segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sair ao encontro do necessitado

“O homem de bem, que compreende a caridade segundo Jesus, vai ao encontro do desgraçado sem esperar que ele lhe estenda as mãos.” (Questão 888-a, de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.)

Na vida sempre estaremos numa posição intermediária, isto é, sendo guiados pelos superiores, que nos apontam caminhos de segurança e tendo a obrigação de ajudar os inferiores, que necessitam da nossa cooperação.


Observando os exemplos dos que seguem à dianteira e servindo de exemplo aos que caminham à retaguarda, vamos construindo a nossa evolução, na direção da paz e da felicidade que tanto ansiamos e que ainda não logramos encontrar.

As mãos estendidas daqueles que seguem pela vida em condições de dor e sofrimento caracterizam-se como campo vasto de trabalho a ser enfrentado, pois que, onde existem angústias e aflições, surge a imperiosa necessidade do socorro urgente.

Inúmeras criaturas existem vivendo dramas e tragédias íntimas, no silêncio, sem coragem para expor seus quadros tormentosos. A estes é que devemos procurar para apresentar-lhes, de muito boa vontade, a nossa sensibilidade e compreensão, em forma de socorro, que possa aliviar-lhes os padecimentos, mesmo que seja um pouco.

Muitas famílias vivem sem o mínimo necessário para uma vida digna; o celeiro vazio, o fogão apagado, a doença presente, o agasalho escasso. O verdadeiro homem de bem, que compreende Jesus, não espera pelo grito de socorro, antecipa providências em favor delas.

Uma gama enorme de crianças e adolescentes segue pelas estradas da indiferença e do descaso, colhendo por esses caminhos a pior exemplificação moral possível. Ampará-los com urgência é tarefa inadiável daqueles que entenderam o valor da fraternidade.

Idosos solitários, despojados do afeto familiar, muitas vezes apresentam quadros de penúria a enegrecer nosso meio social. Criar mecanismos capazes de diminuir-lhes os padecimentos e de fazer surgir momentos de esperanças é, incontestavelmente, obrigação de quem já tem plena consciência do “amai-vos uns aos outros”, que o Mestre sabiamente nos informou.

Jovens sem rumo e sem perspectivas de vida trafegam pelas vielas sombrias das viciações tóxicas, vivendo um presente nefasto e destruidor. Despertá-los e motivá-los para uma vida digna e promissora deve ser a proposta daqueles que sabem que a mais meritória das virtudes é aquela de ajudar, de forma totalmente desinteressada, quem passa pelos dias sem carregar uma meta a alcançar.

Vivendo em um mundo onde o mal, reconhecidamente, ainda é maior que o bem, não podemos esperar que os necessitados de toda ordem gritem por socorro. 

Devemos, sempre que possível, antecipar as nossas ações solidárias e fraternas, procurando com criatividade utilizar todos os talentos que possuímos para plantar a felicidade nos corações alheios.

Para tanto, podemos utilizar a inteligência, o tempo, o discernimento, a boa vontade, a iniciativa, os recursos materiais, financeiros e muitos mais, pois que o verdadeiro homem caridoso é aquele que sabe identificar onde se encontra os infortúnios ocultos e movimenta todas as possibilidades possíveis, visando extirpá-los.

Jesus, obviamente, não espera que solucionemos todos os problemas da Terra, mas, por certo, aguarda o nosso interesse pela construção de um mundo melhor, mais fraterno, solidário e humano. 

Não acredita, por enquanto, em nossa santidade, mas deposita fé nos esforços que podemos empreender para a consolidação da paz no coração das criaturas.

Dentro das possibilidades possíveis, façamos a nossa parte...


sábado, 14 de setembro de 2013



Alcoolismo juvenil: uma omissão familiar

“Não se educa sendo deseducado. Não se disciplina sem estar disciplinado.” (Amélia Rodrigues, no Livro “Sementeira da Fraternidade”, de Divaldo P. Franco.)

Cresce no meio jovem o consumo de bebidas alcoólicas.

Bares, restaurantes, lanchonetes, clubes sociais, avenidas estão repletas de jovens que, displicentemente, fazem uso, em larga escala e abertamente, das bebidas deletérias e nocivas que não só desfiguram e arrasam o corpo como agridem e violentam o caráter.

Contra outros tipos de tóxicos levanta a sociedade, mesmo que palidamente, no combate, nem sempre eficaz, mas o álcool, esse “veneno livre”, campeia à solta, e quase sempre apoiado por grandes e bem produzidas campanhas de mídia e aceito com naturalidade por nós.

Tomar um “gole” ainda hoje, em pleno século XXI, quando o homem já foi à lua, passeou com um robô de controle remoto em marte e avança esplendidamente em todos os setores da ciência, inclusive em conhecimentos de medicina, é um ato de afirmação do jovem, como sinônimo de que ele já começa a adentrar o sonhado mundo dos adultos. 

Puro engano.

Pena que a sua visão de vida e os seus objetivos na existência, muito acanhados, não lhe permitam identificar, também por falta de conscientização que o adulto não lhe deu, o abismo em que está mergulhando.

Uma organização infanto-juvenil, em formação, sem dúvida, com ingestão de álcool não poderá possuir a saúde que teria se evitasse o consumo de tão corrosiva substância. 

Isso, evidentemente, sem citar os estragos morais da personalidade.

Mas o problema é muito sério e de uma gravidade sem contas.

Temos sim, necessidade de maior participação de nossas autoridades constituídas, que muitas vezes laboram com grandes deficiências de material humano e de equipamentos, ante a situação caótica em que vive a sociedade.

Precisamos também que o comércio de bebidas alcoólicas não venda essa “tragédia engarrafada ou enlatada” aos menores.

No entanto, a solução só virá com a devida conscientização da família.

 Não haverá outro meio e nem outros mecanismos que evitem a derrocada da grande maioria dos nossos jovens.

Já foi dito que a criança ou o jovem imitam o adulto, isso significa dizer que se o jovem está utilizando o álcool foi porque viu o adulto fazê-lo.

E o que é mais grave, esses jovens, em grande escala, consomem bebidas junto com seus pais, em clima de festa, de euforia mesmo. Lamentável.

Indiscutivelmente, pais que consomem álcool não têm moral para impedir que os filhos o façam. Não terão autoridade para dizer que faz mal à saúde física e ao caráter, pois que são escravos do vício.

É triste, muito triste mesmo, identificar que muitos alcoólatras que afirmam não sê-lo, escondem-se atrás das bebidas sociais, sim, aquelas que se consomem nas rodas da sociedade.

 O alcoólatra não é somente aquele que se estende numa sarjeta, mas é todo consumidor de álcool.

Dolorosa realidade a do alcoolismo juvenil; mais dolorosa ainda é constatar, sem qualquer equívoco, a omissão da família. 

Esses pais, indiferentes e descuidados, estimulam ou se omitem hoje, para, provavelmente, chorarem amanhã, quando dificilmente haverá tempo para reparos.

Os nossos jovens precisam muito mais do que roupas da moda, carros do ano, motos envenenadas, escolas de alto nível, médicos especializados. 

Eles precisam de educação, que só virá através dos exemplos dos adultos, especialmente dos adultos com quem convivem.

O jovem que se dá ao consumo de bebidas alcoólicas é vítima, muito frequentemente, vítima da omissão familiar.

Portanto, pouco vai adiantar instituição de leis, normas, fiscalizações se entre as paredes do lar a indiferença continuar.

Alcoolismo juvenil: a família precisa acordar.

Valdenir Aparecido Cuin - O Consolador

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A BALSA

                                                     
                                                          A    B A L S A

Na História da Humanidade encontramos acontecimentos que nos levam a profundas reflexões. 

Em 1816, uma fragata francesa encalhou próxima à costa do Marrocos. Não havia número suficiente de botes salva-vidas. Os restos do navio foram a única balsa que manteve vivas cento e quarenta e nove pessoas.  


A tempestade as arrastou ao mar aberto por mais de vinte e sete dias sem rumo. 


A dramática experiência dos sobreviventes impressionou a um artista. 


Theodoro Gericault realizou um estudo substancial dos detalhes para produzir a pintura. 

Ele entrevistou os sobreviventes, os enfermos e, inclusive, viu os mortos.


 Horrorizado, reproduziu a íntima realidade humana nessa situação. 

Seu quadro, intitulado A balsa de Medusa, retrata não somente o naufrágio do navio A Medusa, ocorrido no dia dois de julho de 1816, mas um acontecimento que comoveu a França e trouxe repercussões que tocaram o mais profundo da alma humana.

 
Na pintura, pode-se ver as diferentes atitudes humanas que se manifestam nos momentos cruciais da vida. 


Alguns dos sobreviventes se apresentam deitados, em total abandono, sem reação alguma. 


Parecem simplesmente aguardar a morte inevitável. 

Outros se mostram desesperançados, alheios aos demais.


 O olhar distante, perdido no vazio, demonstra que perderam a vontade de viver e de lutar. 

Um punhado deles, no entanto, mantém a esperança acima de tudo. 


Tiram do corpo as próprias camisas e as agitam com força, fixando um ponto no horizonte, como se desejassem ser vistos por alguma embarcação, por alguém. 

O curioso, entretanto, é que embora eles estejam balançando as vestes brancas, não há nenhum navio à vista. 


Nada que indique que eles serão resgatados.
 
                                           * * * 


A balsa é como o planeta Terra. Os tripulantes são a Humanidade e as atitudes que cada um toma diante da vida. 

Podemos ser como os desesperançados, quando atravessamos situações difíceis e nos decidimos a simplesmente nos entregar sem luta alguma. 

Podemos estar enquadrados entre aqueles que acreditam que não há solução e, assim, também não há porque se esforçar para melhorar o estado de coisas. 


Podemos também ser os que duvidamos de tudo e de todos. 

Ou, finalmente, ser aqueles que mantemos a esperança acima de tudo, esforçando-nos para chegar à vitória, embora ela pareça estar muito, muito distante. 

Afinal, decidir pela vitória em toda circunstância que a vida nos coloca é atitude de esperança. 


     
                                                   * * * 


Quando os problemas se multiplicam no norte da vida e os desafios ameaçam pelo sul, as dificuldades surgem pelo leste e os perigos se multiplicam no oeste, a esperança surge e resolve a situação. 


Mensageira de Deus, torna-se companheira predileta da criatura humana, a serviço do bem. 


É a esperança que, ante os quadros da guerra, conclama ao trabalho e à paz.

 
Em meio ao inverno rigoroso, inspira coragem e aponta a estação primaveril que, logo mais explodirá em cor, perfume e beleza. 


Nunca se afaste da esperança! 


Redação do Momento
Espírita

domingo, 8 de setembro de 2013

                          
                            MALETA

O que tem na maleta?

Um homem morreu.
Ao se dar conta, viu que Deus se aproximava e tinha uma maleta com Ele.

E Deus disse:- Bem, filho, hora de irmos.

O homem assombrado perguntou:

Já? Tão rápido?

Eu tinha muitos planos...

- Sinto muito, mas é o momento de sua partida.- O que tem na maleta?
Perguntou o homem.

E Deus respondeu:- Os seus pertences!!!

- Meus pertences?

Minhas coisas, minha roupa, meu dinheiro?

Deus respondeu

- Esses nunca foram seus, eram da terra.

- Então são as minhas recordações?

- Elas nunca foram suas, elas eram do tempo.- Meus talentos?

- Esses não pertenciam a você, eram das circunstâncias.

- Então são meus amigos, meus familiares?- Sinto muito, eles nunca pertenceram a você, eles eram do caminho.

- Minha mulher e meus filhos?

- Eles nunca lhe pertenceram, eram de secoração.- É o meu corpo.

_Nunca foi seu, ele era do pó.- Então é a minha alma. 

- Não!Essa é minha.

Então, o homem cheio de medo, tomou a maleta de Deus e ao abri-la se deu conta de que estava vazia...

Com uma lágrima de desamparo brotando em seus olhos, o homem disse:

- Nunca tive nada?

- É assim, cada um dos momentos que você viveu foram seus. 

A vida é só um momento... 
Um momento só seu!

Por isso, enquanto estiver no tempo, desfrute-o em sua totalidade.

Que nada do que você acredita que lhe pertence o detenha...

Viva o agora!

Viva sua vida.

E não se esqueça de SER FELIZ. 

É o único que realmente vale a pena!  

As coisas materiais e todo o resto pelo que você luta ficam aqui.

VOCÊ NÃO LEVA NADA!  

Ame mais, abrace mais, faça o bem o quanto tu puderes, auxilie a quem necessita, cuide de sua família, dos amigos e todos aqueles que fazem parte deste nosso planeta terra.

Use vibrações de amor, pensamentos salutares, mude as atitudes e realmente serás feliz e tua mala estará repleta.

"É isto que você você levar"

quinta-feira, 5 de setembro de 2013



                                             M A T R I M O N I O                                                          

Recente estudo publicado no Journal of Research in Personality afirma que a vida de casado pode não ser muito boa, contudo  permanecer solteiro tende a ser pior. Stevie Yap, da Universidade Estadual de Michigan, coordenador da pesquisa, expõe que as pessoas que se casam acercam-se da “felicidade” nos primeiros anos da experiência matrimonial, porém, com o advir dos anos, essa “felicidade” arrefece um pouco. 

O estudo sinaliza que o casamento não torna necessariamente a pessoa mais feliz, comparando com a vida de solteiro, porém resguarda a “felicidade” conquistada na vida a dois.
O casamento, “de acordo com as leis naturais, proporciona o avanço social”. (1) 

Há, segundo Stevie, “um vínculo de longo prazo entre o casamento e a felicidade, isso equivale afirmar que o casamento é bom e faz muito bem”. (2) Por outro lado, compreendemos que, se há casamentos edificados pelos laços espirituais, existem consórcios sedimentados tão somente sob os liames materiais.

 Obviamente, “as famílias vinculadas espiritualmente são mais felizes se fortalecem pelo burilamento e se perpetuam no além-túmulo; mas, as famílias tecidas apenas pelas junções físicas são frágeis e se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissipam moralmente, já na existência atual”. (3)
Vivemos hoje a era do alheamento, do estar solitário e das uniões descartáveis, e isso tem provocado a desestrutura familiar. Estamos sob o jugo da alienação em massa. 

Nessa conjuntura as pessoas permanecem ausentes aos fatos modernos que as cercam; são tolhidas emocionalmente de maior concentração ou sensibilidade social; creem ser desnecessário qualquer tipo de exercício mental ou espiritual; regozijam-se em direcionar todos os esforços de suas vidas ao lazer, prazer e entretenimento. 

Convivem ou sobrevivem da substituição do Ser pelo Ter. A necessidade de espiritualização é sobrepujada pelo vício em diversão. Os entretenimentos giram quase sempre em torno de erotismos, violência e banalidades.

Em razão desse cenário, paira grande ameaça sobre a estabilidade familiar, e quando a família é ameaçada, por qualquer razão, a sociedade perde a direção da paz. A dialética materialista, os hodiernos conceitos e promoções sensualistas, têm investido contra a organização familiar, dilacerando o matrimônio (monogamia) e sugerindo o amor livre (poligamia promíscua).
Há os que veem no cônjuge um verdadeiro teste de paciência, pois os seus santos não se cruzam. Sob o cometimento das aparências alguns casais que acreditavam amarem-se loucamente, quando são obrigados a viver com as pessoas “amadas”, não tardam a reconhecer que isso não era senão um “amor” físico e fugaz.

Quando os valores cristãos perdem significado, aguçamos o egoísmo e esfacelamos a felicidade. Muitos casamentos podem ser classificados de “acidentais” - por efeito de atração momentânea, precipitada e sem qualquer ascendente espiritual; ou casamentos “provacionais”, isto é, reencontro de almas para reajustes; Matrimônios “sacrificiais”, quando há união de espíritos iluminados com seres moralmente primitivos, com o objetivo de redimi-las; 

Existem os casórios “afins”, onde há encontros de almas amigas e, embora raríssimos, existem os casamentos “transcendentes”, quando há o reencontro de almas que se buscam para realizações eternas.
Mas a maioria esmagadora de casais na Terra é composta de forçados sob algemas. 

No casamento, quando um dos consortes ruma para a relação extraconjugal, a tarefa é de batalha e prantos intensos; entretanto, ainda assim, no sacrifício sentimental, a pessoa traída cresce e se ilumina. Obviamente, os infiéis não escaparão das situações infelizes dos endividamentos sentimentais rebaixados de maneira injusta, que invariavelmente resgatarão em momento inevitável, parcela a parcela, pelo dispositivo dos princípios de causa e efeito.

O processo de educação do Ser para a Divindade tem sua base na Lei da Reencarnação e no trabalho incessante”. (4) Há uniões que, no início, parecem não dever jamais ser simpáticas, e quando um e outro se conhecem bem e se estudam bem, acabam por se amar com um amor terno e durável, porque repousa sobre a afinidade moral! 

Em verdade, é o Espírito que ama e não o corpo, e, quando a ilusão material se dissipa, o Espírito vê a realidade. Seria admissível casais que se conheceram e se amaram no passado (re)encontrarem-se noutra existência corporal e reconhecerem-se?

Garantem os Benfeitores que não! Mas podem sentir-se atraídas. E, “frequentemente, diversa não é a causa de íntimas ligações fundadas em sincera afeição. Dois seres se aproximam devido a circunstâncias aparentemente fortuitas, mas que na realidade resultam da atração de dois Espíritos, que se buscam reciprocamente por entre a multidão.".

 (5)
Enfim, no casamento temos a base dos reflexos aprazíveis ou aborrecíveis que o passado nos restitui. E não é demais lembrar que o matrimônio não existe para a exaltação egoística da parentela humana, mas para ser uma instituição abençoada onde, quase sempre, demanda-se a renúncia e o sacrifício de uma existência inteira.

Referências bibliográficas:
(1)    Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro, Ed. FEB 2000, perg 695.  
(2) Disponível no portal
   http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/comportamento/casamento-bom acessado em 25/05/2013
(3)    Kardec, Allan. O Evangelhop Segundo o Espiritismo,  Cap. XIV - Item 8, Rio de Janeiro: Ed. FEB 2000
(4)    Xavier, Francisco Cândido. Voltei, ditado pelo espírito "Irmão Jacob" (pseudônimo de Frederico Figner), Rio de Janeiro, 1a. edição, Conceitos de uma cartilha preparatória pag 102  ed. FEB, 1949
(5)    Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro, Ed. FEB 2000, perg 386

sábado, 31 de agosto de 2013

Dinheiro e (in) felicidade numa breve ponderação espírita


Sigmund freud defendia a tese de que todo homem é instigado pela busca da felicidade, contudo essa procura soa como ilusória no mundo real, porquanto a pessoa tem experiências de fracassos e desencantos e o máximo que pode alcançar é uma “felicidade” ilusória. Contrastando porém com a tese freudiana, um grupo de consultores da spectrem group entrevistou 1.200 pessoas, interrogando-as sobre o nível de felicidade em relação a trabalho, casamento, hobbies, dinheiro entre outros temas. Constatou-se que quanto mais dinheiro possua uma pessoa maiores são os seus níveis de felicidade. (1) todavia, será que o dinheiro compra a felicidade?

Na antiguidade examinava-se a felicidade sob o ponto de vista filosófico. Aristóteles afirmava que a felicidade está relacionada ao equilíbrio e harmonia advindos da prática do altruísmo. Por outro lado, epicuro afiançava que felicidade seria reflexo da satisfação dos desejos carnais. O sábio lao tsé dizia que a felicidade poderia ser alcançada tendo como fonte a natureza. Porém, confúcio acreditava na felicidade como resultado da harmonia entre as pessoas. Para sócrates era impraticável alguém ser feliz se agisse contra suas próprias convicções.

“conhece-te a ti mesmo”, pronunciava sócrates, certificando que quem controla os instintos e extingue as coisas supérfluas, basta a si mesmo, dependendo exclusivamente de sua razão para que alcance a felicidade. Dessa percepção de consciência íntima, o mestre de platão e xenofonte aprofundava a sua concepção de felicidade, que não poderia vir de bens exteriores (dinheiro, por exemplo) e do corpo carnal, mas somente da alma, porque esta é a essência do homem.

É absolutamente lógico que necessitamos do dinheiro para viver. A nossa vida material está sujeita ao dinheiro, portanto necessitamos de recursos financeiros para dignificar nossa vida. Em verdade, o dinheiro é neutro - nem é bom, nem é mau em si. Utilizado para caridade, dinheiro é instrumento sublime. Porém, cobiçado, ou se dele fizermos mau uso, é instrumento de infelicidade. Sem o altruísmo do desprendimento, “a fé se resume à adoração sem proveito; a esperança não passa de flor incapaz de frutescência, e a própria caridade se circunscreve a um jogo de palavras brilhantes, em torno do qual os nus e os famintos, os necessitados e os enfermos costumam parecer, pronunciando maldições.” (2)

na parábola dos talentos, jesus expõe que lucro, longe de ser mau, é o alvo de trabalho e investimentos. Ao mesmo tempo, nos ensina que o que se ganha deve ser usado para os propósitos do bem. Na metáfora, a condenação cai sobre o homem que não aproveita sua oportunidade - dinheiro é para usar, não para esconder ou guardar. É como o sangue que precisa circular no organismo social. Se ficar estagnado, provoca a "trombose" na sociedade.

O espírito emmanuel explica que o dinheiro “se faz dínamo do trabalho e da beneficência. Na base do dinheiro é que se fazem os aviões e os arranha-céus; no entanto, é igualmente com ele que se consegue o lençol para o doente desamparado ou a xícara de leite para a criança desvalida.” (3) ora, trocando o dinheiro pelo alimento destinado a acudir as vítimas da escassez ou “permutando-o pelo frasco de remédio para aliviar o doente estendido nos catres de ninguém, reconheceremos que o dinheiro também é de deus.” (4)

embora não seja fundamentalmente a matriz da alegria ou da felicidade, reconhecemos que o dinheiro pode ser o medicamento ao enfermo, a comida aos desamparados, o teto aos desabrigados relegados ao frio da noite, o socorro silencioso ao peregrino sem lar. “não nos esqueçamos de que jesus abençoou o vintém da viúva, no tesouro público do templo e, empregando o dinheiro para o bem, convertamo-lo em colaborador do céu em todas as situações e dificuldades da terra.” (5)

jamais pronunciemos que o dinheiro é instrumento do mal; muito pelo contrário, pois o dinheiro é suor convertido em cifrão. É urgente que lhe apliquemos empregos nobres, lembrando que a moeda no bem faz prodígios de amor. Porém, vale refletir o preceito de paulo: "tendo sustento e com o que nos cobrirmos, estejamos, com isso, contentes". (6) essa lição deve ser sempre ponderada quando nos faltam recursos financeiros. A circulação do dinheiro é uma condição importante para que a prosperidade apareça. Porém, raros são os indivíduos que mantêm uma relação equilibrada com o dinheiro, sem traumas, sem culpas, sem excessos de qualquer natureza.

Dinheiro e avareza não se deveriam misturar, pois os avarentos não gostam de "meter a mão no bolso" e, quase sempre, deixam de colaborar, financeiramente, com as obras sociais. Há muitos confrades espíritas, ativos participantes nos trabalhos das inúmeras instituições doutrinárias espalhadas pelo brasil que mudam de assunto tão logo o apelo que lhes são dirigidos implique na emissão de um cheque ou na entrega de algumas cédulas para socorrer os mais necessitados.

Tais confrades escravizam-se na vocação da sovinice impenitente, recolhem o ouro do mundo para erigir com ele o túmulo suntuoso em que se lhes sepultam a esperança e recebem a benção do amor para transformá-la na algema que os encarceram, por vezes, no purgatório do sofrimento.

O dinheiro “nas garras da mesquinhez é metal enferrujado, suscitando a penúria, mas um vintém no serviço de jesus pode converter-se em promissora sementeira de paz e felicidade.” (7) entretanto, infelizmente há cristãos apresentando claros sinais de uma vida confortável, portando-se como se não tivessem a mínima condição de ajudar o próximo através da doação do supérfluo de moedas que abarrotam suas contas bancárias. Nesse caso, o dinheiro estabelece vínculos profundos com a própria infelicidade.

Referências bibliográficas:

(1)           http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idnoticia=201302281308_trr_82043663

(2)           xavier, francisco cândido. Dinheiro, ditado pelo espírito emanuel, sp: ide, 1990

(3)           idem

(4)           idem

(5)           idem

(6)           itimóteo 6:8

(7)           xavier, francisco cândido. Dinheiro, ditado pelo espírito emanuel, sp: ide, 1990