestidade perante os homens e a honestidade perante Deus..." -
         Joseph Brê[1] 


Conclamando-nos à indulgência, José, Espírito protetor, diz[2]"lembrai-vos d`Aquele que julga em última instância, que vê os movimentos íntimos de cada coração e, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas que censurais, ou condena a que relevais, porque conhece o móvel de todos os atos..."

Não resta dúvida quanto ao apoucamento generalizado que o Espírito sofre ao prender-se ao corpo físico. Daí a nítida certeza de que quaisquer julgamentos tornam-se parciais e arbitrários, porque impossível se torna abarcar todas as premissas, isto é, a gênese profundamente arraigada nos tecidos da Alma, donde resultam os inditosos fastos que podemos observar à nossa volta. 

Podemos ilustrar tal situação utilizando-nos da figura do "iceberg": a parte observada acima da linha d’água é insignificante em relação à que está submersa. Assim é como se nos oferecem à visão e compreensão as questões nas quais pretendemos arbitrar. Impossível sermos justos!... Só Deus pode julgar com absoluta precisão e justiça.

Joseph Brê, ao desencarnar, encravou-se em angustiosa situação; inobstante ter sido aparentemente honesto aos olhos dos homens, não o foi perante Deus.

Diz ele - mediunicamente - 

em dorido testemunho feito à sua neta: "aí, entre vós, é reputado honesto aquele que respeita as leis do seu país, respeito arbitrário para muitos.

 Honesto é aquele que não prejudica o próximo ostensivamente, embora lhe arranque muitas vezes a felicidade e a honra, visto o código penal e a opinião pública não atingirem o culpado hipócrita. 

Em podendo fazer gravar na pedra do túmulo um epitáfio de virtude, julgam muitos terem pago a sua dívida à Humanidade! Erro!... Não basta, para ser honesto perante Deus, ter respeitado as leis dos homens; é preciso antes de tudo não haver transgredido as Leis Divinas.

Honesto aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o Senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor de Deus e ao próximo.

Confesso, sem corar, que faltei a muitos desses deveres; que não tive a atividade necessária; que o esquecimento de Deus impeliu-me a outras faltas, as quais, por não serem passíveis às leis humanas, nem por isso deixam de ser atentatórias à lei Divina”.

Em estreita conexão com tal depoimento, Joanna de Ângelis nos dá a conhecer a ignorada dimensão onde estão alocados - sem se darem conta - os delinquentes que não se consideram tais. 

Diz a lúcida Mentora[3]: "delinquem os que exploram a ingenuidade dos jovens, arrojando-os nos antros da perdição; os que usurpam as parcas moedas do povo, no comércio escorchante de mercadorias de primeira necessidade; os profissionais liberais, que anestesiam a dignidade, falseando o juramento que fizeram de prometer servir e honrar o sacerdócio que abraçam, indiferentes, porém, aos problemas dos clientes, protelando suas soluções à custa de largas somas com que constroem sólidas fortunas, apesar de transitórias; os que espalham ondas de inquietação, urdindo tramas que aliciam outros partidários de emoção afetada; os que traem afetos que lhes dedicam confiança e respeito; os maus administradores, que malversam os valores públicos e deles se utilizam a benefício próprio, dos seus êmulos e pares; os que conspiram, à socapa, contra as obras de benemerência e amor; e muitos, muitos outros que são arrolados como dignos de bom conceito e que, certamente, não cairão incursos nas legislações humanas, porque disfarçados de homens probos, bem aceitos e acatados...

Não lograrão fugir de si mesmos, nem se libertarão dos conflitos que se lhes instalam n’alma.

Resguarda-te do contágio da delinquência, preservando os teus valores morais, mesmo que sejam de pequena monta; a tua posição social, embora não tenha realce público; a tua situação econômica, apesar de caracterizada pela pobreza; as tuas aspirações, mesmo que de pequeno porte, ligando-te, em pensamento, ao compromisso do bem, que se irradia do Cristo, que programou para o homem e a Terra, em nome do Pai, a felicidade e a harmonia, através de métodos de dignificação, únicos, aliás, que compensam em profundidade e perenemente.

Os frutos da delinquência são a loucura de largo porte, o sofrimento sem conforto, o suicídio, a morte violenta, nefasta...

Vive, desse modo, as diretrizes do Evangelho e nunca te esqueças que, ao defrontar um delinquente, seja em qual circunstância for, será muito melhor ser-lhe a vítima do que seu algoz, conforme o próprio Mestre nos ensinou com o exemplo da Cruz".  

 Rogério Coelho   -  Revista o Consolador

[1] - KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 51. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. III-2, 2ª. parte.
[2] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 129. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. X, item 16.

[3] - FRANCO, Divaldo. Luz viva. Salvador: LEAL, 1985, cap. XX.

sábado, 23 de maio de 2015


UMA PROVA DO CÉU

O meu ponto preferido em um shopping é a livraria; bem..., conforme o horário, é a praça da alimentação.

É, precisamos alimentar a mente, o espírito e, claro, o corpo. Ambos me dão muito prazer.

Com a COMIDAhttp://cdncache-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png precisamos cuidar da qualidade e da quantidade para que o excesso de prazer não nos leve ao desprazer.

O alimento intelectual, também, precisa ser bem escolhido para não ser intoxicado com temas e ideias que levam ao pessimismo, à tristeza, ao desânimo...

 COMIDAShttp://cdncache-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png intelectuais que nos fazem bem, há comidas intelectuais que nos enfermam intelectual ou espiritualmente.

A vitrine estava bem sortida. Livros para todos os gostos.

Fui circulando pelos corredores espiando as capas, vendo os lançamentos.

Súbito deparei com a capa de um livro: 

Uma Prova do Céu

Um tema que me interessa. 

Em seguida, li o subtítulo: 

A jornada de um neurocirurgião à vida após a morte. (1)

Interessante o título e muito sugestivo o subtítulo. Li o nome do autor:

Dr. Eben Alexander III.

Pensei: “quem é esse Dr. Eben?”.

 Girei o livro e li na contracapa: 

“Cético, defensor da lógica científica e neurocirurgião há mais de 25 anos, o Dr. Eben Alexander viu sua vida virar no avesso quando passou por uma experiência que ele mesmo considerava impossível.

Vítima de meningite bacteriana grave, ficou em coma por sete dias. 

Enquanto os médicos tentavam controlar a doença, algo extraordinário aconteceu.

Eben embarcou numa jornada por um mundo completamente estranho. 

Sem consciência da própria identidade, foi mergulhando cada vez mais fundo nessa realidade difusa, onde conheceu seres celestiais e fez descobertas transformadoras sobre a existência da vida após a morte e a profunda relação que todos nós temos com Deus.

Aquela experiência o levou a questionar tudo em que acreditava até então. 

Afinal, como neurocirurgião, ele sabia que o que vivenciou não poderia ter sido uma mera fantasia produzida por seu cérebro, que estava praticamente destruído.

“Analisando as evidências à luz dos conhecimentos científicos, o Dr. Eben decidiu compartilhar essa incrível história para mostrar que ciência e espiritualidade podem – e devem – andar juntas“.

Li as linhas atento e admirado. 

Girei nas mãos, novamente, o livro.

 Li, na capa:“Primeiro lugar na lista de mais vendido do The New York Times”.

Logo abaixo: 

A experiência de quase morte do Dr. Eben Alexander é a mais impressionante que já ouvi nas mais de quatro décadas de estudo sobre esse fenômeno” – Dr. Raymond A. Moody Jr.

Tenho por hábito, quando pego um livro para ver, abro-o em uma página, ao acaso, e leio pequeno trecho. 

Foi o que fiz: 

“Cada um de nós está mais acostumado com o próprio pensamento do que com qualquer outra coisa e, no entanto, entendemos muito mais do Universo do que do mecanismo da nossa consciência” (pág. 151, § 1º).

Fechei o livro e pensei: 

vou acompanhar o Dr. Eden em sua experiência de quase morte e senti-lo no retorno à vida.

E ele quase ao final de seu relato afirma: “– Ainda sou cientista, ainda sou médico e, como tal, tenho duas obrigações essenciais: honrar a verdade e ajudar a curar.

 Isso significa contar a minha história” (pág. 165, § 4º).

É uma história comovente que vale a pena conhecer.

 Ressalta a importância da imortalidade da alma e, ainda, como a compreensão dessa verdade altera a vida da pessoa, tornando-a mais justa, humilde, amorosa e solidária.

Referência
Alexander, Eben, Uma Prova do Céu, 1ª Ed. Editora Sextante. Rio de Janeiro.


Ailton Paiva – Revista O Consolador

quarta-feira, 20 de maio de 2015


Os adultecentes

Não me enganei ao digitar a palavra adolescente.

Você já vai entender de onde vem a palavra que dá título a este capítulo.

Como bom leitor, estou sempre com um livro à mão, seja ele espírita ou não. 

Digo isso porque conheço espírita que se vangloria de só ler livro espírita. 

E também se vangloria de só ir ao cinema ou teatro quando a temática é espírita. 

E também só assiste a programas de TV (novelas, jornalísticos...) se o tema for espírita.

 A eles, meus pêsames. 

Estão perdendo a oportunidade de travar conhecimento com ideias riquíssimas que marcam nosso tempo. 

Não entenderam que a Doutrina Espírita existe para libertar consciências, para conectar o homem com a atualidade, a fim de que ela seja enxergada sob a ótica da imortalidade da alma, e não para criar um bando de chatos sectários.

Um livro que muito me impactou e cuja leitura recomendo chama-seConsumido 

– Como o Mercado Corrompe Crianças, Infantiliza Adultos e Engole Cidadãos, do cientista político norte-americano Benjamin Barber.

Que vivemos numa sociedade de consumo, todos sabem.

 E que precisamos consumir para tocar nossas vidas, gerar riqueza e fazer a roda da economia girar, todos sabem também. 

Mas o autor, em plena consonância com os postulados espíritas, condena o consumismo, ou seja, o exagero, e mostra como essa sanha por 


e ter bens para ser alguém transformou crianças em adultos consumidores precoces e infantilizou adultos. 

Complicado? 

Explico: 
o mercado quer que as crianças cresçam logo para que se tornem adultos infantilizados que irão consumir com o próprio dinheiro toda sorte de produtos: 
tênis, camisetas, bonés, pizzas, refrigerantes... 

Daí o termo adultecente (o adulto que se porta como eterno adolescente) em português; kidult em inglês.

Um dos capítulos fala sobre como essa infantilização vem fazendo as pessoas preferirem o fácil em vez do difícil. 

Como assim?

 Não é melhor optar por um método mais fácil de executar uma tarefa? 

Claro que é. 

Quanto mais meios encontrarmos para facilitar nossa vida, melhor.

 Mas não é disso que Benjamin Barber trata.

 Nas palavras do autor,

 “Fácil versus difícil atua como um padrão para grande parte do que distingue o infantil do adulto (...).

 Fácil no reino da felicidade supõe que os prazeres simples triunfam sobre os complexos, enquanto os líderes espirituais e morais em geral dizem o contrário”.

Quem estuda a Doutrina Espírita sabe que não é fácil deixarmos de lado vícios morais e comportamentais e abraçar novos hábitos, adquirir virtudes. 

Tanto não é fácil que não dá para fazer isso em uma só encarnação. 

Por isso, voltamos várias vezes. 

Mas, por imaturidade, por infantilidade, muita gente opta por religiões que oferecem o céu num simples estalar de dedos. 

Afinal, é mais fácil arrepender-se dos pecados e garantir desde já um lugar ao lado de Jesus do que reencarnar várias vezes, burilar o caráter, perdoar inimigos, disciplinar a vontade... 

É complicado e leva tempo. E isso eu é que estou dizendo. 

Trouxe o raciocínio dele para dentro do pensamento espírita.

Para termos ideia de como os adultos andam infantilizados, adultecentes mesmo, vejamos o que o Benjamin Barber observa mais sobre o assunto:

“A nossa sociedade recompensa o fácil e penaliza o difícil. Promete lucros na vida àqueles que cortam caminho e simplificam o complexo a cada oportunidade. Perca peso sem fazer exercícios, case sem se comprometer, aprenda a pintar ou tocar piano com um manual, sem prática ou disciplina, adquira ‘diplomas de faculdade’ pela internet sem curso de aprendizagem ou trabalho, faça sucesso como atleta usando esteroides e chamando a atenção para as suas jogadas. (...) Como é mais fácil bater recordes nos esportes e conquistar a fama como atleta com esteroides do que sem eles! (...) Como é mais fácil mentir sobre o uso de drogas quando interrogado do que confessar a verdade! (...) Estudantes também acham fácil e totalmente justificável colar em provas e plagiar trabalhos escolares. (...) O fato de metade dos casamentos terminar em divórcio tem pelo menos alguma coisa a ver com as atitudes narcisicamente pueris e irresponsáveis que as pessoas levam para o casamento e para o divórcio e, é claro, para os filhos que seus casamentos produzem. (...) mais fácil assistir à TV, onde a imaginação é mais passiva, do que ler livros, onde a imaginação é mais ativa; mais fácil masturbar-se do que estabelecer relacionamentos dentro dos quais a sexualidade recíproca e a sensualidade interpessoal são componentes saudáveis; mais fácil manter um relacionamento sexual arbitrário e inconstante do que um relacionamento envolvendo compromissos. Em suma, é mais fácil ser uma criança do que um adulto, mais fácil brincar do que trabalhar, mais fácil deixar de lado do que assumir uma responsabilidade”.

Vou tomar a liberdade de acrescentar que é mais fácil estacionar o carro em local proibido (portas de garagem, faixas de pedestres, calçadas, vagas para deficientes etc.) do que procurar uma vaga. 

 E também é mais fácil jogar lixo no chão do que numa lixeira, nem sempre por perto. 

Muito mais fácil comer comida rápida e gordurosa (hambúrguer e batata frita, por exemplo), do que preparar algo mais saudável. 

É mais fácil discutir e esbravejar do que conversar de forma adulta. 

É mais fácil enriquecer sendo corrupto do que sendo perseverante e por aí vai.

O mundo está cheio de adultecentes.

Basta prestarmos atenção em muitos artistas e atletas que frequentam o mundo das celebridades. 

Casamentos que acabam com a mesma rapidez com que aconteceram, brigas e escândalos que terminam em delegacias, pessoas que se julgam as mais felizes do mundo simplesmente porque estão enchendo a cara, atores que precisam prestar depoimento numa delegacia e aparecem com um boné na cabeça, mas ao contrário... 

Se não quisermos nos dar ao trabalho de observar os famosos, basta prestarmos atenção em algumas pessoas que conhecemos. 

Familiares, colegas de trabalho, amigos de infância... E até em nós mesmos. 

Ou então, basta ter “olhos de ver” que os grandes sucessos cinematográficos dos últimos tempos são voltados ao “mercado adolescente esticado de pessoas de 13 a 30 anos”, como diz Barber.

E se trouxermos ainda mais o assunto para baixo da luz da imortalidade da alma? É mais fácil odiar do que buscar a reconciliação e perdoar. 

É mais fácil repetir os erros de vidas passadas do que se esforçar para melhorar. 

É mais fácil culpar os outros (supostos Espíritos obsessores incluídos) do que assumirmos nossa responsabilidade nos atos. 

É mais fácil fazer planos diabólicos para obter poder, fama e amor do que optar pelo caminho do trabalho, da renúncia e da abnegação... Enfim, a lista é longa e atesta como o ser humano ainda é imediatista, pueril, inconsequente...

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, pergunta:

792. Por que não efetua a civilização, 
imediatamente, todo o bem que poderia produzir?

“Porque os homens ainda não estão aptos nem dispostos a alcançá-lo.”

Falta de disposição em alcançar o progresso tem a ver com indolência, preguiça moral, infantilidade. 

Quando avançarmos o suficiente para nos desprendermos do consumismo infantilizante, veremos o quanto podemos fazer por nós mesmos e pelo mundo que nos cerca. 

Enquanto isso, oremos e vigiemos, a fim de não tombarmos nos desvãos da adultecência estupidificante que anda por aí.

Quer saber mais sobre o assunto? Leia o livro. Eu recomendo. É muito bom.


Bibliografia:

1 -   BARBER, Benjamin R. Consumido – Como o Mercado Corrompe Crianças, Infantiliza Adultos e Engole Cidadãos.  Ed. Record, 1ª Ed., 2009, Rio de Janeiro, RJ.
 
2 -     KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Federação Espírita Brasileira (FEB), 60ª Ed., 1984, Brasília, DF.

 

 MARCELO TEIXEIRA O Consolador